Vácuo deixa porta aberta a
qualquer um fora da política
Orion Teixeira
Ainda longe do desfecho, a crise política generalizada e sem precedentes
na política nacional, estadual e municipal, envolvendo as lideranças da maioria
absoluta dos partidos, criou um vácuo que poderá ser preenchido pelo que chamam
de ‘outsider’, entendido aí como um aventureiro ou nome estranho à política
tradicional. Sem estruturas partidárias ou militância política, ele poderia
recorrer à própria fama ou crédito pessoal para ocupar o espaço. Os mais
lembrados seriam Joaquim Barbosa (ex-presidente do STF), o juiz federal Sérgio
Mouro, Faustão, entre outros.
Ninguém consegue imaginar que os atuais presidentes de partidos,
presidenciáveis, governadores e assemelhados, e o atual sistema político, sejam
capazes de encontrar uma saída de reerguimento do país. O presidente
substituto, Michel Temer (PMDB), tropeça todos os dias nas próprias pernas,
erros e despreparo, agravados pela falta de legitimidade.
A recuperação da economia, por exemplo, daria apenas alguma sobrevida a
um sistema político que faliu, ruiu ou, se preferir, apodreceu. Não se trata aí
de fórmulas obscuras, como a de chamar militares e suas ditaduras de recente e
desastrosa experiências institucional e humana (1964-1984). Eleger técnicos ou
‘postes’ também frustrou as expectativas. Nos últimos anos, antevendo a
catástrofe, os políticos passaram a apontar saídas técnicas, como as do atual
prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), o ex-governador Antonio
Anastasia (PSDB) e a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), até esgotá-las
completamente.
Os reflexos estão aí para todos os lados, por meio de fracassos
administrativos, intermináveis denúncias, delações premiadas e pesquisas
apontando mais de 50% de indecisos nas eleições municipais deste ano e índice
até maior para as gerais (presidenciais e estaduais) de 2018. Vale esclarecer
que políticos não nascem corruptos nem aprendem os malfeitos só em Brasília.
A reforma política deveria renascer das cinzas, mas, é claro, não com
essa formação congressual, contaminada pelas práticas aviltadas e integrada por
27 partidos. Se houvesse fundamento, o ideal seria a convocação de uma
Constituinte exclusiva. Antes de desanimar, temos que aprender com nossos
próprios erros e mirar exemplos bem-sucedidos de outros.

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