O que devemos temer?
Editorial Jornal Hoje em Dia
Aos poucos, quem apostou que a saída da presidente Dilma Rousseff
tiraria o Brasil automaticamente da crise vai percebendo que o pensamento era
um tanto quanto utópico. As últimas notícias relacionadas ao governo Michel
Temer têm deixado o brasileiro com o pé atrás.
Um exemplo é o corte de 38% nas verbas da Companhia Brasileira de Trens
Urbanos (CBTU), que atende a cinco praças em todo o país (incluindo Belo
Horizonte). A matéria sobre o assunto pode ser conferida na página 20 desta
edição.
De acordo com o governo federal, em 60 dias não haverá mais dinheiro
para custear a energia elétrica e o óleo diesel. Uma prova de como os cenários
econômico e político do país estão ainda em plena turbulência, sem sinais de
arrefecimento, e afetando diretamente o dia a dia de quem sempre “paga o pato”:
a população.
Um outro fato é a manutenção, pelo presidente interino, dos cargos do
ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, do advogado-geral da União, Fábio
Medina Osório e da secretária especial de Políticas para as Mulheres, Fátima
Pelaes.
Alves é investigado pela operação “Lava Jato”, Fátima pela operação
“Voucher” e Osório teria utilizado irregularmente avião da FAB (e nos
bastidores a notícia é que Temer não estaria satisfeito com a atuação dele à
frente da AGU), e existe uma pressão interna (em Brasília) e nas redes sociais
para que o governo Temer seja composto de pessoas idôneas, “ficha limpa”,
comprometidas com o Brasil.
Em mais uma semana que não começou nada bem para o novo governo, o
presidente em exercício, após reunir-se com Eliseu Padilha, ministro-chefe da
Casa Civil, dará “um voto de confiança” para os três. Acontece que o entra e
sai de ministros, e outros atos vai-e-vem de Michel Temer têm trazido ao
brasileiro sentimentos como desconfiança e desesperança em um futuro promissor
para o país nos próximos anos.
A repercussão internacional também não é boa, a exemplo do editorial do
“New York Times”, um dos maiores e mais respeitados jornais do mundo. A
publicação destaca que a fala de Temer soa vazia quando afirma que não impedirá
a continuidade da “Lava Jato”, mas se cerca de ministros que são investigados
pela maior operação policial já vista contra a corrupção no Brasil.
Muitos acreditavam que o afastamento de Dilma colocaria a “máquina” do
Brasil para funcionar, como se fosse a semana seguinte ao Carnaval, quando o
país definitivamente começa a trabalhar. Mas a coisa, infelizmente, está muito
longe de ser assim.

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