Governo Temer salta do
anonimato para a rejeição
Orion Teixeira
A cinco dias de completar um mês de gestão, o governo substituto de
Michel Temer (PMDB) não emplacou junto à população. Vários fatores contribuíram
para isso, como desconhecimento, os consecutivos erros, com demissão de dois
ministros e manutenção de outros 15 com ligações diretas ou indiretas com
investigações criminais, a sensação de tibieza e os sustos provocados pela
operação “Lava Jato”, que investiga esquema de corrupção na Petrobras. É como
se ainda não tivesse havido mudanças, pois a avaliação de Temer é próxima da
presidente afastada Dilma Rousseff (PT). De reprovação e rejeição, para ser
mais exato.
Em resumo, Temer saltou do anonimato direto para a rejeição de mais de
50% dos brasileiros em pesquisas diferentes. Na da CNT/MDA, bateu 54,5% de
reprovação (leia mais nas páginas 4 e 5 desta edição). Em outra sondagem, do
instituto Ideia Inteligência, sobre o início do governo, foi identificado
desânimo: 60% acham que a economia não piora, mas também não irá melhorar até o
fim deste ano. Para 55% dos consultados, Dilma e Temer são responsáveis pelo
atual descontrole da economia, em levantamento com 10.003 pessoas.
Feita a checagem da pesquisa, é de se notar que não dá para fazer um
comparado entre um e outro. Primeiro, Temer não constituiu ainda um governo, é
substituto, provisório e não mexeu com a vida das pessoas, dentre as quais a
maioria também não se deu conta. O próprio Temer é desconhecido da maioria e
está no poder há menos de um mês. Daqui a um ano, se for mantido no cargo,
poderá receber uma avaliação mais realista do que as que foram apresentadas
ontem. Ao contrário dele, Dilma tem um grau de conhecimento de 100%.
Ainda assim, percebendo a tibieza e patinação do interino, empresários
que apoiaram o impeachment foram nessa quarta-feira ao Palácio do Planalto
reafirmar o apoio a ele, além de cobrar a adoção de medidas de ajuste e
reaquecimento da economia. Aumento de impostos foi rechaçado. “Não adianta
aumentar os impostos”, disse, avisou, advertiu o presidente da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, em fala endereçada ao
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. “Se o governo precisa de arrecadação,
a solução é o crescimento”.
Desordem institucional
Outro relatório aponta que a instabilidade política fez o Brasil cair na
lista dos países mais pacíficos, de acordo com o Instituto para Economia e Paz,
um centro internacional de estudos sobre desenvolvimento humano. Em relação ao
ano passado, o país é apenas o 105º mais pacífico entre 163 nações avaliadas no
chamado Índice Global da Paz. Ficou atrás de países como Haiti (89º), Jordânia
(96º) e Estados Unidos (103º). A avaliação inclui também a deterioração nas
taxas de encarceramento e segurança pública.
Corrida presidencial maluca
Temer foi incluído, equivocadamente, na lista dos presidenciáveis; e,
claro, perdeu para todos os outros. À exceção de Dilma, os mais conhecidos,
como Lula (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (Rede) são os preferidos.
Marina foi a surpresa negativa. Mesmo longe da crise política, não teve bom
desempenho. Lula e Aécio tiveram avaliação melhor, e menos desidratada, apesar
das investigações que os cercam.

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