O calvário da indústria
José Antônio Bicalho
O mesmo que escrevi ontem sobre o PIB vale para o desempenho da
indústria: a pequena melhora da produção industrial em abril sobre março, de
0,1%, divulgada ontem pelo IBGE, ainda não sinaliza para reversão da crise.
Infelizmente, ainda não podemos dizer que a indústria bateu no fundo do poço e
que a tendência passa a ser de recuperação.
O problema é que a produção de bens de consumo continua em queda livre,
tanto os duráveis (-4,4% em abril contra março, e -23,7% contra o mesmo mês do
ano passado) quanto os não duráveis (-0,6% e -2,8% nas mesmas comparações). E,
sem consumo, fica difícil pensar em recuperação estruturada.
Na média, a indústria recuou 7,2% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano até abril, a queda é de 10,5%, e no acumulado dos últimos 12 meses até abril, de 9,6%.
Na média, a indústria recuou 7,2% em abril na comparação com o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano até abril, a queda é de 10,5%, e no acumulado dos últimos 12 meses até abril, de 9,6%.
O único motivo para apostar, ao menos, numa estabilização da queda
continuada são as exportações. Não que o câmbio esteja plenamente favorável,
mas já permite que alguns setores acessem o mercado externo para aumentar
escala e diluir custos.
A centelha que permitiria uma retomada estruturada da produção
industrial deveria partir do governo. Mas quem acredita que com Meirelles na
Fazenda será possível reduzir juros ao ampliar o crédito? Enquanto nada muda,
soluços como</CW> o de abril continuarão a ser apenas isso.
Usiminas
A juíza Patrícia Firmo, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, indeferiu ontem o pedido da Nippon Steel de anular a reunião do Conselho de Administração da Usiminas, do dia 25 do mês passado, que elegeu o novo presidente da empresa, Sérgio Leite.
A juíza Patrícia Firmo, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, indeferiu ontem o pedido da Nippon Steel de anular a reunião do Conselho de Administração da Usiminas, do dia 25 do mês passado, que elegeu o novo presidente da empresa, Sérgio Leite.
Na ação, a Nippon questionava a legalidade da eleição com base no artigo
do regimento interno da Usiminas que prevê que a direção executiva da empresa
deva ser definida obrigatoriamente por consenso entre os sócios.
Sérgio Leite, um funcionário de carreira da siderúrgica e teoricamente neutro, foi eleito com apoio da Ternium, dos representantes dos empregados e dos minoritários. Já os japoneses da Nippon defendiam a manutenção do antigo presidente, Romel Erwin de Souza.
Sérgio Leite, um funcionário de carreira da siderúrgica e teoricamente neutro, foi eleito com apoio da Ternium, dos representantes dos empregados e dos minoritários. Já os japoneses da Nippon defendiam a manutenção do antigo presidente, Romel Erwin de Souza.
Divisão
Sem dar o nome da fonte, o jornal japonês Nikkey afirmou, na edição de quarta-feira, que a direção da Nippon no Jap[/TXT_COL]ão planeja negociar a divisão dos ativos da Usiminas com seu sócio, o grupo ítalo-argentino Ternium/Techint. Prontamente, a siderúrgica japonesa negou a informação.
Sem dar o nome da fonte, o jornal japonês Nikkey afirmou, na edição de quarta-feira, que a direção da Nippon no Jap[/TXT_COL]ão planeja negociar a divisão dos ativos da Usiminas com seu sócio, o grupo ítalo-argentino Ternium/Techint. Prontamente, a siderúrgica japonesa negou a informação.
Como os leitores dessa coluna sabem, os dois grupos protagonizam há
quase dois anos a mais aguerrida briga societária já vista no país. E a divisão
dos ativos sempre foi aventada, mas nunca admitida pelos sócios, como
alternativa para colocar termo à briga.
Seria trabalhoso, mas não impossível. A Usiminas possui duas usinas de
portes relativamente semelhantes, em Ipatinga e Cubatão, o que facilitaria em
muito a operação. A partir dessa divisão básica, os sócios negociariam os
demais ativos: mineração, mecânica, serviços e outros.
É uma possibilidade, mas não a ideal. A divisão dos ativos contraria a
lógica do movimento mundial de concentração do setor siderúrgico e de busca por
escala e redução de custos. E dividir implicaria em desfazer a unidade
administrativa e comercial entre a Usiminas e a antiga Cosipa, costurada a
duras penas desde 2009.
O ideal seria conversar e pacificar. O problema é que nenhum dos dois
lados parece disposto a isso. A desconfiança é absoluta e o compartilhamento da
direção da empresa está, por hora, inviabilizado. A se continuar nessa toada, a
divisão de ativos, se não é ideal, pode se tornar inevitável.
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