'Medalha de ouro para
corrupção': 'Imunidade parlamentar é injustificável', diz 'The New York Times'
André Dusek/Estadão
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Um editorial publicado pelo jornal americano "The New York
Times" nesta segunda-feira questiona a firmeza do compromisso do
presidente interino, Michel Temer, com o combate à corrupção.
No texto, intitulado "A Medalha de Ouro do Brasil para
Corrupção" (em tradução livre), o jornal pede ainda que o novo chefe do
governo se posicione pelo fim da imunidade parlamentar para ministros e
congressistas acusados de corrupção.
O artigo começa fazendo referência à ficha suja de ministros do governo
- entre os quais, sete são investigados por corrupção.
"As nomeações reforçaram as suspeitas de que o afastamento
temporário da presidente Dilma Rousseff no mês passado, por acusações de
maquiar ilegalmente as contas do governo, teve uma segunda intenção: afastar a
investigação (de corrupção)", escreve o jornal.
Depois, o texto lembra as renúncias do ex-ministro do Planejamento,
Romero Jucá, e posteriormente do ex-ministro da Transparência, Fabiano
Silveira, que indicaram em conversa telefônica estar tramando para atravancar o
avanço da Operação Lava Jato.
"Isto forçou Temer a prometer, na semana passada, que o Executivo
não interferirá nas investigações na Petrobras, nas quais estão envolvidos mais
de 40 políticos. Considerando os homens de quem Temer se cercou, a promessa soa
oca", julga o editorial.
A única forma de "ganhar a confiança dos brasileiros" é
"tomar medidas concretas" contra a corrupção, argumenta o NYT. Uma
delas, afirma, é abolir a imunidade parlamentar para políticos acusados de atos
de corrupção.
"Esta proteção injustificável claramente permitiu uma cultura de
corrupção e impunidade institucionalizadas", diz o editorial.
"Não está claro quanto Temer pretende avançar no combate à
corrupção. Se estiver realmente comprometido, e quiser enterrar as suspeitas
sobre a motivação para remover (Dilma) Rousseff, faria bem em defender o fim da
imunidade parlamentar para congressistas e ministros em casos de
corrupção."
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