Não seja enganado pelos
juros
José Antônio Bicalho
Vai tomar crédito ou possui dívidas? Recomendo, então, dar uma olhada na
pesquisa de juros do Instituto de Pesquisa Econômica e Administrativa
(Ipead/UFMG). A apresentação da pesquisa é muito simples e de entendimento
imediato. Está dividida por setores e por pessoa física e jurídica. E apresenta
a maior e a menor taxa encontrada no mercado de Belo Horizonte e o juro médio
praticado.
Para que serve a pesquisa? Para que, ao comprar um bem a prestação ou
tomar um empréstimo, você saiba se está contratando um juro acima ou abaixo da
média do mercado. E o mesmo vale para as dívidas antigas, para se saber se os
juros contratados estão dentro da realidade atual de mercado. Ou seja, é uma
ferramenta para ordenação financeira e para negociação com quem oferece
crédito, seja o banco, a construtora, a concessionária de veículos ou a loja de
eletrodomésticos.
Pela última pesquisa, referente a maio, ficamos sabendo, por exemplo,
que o maior juro praticado atualmente é o do uso do cartão de crédito rotativo.
O maior juro encontrado é de 18,02% e o menor de 15,28%. Já o juro do cartão de
crédito parcelado vai de 4,90 até 11,43%.
São taxas absolutamente absurdas. Em qualquer país do mundo já seriam
absurdas se fossem cobradas anualmente, mas no Brasil são juros mensais. Mas o
juro do parcelamento é bem menor que o do rotativo. Caso você não tenha
conseguido pagar integralmente a fatura do cartão, então verifique
imediatamente a taxa que está pagando e faça as contas. É provável que em muito
pouco tempo você já esteja acumulando uma dívida impagável.
Vamos fazer uma continha simples. Suponhamos que um cliente de cartão de
crédito não tenha conseguido pagar R$ 1 mil de sua fatura e tenha entrado no
crédito rotativo. E que por azar esteja nas mãos do banco e da operadora que
cobram o juro mais caro. Lançando juro sobre juro, a dívida mais que dobrará em
apenas cinco meses, passando para R$ 2.287. Em sete meses, terá sido
triplicada, para R$ 3.185. Quadruplicará em nove, para R$ 4.435. E em doze
meses terá chegado ao absurdo de R$ 7.287. Ou seja, mil reais terá sido
multiplicado por sete em apenas um ano.
Então, ao invés de pagar 18% ao mês no rotativo, que tal trocar essa
dívida por outra com juro de, digamos, 1,94% ao mês? Esse é o menor juro de
crédito pessoal encontrado pela pesquisa do Ipead, mas só vale para o crédito
consignado para funcionários públicos. Já o menor juro para o consignado
privado é de 2,45%.
Então, se estiver em dívida com o banco, qualquer que seja ela, use a
pesquisa para encontrar um crédito alternativo que seja mais barato e para
negociar com seu gerente. Se não for feliz na negociação, troque de banco. Por
lei, é garantido a todos os cidadãos a portabilidade dos créditos tomados no
mercado financeiro.
Agora, se seu caso for a intenção de comprar casa, carro ou bem
durável financiado, na pesquisa também estão todos os juros maiores,
menores e médio cobrados por categoria. A pesquisa mostra, por exemplo, que o
menor juro encontrado no setor imobiliário, de 0,13%, vale tanto para
apartamento comprado na planta quanto para imóvel já construído. Então, se não
houver um bom desconto no preço do imóvel, não existirá vantagem em se comprar
um apartamento na planta.
É evidente que na hora de negociar um bem como um imóvel ou um carro,
não são apenas os juros que determinam a compra. Mas, pelas absurdas taxas
cobradas no Brasil eles são muito relevantes. Faça as contas, compare e exija
pagar o mínimo ou algo muito próximo do mínimo. E sempre abaixo da média de
mercado. A pesquisa é aberta e está no site da Fundação Ipead.

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