PF intima Delfim Netto na
Lava Jato
A Lava Jato chegou ao nome do ex-ministro depois de encontrar a planilha
do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht
ESTADÃO CONTEÚDO
Delfim Netto, economista e ex-ministro
da Fazenda (Foto: Agência Brasil)
A delegada de Polícia Federal Renata da Silva Rodrigues, da força-tarefa
da Operação Lava Jato em Curitiba, intimou o ex-ministro da Fazenda Delfim
Netto para "prestar esclarecimentos" aos investigadores sobre por
que recebeu, segundo seu sobrinho, R$ 240 mil em dinheiro vivo entregues pelo
"departamento de propina" da maior empreiteira do país em 22 de
outubro de 2014 no escritório do advogado e sobrinho do ex-ministro Luiz
Appolonio Neto, na capital paulista.
A Lava Jato chegou ao nome do ex-ministro e criador do "milagre
econômico" da ditadura militar depois de encontrar a planilha do Setor de
Operações Estruturadas da Odebrecht, nome oficial do "departamento de
propinas", uma planilha na qual constava, dentre outras, a entrega de R$
240 mil no endereço de Appolonio. Conduzido coercitivamente para depor na 26ª
fase da Lava Jato, a operação Xepa, em março, o advogado disse que não se
recordava de ter recebido a quantia.
Nesta segunda-feira, contudo, Appolonio encaminhou um ofício à PF em
Curitiba informando que "referidos valores não lhe pertencem, apenas foram
recebidos no endereço acima mencionado a pedido do economista Antonio Delfim
Netto, o qual por motivos particulares e em razão de sua avançada idade, não quis
receber em seu escritório", disse. Ainda segundo o advogado, todo o valor
foi repassado ao ex-ministro, que recebeu a quantia "em virtude de
consultoria prestada".
Diante disso, a delegada Renata Rodrigues quer ouvir do próprio Delfim
explicações que justifiquem o pagamento, feito em espécie e no escritório de
seu sobrinho na Alameda Lorena, Jardins, São Paulo, pelo departamento da
Odebrecht utilizado para pagamentos ilícitos e "por fora". A delegada
também encaminhou um ofício à empreiteira para que "querendo",
esclareça os motivos do pagamento e apresente a documentação, caso exista,
utilizada para formalizar o pagamento.
Não é a primeira vez que o nome de Delfim Netto surge na operação. O
economista e também ex-deputado federal foi citado na delação premiada da
empreiteira Andrade Gutierrez pelo suposto recebimento de valores ainda não
explicados no empreendimento da Usina de Belo Monte. Quando seu nome foi citado
na Lava Jato, Delfim argumentou que havia feito uma "assessoria".
Defesas
A Odebrecht não quis comentar o caso. A defesa de Delfim Netto refutou
de maneira veemente qualquer irregularidade. Os advogados Ricardo Tosto e
Maurício Silva Leite são taxativos. "O economista Antônio Delfim Netto
prestou serviços de consultoria na área econômica e recolheu todos os impostos
em decorrência da prestação dos serviços."
A defesa de Luiz Appolonio Neto informou que todos os esclarecimentos já
foram prestados às autoridades e que ficou demonstrado que ele não tem qualquer
participação nos fatos investigados.

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