segunda-feira, 2 de maio de 2016

MOTIVOS DA COBIÇA DOS MI9NISTÉRIOS POR PARTIDOS POLÍTICOS



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‘Por que partidos querem indicar os ministérios com orçamento gordo?’

Por Ricardo especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo



Pedro Correa 

Chamado de 'bipreso', o ex-deputado Pedro Corrêa (PP/PE), preso pela Lava Jato e pelo mensalão, disse à CPI da Petrobrás que partidos querem fazer favor aos empresários para ter caixa na eleição; ele sugeriu aos parlamentares mudança no processo eleitoral'

O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) – condenado no mensalão e preso pela Operação Lava Jato – usou seus últimos instantes do depoimento que prestou à CPI da Petrobrás, nesta terça-feira, 12, para dar uma “aula” de como se comportam partidos e governo de olhos nas eleições. Fez ainda um apelo aos ex-companheiros de Congresso para que aprofundem as apurações sobre indicações de cargos pelas legendas e a relação com empreiteiras e obras e mudem o processo eleitoral na reforma política em pauta.
“Eu queria apenas fazer um apelo aos deputados da CPI que eles fossem bem a fundo em cima disso. Que pudessem apresentar também uma contribuição maior para esse processo de reforma política, que hoje é um assunto que todos os partidos discutem e sabem que a eleição não pode continuar desse jeito.”

OUÇA O QUE DISSE PEDRO CORRÊA
Ex-presidente do PP na época do escândalo do mensalão, Corrêa foi flagrado, condenado e preso, em 2013, por causa do recebimento de R$ 2,9 milhões do esquema de compra de apoio parlamentar – sustentando por lideranças do PT no governo, como o o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Foi desse mesmo esquema que surgiu a Lava Jato, a partir da apuração que mirava a lavanderia usada por outro ex-líder do PP – José Janene, morto em 2010. Pelos processos em que Corrêa agora será denunciado formalmente, nesta quinta-feira, 14, PT, PMDB e PP tinham as diretorias da Petrobrás e, por meio delas, arrecadavam de 1% a 5% de propina em contratos bilionários assinados com um cartel de 16 empreiteiras.
Explicação pública. Com nova prisão decretara pelo juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava Jato -, em abril deste ano, Corrêa foi transferido para Curitiba e ouvido ontem pela CPI. Para os parlamentares, explicou o motivo de os escândalos existirem e a necessidade de mudanças do processo eleitoral.
“Por que os partidos querem indicar os ministérios com orçamento gordo, querem indicar as diretorias da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do Dnit, Ibama, querem indicar Dnocs, por que querem fazer isso?”, questionou Corrêa.
“Certamente porque querem fazer favor aos empresários para que na eleição possa ter caixa para fazer essa eleição”, respondeu, ele mesmo, logo em seguida. “Então é importante que se faça uma modificação disso. Porque eu disputei oito eleições partidárias e sei o quanto custa uma eleição.”
Corrêa, que declarou em sua fala à CPI não poder ser alvo de imputação criminal pela Lava Jato por não ser mais filiado, não ter mais mandato nem atuar politicamente, comparou os custos de ontem e hoje de uma eleição.
“Eleição era mais barata. Hoje não, se você não tiver uma igreja, se você não tiver uma representação de alguma coisa, você não chega mais ao Congresso Nacional. A não ser que já tenha uma atividade parlamentar e um trabalho muito grande em favor desse seu Estado e do País.”
Com 67 anos, ex-Arena, ex-PFL (atual DEM), e PP e uma filha deputada federa pelo partido – Aline Corrêa (PP-PE) -, ele afirmou que sem mudança no processo de financiamento eleitoral, não se acabará com os desvios.
“É fundamenta que a gente encontre uma maneira, seja o voto distrital…, eu mesmo sou favorável ao voto de lista. Mas contanto que a gente diminua o custo das eleições. Senão nós não vamos acabar nunca com essa coisa de indicação política e de auxílio de dinheiro para empresário, seja caixa dois seja caixa um, no nosso País.”
Delação. Condenado há nove anos de prisão no mensalão, Corrêa afastou a possibilidade de virar um réu colaborador da Lava Jato e que apesar de ter sido condenado já uma vez, “acredita na Justiça” do Brasil.
“Acredito que sou inocente, não era mais deputado. Quero deixar claro que não vou fazer delação e vou esperar o resultado da Justiça. E não acredito que essa delação que o senhor Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa vão ser mantidas, até porque existem desacordos nelas.”
A possibilidade de uma colaboração surgiu após a decretação de sua preventiva por Moro e pela transferência dele de Pernambuco para o Paraná. “Eu confio no Supremo Tribunal Federal, que deixou aquele ímpeto de 2012 e 2013, quando havia uma briga permanente entre o ex-ministro Joaquim Barbosa e o ministro Ricardo Lewandowski e outros ministros.”
Na sua visão, o STF vive um novo momento. “Todos nós esperamos que a alta Corte do País vai agir com a sensatez que lhe é peculiar à sua história”.
Sem moral. O deputado federal Onix Lorenzoni (DEM-RS), membro da CPI, afirmou logo em seguida e advertiu Corrêa: “Acho que ele não tem autoridade moral para dar lição a ninguém aqui e a sacar contra quem quer que seja.
Acho que ele deveria ficar calado e quieto e pagar a conta que deve à Justiça.” Lorenzoni afirmou qeu a “trajetória do parlamentar” e “sua fala final” à CPI revela claramente como é “que as coisas aconteceram lá no mensalão e entender o porque ele está bipreso”.
Por fim, o membro da CPI lembrou Corrêa ainda que não será o STF que julgará sua participação no esquema da Lava Jato. “Não é o Supremo não que julgar, é o doutor Sérgio Moro, que é muito mais duro que todo Supremo somado.”

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