Orion Teixeira
Dias piores virão por aí após a queda
de mais uma bomba, nitroglicerina pura, detonada pelo vazamento da delação
premiada do senador Delcídio do Amaral (PT), ex-líder do Governo no Senado.
Homologada ou não pelo Supremo Tribunal Federal (STF), suas revelações expõem,
diretamente, a presidente da República e o ex-presidente Lula, especialmente,
pelo fato de o governo e o PT estarem fragilizados e desarticulados na atual
crise política. Envolvido na Lava Jato, Delcídio está em prisão domiciliar
negociou com a justiça para evitar condenação maior.
Por outro lado, o vazamento cortará
como faca de dois gumes. Se agrava a situação do governo e a crise política,
pode afetar também o instituto da delação premiada. Afinal, o senador decidiu
fazer a delação, sob sigilo até que o STF a homologue ou outro prazo, o acordo
teria que ser respeitado para não cair em descrédito nem comprometer as
investigações. Ainda assim, alguém ali preferiu vazar e colocar mais fogo no
país.
Hora de apagar o incêndio
Como presidente da Assembleia
Legislativa e uma das maiores lideranças do PMDB mineiro, o ponderado
Adalclever Lopes (PMDB), tem alertado seus colegas de partido para tomada de
consciência diante da crise. Por conta de insatisfação com o governo, que
prepara cortes e reforma administrativa, Adalclever tem lembrado a todos que o
PMDB, queiram ou não, é governo e tem um vice-governador. “Somos governo”, diz
ele, advertindo que não é hora botar fogo, mas ajudar a apagar o incêndio.
Mesmo assim, o governo também, por sua
vez, não envolve nem confia nos aliados, fechando-se em seu núcleo duro em vez
de debater as medidas que todos terão que apreciar, no plenário, quando
estiverem prontas.
Derrota de Lacerda 1
Por pressão das galerias da Câmara
Municipal, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), sofreu, nesta
quinta (3), uma derrota maiúscula, ou absoluta, da qual participou até mesmo
seu líder, Wagner Messias, o Preto (DEM). Todos os vereadores, nenhum voto a
favor, derrubaram dois vetos do prefeito: um deles proibia extensão de reajuste
a servidores (administrativos) da Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento
da Capital), comandada pelo secretário Josué Valadão, pré-candidato a prefeito.
O segundo veto, proibia a presença de doulas (acompanhantes de parto
profissionais) em hospitais, maternidades e casas de parto da capital. Em ambos
os casos, a pressão veio forte das galerias, mas há quem veja efeito político
na votação em função do momento eleitoral.
Derrota de Lacerda 2
Na véspera, dia 2, os vereadores,
entre eles o presidente da Casa, Wellington Magalhães (PTN), manifestaram-se
totalmente contra outro projeto do prefeito de BH, o que privatiza os
cemitérios públicos.
Aécio vem aparar arestas
O presidente nacional do PSDB, senador
Aécio Neves, volta a BH na próxima segunda-feira para tentar apagar o incêndio
entre seus aliados por conta da escolha do candidato a prefeito da capital nas
eleições deste ano. Oito dos nove partidos de seu campo estão contra as
articulações de Marcio Lacerda, que, segundo eles, prefere nome técnico a
político. Na última terça (1º), eles mandaram recado aos dois, afirmando que
não aceitam candidato do “bolso do colete”, a exemplo do que aconteceu nas
eleições de 2014.
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