O impacto da bomba do PMDB
na economia
José Antônio Bicalho
Apertem os cintos que a semana mais agitada do ano (até agora) começou.
E o frenesi da política continuará ditando o mercado e a economia.
Tudo está um pouco mais complicado e é preciso olhar com lupa a política
para entender a economia. O mercado vem reagindo bem sempre que a tese do
impeachment da presidente Dilma ganha força. Mas, nesta semana, as reações
poderão ser aparentemente incoerentes. Vamos, então, tentar entender o que se
passa.
Amanhã teremos o ansiosamente aguardado encontro do PMDB (reunião da
cúpula do partido) que decidirá se a legenda fica ou sai do governo. Tudo pode
acontecer, mas dificilmente o partido chegará a uma posição coesa. E como
sempre acontece no PMDB, a posição tomada pela maioria será desrespeitada pela
minoria.
O mais provável é que o PMDB saia rachado da reunião. E esses rachas são
terreno fértil para o trabalho de costura de Lula, que mesmo fora da Casa Civil
já é de fato o articulador político do governo. O mais importante nesse caso
será observar a posição das principais lideranças, que representam os grupos
internos do partido.
O fato é que a saída do PMDB não significará necessariamente
fortalecimento da tese do impeachment ou vice-versa. Se não for alcançada uma
maioria confortável na decisão de romper com o governo, ou se um número
significativo de lideranças substantivas do partido se colocar contra a saída,
o racha criado no partido será profundo. E o governo Dilma poderá sair até
fortalecido se os que ficarem no barco do governo forem líderes de grande
ascendência sobre a Câmara.
Dos 513 deputados da Câmara, Dilma precisa do voto de apenas 172 para
enterrar o impeachment. Não é muito, mas a conta não fecha sem aliados no PMDB.
Mas, também, não precisa de todo o PMDB.
Portanto, não se assuste se a bolsa cair e o dólar subir mesmo que o
partido vire as costas para a presidente. O que valerá de fato será contar
quantos do PMDB continuarão no barco governista. Além disso, um dos focos do
trabalho de Lula nos bastidores é atrair e costurar coesão dos partidos menores
no apoio ao governo, o que reduz a dependência do grande PMDB.

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