quarta-feira, 16 de março de 2016

MERCADO VOLÁTIL




José Antônio Bicalho




Navegando sob a tempestade política, o barco da economia vaza água por todos os lados. Essa terça-feira (15) foi um dia duríssimo. Mas se é verdade que tudo que fragiliza o governo é bem recebido pelo mercado, a queda acentuada da bolsa e a alta do dólar mostram um refluxo na tese do impeachment. O mercado acredita que o governo Dilma se fortalece com a possibilidade de Lula ocupar a Secretaria de Governo.
Às 17h10, enquanto escrevo essa coluna, o dólar disparava 3%, a R$ 3,761, e o Ibovespa despencava 3,58%. Ou seja, o efeito Lula havia sido suficientemente forte para contrabalançar o furacão gerado pela homologação da delação premiada do senador Delcídio do Amaral pelo STF e pelo vazamento das gravações do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tentando comprar o silêncio de Delcídio.
Qual a leitura do mercado? Que não resta alternativa ao governo Dilma senão uma guinada à esquerda na política econômica, e que isso poderá fortalecer a presidente. Com ou sem o ministro da Fazenda Nelson Barbosa, o governo precisaria usar toda a capacidade econômica e os instrumentos financeiros que lhe resta para reanimar a economia. E estes não fazem parte da cartilha ortodoxa.
Dilma ainda estaria insistindo numa agenda econômica morna e insossa por falta de amparo político para uma radicalização. E Lula, na Secretaria de Governo, seria esse amparo.
Desemprego
Nessa terça-feira (15) também tivemos a notícia de que a taxa média de desemprego no Brasil subiu para 8,5% em 2015, contra 6,8% no ano anterior. O número médio de desempregados no ano passado subiu para 8,59 milhões, contra 6,74 milhões um ano antes.
Os números do IBGE mostram, ainda, uma aceleração do número de desempregados ao longo do ano. Na média do último trimestre, o número de desempregados já teria atingido os 9,09 milhões, contra 6,45 milhões no mesmo período de 2014, um aumento de 40,8%.
Mas vamos prestar atenção a outro número que relativiza a questão do desemprego. De acordo com o levantamento, o número de ocupados caiu apenas 0,6% no quarto trimestre de 2015, para 92,274 milhões de pessoas, contra os 92,875 milhões do mesmo período do ano anterior. Já o nível de ocupação, que é o indicador que mede a fatia da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar, ficou em 55,9% na média do último trimestre, contra 56,9% em igual período do ano anterior, uma diferença de apenas um ponto percentual.
Não tão ruim
O que podemos extrair de tais números? Se a taxa de desemprego aumentou numa velocidade muito superior que a do fechamento de postos de trabalho, isso só se justifica por conta da entrada de novas levas de pessoas inativas em busca de trabalho. Isso sempre acontece em períodos de instabilidade econômica. Com medo de perder o emprego, o pai de família coloca seus filhos e esposa, que estavam estudando e tomando conta do lar, para procurar emprego. Daí a diferença. A leitura dos números do desemprego deve ser minuciosa para que não tenhamos uma visão distorcida do tamanho do problema social.

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