quarta-feira, 2 de março de 2016

ME ENGANA SOBRE ESSAS MUDANÇAS DE ÚLTIMA HORA


Márcio Doti





Somente um país que perdeu seu eixo moral pode aceitar passivamente que sejam desmanteladas as estruturas diretivas do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, no momento em que investigações chegam ao ex-presidente Lula, depois de levantar escândalos dos mais graves da história do Brasil.
O ex-presidente nem entrou no Fórum para depor sobre fortes indícios de ter sido presenteado por grandes empreiteiras nacionais ao tempo em que exercia a Presidência da República. No centro das suspeitas, um tríplex no Guarujá e um sítio, em Atibaia, onde Lula levou suas mudanças dos palácios de Brasília e mantinha grande frequência.
A Polícia Federal certamente que está incomodando porque, além desses fatos, há outros envolvendo intermediação de Lula junto a países considerados amigos para que neles pudessem operar grandes empreiteiras nacionais, todas elas grandes financiadoras de campanhas eleitorais no Brasil.
Mais recentemente, a Polícia Federal prendeu o marqueteiro das campanhas de Lula e Dilma, João Santana, e sua mulher Mônica, apanhados com contas em offshores e repasses de empreiteiras de U$7,5 milhões que as autoridades suspeitam serem, em parte, relacionadas com as campanhas eleitorais dos dois petistas.
O desmantelamento da cadeia de comando da Justiça no âmbito do poder Executivo interromperá ou prejudicará gravemente os trabalhos de investigação que envolvem, ainda, financiamentos feitos pelo BNDES com juros subsidiados beneficiando as mesmas empreiteiras e, ainda, prestem atenção no detalhe, o Grupo JBS, controlador do Frigorífico Friboi, de uma hora para outra transformado em grande anunciante na mídia nacional, depois que teve seus financiamentos no BNDES tornados públicos por decisão do Supremo Tribunal Federal.
A corte foi provocada pelo Tribunal de Contas da União, contra um decreto presidencial que tornava esses financiamentos como secretos, sob o argumento de que devassavam empresas no momento em que tomavam empréstimos. O argumento é tão pobre quanto a proibição era indecente, uma vez que não se pode admitir transações oficiais de empréstimos que não socorrem empresas em dificuldades, mas, ao contrário, estimulam a expansão de atividades. Diga-se de passagem, o Grupo JBS, controlador da Friboi, foi um dos maiores financiadores das campanhas políticas de 2014, superado apenas pela Odebrecht e pela Construtora OAS.
Deveria causar constrangimento a luta para barrar inquirições da polícia, do Ministério Público e da Justiça. Ao bom senso ocorre que qualquer acusado de algo que não praticou deve interessar o espaço para que se explique e elimine qualquer dúvida que possa restar.
Além de servir a si, a luta contra a ação da Polícia Federal e do Ministério Público em suas ações conjuntas também serve ao governador de Minas, Fernando Pimentel, várias vezes queixoso contra investidas da Operação Zelotes, que apura envolvimento do governador mineiro com venda de favores à montadora CAOA, ao tempo em que era ministro do Desenvolvimento, e da operação Acrônimo, que apura lavagem de dinheiro e caixa dois por parte de Fernando Pimentel.

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