Deputados estaduais perdem
interesse pelas prefeituras
Ezequiel Fagundes
O PMDB foi o partido que mais cresceu com as trocas de parlamentares
entre fevereiro e março deste ano
Com o país mergulhado em uma crise sem precedentes, impactando
diretamente os caixas das prefeituras, a estratégia de lançar candidaturas para
o Executivo não tem atraído os parlamentares de Minas neste ano.
A sete meses das eleições municipais, dos 77 deputados estaduais,
somente 16 estudam entrar na disputa eleitoral para prefeito. No ano
passado, o número de postulantes era de pelo menos 25.
Além do turbilhão político, impulsionado pelo avanço da “Lava Jato”,
outro fator para explicar a falta de interesse dos deputados pelas eleições
municipais é a modificação das regras do jogo com a aprovação da minirreforma
eleitoral de 2015.
Pela primeira vez, foi vetado o financiamento empresarial e reduzido
drasticamente o tempo de campanha. Na prática, isso significa que as campanhas
serão financiadas exclusivamente por doações de pessoas físicas e pelos
recursos do fundo partidário.
Com a reforma, o tempo da campanha eleitoral passou de 90 para 45 dias,
com início em 16 de agosto. O período de propaganda dos candidatos no rádio e
na TV também foi diminuído de 45 para 35 dias, com início em 26 de agosto.
Desgaste
Para o advogado Ronaldo Garcia Dias, especialista em Direito Criminal e
Eleitoral, o desgaste da classe política é o principal motivo para explicar o
desinteresse dos parlamentares.
“Existe hoje um descrédito generalizado com os políticos. E isso é muito
ruim para a democracia. Os candidatos estão com medo de enfrentar o eleitorado.
E entre aqueles que já têm mandato, como é o caso dos deputados, o que se vê é
um movimento de manutenção do cargo”, avaliou.
Segundo o especialista, a maior intensidade das ações de fiscalização do
Ministério Público (MP) tem desanimado os postulantes aos cargos no Executivo.
“Lidar com dinheiro público não é simples. A Lei de Improbidade está sendo cada
vez mais implementada pelos promotores de Justiça das comarcas do interior”.
O advogado Mauro Bomfim, especializado em Direito Eleitoral, entende que
novas regras eleitorais vão trazer avanços e inibir as candidaturas de
conveniência. “O fim da doação empresarial deve ser comemorado. Mesmo sabendo
que o caixa dois não acabará de vez, será muito mais fiscalizado e difícil de
ocorrer nesta eleição”, afirma.
Ex-prefeito de Betim e deputado estadual por seis mandatos, o
peemedebista Ivair Nogueira vai tentar um outro mandato de chefe do Executivo
da cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.Em busca de apoios, Ivair
não descarta coligar com o grupo político das irmãs petistas da família Carmo
Lara e até mesmo com os aliados do atual prefeito tucano Carlaile Pedrosa.
Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, os deputados Noraldino Júnior (PSC) e
Lafayette de Andrada (PSC) devem disputar a prefeitura da cidade.
‘Janela’ permite 14 trocas de partido na Assembleia de MG
Catorze dos 77 deputados da Assembleia Legislativa de Minas trocaram de
partido dentro da chamada “janela eleitoral” no período de fevereiro a
março.Principal aliado do Palácio da Liberdade, o PMDB foi o partido que mais
cresceu.
Passou de 10 para 13 integrantes com a chegada dos deputados Thiago Cota
(ex-PMB), Douglas Melo (ex-PSC) e Isauro Calais (ex-PMN).

Nenhum comentário:
Postar um comentário