Para quem dar meu voto?
Editorial Jornal
Hoje em Dia
Faltam sete meses para a troca dos chefes dos Executivos municipais e os
prefeitáveis não estão lá muito animados para a concorrência. Acontece que a
profunda crise vivida no Brasil e o consequente turbilhão político, com toda a
incerteza do dia a dia em Brasília, fez com que vários dos nossos 77 deputados
desistissem da disputa em suas cidades de origem.
No entanto, o fator crise não é o único que se aplica a essas decisões.
A recente minirreforma eleitoral, que trouxe a redução pela metade do tempo de
campanha e o fim do financiamento empresarial – objetivando coibir a corrupção
e o caixa 2, já que o dinheiro para as campanhas deve vir somente de pessoas
físicas e do fundo partidário -, desanimou pelo menos 36% dos candidatos que
pretendiam, no ano passado, disputar as eleições.
É praticamente impossível hoje conversar com alguém que tenha 100% de
confiança em um candidato X, seja para qual for o cargo. É mais fácil ouvir:
“votarei no menos pior, o que não pode é ficar como está”, ou “votei no que
acho que vai roubar menos, é tudo ‘farinha do mesmo saco...’”.
Reflexo da falta de estímulo do povo para o processo eleitoral é a queda
de 31% na adesão de jovens votantes nas eleições de 2014, divulgada pelo
Tribunal Superior Eleitoral. São sempre os mesmos e, quando muda, acaba mudando
para pior. Não há inovação. O que se ouve são promessas e mais promessas, sem
efetivamente trazer melhorias duráveis para a vida do cidadão.
E não é muito isso mesmo? Vivemos na atualidade, mais do que crises
política e econômica, uma crise de representatividade. Não há quem se
comprometa com os interesses reais de uma cidade, um estado ou o país.
Os partidos tradicionais, envolvidos em mensalinhos, mensalões, “Lava
Jato”, e outros esquemas de corrupção, perderam eleitorado, que atualmente
busca conhecer mais os candidatos – por meio de mídias independentes e redes
sociais, por exemplo.
Talvez rostos novos, que mereçam um voto de confiança, sejam bem
aceitos. Ou talvez a descrença esteja tão grande que teremos um recorde de
abstenções, votos nulos e/ou brancos nos próximos pleitos. O que não favorece
de forma alguma a democracia.
Levantamento feito pelo Hoje em Dia mostra, além da redução dos
postulantes, a opinião de especialistas sobre esse momento de descrédito da
população brasileira com as instituições e os “políticos de carreira”

Nenhum comentário:
Postar um comentário