terça-feira, 8 de março de 2016

AS MALANDRAGENS DA OAS SÃO BEM ANTIGAS




Manoel Hygino




Os mais recentes acontecimentos deixam uma imagem crescentemente duvidosa sobre o futuro do Brasil, atingido pela mais avassaladora crise ético-política que a história registra. Parece, contudo, positivo que as instituições resistem, a despeito dos apelos furiosos de acusados pela vindita.
Por muito menos, Getúlio se matara em 1954. E em março de 1987, a situação também se agravou, evidentemente muito distante em dimensão e profundidade da extensão da crise dos dias de hoje.
No governo Sarney, houve uma série de denúncias, enfatizados em reportagens na “Folha de S. Paulo”, “um festival de descalabros”, na opinião do jornalista Gilberto Dimenstein, que resultou no livro “República dos Padrinhos”, que exigiu várias edições. Então, foi elaborado um rol dos beneficiários de dinheiros públicos desviados ou mal empregados. O repórter declarou: “A lista da fisiologia”, como foi batizada pela Folha, seria marco para uma guerra sangrenta. Uma guerra que desnudou a batalha de lobbies que envolvem os ministérios, a ponto de os inquéritos da Polícia Federal se reproduzirem velozmente”. Na batalha, envolveu-se o alto escalão da República, inclusive o próprio presidente.
Constituiu-se uma Comissão Parlamentar de Inquérito, presidida pelo senador José Ignácio Ferreira. Este afirmou ser “inevitável” a convocação de Jorge Murad, secretário particular de Sarney, seu genro, e auxiliar predileto. Propalara-se que Jorginho estaria envolvido numa “negociata” de U$ 3 bilhões, operada por seu protegido Michel Gartenkraut, ex-secretário-geral do Ministério do Planejamento. Admitia-se que, caso confirmada, a convocação de Murad para depor na CPI da Corrupção acenava com a possibilidade de um suicídio, como o de Vargas, ou renúncia. Nem uma, nem outra.
Formado o clima de tempestade no Planalto, o senador Ulysses Guimarães aconselhou clama: “Take it easy”. O ambiente era quente no Congresso e no Palácio, Lembra-se de que Sarney tinha comprado benfeitorias, em 1975, na Fazenda Maguary. O presidente contestou que não comprara a terra, mas as benfeitorias, por saber da existência de problemas legais.
Pólvora por todos os lados e Antônio Carlos Magalhães, ex-governador da Bahia, em plena atividade. O baiano se tornou famoso por ser duro nas respostas,tanto que apelidado de Toninho Malvadeza. Acusado de favorecimentos, seu opositor Jutahy, também Magalhães, admitia que não existiam provas de corrupção contra o já ministro de Sarney, mas suspeitava de posses em nome de testas-de-ferro e parentes.
Houve o caso de Paulo Gabem Souto, também baiano, seu amigo, ex-diretor da OAS, cujos proprietários eram César Araújo Pires, genro de Antônio Carlos e sócio de seu filho, Eduardo Magalhães, na TV Bahia, retransmissora da Globo. Entrevistado pela Folha sobre o novo superintendente da Sudene e por suas ligações com a atividade privada de sua família e com o diretor da OAS, Antônio Carlos se exaltou: - Ele é diretor de uma empresa que é muito injustiçada por vocês, porque vocês não poupam injustiças quando querem ferir uma pessoa. “Ele trabalhou na parte de consultoria da OAS, que só faz dignificá-lo”. Concluiu: “Eu repito a pergunta com a energia do homem de bem”.

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