Simone Demolinari
A disfunção erétil – ou impotência
sexual, como é popularmente conhecida – é a incapacidade de ter ou manter
ereção de qualidade para o ato sexual. Ela pode ser causada por fatores
orgânicos ou psicogênicos. Aqui, iremos tratar apenas do segundo caso.
Estima-se que 70% dos casos de
disfunção erétil em homens com menos de 40 anos de idade estejam ligados a
fatores emocionais. São eles:
Estresse – um momento turbulento,
preocupações, problemas profissionais, financeiros, situação de luto.
Ansiedade – Insegurança, preocupação
excessiva com o desempenho, medo de falhar, perfeccionismo, autoestima baixa,
sensação de inferioridade, vergonha do corpo.
Ambiente – local inadequado,
iluminação desconfortável, barulho incômodo.
Culpa – sensação de que está fazendo
algo errado, educação rígida, culpa religiosa, relação extraconjugal, peso de
consciência.
É importante ressaltar que a falta de
ereção não significa ausência de excitação. Mesmo com o desejo libidinal
intenso, o órgão sexual pode não reagir, ou reagir inicialmente e não se manter
rígido.
O estado de tensão pode inibir o
mecanismo de ereção porque o cérebro, que recebe e envia os estímulos para o
enrijecimento do pênis, também pode impedir que isso aconteça. O que prova que
os fatores psicológicos são mais poderosos do que imaginamos. Eles simplesmente
se impõem ante a química cerebral e prevalecem. Há quem diga que o principal
órgão sexual é o cérebro.
Numa cultura como a latina, cuja
identidade está assentada na crença de que o homem tem que estar sempre a
postos para o sexo, uma pessoa com disfunção erétil, mesmo que em condição
transitória, sente-se “carta fora do baralho”. Ao se sentir assim, muitos optam
pelo caminho mais simples: os remédios. Embora não tratem o problema, algumas
vezes sim, o resolvem.
O remédio por si só não é garantia de
êxito no desempenho. Não são raros os casos de pessoas que, mesmo ingerindo
medicação para essa finalidade, não conseguem obter resultados. Isso pode
resultar em outro problema: a super dosagem, que, na maioria das vezes,
continua sem resolver a questão e ainda expõe a pessoa a sérias complicações.
Nosso sistema emocional é tão poderoso que pode se sobrepor até ao mecanismo
artificial de ereção. Muitas vezes, a mesma pessoa que se queixa de disfunção
erétil também relata ereções noturnas ou pela manhã, ao acordar. Tal fato tanto
exclui as causas orgânicas quanto deixa claro que a dificuldade se dá em situação
de ansiedade.
É importante ressaltar que a
influência dos fatores emocionais só ocorre em homens sensíveis a eles –
psicopatas, por exemplo, dificilmente terão esse problema. Quando têm, põem a
culpa na parceira. Já aqueles que possuem uma maior consciência sofrem muito
com a situação e, por vezes, recolhem sua vida sexual.
Vencer a inibição e procurar ajuda
profissional, tanto médica quanto psicológica, é mais eficaz que ficar
esperando o problema se resolver sozinho. Se existir uma relação amorosa, é preciso
quebrar o tabu e falar abertamente com a parceira. Num ambiente de confiança e
ajuda mútua, a sexualidade vai muito além da ereção.
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