Jornal Hoje em Dia
“Na
miséria não há virtude”. Essa frase emblemática é atribuída a São Tomás de
Aquino, um frade italiano da Idade Média considerado um dos grandes teólogos de
seu tempo. Mas essa máxima vem bem ao caso da situação vivida pelo Brasil
atualmente. Economia estagnada, desemprego em alta, inflação em ascensão e
pessimismo crescente.
Completando
o adágio do santo medieval, podemos dizer que abrir mão de preceitos
considerados pétreos é uma das hipóteses para contornar a crise. Perde-se as
“virtudes” na crise para garantir a própria sobrevivência.
E
entre esses preceitos estão as regras trabalhistas. Perder parte delas,
momentaneamente, em troca da manutenção dos empregos. Essa é a aposta do
governo para evitar que o número de desempregados dispare. Para isso, lançou há
algum tempo o Plano de Proteção ao Emprego (PPE), um sistema que reduz a carga
horária de trabalho e corta uma parte do salário. Uma estratégia para desafogar
os empresários e convencê-los a não extinguirem postos de trabalho.
Assim,
entrega-se os anéis para não perder os dedos. Sindicalistas ouvidos pela
reportagem do Hoje em Dia afirmam que aderiram ao programa por rigorosa falta
de opções. O que mais estão vendo é o quadro de empregados das empresas sendo
reduzido. Uma grande vantagem que apontam é a estabilidade no emprego durante o
período de adesão ao PPE, que dura até dois anos.
O
ministro do Trabalho virou o paladino do plano. Tem percorrido o país em busca
de adesões. No balanço atual, conta com 27 empresas e 32 mil trabalhadores sob
sua vigência. Existem regras para que a empresa seja contabilizada no PPE, por
exemplo, estar em dia com o Fisco e com a Previdência.
Hoje
o ministério conta com 43 pedidos em análise, sendo a maciça maioria de São
Paulo, com 57 candidatas, seguido por Minas, com apenas 8. Depois vêm Rio
Grande do Sul (5), Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina (3). Com se pode
ver, à exceção do Estado paulista, não há muita animação com o PPE.
O
país tem hoje mais de 9 milhões de desempregados. Especialista ouvido pela
reportagem disse que o programa não avança pela falta de confiança na economia.
Mas, como disse um sindicalista, de forma pragmática, “é melhor menos dinheiro
no bolso do que nada”.
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