José Antônio Bicalho
O mergulho da indústria é
impressionante. E o que é pior, não há sinal de reversão ou mesmo de suavização
da queda. Em setembro, a produção da indústria brasileira caiu incríveis 10,9%
na comparação com igual mês do ano passado, conforme divulgou nessa quarta (4)
o IBGE. Trata-se do 19º mês consecutivo de recuo e o primeiro em que o
percentual sobe a dois dígitos. Ou seja, o mergulho ainda está ganhando
velocidade.
A produção industrial regional, com os
números dos estados, só será divulgada pelo IBGE na terça-feira da próxima
semana. Mas a abertura dos números dessa quarta (4) por segmentos de atividade
leva a crer que o resultado da indústria mineira será ainda pior do que a média
nacional. Entre os piores desempenhos setoriais, boa parte compõe a base da
indústria do Estado.
A indústria automotiva, por exemplo,
que é a mais importante em Minas, foi justamente a que apresentou a maior
queda, de 39,3% na comparação com o mesmo mês de 2014. Mas não só ela. Vários
segmentos industriais importantíssimos tombaram com força.
Abaixo, seguem os principais, com a
evolução da produção nacional (setembro/2015 contra setembro/2014) e um
brevíssimo perfil onde explico sua importância para Minas:
Tecidos (-22,5%): Minas é um grande
produtor de tecidos e abriga indústrias médias e de grande porte como Coteminas
e Cedro Cachoeira.
Móveis (-22,4%): pequenas indústrias
se espalham por todo o Estado e médios e grandes fabricantes integram o polo
moveleiro de Ubá.
Bens de capital (-20,2%): o Estado
possui um grande parque de fabricação de máquinas e equipamentos para atender
mineradoras, siderúrgicas, cimenteiras e outras indústrias pesadas.
Materiais elétricos (-19,5%): Cemig e
Furnas foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma importante cadeia de
suprimento no Estado.
Produtos de metal (-17,3%): Minas é um
importante polo de peças, estruturas e bens de consumo em metal.
Metalurgia (-15,0%): com grandes
siderúrgicas, Minas ainda é principal produtor de gusa, de aço e de ligas
metálicas do país.
Confecções (-14,0%) e calçados
(-12,1%): importantíssimo segmento, com pequenas indústrias espalhadas por todo
o Estado e alguns polos regionais, como Nova Serrana.
Manutenção e instalação de máquinas
(-11,8%): da mesma forma que bens de capital, as grandes indústrias existentes
em Minas fomentaram uma extensa cadeia de serviços industriais.
Do outro lado, entre os setores que
apresentaram crescimento da produção, poucos teriam a capacidade de amenizar a
queda dos citados acima. Mas, eles existem:
A produção da indústria extrativa
cresceu 2,6%, muito em função do efeito da desvalorização cambial que favoreceu
a exportação de minério de ferro e pelotas. Por seu peso na economia estadual,
esse crescimento terá efeito importante no resultado final da indústria
mineira, mas não a ponto de impedir que setembro tenha sido o pior mês do ano.
E, ainda, a indústria de bebidas, que
apresentou crescimento de 1%, mas tem peso relativamente modesto na composição
do índice geral da produção industrial mineira. Na semana que vem teremos os
números, mas já se entrevê que Minas estará entre os piores desempenhos.

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