sexta-feira, 23 de outubro de 2015

CPI TERMINOU EM PIZZA



  

Márcio Doti




Se alguém esperava outra coisa como desfecho dessa CPI da Petrobras é porque está querendo que chegue o Natal com um Brasil consertado, como presente de Papai Noel. Tudo foi montado para acontecer como aconteceu, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio, do PT do Rio, acostumado com defesas tão impossíveis quanto essa, de livrar a cara de políticos já conhecidos e reconhecidos como ligados aos escândalos da Petrobras. Ele era defensor ferrenho de José Dirceu, livrou ministros de Lula de complicações numa CPI que apurava uso de cartões corporativos pelas ditas autoridades, que até fizeram compras em free shop absolutamente sem querer, entre outras coisas já bastante conhecidas. O deputado Luiz Sérgio faz parte do time que conta com a impunidade das urnas e com o esquecimento do povo para continuar fazendo de seu mandato um cobertor bem grande, capaz de esconder malfeitos e malfeitores com a maior desfaçatez.
O DESCRÉDITO DOS PARLAMENTOS
A opinião pública não se assustou com o resultado da CPI, mas não se iludam os parlamentares que se acham absolvidos de culpa e responsabilidade por algo tão grave. A reação do povo é resultado de uma descrença generalizada em comissões de inquérito e na postura da classe política, mesmo posta diante de algo tão contundente, mais do que revelado pelas investigações.
O povo parece esperar pelas providências da Justiça, já demonstrou confiar no que vem sendo feito pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça Federal. Ao que se percebe, a opinião pública não se surpreende, apenas reforça seu mau conceito em relação aos representantes nos quais deveria confiar, nos quais deveria contar.
Esse descrédito não vem de agora, está sendo moldado há muitos anos e agora mais do que nunca porque os últimos 13 anos têm servido para demonstrar que os discursos são diferentes em matéria de situação e oposição, mas no final é tudo uma luta pelo poder em que o idealismo só serve para os palanques, nunca para os gabinetes.
O PODER DAS RUAS
A única força efetivamente respeitada é a que vem das ruas, sempre que acontece com contundência. Os panelaços serviram para fazer com que autoridades se resguardassem de pronunciamentos na TV, o que ocorreu com a própria presidente Dilma e com o ex-presidente Lula. As manifestações de 2013, apesar dos excessos condenáveis, serviram para frear um pouco o caradurismo dos políticos e o descaso pelo que pensa o povo.
A pressão do povo tem sido crescente e ela tem que ocorrer de modo ordeiro, pacífico para que não seja anulada ou prejudicada sob o pretexto de defender a ordem pública. O povo já aprendeu ir às ruas sem baderna e a demonstrar sua insatisfação com serenidade e firmeza. Sem isso, os falsos donos do poder vão decidir à vontade e festejar nas madrugadas.
E por falar em falta de respeito, o presidente do Senado, Renan Calheiros, acaba de oferecer belo exemplo ao conceder prazo de 45 dias para a presidente Dilma explicar o inexplicável sobre as pedaladas, ganhando mais tempo para fugir da punição. Precisa mais?

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