Márcio Doti
Há quem diga que a presidente Dilma
está aprendendo nas grandes dificuldades de um governo em apuros, a usar um
pouco de humildade. Algo novo para quem se marcou com a arrogância, dizem mesmo
que aos maus tratos para lidar com subalternos, desde os tempos de ministério.
Minha boa fé já me pregou belas peças, contudo, insisto em acreditar que as
pessoas aprendem e melhoram, mesmo sabendo que outras não aprendem e só pioram.
No caso da presidente Dilma, a vivência
e até mesmo o quadro estampado a poder de fatos e mais fatos estão a me dizer
que um dos nossos grandes problemas e talvez o maior dela mesma é que a nossa
presidente se tornou refém de muitos senhores. Dia desses, ela se reuniu com
governadores e pediu ajuda para evitar as tais pautas bombas, que representam
gastos que o governo não pode fazer. Recebeu em troca um pedido em coro:
autorização para contratarem financiamentos externos e certamente que a boa
vontade governamental para a liberação do dinheiro dos depósitos judiciais.
Algo indecoroso, em modesta opinião. Mesmo no caso da União, que essa liberação
se dá apenas nos casos em que uma das partes é o governo, os estados ou os
municípios, mesmo nesses casos, se a ação for vencida pela outra parte,
pensando lá na frente, ainda que daqui a 100 anos, não há a menor certeza de
que o dinheiro vai estar lá para cumprir a decisão judicial. Mas, a presidente
refém cedeu. Os governadores vão colocar as mãos em 21 bilhões de reais nos
próximos anos.
Em outra frente, a tentativa de
aquecer a construção, criar empregos, amenizar a imagem perante candidatos à
casa própria, a Caixa Econômica Federal está disponibilizando o montante de um
bilhão de reais para financiamento de casa própria. Dinheiro do Fundo de
Garantia, o FGTS. Uma operação certamente que cercada de cuidados, mas nunca me
esqueço de que uma boa parte do dinheiro das aposentadorias pela Previdência
Social foi usada para financiar habitação e o dinheiro voltou sem correção,
quase nada. No Congresso, onde normalmente governantes são um pouco reféns
sobretudo dos partidos aliados, em momentos de votação de temas polêmicos, pior
agora, nesse clima em que de um lado está o presidente Eduardo Cunha atribuindo
ao governo a menção de seu nome da Lava Jato e do outro, no Senado, o
presidente Renan Calheiros com ares de independente.
E ainda vem de sobra o fantasma de uma
possível reprovação no Tribunal de Contas da União em função de umas pedaladas
mal dadas nas contas do ano passado. Como se observa, sobra fragilidade e
ninguém se esqueça da inflação, da carestia, do desemprego e dos muitos pedidos
que vão chegar com o ano eleitoral. Isso é que é ser refém.
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