quarta-feira, 5 de agosto de 2015

REFÉM



  

Márcio Doti




Há quem diga que a presidente Dilma está aprendendo nas grandes dificuldades de um governo em apuros, a usar um pouco de humildade. Algo novo para quem se marcou com a arrogância, dizem mesmo que aos maus tratos para lidar com subalternos, desde os tempos de ministério. Minha boa fé já me pregou belas peças, contudo, insisto em acreditar que as pessoas aprendem e melhoram, mesmo sabendo que outras não aprendem e só pioram.

No caso da presidente Dilma, a vivência e até mesmo o quadro estampado a poder de fatos e mais fatos estão a me dizer que um dos nossos grandes problemas e talvez o maior dela mesma é que a nossa presidente se tornou refém de muitos senhores. Dia desses, ela se reuniu com governadores e pediu ajuda para evitar as tais pautas bombas, que representam gastos que o governo não pode fazer. Recebeu em troca um pedido em coro: autorização para contratarem financiamentos externos e certamente que a boa vontade governamental para a liberação do dinheiro dos depósitos judiciais. Algo indecoroso, em modesta opinião. Mesmo no caso da União, que essa liberação se dá apenas nos casos em que uma das partes é o governo, os estados ou os municípios, mesmo nesses casos, se a ação for vencida pela outra parte, pensando lá na frente, ainda que daqui a 100 anos, não há a menor certeza de que o dinheiro vai estar lá para cumprir a decisão judicial. Mas, a presidente refém cedeu. Os governadores vão colocar as mãos em 21 bilhões de reais nos próximos anos.

Em outra frente, a tentativa de aquecer a construção, criar empregos, amenizar a imagem perante candidatos à casa própria, a Caixa Econômica Federal está disponibilizando o montante de um bilhão de reais para financiamento de casa própria. Dinheiro do Fundo de Garantia, o FGTS. Uma operação certamente que cercada de cuidados, mas nunca me esqueço de que uma boa parte do dinheiro das aposentadorias pela Previdência Social foi usada para financiar habitação e o dinheiro voltou sem correção, quase nada. No Congresso, onde normalmente governantes são um pouco reféns sobretudo dos partidos aliados, em momentos de votação de temas polêmicos, pior agora, nesse clima em que de um lado está o presidente Eduardo Cunha atribuindo ao governo a menção de seu nome da Lava Jato e do outro, no Senado, o presidente Renan Calheiros com ares de independente.

E ainda vem de sobra o fantasma de uma possível reprovação no Tribunal de Contas da União em função de umas pedaladas mal dadas nas contas do ano passado. Como se observa, sobra fragilidade e ninguém se esqueça da inflação, da carestia, do desemprego e dos muitos pedidos que vão chegar com o ano eleitoral. Isso é que é ser refém.

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