Márcio Doti
As respostas podem variar em muitos
aspectos. Se for um petista de olho no seu emprego ou no seu cargo ou
simplesmente na manutenção do poder, a resposta pode ser que esse movimento vai
esfriar na medida em que o tempo passar, que a festa dos coxinhas acabou, quem
sabe agora essa turma sossega e deixa a Dilma governar. Se for um petista
daqueles da primeira hora, que sonhou com um outro país construído na base da
seriedade, do esforço, das conquistas sociais, esse deve ter ficado em casa,
corado de vergonha ao ver o seu grande ídolo retratado em boneco, desfilando
pelas avenidas, vestido de presidiário, justamente porque fez tudo ao contrário
do que era o discurso, o sonho, a bandeira e o ideal. Ainda há uma outra hipótese:
estão indignados aqueles que não estão enxergando nada do que está desfilando
nos diversos noticiários, tendo como fonte a Operação “Lava Jato” no que diz
respeito ao escândalo da Petrobras e também o noticiário econômico, mostrando
desemprego, comércio fechando portas, salários cada vez mais impotentes diante
do alto preço dos produtos essenciais. Esses acham, certamente, que o passo
seguinte é esperar passar essa crisezinha de nada, logo o país estará
festejando os novos moradores da classe média, sem miséria, com muita justiça
social.
Para os tantos da iniciativa privada,
gente que põe o próprio dinheiro na roda, produzindo, fazendo circular o
dinheiro nas vendas, gerando empregos, impostos, esses estão aflitos.
Diferentemente dos que se alinham numa ou noutra trincheira, do governo ou da
oposição, esses querem é ver as engrenagens da economia girando porque lhes
interessa produzir, vender, fazer o lucro, crescer os seus ganhos. E não pode
ser outra a posição do homem sério, cidadão que depende do trabalho, do
exercício de sua profissão para cuidar da sua família. Esse sonha com um país
organizado, onde exista segurança, escola de qualidade, hospitais e
ambulatórios habilitados ao bom atendimento médico para a família. Esse cidadão
provavelmente anda meio perdido no emaranhado de fatos e notícias que não
sinalizam com a tal luz do fim do túnel. Dizem os entendidos que essa crise só
está no começo, que vai muito mais longe se todas as providências forem tomadas
para segurar a inflação, para reduzir os gastos públicos, equilibrar as contas
e desse modo fazer a roda andar, a famosa roda que vai girando e faz imposto,
faz emprego, faz salário, faz o país prosperar.
Com todos esses ângulos, lados,
circunstâncias, o passo seguinte, de verdade, deveria ser o uso de uma
fortíssima dose de bom senso. Quanto mais o país caminhar da forma como está
indo, mais tempo e mais sacrifícios serão necessários para o conserto. Para
quem acha que está tudo bem, basta olhar em volta para ver que não está. Para
quem julga que estamos no rumo, é preciso que levem em conta as manhas da
política, os vícios, as incríveis dificuldades diante de um governo
enfraquecido pelo descontrole na política e pelas consequências terríveis de
uma economia desarrumada. O passo seguinte não está em nenhum manual, nenhum
roteiro que possa ser seguido com a certeza do sucesso. O grande desafio de
descobrir qual deverá ser o passo seguinte é algo muito delicado e grave porque
nessa incerteza, nessa indefinição, em tudo isso está o nosso futuro, pintado
por enquanto com cores muito feias porque somos hoje uma nau sem rumo certo,
com uma porção de timoneiros, cada um pior do que o outro.

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