Jornal
Hoje em Dia
Um dos reflexos da desestruturação
atual da economia brasileira tem sido a expansão do empreendedorismo. Mais por
necessidade do que por um espírito de investir no próprio negócio. São os
profissionais que perderam o emprego e, pela redução das vagas de emprego
formais, utilizam os recursos da rescisão para se tornar o próprio patrão.
Reportagem nesta edição mostra que
essa decisão deve ser tomada após muita reflexão e estudo sobre a área em que
se quer atuar. Em um período de retração no consumo, a análise do mercado é
fundamental. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), anualmente são criados até 1,2 milhão de empreendimentos
formais, sendo que 99% são microempresas e os chamados empreendedores
individuais.
Com o contingente atual de 8,2 milhões
de pessoas sem emprego, segundo o IBGE, é de se concluir que o número de novos
negócios tenha aumentado. Segundo o Sebrae, três em cada dez desempregados têm
optado em ser o próprio patrão. Mas, um cálculo do IBGE aponta que quase a
metade das novas empresas fecham as portas após o período de três anos.
Os especialistas recomendam que é
essencial ter um plano de negócio. Deve-se pesquisar quem será o público-alvo,
fornecedores, custos fixos e variáveis, qual o nível de concorrência e a
localização adequada. Tudo isso para evitar frustrações.
Outro ponto a ser evitado é a mistura
entre o patrimônio pessoal do dono e o dinheiro das empresa. As retiradas do
empreendedor têm que ter correlação com o rendimento da empresa. O dono não
pode retirar do caixa o valor que quiser, pois sua renda é determinada pelo
lucro do negócio.
Um sistema claro de contabilidade
também é fundamental para gerir a capacidade de investimento e obter
empréstimos nos bancos. E ainda para evitar ser autuado pela Fisco, que pode
suspeitar da honestidade do empresário quando os números da contabilidade estão
confusos.
Como se percebe, não é fácil se tornar
patrão. Mas o ato de empreender é um fator que possibilita o desenvolvimento da
economia do país como um todo, além da geração de postos de trabalho e uma
melhor distribuição de renda.
Desemprego cresce e
trabalhador se arrisca a abrir o próprio negócio
Janaína Oliveira -
Hoje em Dia
Realidade para um número cada vez maior de brasileiros, o desemprego já
atinge mais de 8,2 milhões de pessoas no país. Sem fonte de renda e com poucas
perspectivas de voltar ao mercado de trabalho, cujas portas estão fechando,
trabalhadores demitidos têm tomado o rumo do empreendedorismo. Segundo o
Sebrae, três a cada dez dispensados do antigo emprego investem no próprio
negócio.
Para entrar no universo dos patrões, entretanto, é preciso muito mais
que dinheiro na conta bancária e uma boa ideia na cabeça. Antes de gastar todo
o fruto da indenização e do FGTS na abertura da empresa é preciso fazer
pesquisa, aprender sobre gestão e elaborar um plano de desenvolvimento do
negócio, alertam consultores do Sebrae-MG.
“Percebemos que os novos empreendedores têm um perfil em comum. Na
maioria, são pessoas que perderam o emprego. Essa é hoje nossa maior demanda”,
diz a analista do Sebrae-MG Silmara Ribeiro, que dá expediente em uma unidade
da instituição no Shopping Uai, no Centro de Belo Horizonte.
O movimento aparece também nas estatísticas do IBGE. Em um ano, 522 mil
brasileiros passaram a engrossar a fila dos desempregados, aumento de 45% entre
junho de 2015 e igual mês no ano anterior. No mesmo período, considerando-se só
a Região Metropolitana de Belo Horizonte, pelo menos 8 mil pessoas começaram a
trabalhar por conta própria.
“Os números mostram que o aumento de trabalhadores autônomos tem sido
uma tendência. Com o crescimento do desemprego muitos fazem esse caminho”,
avalia a técnica do IBGE Adriana Beringuy.
Motor
Modalidade que mais cresce no país, a figura do Microempreendedor
Individual (MEI ) é o atual motor do empreendedorismo. “A pessoa pode contratar
até um funcionário e ter faturamento anual de no máximo R$ 60 mil. Não precisa
alugar um espaço e enfrenta menos burocracia. E o mais interessante é o direito
a benefícios previdenciários”, detalha Silmara Ribeiro. A analista diz que a
formalização da atividade via MEI é o primeiro passo indicado, já que com ela,
além da nova carreira, o empreendedor garante a Previdência a custo baixo.
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