Amália
Goulart
Na terceira edição, as manifestações
de rua contra a presidente Dilma Rousseff (PT) perderam fôlego e deram um “gás”
novo ao governo. A expectativa de petistas era a de que os protestos fossem
maiores que os registrados em março, quando 1,5 milhão de pessoas gritaram
“Fora Dilma”. O público aquém do esperado foi um alívio para a presidente. Mas
não representa tranquilidade e calmaria.
Na avaliação de governistas, a menor
adesão foi um reflexo dos acontecimentos da última semana. Parte do PMDB,
capitaneada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, decidiu apoiar Dilma e
ajudá-la a manter-se no cargo. No Nordeste, região dominada por Renan, Sarney e
aliados, a adesão às manifestações foi bem abaixo que o esperado.
Também na última semana houve um
movimento de setores empresariais pela união do país. Parte da categoria
acredita que a queda de Dilma pode abrir um fosso econômico maior que o sentido
hoje. A instabilidade política concretizaria-se em perdas financeiras. A
avaliação é a de que, independentemente do presidente, a melhora da economia
não ocorrerá neste ano. Em tempo, se Dilma saísse entraria o vice, Michel
Temer.
Movimento
Na semana que passou, a Fiesp e a
Firjan - instituições expoentes do empresariado paulista e carioca - divulgaram
nota defendendo a união do país e fizeram um apelo pela governabilidade.
Na mesma semana, o empresário João
Roberto Marinho, controlador do sistema Globo de comunicação, reuniu-se com
senadores e ministros para ouvir queixas e levar a preocupação com a atual
situação política do país. Teria dito que não tem interesse na saída de Dilma.
Também comentou do momento ruim para as empresas, com queda no faturamento. O
pedido foi pela reversão da situação. Foi uma demonstração de que a principal
rede de televisão do país não trabalhará pela queda da presidente.
Nos próximos dias, emissários de Dilma
receberão ainda representantes da CNI (Confederação Nacional da Indústria), CNA
(Confederação Nacional da Agricultura) e CNT (Confederação Nacional dos
Transportes). Será um movimento importante em um momento delicado.
Fôlego curto
Nos bastidores, o impeachment da
presidente perde força e poderia ganhar combustível se o PMDB decidisse
abandoná-la. Mas não apenas o PMDB de Eduardo Cunha, que deve reagir ao partido
de Renan.
Como em política e em crise nada é
previsível, os próximos capítulos podem reservar surpresas favoráveis ou
indigestas para Dilma Rousseff. Está nas mãos do PMDB e do Tribunal de Contas
da União (TCU) o mandato presidencial. O TCU julga em setembro se aceita ou não
as “pedaladas” cometidas pelo governo. Há um movimento para que Dilma saia
vitoriosa, sendo a culpabilidade recaindo apenas sobre Arno Augustin, titular
do Tesouro Nacional.
Manifestações
Voltando aos protestos, o movimento
oriundo das ruas, mesmo que aquém do esperado pela oposição, ainda preocupa
pelo grande número de pessoas que aderiu. Tanto que a presidente chamou os principais
auxiliares para discuti-lo.

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