Protestos contra e a favor
Bernardo Mello
Franco
Um espectro ronda o governo: o espectro do 16 de agosto. A data foi
escolhida para as novas manifestações contra a presidente Dilma Rousseff. Se os
protestos lotarem as ruas, o Planalto teme que a Câmara se sinta pressionada a
abrir um processo de impeachment.
Preocupado, o PT começou a organizar uma série de manifestações pró-governo,
com foco em São Paulo. "Temos que criar uma base de apoio na sociedade, já
que o Parlamento tem sido um lugar de dificuldades", diz o presidente Rui
Falcão.
O calendário prevê cinco atos nas próximas semanas e foi batizado de
"Agosto pela democracia". Como o nome indica, a ordem é carimbar como
antidemocrática e golpista a defesa do afastamento da presidente antes do fim
do mandato, em 2018.
A primeira mobilização será no dia 6, na capital paulista. Coincidirá
com o programa do partido na TV. No dia 11, os petistas farão novo ato na
cidade, no largo São Francisco, onde se comemora nesta data a fundação da
Faculdade de Direito. No mesmo dia, chega a Brasília a Marcha das Margaridas,
com milhares de trabalhadoras rurais.
Depois dos protestos contra Dilma, estão previstas mais duas
manifestações pró-governo. Uma no dia 20, com o apoio do MST e dos sem-teto, e
outra no dia 24, aniversário do suicídio de Getúlio Vargas. A ideia é
apresentar 2015 como uma reedição de 1954, comparando a Lava Jato à República
do Galeão.
Os petistas argumentam que seria um erro ficar em casa enquanto a
oposição sai para pedir a derrubada do governo. A tese esbarra em dois
problemas. Primeiro: a popularidade de Dilma continua no volume morto. Segundo:
é mais fácil mobilizar os insatisfeitos do que encher protestos a favor.
O presidente Rui Falcão já ensaiou o discurso para escapar das
comparações numéricas, que deverão ser desfavoráveis para o PT: "Não vamos
fazer concurso para ver quem bota mais gente na rua".

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