Máquina de corrupção
Janio de Freitas
Nem tanto pela prisão de alguém eminente como o almirante Othon Luiz
Pinheiro da Silva, posto sob suspeita de corrupção como presidente da
Eletronuclear, mas pela abertura de nova frente de investigações, a Lava Jato
dá um passo para a demonstração de que a máquina corruptora movida pelas
empreiteiras não tem limites.
Hidrelétricas, estradas, pontes, infraestrutura de comunicações, metrôs,
edificações –onde quer que as grandes empreiteiras estiveram ou estejam, é área
minada por corrupção. Seja no nível federal, seja no estadual e no municipal.
Licitações e contratos corretos por certo houve e há, mas como fatos fora do
sistema. Assim é pelo menos desde a abertura da Transamazônica no período do
general Médici –ocasião em que foram estabelecidas as fórmulas, hoje uma norma,
de compartilhamento da obra e de entendimento entre as empreiteiras para
divisão das oportunidades.
Faço eco do já escrito aqui muitas vezes: atacar a corrupção manobrada
pelas grandes empreiteiras, para obras públicas e para seus negócios de
concessões e privatizações, seria mudar toda a prática política no Brasil. A
voracidade de parlamentares e partidos que oprime governos, para entrega de
ministérios, secretarias e empresas a políticos e a indicados seus, origina-se
nas grandes empreiteiras e seus interesses tentaculares, lançados sobre a
administração pública.
Não há um só propósito legítimo para que partidos e seus políticos
rebaixem-se até a condição de chantagistas para obter diretorias em estatais,
autarquias e ministérios. Manietar as empreiteiras e, portanto, fechar aqueles
guichês de corrupção seria, além do mais, dar a tais seções do serviço público
a possibilidade de se tornarem mais eficientes. E a custos menores. Um Brasil
que o Brasil não conhece.
Petrobras, Eletronuclear –vamos em frente?
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