sábado, 25 de julho de 2015

A CASA CAIU



  

Orion Teixeira



A renovação da prisão preventiva e a denúncia formal, feita ontem pelo Ministério Público Federal, contra as direções das duas maiores empresas do país, que também foram, ao longo dos anos, os principais financiadores da política, colocam em xeque não somente a eleição e reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), mas toda a República brasileira. Os procuradores federais ofereceram, ontem, a denúncia, e a sustentam em provas, de que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez faziam parte de um cartel que combinava o resultado de licitações na Petrobras e pagava propina sobre os contratos.

Se o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, aceitar a denúncia, os executivos passam a ser considerados réus, entre eles os antes superpoderosos Marcelo Odebrecht (presidente) e Otávio Azevedo (Andrade Gutierrez). Com isso, a cada dia que passa, a República vai ruindo e todo o sistema que a financiava e sustentava. Onde é que isso vai parar?

Além dessa constatação, outra é necessária. A exemplo do que aconteceu no processo do mensalão (2005/2013), só estão sendo presos os executivos e empresários, que ganharam bilhões em contratos com estatais, mas os grandes beneficiários do esquemão, os políticos, ainda estão soltos. No caso do mensalão, depois das espetaculosas prisões dos ex-dirigentes do PT (José Dirceu, entre eles), só estão presos o núcleo financeiro (Banco Rural) e o núcleo publicitário (Marcos Valério à frente). Os políticos já ganharam a liberdade, quando não progrediram do regime semiaberto para prisões domiciliares.

Mais uma vez, agora, no esquema de desvios da Petrobras, a investigação chega perigosamente perto dos políticos. Porém, o processo emperra nas instâncias superiores (STF e STJ), onde os políticos se beneficiam do foro privilegiado. Em outro movimento, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), rompe, de maneira inédita, com governo Dilma. No terceiro lance, o ex-presidente Lula (PT) tenta aproximação com o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB), rivais históricos, e, apesar das negativas, a própria presidente Dilma formaliza a intenção de conversar com os tucanos, com quem vive às turras.

“Pacto da governabilidade”

Tudo somado, o que está em jogo é mais do que mandato da presidente, mas todo o sistema que sustentou a ela e aos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique e antecessores, com reprodução semelhante e proporcional aos governadores e prefeituras.

Por isso, Dilma busca, agora, de maneira tardia, o que deveria ter sido sua prioridade desde o início para não ficar refém de forças menos republicanas. O “pacto de governabilidade” pode ser a última cartada da presidente depois que sua base aliada foi desmontada pelo mesmo PMDB que a salvou no mandato passado e após o fracasso de sua nova política econômica. Além de contrariar o receituário social-petista, o ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy (Fazenda) fez água a seis meses do fim do ano. Se era para equilibrar as contas, a constatação hoje é que o país ficará no vermelho.

As conversas com a oposição deverão ser positivas e podem até estar sendo feitas porque o desmonte, de novo, se aproxima, perigosamente, dos políticos.

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