José Antônio Bicalho
Que estamos apenas no início de um ciclo ruim, isso
todos já sabem. O que ninguém é capaz de responder é qual a profundidade do
mergulho que estamos dando na recessão. Os sinais, porém, são todos muito
ruins.
Um dos principais saiu nesta quinta-feira (11). O
Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgou a ata da
reunião da semana passada, na qual a taxa Selic (o juro básico da economia) foi
elevada para 13,75%. O tom do discurso está bem mais duro.
A ata do Copom é sempre longa e de um economês
enfadonho. No entanto, o raciocínio principal é simples. O comitê identifica as
causas da inflação e analisa se elas são estruturais ou conjunturais. A partir
daí, avalia o ambiente econômico no qual se dão as pressões sobre os preços
(desempenho de emprego, consumo, crédito e ritmo da atividade econômica) para
traçar uma tendência para a inflação, o que justificaria a intensidade do
combate.
Mas, na leitura da ata, o principal não é entender
as razões da última decisão sobre juro, e sim desvendar as senhas para o que
será feito nas próximas reuniões. Dessa vez, ao usar palavras como
“determinação” e “perseverança” no combate à inflação, o Copom sinalizou
claramente que dará continuidade do ciclo de aperto monetário.
Então, preparem-se. O encolhimento da economia, que
ao final de junho completará dois trimestres consecutivos, virá ainda mais
forte.
Duração do aperto
E quanto tempo deverá durar o aperto monetário? Ao
que tudo indica, muito.
Nas economias maduras, quando a inflação ganha
força, o aumento dos juros funciona com muita eficiência. Diminui-se a liquidez
da economia (menos dinheiro em circulação por conta da redução do crédito), o
que gera queda no consumo e, consequentemente, menos pressão de demanda sobre
os preços, que voltam a se estabilizar.
Só que o Brasil não é uma economia madura. Pelo
contrário, somos uma economia emergente, que recentemente agregou um enorme
contingente de pessoas aos mercados de trabalho e consumo. Tudo isso é novo e
faz com que as ferramentas macroeconômicas tradicionais nem sempre respondam da
maneira esperada.
A inflação ainda não cedeu, apesar do aumento dos
juros e da desaceleração da economia. Isso indica que a diminuição do crédito
não foi suficiente para conter a pressão de demanda sobre os preços. Será
preciso, portanto, que o país se arraste num período recessivo longo para que
as inevitáveis demissões e a própria inflação minem o poder de compra dos
trabalhadores e, assim, contenham a pressão sobre os preços.
Um cenário terrível que, por incrível que pareça,
pode piorar. Nesta quinta-feira (11), li no jornal ‘Valor Econômico’ artigo que
defende um endurecimento ainda maior da política econômica, com a redução do
centro da meta de inflação, que está em 4,5% desde 2005, e o estreitamento dos
intervalos aceitáveis (dois pontos percentuais para cima ou para baixo). Com
isso, o governo mostraria firmeza e reduziria as expectativas de inflação. Cá
pra nós, isso é hora para um descabimento desses?
COMENTÁRIO:
A inflação não vai acabar nunca, enquanto os preços
administrados pelos governos não pararem de subir ou serem reajustados pela
inflação passada. O que gera a inflação são os aumentos de impostos e
principalmente as commodities administradas pelo governo federal: Petróleo,
Energia e Água, por não terem concorrência, são reajustadas ao bel prazer dos governantes, com valores muito acima da inflação passada. É
um círculo vicioso que nunca tem fim, é só o governo precisar de dinheiro e a
melhor maneira de obtê-lo é o reajuste dessas commodities.
O país não pode entregar o seu destino para Economistas,
como o que está fazendo o governo atual, não podemos depender de planos
econômicos mirabolantes, como o que já vimos antes, ‘esperar o bolo crescer
para partir” e os de agora, (já vimos
esse filme) e nem esperar soluções dos nossos políticos para os problemas
atuais.
O Brasil precisa de estadistas com a capacidade de unir o
técnico, o gestor e o político numa visão social e desenvolvimentista como o
foi Juscelino Kubistchek, o único até agora que pôs o Brasil pra frente.

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