segunda-feira, 8 de junho de 2015

NESTE PAÍS NADA FUNCIONA



  

Kênio Pereira



A Conference Board, organização que reúne 1.200 empresas públicas e privadas de 60 países e pesquisadores, publicou estudo que afirma que quatro trabalhadores brasileiros são necessários para atingir a mesma produtividade de um norte-americano. O mais triste é que pioramos, pois em 1980 um brasileiro produzia 40% que um americano, mais que os 24% atuais. Com a maioria das pessoas querendo apenas direitos e repudiando assumir compromissos, o problema tende a piorar. Está cada dia mais difícil contratar profissionais capazes de realizar o mínimo que se espera de quem tem diploma.

No momento da entrevista, o interessado no emprego diz que está disposto a tudo, mas, depois que consegue o cargo, deixa evidente a falta de comprometimento com o trabalho e até com ele mesmo, pois não se preocupa em progredir. Não estuda para prestar um trabalho mais qualificado e muitos vão a um congresso para passear ou fazem um curso apenas para ter o certificado. Quer apenas o salário, aumentos só por estar a mais tempo na função e muitos benefícios. Assim vemos empresários, especialmente de menor porte, estressados, sobrecarregados, sem condições de prestar o serviço de qualidade, pois não conseguem montar uma equipe.

Diante desse cenário, prestar um serviço elementar passa a ser uma coisa inédita, diante de tantos erros repetitivos e primários. Para entender isso basta vermos que 529 mil estudantes ficaram com zero em redação no Enem de 2014. Várias pesquisas oficiais apontam que somente 10% dos alunos que terminam o 2º grau aprendem matemática satisfatoriamente, sendo que em português o índice é de 26%, ou seja, 74% não conseguem interpretar um texto.

Há alguns anos, ao procurarmos um médico, este examinava o paciente com cuidado e após um diagnóstico, dizia: “vou pedir um exame para confirmar se você tem tal problema”. Por ser competente, sabia a probabilidade de determinada doença. Atualmente, o médico mal sabe indagar sobre os problemas do paciente, pede dezenas de exames para tentar descobrir a doença, sendo comum nem descobrir, pois nem consegue interpretar os exames.

O mesmo problema ocorre com contadores, que acabam “quebrando” a empresa ao mandar o cliente pagar tudo que vem do Fisco, pois não sabem que muitos tributos são questionáveis. Na advocacia vemos profissionais montando processos sem ler os documentos e as leis pertinentes ao fato. Desvalorizam a especialização, cobram valores irrisórios e acabam abandonando o trabalho no meio do caminho. E ainda os engenheiros dos viadutos que caem, apesar da simplicidade da obra.

Assim vai o Brasil, o país do faz de conta, onde os governantes fingem que governam em favor do interesse público, e não do interesse pessoal, e do afã de perpetuar-se no poder. Onde empregados acham que é favor prestar contas ao empregador e se sentem ofendidos ao serem cobrados, e da polícia que só aparece horas depois de o bandido ter ido embora. É preocupante vermos proliferar o “pedir desculpas”, como se isso resolvesse a falta de seriedade. 

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