Kênio Pereira
A Conference Board, organização que reúne 1.200
empresas públicas e privadas de 60 países e pesquisadores, publicou estudo que
afirma que quatro trabalhadores brasileiros são necessários para atingir a
mesma produtividade de um norte-americano. O mais triste é que pioramos, pois
em 1980 um brasileiro produzia 40% que um americano, mais que os 24% atuais.
Com a maioria das pessoas querendo apenas direitos e repudiando assumir
compromissos, o problema tende a piorar. Está cada dia mais difícil contratar
profissionais capazes de realizar o mínimo que se espera de quem tem diploma.
No momento da entrevista, o interessado no emprego
diz que está disposto a tudo, mas, depois que consegue o cargo, deixa evidente
a falta de comprometimento com o trabalho e até com ele mesmo, pois não se
preocupa em progredir. Não estuda para prestar um trabalho mais qualificado e
muitos vão a um congresso para passear ou fazem um curso apenas para ter o
certificado. Quer apenas o salário, aumentos só por estar a mais tempo na
função e muitos benefícios. Assim vemos empresários, especialmente de menor
porte, estressados, sobrecarregados, sem condições de prestar o serviço de
qualidade, pois não conseguem montar uma equipe.
Diante desse cenário, prestar um serviço elementar
passa a ser uma coisa inédita, diante de tantos erros repetitivos e primários.
Para entender isso basta vermos que 529 mil estudantes ficaram com zero em
redação no Enem de 2014. Várias pesquisas oficiais apontam que somente 10% dos
alunos que terminam o 2º grau aprendem matemática satisfatoriamente, sendo que
em português o índice é de 26%, ou seja, 74% não conseguem interpretar um
texto.
Há alguns anos, ao procurarmos um médico, este
examinava o paciente com cuidado e após um diagnóstico, dizia: “vou pedir um
exame para confirmar se você tem tal problema”. Por ser competente, sabia a
probabilidade de determinada doença. Atualmente, o médico mal sabe indagar
sobre os problemas do paciente, pede dezenas de exames para tentar descobrir a
doença, sendo comum nem descobrir, pois nem consegue interpretar os exames.
O mesmo problema ocorre com contadores, que acabam
“quebrando” a empresa ao mandar o cliente pagar tudo que vem do Fisco, pois não
sabem que muitos tributos são questionáveis. Na advocacia vemos profissionais
montando processos sem ler os documentos e as leis pertinentes ao fato.
Desvalorizam a especialização, cobram valores irrisórios e acabam abandonando o
trabalho no meio do caminho. E ainda os engenheiros dos viadutos que caem,
apesar da simplicidade da obra.
Assim vai o Brasil, o país do faz de conta, onde os
governantes fingem que governam em favor do interesse público, e não do
interesse pessoal, e do afã de perpetuar-se no poder. Onde empregados acham que
é favor prestar contas ao empregador e se sentem ofendidos ao serem cobrados, e
da polícia que só aparece horas depois de o bandido ter ido embora. É
preocupante vermos proliferar o “pedir desculpas”, como se isso resolvesse a
falta de seriedade.

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