Primeiro voo do Zeppelin
para o Brasil completa 85 anos
Clássicos dirigíveis alemães apareceram com
frequência pelo País na década de 1930
Rara imagem do Graf
Zeppelin de quando pousou no Rio de Janeiro pela primeira vez (foto – acervo
Rio de Janeiro)
“Olha lá, é o Zé
Pelim!”, anunciava uma multidão de expectadores em Recife (PE) aguardando a
chegada do Graf Zeppelin, que pela primeira vez atravessou o Oceano Atlântico
revelando seu enorme formato aos olhos dos brasileiros, que nunca tinham visto
uma máquina voadora de tal porte. Neste dia, 22 de maio de 1930, foi decretado
feriado na capital pernambucana para que todos pudessem dar as boas ao vindas
dirigível alemão, que surgiu no horizonte ao final da tarde daquele dia,
provocando êxtase total da população reunida em um campo aberto do bairro do
Jiquiá, onde o aeróstato pousaria.
O primeiro dirigível
que chegou ao Brasil foi o Graf Zeppelin D-LZ127, em voo experimental com
destino final no Rio de Janeiro. O aparelho tinha 236,6 metros de comprimento e
30 metros de altura, sendo muito maior do que qualquer avião dessa época ou
atual. Nesse tempo, a comparação mais comum era com navios transatlânticos,
como o Titanic, que era apenas alguns metros mais longo.
Nunca um dirigível
desse porte havia passado pelo Brasil, por isso a tarefa de trazer o gigante ao
chão foi no mínimo cômica. Sem treinamento prévio, as equipes em solos
agarraram os cabos que foram lançados do Graf Zeppelin e a confusão
começou. Na ânsia de ajudar a aeronave a descer, alguns populares invadiram o
campo para ajudar a puxar as cordas. Segundo relato do jornal Diário de
Pernambuco do dia seguinte ao pouso, uma mulher amarrou um dos cabos na
base de uma palmeira, que foi violentamente arrancada da terra com raiz e tudo
após um solavanco do “charuto alemão”, como foi apelidada a aeronave.
Com o Graf Zeppelin
em solo, estava completa sua primeira viagem até a América do Sul, que durou 59
horas, algo impressionante nesse tempo, quando as travessias transatlânticas
eram feitas em navios e podiam se prolongar por mais de uma semana. O dirigível
alemão havia partido de Friedrichshafen, na Alemanha, e ainda fez uma escala em
Sevilha, na Espanha. Mais adiante, essa rota com ponto final no Rio de Janeiro
seria feita de forma constante, criando a primeira ponte aérea regular entre
Brasil e Europa.
O Hindenburg era
apenas alguns metros mais curto que o transatlântico Titanic (Infográfico
Airway)
Em sua primeira
viagem ao Brasil o Graf Zeppelin foi comandado por Hugo Eckener, que também era
o diretor da Luftschiffbau-Zeppelin. A empresa fundada pelo Conde Ferdinand von
Zeppelin havia retomado recentemente suas atividades após ter sido
proibida de construir dirigíveis – aparelhos fabricados na primeira fase da
Zeppelin foram usados como bombardeiros na Primeira Guerra Mundial. E seria
Eckener o responsável por conduzir a maioria das viagens que o Graf Zeppelin
fez ao Recife e também para o Rio de Janeiro, que foi o principal destino dos
dirigíveis no Brasil.
Os Zeppelin tinham
até porcelana personalizada. Hoje essas peças são valiosíssimas
O Graf Zeppellin se
deslocava de forma graciosa impulsionado por cinco motores Maybach de 580
cavalos de potência em marcha lenta, sem pressa alguma. Segundo antigos
documentos da Zeppellin, o aparelho podia voar a velocidade máxima de 110 km/h
por mais de 12 mil km. A travessia do Atlântico a bordo do dirigível durava em
torno de três dias. O aeróstato podia transportar 35 passageiros e cada
passagem (só de ida) custava 1400 Reichmarks, o equivalente hoje a 10 mil euros
(cerca de R$ 32 mil).
Os passageiros
viajavam em cabines que mais se pareciam dormitórios de navios e durante os
voos eram servido pratos e bebidas da mais fina qualidade, preparada em
cozinhas totalmente equipadas.
Os dirigíveis que
partiam do Brasil, entretanto, poucas vezes fizeram a travessia oceânica com
capacidade máxima. Devido ao valor exorbitante das passagens, somente pessoas
muito ricas da época viajam dessa forma. Alguns ilustres brasileiros que
pegaram carona nos Zeppellins foram o presidente Getúlio Vargas e o compositor
Villa Lobos.
Ao todo, o Graf
Zeppelin viajou 177 vezes (incluindo 64 voos transatlânticos) para o Brasil até
1936, pousando em Recife ou no Rio de Janeiro ou ainda seguindo viagem até
Buenos Aires, na Argentina. Nesta época, Brasil e Alemanha eram os únicos
países com estrutura para operar os grandes dirigíveis. Nos Estados Unidos o
aparelho não foi bem aceito pelo simples fato de ser alemão e remeter às
tragédias da Primeira Guerra Mundial, tendo recebido as enormes aeronaves em
apenas cinco ocasiões. Com a aposentaria do Graf na rota Alemanha-Brasil, a
empresa lançou o Hindenburg, de proporções ainda mais exageradas.
Estrutura completa
no Rio de Janeiro
As atividades com os
dirigíveis no Brasil se tornaram tão frequentes que foi necessário a construção
de um aeroporto no Rio de Janeiro para recebê-los de forma adequada e com
segurança. O governo federal aprovou a liberação de crédito para erguer a
infraestrutura aeroportuária necessária para a operação dos aeróstatos, que
exigia pontos de abastecimento de hidrogênio e gasolina e um enorme hangar para
desembarque dos passageiros. O local recebeu o nome Aeroporto Bartolomeu
Gusmão, em homenagem ao brasileiro pioneiro no balonismo.
Em troca de toda
essa estrutura, concluída em 1936, o governo brasileiro exigiu uma programação
mínima de 20 voos anuais pelo período de 30 anos. Quando chegava ao aeroporto,
a proa (parte frontal) do Zeppelin era atracada a uma torre de amarração
telescópica de 21,5 metros e a popa (traseira) era conectada a um carro
gôndola, que puxava a aeronave para o interior do hangar.
O campo de pouso no
Rio de Janeiro iniciou as operações com Graf Zeppelin, mas seu projeto já
previa a chegada do Hindenburg. O antigo aeroporto Bartolomeu Gusmão era ligado
a estação central de trem da cidade, algo que nenhum outro aeroporto moderno
brasileiro possui até hoje. O local atualmente serve de base aérea da FAB
e o enorme hangar, construído com peças de aço pré-fabricadas na Alemanha, é
usado até os dias atuais para guardar aviões militares.
A curta passagem do
Hindenburg pelo Brasil
Hinderburg sobrevoa
Joinville (SC). Nessa época o dirigível já ostentava as suásticas nazistas
(foto – acervo Joiville)
Quando a rota
transatlântica foi transferida ao novo aeróstato Hindenburg, em 1936, o governo
da Alemanha começou a se intrometer novamente nos negócios da Zeppelin,
exigindo que os dirigíveis exibissem símbolos do país como forma de exaltar seu
poder tecnológico. Em diversas fotos o modelo aparece voando pelo Brasil
carregando a marca da suástica nazista que mais adiante causaria espanto no
mundo, mas de forma melancólica.
Hugo Eckener,
diretor da empresa, nunca esteve de acordo com o uso da suástica em seus
dirigíveis e por isso acabou afastado do comando da Zeppelin e também deixou de
realizar as viagens para o Brasil. Ernst Lehmann, um aviador pró-nazista, foi quem
assumiu o comando das viagens e o primeiro voo do Hindenburg para o Rio de
Janeiro foi lançado em 31 de março de 1936.
A passagem do
Hindenburg pelo Brasil, porém, durou apenas seis voos. O dirigível que fazia o
trecho explodiu de forma misteriosa em 6 de maio de 1937 quando se preparava
para pousar em Nova Jersey, nos EUA, matando 13 passageiros, 22 tripulantes
(incluindo o comandante Lehmann) e uma pessoa no solo. Com esse acidente e a
queda da popularidade da Alemanha, que se preparava para dar os primeiro
disparos na Segunda Guerra Mundial, a atividade com os dirigíveis Zeppelin
foram encerradas em definitivo. Nesse meio tempo, o Brasil também definiu sua
posição ao lado dos Aliados e cortou relações com o governo da então Alemanha
nazista, confiscando toda a estrutura dos Zeppelin que os alemães haviam
deixado no País.
O Hindeburg podia
levar 50 passageiros e quase o mesmo número de tripulantes, que trabalhavam
oferecendo serviços de bordo de primeira classe, na cozinha, sala de máquinas,
de navegação e de controle. Impulsionado por motores de 1.000 cv, esse
dirigível também era mais rápido que o Graf Zeppelin, podendo voar a 131 km/h.
Apesar do pouco
tempo de atividade, o Hindenburg realizou voos de exibição por todo o Brasil,
passando por São Paulo, Curitiba e diversas cidades do sul que foram
colonizadas por imigrantes alemães.
Memórias
Com o prenúncio da
Segunda Guerra Mundial, os dirigíveis alemães deixaram de voar em 1937 e os
três modelos remanescentes (dois Graf Zeppelin e uma cópia do Hindenburg) foram
desmontados e suas peças de alumínio foram recicladas para serem usadas na
fabricação de aviões. Sobraram apenas algumas pequenas partes, que estão
preservadas no Museu Zeppelin, em Friedrichshafen, de onde partiam os voos do
aeróstatos rumo ao Brasil.
Hindenburg sobrevoa
um hangar para dirigíveis em construção nos EUA (acervo USAF)
Além do hangar de
dirigível no Rio de Janeiro, também foi preservada a torre de atracamento em
Recife, que foi a única do mundo que resistiu ao longo desses 85 anos do
primeiro voo de um Zeppelin para o Brasil.
Balões Dirigíveis
Um balão dirigível é
uma aeronave mais leve do que o ar, que pode ser controlada por um condutor. Os
dirigíveis sustentam-se através do uso de uma grande cavidade que é preenchida
com um gás menos denso do que o ar, como o gás hélio ou mesmo o inflamável gás
hidrogênio.
Conheça o histórico dos enormes balões dirigíveis:
• No ano de 1662, Boyle enunciou a Lei dos gases, que permitiu os vôos de balões algum tempo depois;
• Em 1782, o primeiro balão destinado ao vôo foi montado pelos irmãos Montgolfier, era um artefato constituído por um grande invólucro de seda, o qual possuía uma abertura em sua parte inferior. Esta abertura era chamada de boca, e através dela enchiam o balão com ar quente que é menos denso, desta forma o balão subia lentamente.
• Também no ano de 1782, Jacques Charles usou hidrogênio em vez de ar quente para encher um balão que projetou. O hidrogênio é 14 vezes menos denso que o ar, e nesta mesma época um dos balões de Jacques Charles voou a uma distância de 25 km entre Paris e uma pequena cidade dos arredores.
• Já no ano de 1804, Joseph Gay-Lussac conseguiu a façanha de alcançar a altitude de 7 km, aproveitando a oportunidade ele colheu amostras naquela altitude para fazer estudos.
• No início do século XX surgiram os grandes balões dirigíveis – os Zeppelins- que eram usados para o transporte de passageiros, competindo acirradamente com os mais luxuosos transatlânticos, um destes balões fez a volta ao mundo em outubro de 1929.
• Infelizmente em 1937, um desses balões – o Hindenburg- com suas câmaras cheias de gás hidrogênio explodiu provocando um incêndio de grandes proporções e pôs fim a esse curioso meio de transporte.
Esses primeiros balões serviram para inspirar a construção de outros balões que são usados hoje para estudo do clima e da atmosfera.
Nos dias atuais utiliza-se o gás Hélio nos balões meteorológicos e de publicidade, embora este gás apresente maior densidade que o Hidrogênio, ele não oferece nenhum perigo.
Conheça o histórico dos enormes balões dirigíveis:
• No ano de 1662, Boyle enunciou a Lei dos gases, que permitiu os vôos de balões algum tempo depois;
• Em 1782, o primeiro balão destinado ao vôo foi montado pelos irmãos Montgolfier, era um artefato constituído por um grande invólucro de seda, o qual possuía uma abertura em sua parte inferior. Esta abertura era chamada de boca, e através dela enchiam o balão com ar quente que é menos denso, desta forma o balão subia lentamente.
• Também no ano de 1782, Jacques Charles usou hidrogênio em vez de ar quente para encher um balão que projetou. O hidrogênio é 14 vezes menos denso que o ar, e nesta mesma época um dos balões de Jacques Charles voou a uma distância de 25 km entre Paris e uma pequena cidade dos arredores.
• Já no ano de 1804, Joseph Gay-Lussac conseguiu a façanha de alcançar a altitude de 7 km, aproveitando a oportunidade ele colheu amostras naquela altitude para fazer estudos.
• No início do século XX surgiram os grandes balões dirigíveis – os Zeppelins- que eram usados para o transporte de passageiros, competindo acirradamente com os mais luxuosos transatlânticos, um destes balões fez a volta ao mundo em outubro de 1929.
• Infelizmente em 1937, um desses balões – o Hindenburg- com suas câmaras cheias de gás hidrogênio explodiu provocando um incêndio de grandes proporções e pôs fim a esse curioso meio de transporte.
Esses primeiros balões serviram para inspirar a construção de outros balões que são usados hoje para estudo do clima e da atmosfera.
Nos dias atuais utiliza-se o gás Hélio nos balões meteorológicos e de publicidade, embora este gás apresente maior densidade que o Hidrogênio, ele não oferece nenhum perigo.





Nenhum comentário:
Postar um comentário