Eu acredito!
Eduardo Costa
Cada minuto que vivo
mais gosto da frase do mestre Ariano Suassuna: “Todo pessimista é um chato,
todo otimista é um bobo; eu sou é um realista esperançoso”. Se tivesse de me definir
em uma sentença, com certeza seria esta. Todo dia, toda hora, lembro-me da
sabedoria do irmão nordestino. Agora mesmo, diante da repercussão da tal
solenidade que marcou a devolução de 157 milhões de reais aos cofres da
Petrobras, ouvi todo tipo de comentário e fiquei com a sensação de que escolher
um dos extremos é incorrer em erro. Grave.
Se ficar muito
festivo, soltando foguetes, estarei no cordão dos que ignoram a mais sofrida
das verdades: não recuperamos sequer um por cento do que foi roubado – melhor,
do que dizem ter sido levado pelos ladrões engravatados porque, no duro, no
duro, quanto foi tirado da empresa ilegalmente nas últimas décadas só Jesus na
causa.
Se, de outro lado,
me colocar entre os que dizem que é um absurdo, que esse dinheiro é nada perto
do que foi levado, que festejar é corroborar a safadeza, etc., estarei aderindo
ao bloco do quanto pior melhor, dos que nunca vêm luz no fim do túnel e não
acreditam que haja futuro para o nosso país.
Sou é brasileiro,
não desisto nunca! Costumo dizer que o tempo da história é diferente do nosso,
daí nossa ansiedade, o sentimento de que a melhor saída é o aeroporto. Não é
assim! O fato de termos recuperado 157 milhões de reais é motivo de animação
sim! Festa não, mas, esperança de que estamos no caminho... Temos uma banqueira
presa na Estevão Pinto há tanto tempo que poucos se lembram... Os mais
poderosos da indústria mais poderosa do Brasil – a da construção – foram presos
e agora estão em casa, com tornozeleira... Marcados feito boi no pasto e sem
poder ir à rua... Zé Dirceu, que poderia ser hoje nosso presidente, teve de
pedir licença à Justiça para visitar a mãe domingo passado... A delação
premiada levou os políticos safados ao estresse total. Os corruptores (essa
raça que finge de elite, mas não consegue esconder o próprio fedor) estão com
as barbas de molho. Enfim, posso não ver, minhas filhas podem não desfrutar,
mas, um neto, um dia viverá num lugar em que roubar é crime. Independentemente
da vestimenta e do “modos operandi” do ladrão. Eu acredito!
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