No sertão do CE, 'açude
inteligente' não seca e garante água a comunidades
Fabiana
Maranhão
Zona rural de Canindé (CE) é
abastecida por 'açude inteligente'
Açude
inteligente' abastece moradores da comunidade rural de Barra do Bento, a 23 km
da cidade cearense de Canindé (a 115 km de Fortaleza). Esse tipo de açude é
mais fundo (tem 15 metros de profundidade) e ocupa uma área menor (cerca de 500
metros de extensão) que os açudes comuns. Além disso, fica entre duas serras, o
que o "livra" do sol, e consequentemente da evaporação, durante
algumas horas do dia.
Na
comunidade rural cearense de Barra do Bento, a 23 km do centro de Canindé (a
115 km de Fortaleza), os moradores sabem que podem contar com a água que vem do
açude porque ele nunca seca, faça chuva ou faça sol. Pelo menos tem sido assim
desde que ele foi construído, há cinco anos.
A
reportagem do UOL percorreu mais de mil quilômetros entre os Estados do Ceará,
do Piauí
e de Pernambuco em busca de exemplos de como é
possível driblar a escassez de água. As experiências podem servir de lição para
a região Sudeste, que enfrenta uma grave crise de falta de água desde o começo de 2014.
Os açudes
fazem parte da paisagem do interior do Nordeste. Não é preciso andar muito para
se deparar com essas construções simples usadas para armazenar água da chuva.
Na maioria das vezes, são grandes buracos cavados em áreas mais baixas. Por
causa da baixa precipitação, passam grande parte do ano secos ou apenas com
lama.
Mas o
açude que abastece as 38 famílias de Barra do Bento tem estado cheio desde que
foi feito. A explicação está em suas características. Ele é mais fundo (tem 15
metros de profundidade) e ocupa uma área menor (cerca de 500 metros de
extensão) que os açudes comuns. Além disso, fica entre duas serras, o que o
"livra" do sol, e consequentemente da evaporação, durante algumas
horas do dia.
O
engenheiro agrônomo José Maria Pimenta, nascido e criado no sertão cearense,
batizou a ideia de "açude inteligente". Segundo ele, é preciso de
apenas 300 milímetros de chuva para enchê-lo.
Ele conta
que idealizou o projeto depois de analisar os índices pluviométricos do Ceará
ao longo de 120 anos e constatar que choveu menos de 300 milímetros em apenas
quatro anos. "Então, a probabilidade de um açude inteligente verter,
sangrar, encher todo ano é de 97%", diz.
"Eu
chorei na primeira vez da sangria dele [açude]. Foi em 31 de janeiro de 2008.
Eu chorei mais o meu filho", lembra o agricultor Raimundo Rodrigo de
Souza, 47.
A dona de
casa Raimunda Pinto, 36, conta que, antes do açude, era preciso andar entre
três e cinco quilômetros para pegar água, que era levada para casa em
recipientes carregados por jumentos. "Hoje nós temos [água] para repartir
com os que não têm", comemora.
À frente
da Ematerce (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará) durante
quase oito anos, Pimenta viabilizou a construção de 40 açudes inteligentes em
quatro cidades cearenses --Canindé, Madalena, Quixeramobim e Piquet Carneiro.
Esse tipo de açude leva cerca de dois meses para ficar pronto e custa cerca de
R$ 70 mil.
A água do
açude é levada por meio de bombas até as comunidades. Antes de chegar às
torneiras dos moradores, ela passa por um processo de tratamento e depois é
usada para beber, cozinhar, tomar banho, lavar roupa, além do cultivo de frutas
e verduras e da criação de animais.
COMENTÁRIO:
Este tipo de açude, por aqui, não
serve, é muito barato e muito bom, por isso, os nossos governantes não adotam
essa solução por falta de oportunidade de obterem propina na sua construção.
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