SE ESTE
SENHOR RECEBEU ESTAS ELEVADAS QUANTIAS COMO SUBORDINADO, PODEMOS IMAGINAR O
QUANTO SEUS CHEFES TAMBÉM GANHARAM COM ESSA ROUBALHEIRA TODA. Costa
recebeu R$ 550 mil por mês depois de sair da Petrobras
Propina era relativa a contratos que intermediou
dentro da estatalCleide Carvalho
SÃO PAULO
- Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa recebeu propina
relacionada a contratos da estatal até fevereiro de 2014 — um mês antes de ser
preso pela Polícia Federal e dois anos depois de deixar a empresa. Em um dos
depoimentos que integra sua delação premiada, Costa revelou que os valores
indevidos eram pagos em prestações mensais de R$ 550 mil e que somaram um total
de R$ 8, 827 milhões.
No mesmo
relato, o ex-diretor contou que abriu a empresa Costa Global com a intenção
inicial de prestar serviços de consultoria, mas que decidiu usá-la para
esquentar valores de vantagens indevidas que ainda tinha de receber depois de
deixar a Petrobras, em 2012. De acordo com Costa, a filha dele, Arianna Azevedo
Costa Bachmann, era quem elaborava os contratos fictícios e também quem emitia
as notas frias.
SALDO DE
EMPREITEIRAS A PAGAR
Foram
assinados com a Costa Global contratos com quatro empreiteiras acusadas de
participar do cartel — Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Iesa Óleo e Gás e
Engevix. Costa admitiu que todos eles eram irregulares, e contou que o doleiro
Alberto Youssef fez um balanço das propinas que ainda lhe eram devidas quando
ele deixou o cargo. Para o acerto, ressaltou Costa, foi firmado um contrato de
R$ 800 mil, em março de 2013, com a construtora Queiroz Galvão. A empresa
pagou-lhe em oito parcelas de R$ 100 mil. Com a Iesa, o valor alcançou R$ 1,2
milhão, e o pagamento ocorreu em 12 parcelas de R$ 100 mil. A Engevix fechou
contrato para lhe pagar R$ 665 mil, em 19 parcelas de R$ 35 mil. A Camargo
Corrêa, que lhe devia R$ 3 milhões em propinas, combinou que faria o pagamento
em 30 parcelas de R$ 100 mil, mas teria quitado o valor em dezembro de 2013,
disse Costa. Outro saldo de propina não paga, no valor de R$ 72 mil, teria sido
dividida em 12 parcelas de R$ 6 mil.
Costa
afirmou que também foram fechados contratos para receber propina de uma
distribuidora de produtos de petróleo que atua no Amazonas. Ele contou que foi
procurado pelo dono da empresa, que se propôs a construir um terminal de
derivados em Itaquatiara. Até então, a Petrobras deixava os produtos num navio,
que ficava parado no local.
O
ex-diretor disse que sua participação foi essencial para que o negócio com essa
empresa desse certo. Após a construção do terminal, contou Costa, a
distribuidora foi contratada sem licitação pela Petrobras. Em função do acerto,
Costa recebeu R$ 3,09 milhões da empresa, valor que também foi pago em parcelas
por meio de contratos fictícios de serviços de consultoria. O maior contrato
foi de R$ 2,025 milhões, pagos em 15 prestações de R$ 135 mil. Um segundo
somava R$ 975 mil e era dividido em 15 parcelas de R$ 65 mil. O contrato de
menor valor, de R$ 90 mil, foi pago em seis parcelas de R$ 15 mil.
Parte do
ganho com propinas, segundo Costa, foi usada para comprar uma casa no
condomínio Portobello, em Mangaratiba, na Costa Verde, por R$ 3,3 milhões, e
uma lancha, por R$ 1,1 milhão. Os bens adquiridos foram colocados em nome da
empresa Sunset Global Investimentos e Participações, mas a intenção era
repassar estes e outros bens que viessem a ser adquiridos para offshores no
exterior. Com a ajuda do advogado Matheus Oliveira dos Santos, que trabalhava
para Youssef, a família Costa abriu três offshores: Sunset International,
Sunset Global Foundation e Sunset Global Services. Costa usaria as offshores
para receber comissões no exterior e negociava interesses da Samsung na África.
Em outro
depoimento de delação premiada, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro
Barusco Filho disse que o ex-diretor Renato Duque também continuou a receber
propina depois de deixar o cargo.
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