Crimes
vão além da Petrobras, afirma juiz da Lava Jato
Estadão
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O juiz
federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, considera que
existem indícios de que os crimes de corrupção e propinas "transcenderam a
Petrobras". Ele demonstra perplexidade com a planilha de dados sobre cerca
de 750 obras públicas, "nos mais diversos setores de infraestrutura, que
foi apreendida com Alberto Youssef".
Doleiro e
alvo central da Lava Jato, Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Paulo Roberto Costa fizeram delação premiada e relataram a ação do cartel das
empreiteiras na estatal petrolífera. A planilha que incomoda o juiz da Lava
Jato foi apreendida no dia 15 de março, quando a operação saiu à caça dos
investigados.
Na
terça-feira, em Brasília, durante sessão da CPI mista da Petrobras, Costa afirmou
que o esquema de propinas é generalizado no País. Funciona, segundo o delator,
"nas rodovias, portos, ferrovias e aeroportos".
Despacho
Moro fez
as considerações sobre corrupção ao rejeitar pedido de extensão da ordem do
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que mandou soltar o
ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, indicado ao cargo pelo PT.
Duque foi
solto na quarta-feira e imediatamente dois executivos - Erton Fonseca, da
Galvão Engenharia, e Gerson de Mello Almada, da Engevix Engenharia, alvos da
Lava Jato por suspeita de envolvimento com o cartel das empreiteiras -, pediram
extensão da medida. O juiz federal rejeitou os pedidos.
Moro
destacou que há provas "de esquema criminoso duradouro e sistemático para
frustrar licitações da Petrobras, impor preços em contratos públicos sem
concorrência real, lavar recursos obtidos nos crimes e, com eles, efetuar
remunerações a agentes públicos, inclusive a diretores e gerentes da
Petrobras".
Planilha
Ao fazer
menção à planilha sobre 750 obras públicas na mira do doleiro Youssef, o
magistrado mostrou que existe a possibilidade de a organização ter estendido
seus interesses para além da Petrobras.
Para os
investigadores, a planilha apreendida com Youssef indica que ele ampliou seu
raio de ação para outros órgãos públicos que detêm orçamentos bilionários. Eles
suspeitam que o doleiro enriqueceu com as comissões que recebeu intermediando
negócios em várias estatais. Assim como na Petrobras, em outras estatais ele
pode ter criado esquema semelhante ao investigado na Lava Jato, na avaliação da
PF, inclusive com repasse de propinas e abastecimento de caixa 2 de partidos.
"Na
tabela, relacionada obra pública, a entidade pública contratante, a proposta, o
valor e o cliente do referido operador, sendo este sempre uma empreiteira, ali
também indicado o nome da pessoa de contato na empreiteira", observa o
juiz. "Embora a investigação deva ser aprofundada quanto a este fato, é
perturbadora a apreensão desta tabela nas mãos de Alberto Youssef, sugerindo que
o esquema criminoso de fraude à licitação, sobrepreço e propina vai muito além
da Petrobras", diz Sérgio Moro.
Para o
juiz, "os crimes, quer praticados através de cartel de empresas, quer
produto de iniciativa individual de cada empresa, revelam quadro extremamente
grave em concreto". Moro observa que "não se pode excluir a
possibilidade do mesmo modus operandi ter sido ou estar sendo adotado em outros
contratos com outras empresas ou entidades públicas". As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
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