COM ESSA VERBA QUALQUER
UM GANHA AS ELEIÇÕES NO BRASIL COMO GANHARAM
Grupos movimentaram R$ 90 milhões
para empresas de doleiro Alberto Youssef
A Justiça
Federal de Curitiba identificou pagamentos de R$ 90 milhões das empreiteiras
investigadas pela Operação Lava Jato às empresas controladas por Alberto
Youssef. O doleiro seria o responsável por repassar os recursos desviados da
Petrobras a partidos políticos, empresários e outros beneficiados do esquema de
corrupção. Os pagamentos eram justificados como pagamento a serviços
terceirizados de consultoria financeira e técnica mas, de acordo com as
investigações, as empresas controladas por Youssef não exerciam qualquer
atividade econômica e funcionavam apenas como fachada para a lavagem do
dinheiro.
Entre as
movimentações suspeitas aparecem depósitos de US$ 4,8 milhões feitos pela OAS
African Investments Limited em três parcelas entre maio e agosto de 2013. Os
recursos foram depositados em uma conta em agência do PBK Bank, na Suíça, em
nome da empresa de serviços off-shore Santa Thereza Services, que também seria
controlada pelo próprio Alberto Youssef. Além do depósito, foram localizadas
transferências de R$ 5,5 milhões feitas por consórcios liderados pela Mendes
Junior, que teve o vice-presidente preso durante as operações da PF desta
sexta-feira. Também há depósitos da Investminas (R$ 4,3 milhões), da
construtora OAS ( R$ 1,6 milhão) e Engevix (R 3,2 milhões), entre outros.
De acordo
com o relatório que embasou as prisões e investigações deflagradas pela Polícia
Federal nesta sexta-feira, as investigações indicaram que "as maiores
empreiteiras do país formariam uma espécie de cartel, definindo previamente as
vencedoras das licitações da Petrobras, o que lhes permitia cobrar o preço
máximo da empresa estatal, e que pagavam um porcentual, de 3% ou 2%, sobre o
valor dos contratos a agentes públicos".
O
documento relata que os valores desviados da estatal eram repassados pelos
consórcios de empreiteiras a empresas terceirizadas e fornecedoras de
equipamentos. Estas, então, repassavam os valores a empresas controladas por
Alberto Youssef como a MO Consultoria e a GDF Investimentos, simulando a
execução de serviços de consultoria.
Contas
Somente o
Grupo Sanko teria movimentado mais de R$ 33 milhões para as contas do doleiro.
O grupo possui contratos de mais de R$ 3 bilhões para fornecimento de
tubulações para obras da estatal. Um dos executivos do grupo, Márcio Bonilho,
em depoimento prestado na Justiça Federal, confirmou o relacionamento e os
repasses ao doleiro. O relatório apresenta trechos do depoimento em que
descreve Youssef como alguém de "credibilidade boa", que "abria
portas" e andava com pessoas "tomadoras de decisão" em relação
aos contratos.
"Saímos
tentando vender esse projeto, eu conheci o Alberto Youssef, se eu não me engano
uns quatro ou cinco. (...) Ele era uma pessoa que gozava de uma credibilidade
boa nesse setor e ele andava com pessoas tomadoras de decisão (...). Eu
coloquei a possibilidade, ele falou de uma possibilidade de pagar comissões
para ele, eu fechei o negócio e aconteceram as comissões", diz o trecho.
Em outra passagem, Bonilho afirmou que o doleiro tinha relações com diretores
das empreiteiras e marcava reuniões com o executivo.
"Ele
apresentava, marcava uma reunião, eu era recebido, fazia a apresentação técnica
e nós tentávamos fazer a venda. Eu fechei negócios com o CNCC, fechei negócios
com o Conest, fechei negócios com a UTC, fechei negócios com Engevix, com o
Estaleiro fechei... Não recordo todos, mas fechei meia dúzia de negócios,
assim, com 10 empresas distintas", completou o trecho.
Assinatura
O
relatório é assinado pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça
Federal do Paraná, responsável pelo caso. O documento apresenta uma planilha
resultado de perícia elaborada no decorrer das investigações a partir de
informações obtidas com a quebra do sigilo fiscal e bancário das empresas.
Também foram investigadas "planilhas de contabilidade informal" do
doleiro citando "comissões e repasses", mas sem identificar
beneficiários. Os depósitos teriam ocorrido entre 2009 e 2013, período em que
foram identificadas as irregularidades na Petrobrás.
Os
depoimentos de funcionários das empresas do doleiro Alberto Youssef também
indicaram que os contratos não eram efetivamente cumpridos e que as empresas
apenas forneciam notas fiscais. "Não foi colhida qualquer prova de que as
referidas empresas MO Consultoria, GDF Investimentos, Empreiteira Rigidez e RCI
Software prestassem, de fato, alguma espécie de serviço de consultoria ou mesmo
que tivessem quadro especializado de empregados ou terceirizados aptos a
atender consultorias técnicas para as maiores empreiteiras de obras do
Brasil", completa o juiz Sérgio Moro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário