sexta-feira, 12 de setembro de 2014

RECORDANDO O PASSADO



VAMOS RECORDAR O PASSADO!


“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.” - Rubem Alves

A cada lembrança dolorida de um passado que mal me recordo. Hoje, sou apenas, eu e as recordações de quando criança, onde o sorriso fazia parte incondicional da vida. Não havia momentos ruins, não existiam tristezas, nem dor. Apenas a alegria de momentos simples que marcaram de uma maneira que jamais deveria esquecer.
Os dias foram passando, a idade e as responsabilidades foram surgindo à simplicidade e a alegria de quando criança ficou para trás, agora os dias são apenas borrões, a correria de dias cheios e agitos. Correria, onde não há tempo para momentos felizes, para a simplicidade de sentar-me na praça e observar os pássaros cantando, observar as crianças correndo felizes, sem preocupação. Com uma felicidade que não há como explicar. Ver os casais que caminham de mãos dadas, sem preocupação, apenas com o amor que existe entre eles.
Lágrimas surgem ao recordar-me como era bom aconchegar-me nos braços de minha mãe, sentir seu cheirinho, de poder comer a comida preparada por ela com tanto amor e carinho, poder ouvir seus conselhos, até das brigas, no entanto jamais poderei viver esses momentos novamente. Ouvir palavras sábias de meus avós, ouvir as histórias que contavam em noites de chuvas intensas. Das broncas, dos sorrisos, dos abraços, deles... Hoje tenho somente a mim e a solidão de uma vida que não permite que eu tenha tempo para mim.
Às lágrimas escorrem livres por minha face enquanto as lembranças surgem silenciosas, trazendo consigo um misto de alegria e saudade. Um desejo de viver intensamente uma paixão arrebatadora, uma aventura, correr riscos, quebrar regras, assim como é feito na infância.
Passo correndo por um alguém que já fui há muito tempo e que havia décadas que não se lembrava de ter sido. Criança, aquela que anda descalça, brinca de pega-pega, dança da cadeira, de casinha, até de carrinho. Sem a preocupação do que os outros pensam ou irão pensar das suas atitudes, sem preconceitos, sem exigências.
Hoje fica aquele gostinho de quero mais. Aquela vontade de tornar-se novamente criança e poder sorrir livremente sem a pressão de prazos, sem as exigências da idade, e principalmente, sem a pressa e o peso que o tempo trouxe consigo. Queria apenas ser feliz sem precisar pensar em responsabilidades e no que é preciso ser feito, no trabalho e mais trabalho. Queria apenas uma vida pacata sem imprevistos, regras, obrigações.
Estou em pé diante da janela vendo as gotas da chuva bater no vidro. Vejo uma criança correndo de minha porta para a chuva, com um sorriso estampado em seu rosto, a alegria estava explicita em sua face, ela girava com os braços abertos e gargalhava enquanto sentia as gotas de chuva em seu rosto.
Aos poucos fui reconhecendo que aquela criança era eu, eu via os ‘meus’ olhos brilhar de alegria. Há quanto tempo eu não sei o que é ser feliz realmente? Tenho um trabalho bom, ganho o suficiente para me manter, mas, que alegria isso me trás? Quantas vezes eu saí para tomar café com os amigos? Ou para ir para uma festa e me divertir? Faz tanto tempo que eu nem me recordo quando isso ocorreu pela última vez!
Por um momento deixo para trás e corro para fora de casa, em direção a chuva, onde as gotas caem no solo e correm em direção para o seu futuro. Deixo que a chuva lave meu rosto que está voltado para o céu, admirando as nuvens que ‘choram’. Sinto o sorriso surgindo o meu rosto e uma sensação de êxtase, uma alegria súbita que não sentia há muitos anos, sorrio como não fazia a tempo. Abro os braços e giro em torno de mim mesmo sentindo o vento bater em meu rosto. Permito que a felicidade faça parte deste momento.
Sinto-me como se fosse aquela criança das minhas lembranças, livre, alegre e sem responsabilidades. Aproveito cada segundo. Caminho até a praça onde mais cedo vi um casal de idosos caminhando de mãos dadas, detalhe que ficou gravado em minha mente, mesmo em um dia tão agitado, corrido. Sentei-me no banco e fiquei pensando em tudo o que perdi de minha vida até hoje. Ao menos tenho uma pessoa para compartilhar desses momentos, para ser a razão de levantar-me todos os dias pela manhã. De receber um abraço de bom dia, um beijo de boa sorte, de ouvir alguém desejando que meu dia seja maravilhoso.
Permito que as lágrimas surjam, escorrendo livremente por meu rosto juntamente com as gotas de chuva. Sinto minha alma sendo lavada, tirando todo o peso de anos sem pensar em mim, sem sonhar, sem ter ambições em minha vida. Permito que os anos de dor e sofrimento sejam levados embora.
Enfim, sinto-me livre de todo o peso de anos sendo aliviados, levados embora junto com as gotas da chuva que se vão em direção ao mar, para depois retornarem aos céus.
E assim como as gotas de chuvas retornam para o céu, eu retorno para a minha casa onde tudo volta à normalidade, a correria, as responsabilidades e vida agitada. As lembranças sendo arrastadas para o passado e tornando-me aquela pessoa que mal se recorda de seu passado, esquecendo sonhos e desejos.

Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu. - Lya Luft

Fim!

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