Professores
do melhor colégio no Enem ganham em média R$ 15 mil
- Com mensalidade de R$ 1,3 mil, Colégio Bernoulli, de Belo Horizonte, ficou em primeiro lugar no ranking do exame de 2012
- No Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, melhor colocado da rede pública, salários vão de R$ 2 mil a R$ 6 mil
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Belo
Horizonte — Em Minas Gerais estão o melhor colégio particular e a melhor escola
pública do país do Enem 2012. Localizado no bairro de Lourdes, na zona sul da
capital, uma das mais caras da cidade, o Colégio Bernoulli alcançou o topo com
a média de 722,15 pontos. No ano passado seus 234 alunos do 3º ano fizeram a
prova. Ligado à Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Colégio de Aplicação,
mais conhecido como Coluni, está no quarto lugar no ranking geral e na primeira
colocação entre as escolas públicas com a pontuação de 706,22.
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O atual
primeiro colocado foi o terceiro no ano passado e, pelo sétimo ano consecutivo,
aparece entre as dez melhores posições do Enem. Para estudar no Bernoulli, o
aluno precisa desembolsar R$ 1.300 de mensalidade. O valor inclui material
didático e direito a monitoria, simulados de avaliações e aulas extras
específicas por área. Também em curva ascendente no ranking do Enem, o colégio
da cidade de Viçosa, na Zona da Mata mineira, já havia sido o primeiro entre os
públicos e oitavo geral no último levantamento. Para conseguir uma vaga em uma
das duas, é necessário superar rigoroso processo de seleção com provas e
avaliação de currículo escolar.
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No
colégio particular da capital, os alunos estudam com apostilas personalizadas,
produzidas por editora própria, a partir de ideias da equipe de professores da
instituição, formada por 24 professores para os alunos do terceiro ano. Como
forma de expansão dos negócios, a maior parte do material didático elaborado é
vendido para aproximadamente 100 escolas do país. Na instituição de Viçosa, 30
professores efetivos e seis substitutos trabalham em dedicação exclusiva para
ensinar e tirar dúvidas de 160 alunos, divididos em quatro turmas. Os livros
são fornecidos pelo governo federal, dentro do Programa Nacional o Livro
Didático.
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O salário
dos professores das duas redes é discrepante. Enquanto o Coluni paga de R$ 2
mil a R$ 6 mil mensais, nível de professor do magistério superior, o Bernoulli
desembolsa, em média, R$ 15 mil. Nem todos docentes têm o mesmo contracheque,
que depende da carga horária. Alguns profissionais podem ganhar mais.
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Na luta
por uma vaga no curso de medicina em Belo Horizonte, São Paulo e Rio, Lyvia
Telles, de 17 anos, conta que estuda mais de dez horas por dia. Atualmente, a
jovem frequenta um curso pós-Enem, no Bernoulli, voltado para quem vai fazer a
segunda etapa em outras instituições de ensino.
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— De
manhã, estudo no colégio e, à tarde, com ajuda de apostilas e provas antigas,
em casa — conta Lyvia.
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Para
Renata Pena Rodrigues, coordenadora da área de língua portuguesa da escola
Coluni, a participação dos alunos é primordial para o sucesso.
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— O nosso
perfil aqui é de aluno dedicado, comprometido e empenhado com o aprendizado. O
Enem é consequência do nosso trabalho como um todo, que envolve competência e
disciplina. Nossos professores têm dedicação exclusiva, realizam projetos de
pesquisa e, a partir daí, vão refletindo sobre o melhor método de ensino. O
grau de comprometimento é tamanho que nem cobramos assiduidade em todas as
aulas, mas eles vão assim mesmo — diz a professora.
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O diretor
de ensino e um dos sócios do Colégio Bernoulli, Rommel Fernandes Domingos, tem
a mesma opinião.
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— São
jovens muito interessados. É comum ver um aluno chamando o outro para estudar.
Ser dedicado aqui é normal — diz o diretor, salientando que material didático
exclusivo e bem feito, junto com professores qualificados e bem remunerados é o
diferencial do colégio.
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Para o
professor Francisco Soares, do Grupo de Medidas Educacionais da Faculdade de
Educação da UFMG, o resultado do ranking confirma o bom momento da educação em
Minas. Ele, no entanto, alerta que está na hora de evoluir mais.
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— A
educação em Minas de fato está na liderança nacional. Já que estamos bem,
precisamos mudar de patamar de conhecimento em comparação com o nível europeu —
sugere Soares.
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O
especialista vê com ressalva a metodologia do ranking. Para Soares, a
capacidade dos alunos é sub-valorizada, enquanto a escola é exaltada demais:
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— Vejo
limitações no ranking. É uma visão da realidade, mas não de toda. A boa
pontuação é resultado do esforço do aluno ou da escola. Para estudar nessas
escolas é exigido um processo de depuração muito grande, todos passam por
processos de seleção.
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CONCLUSÃO: O
salário não é o elemento mais importante na “escala” de satisfação no trabalho,
mas, influi positivamente na produtividade e satisfação no trabalho ao lado de
um bom ambiente. Professores com bons salários e dedicação exclusiva, produzem
e rendem muito mais e trabalhando com alunos dedicados e inteligentes e
selecionados, só podem dar bons resultados.
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