sábado, 23 de novembro de 2013

ATRAPALHANDO O CIRCUITO


Atrapalhando o circuito


O corpo humano é um imenso circuito elétrico movido pela eletricidade: elétrons circulam em nosso sistema nervoso o tempo todo. Por meio dos impulsos elétricos desse sistema, somos capazes, por exemplo, de ver, ouvir e nos movimentar:
As imagens que vemos, chegam às nossas retinas na forma de fótons de luz. Elas sensibilizam a retina sendo transformadas em impulsos elétricos pelo nervo óptico e levados ao nosso cérebro que, por sua vez, "reconhece" essas imagens.
Os sons que ouvimos chegam ao cérebro porque as ondas sonoras foram transformadas em impulsos elétricos pelo aparelho auditivo.
Os músculos que movimentam nossas pernas obedecem a comandos elétricos emitidos pelo cérebro.
 
O nosso sistema nervoso é bidirecional, ou seja, os impulsos elétricos vão para o cérebro e também dele emanam. Eles são de uma amplitude muito pequena, medida em miliampères. Um miliampère equivale a 1 ampère dividido por 1000; para se ter uma ideia, uma lâmpada de 100 watts consome 0,91 ampères se estiver ligada em 110 volts.
A corrente elétrica que circula em nosso corpo dificilmente ultrapassa os 25mA (miliampères). Para medir essa corrente, que é muito pequena, os médicos necessitam de aparelhos muito sensíveis, como o usados para eletroencefalogramas, eletrocardiogramas e eletroneuromierografias.
 
Atrapalhando o circuito

O que acontece quando tomamos um choque elétrico? Antes de mais nada, o que é um choque elétrico? Um choque elétrico é a passagem de corrente elétrica através do corpo humano ou de um animal qualquer. O pior choque é aquele que se origina quando uma corrente elétrica entra pela mão da pessoa e sai pela outra. Nesse caso, atravessando o tórax, ela tem grande chance de afetar o coração e a respiração.
No corpo humano, o choque elétrico é função de três fatores: tensão (ou diferença de potencial elétrico), resistência e área de contato.
A tensão é medida em Volts (V) e é também conhecida por voltagem. Em nosso dia a dia, temos desde os 1,5V de uma pilha pequena, passando pelos cerca de 110/220V de nossas residências e pelos 13.800V de tensão primária da companhia distribuidora de energia elétrica, até os 88.000V ou mais das linhas de transmissão.
A resistência é medida em ohms e quanto menor ela for maior poderá ser o choque que levaremos.
A área de contato é muito importante, pois quanto maior ela for e quanto mais umidade contiver, maior também será o choque elétrico.
 
Quando levamos um choque, é o nosso corpo que oferece resistência à passagem da corrente elétrica e, como na média ela equivale a 300 Ohms, podemos ter uma ideia da corrente que poderemos sofrer caso levemos um choque em nossa residência.
Normalmente, a resistência elétrica de nossa pele é grande e limita o estabelecimento de uma corrente elétrica caso a tensão aplicada não seja muito grande. Com a pele seca, por exemplo, não tomamos choque se submetidos à tensão de 12 V, mas se a pele estiver úmida a resistência elétrica cai muito e podemos levar um choque considerável.
 
É a partir dos 30mA que a corrente pode começar a provocar efeitos danosos em nosso corpo, indo desde um leve formigamento, passando pela paralisia momentânea e pela tetanização (rigidez total dos músculos), podendo chegar a fibrilação (movimentos descoordenados do coração), parada cardíaca ou respiratória. A tabela a seguir dá um exemplo de como essa corrente pode afetar nosso corpo em função de sua magnitude. 

Saiba mais sobre os efeitos fisiológicos da corrente elétrica

Tetanização: é a paralisia muscular provocada pela circulação de corrente através dos nervos que controlam os músculos. A corrente supera os impulsos elétricos que são enviados pela mente e os anula, podendo bloquear um membro ou o corpo inteiro, e de nada vale, neste caso, a consciência do indivíduo e a sua vontade de interromper o contato.
Parada respiratória: quando estão envolvidos na tetanização os músculos dos pulmões, isto é, os músculos peitorais são bloqueados e pára a função vital da respiração. Isto é um caso muito grave, pois todos nós sabemos que o humano não aguenta muito mais que 2 minutos sem respirar.
Queimaduras: a corrente elétrica circulando pelo corpo humano é acompanhada pelo desenvolvimento de calor produzido pelo efeito Joule, podendo produzir queimaduras em todos os graus, dependendo da intensidade de corrente que circular pelo corpo do indivíduo. Nos pontos de contato direto a situação é ainda mais crítica, pois as queimaduras produzidas pela corrente são profundas e de cura mais difícil, podendo causar a morte por insuficiência renal.
Fibrilação: atingindo o coração, a corrente elétrica poderá perturbar o seu funcionamento, os impulsos periódicos que em condições normais regulam as contrações (sístole) e as expansões (diástole) são alterados e o coração vibra desordenadamente (perde o passo). A fibrilação é um fenômeno irreversível que se mantém mesmo depois do fim do contato do indivíduo com a corrente, só podendo ser anulada mediante o emprego de um equipamento conhecido "desfibrilador".
 
Perigo: alta tensão!

Você já deve ter visto placas dizendo: "Perigo - alta voltagem", ou "Perigo - alta tensão". Mas é a voltagem ou a corrente que fará mal?
Alta voltagem, ou alto potencial (ou alta tensão), não causa mal algum. Alta voltagem pode dar lugar a uma intensa corrente, e esta é que produz o dano. Um pombo, pousando num fio de alta voltagem, não é afetado por esta, porque nenhuma corrente passa através do seu corpo. Mas se ele tocar dois fios ao mesmo tempo...

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