A COISA ESTÁ PRETA!
Corrupção
no setor público é crime que mais ocupa PF
Fausto
Macedo e Marcelo Godoy | Agência Estado de São Paulo
Chega a R$ 1 bilhão o volume de recursos que a
Polícia Federal (PF) suspeita ter sido desviado do Tesouro por meio de fraudes,
corrupção, licitações dirigidas, convênios fictícios e compras superfaturadas
de administrações municipais, autarquias e repartições estaduais em todo o
País. Pela primeira vez na história, segundo o comando da corporação, as
investigações de crimes do colarinho branco suplantou as ações contra o tráfico
de drogas e o contrabando.
Entre janeiro e agosto deste ano, a caça aos
malfeitos com verbas públicas foi responsável por 20,7% do total de missões
desencadeadas pela PF nos Estados e em Brasília - os dados não abrangem
falcatruas na Previdência. Ações contra o narcotráfico somam 16,9% dos casos.
No início da semana passada, foram presos 8 alvos
da Operação Pronto Emprego, que investiga desvio de R$ 18 milhões de convênio do
Ministério do Trabalho. "Temos hoje R$ 1 bilhão sob investigação, 28
operações especiais de combate a desvios de recursos do Tesouro apenas este
ano. Podemos afirmar que em 2013 inúmeras organizações criminosas foram
desarticuladas pela PF", diz o diretor-geral da Polícia Federal, delegado
Leandro Daiello Coimbra.
As 27 operações
deflagradas pela PF em 2013 levaram à cadeia 210 acusados de causar prejuízos
aos cofres públicos.
Positivo
"A PF tem
priorizado a atividade de combate à corrupção e ao desvio de recursos
públicos", afirma Coimbra, segundo quem a corporação tem atuado em
parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da
União (TCU). Os relatórios técnicos e auditorias desses dois órgãos são usados
para fortalecer as provas nas investigações.
O avanço dessas
ações policiais consta do histórico do departamento. Em 2011, elas
representavam 15,3% do total dos casos. Um ano depois, chegaram a 16,1%. O
combate ao tráfico de drogas, que vinha sempre no topo das ações da PF - 24,9%
das missões em 2011 e 27% em 2012 - caiu em 2013 para aquém dos 20%. Ainda
assim registrou mais prisões (284) que os inquéritos envolvendo corrupção.
Daiello, chamado
ao comando da PF no início do governo da presidente Dilma Rousseff, diz que
essa inversão não significa a diminuição da atuação no combate às drogas.
"Sempre combatemos tráfico de drogas. Isso é uma rotina natural para a
PF", afirma o diretor-geral.
O número de
operações, diz ele, vem crescendo desde 2008, quando a instituição realizou 217.
Em 2012, os dados mostram que elas somaram 292 em todos os 26 Estados e no DF.
Além de
ultrapassar os casos de tráfico de drogas, a corrupção deixou para trás também
outra tradicional área de atuação dos federais, os crimes fazendários. Em 2012,
eles responderam por 21% das operações no País (62 casos). Até agosto deste
ano, somavam 13,8% das ações e haviam provocado a prisão de servidores. Ao
todo, 29 foram presos por suspeita de corrupção.
O Estado de São
Paulo concentrou o maior número de operações nos oito primeiro meses do ano -
19 de janeiro a agosto. O Rio Grande do Sul, com 10 casos, ficou em segundo
nessa estatística e Minas Gerais (8 operações) em terceiro lugar.
Para a cúpula da Polícia Federal os números só reforçam a
versão de que o órgão tem independência e capacidade para investigar os desvios
de recursos com independência e isenção.
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