Desocupação de lojas nos
shoppings de Belo Horizonte nunca foi tão alta
Paula Coura
TURN OVER - Lojas fechadas em shopping de Belo Horizonte: saída de
lojista está maior que entrada
O número de lojas desocupadas nos shoppings de BH e da região
metropolitana nunca esteve tão alto. São 343 pontos de vendas vagos, segundo
levantamento divulgado ontem pela Associação de Lojistas de Shopping Center
(AloShopping), com dados deste mês. A desocupação representa 12,3% do total de
lojas dos 15 centros de compras pesquisados. O percentual supera em muito a
média história de 3%, segundo a associação.
Segundo Alexandre França, superintendente da AloShopping, as taxas fixas
de aluguel e condomínio, que foram mantidas apesar da crise, explicam por que o
número de lojistas que saem dos shoppings é maior do que os que entram. “Antes
da crise, os custos de manutenção de uma loja em shopping representava cerca de
12% do faturamento dos lojistas. Agora, é comum chegar a 20% , o que é inviável
para alguns estabelecimentos”, explicou.
De acordo com a pesquisa, os shoppings com menos de cinco anos, que são
considerados ainda “não consolidados”, são os que apresentam o maior percentual
de lojas fechadas. “Quem está mais firme, ou seja, os shoppings com 10 ou 15
anos, consegue manter os lojistas. Para uma loja de 40 metros quadrados, os
custos de aluguel, condomínio e a taxa de marketing são, em média, de R$
12 mil. ”, diz Alexandre França.
Pedro Paulo Drumond, proprietário da Cia do Terno, que possui lojas em
vários shoppings de Belo Horizonte, o problema está no somatório de crise
econômica, retração nas vendas e alto custo de manutenção nos shoppings.
“O shopping tem naturalmente um custo mais alto que as lojas de rua. O
desemprego fez o movimento e a tendência para 2017 é de piora”, afirma.
Em 2016, o empresário do ramo do vestuário teve que fechar 19 lojas da
marca, abrindo outras 14 pelo país, buscando eliminar os pontos menos
rentáveis. “Manter uma loja em shopping é muito mais complicado que na rua. Os
contratos dos shoppings não são para amadores”, complementa.
Em alta
Na contramão da pesquisa da AloShopping, a Associação Brasileira de
Shopping Centers (Abrasce) divulgou[/TEXTO] ontem seu Censo anual, que aponta
um aumento no volume de vendas nos shoppings do país de 4,3%. No entanto, esse
aumento de vendas foi diluído pelos entrantes no mercado, já que 20 shoppings
foram inaugurados no país no ano passado, o que corresponde a um aumento de
pontos de venda de 3,7%.
Estão em operação atualmente no país 558 shoppings. A expectativa da
Abrasce é que, até o final de 2017, sejam inaugurados 30 novos malls.
Crescimento da inadimplência é outro fantasma para varejo
Não é só a queda nas vendas que assusta o comércio lojista, seja ele
estabelecido nos shoppings ou nas ruas. A inadimplência também é um fantasma.
Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de
Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o número de inadimplentes em
janeiro deste ano cresceu 2,88% na comparação com o mesmo período do ano
passado. Juros, inflação e desemprego explicariam esse movimento.
Para a economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos, a crise também dificulta
os consumidores a negociarem seus débitos.
“A alta taxa de desemprego têm pesado muito no orçamento das famílias,
principalmente as que possuem dívidas pré-datadas, como empréstimos ou
financiamentos de bens de consumo duráveis”, pontua a economista.
Ela também projeta que, com a liberação do saque das contas inativas do
FGTS, esse dinheiro possa aparecer no comércio na forma de quitação de dívidas.
Assim, um grupo significativo de consumidores poderá estar apto para novos
financiamentos.
“A partir de abril, a inadimplência deve começar a cair, assim como a
taxa de juros, que dá uma margem maior para o consumidor negociar seus débitos
com os credores”, afirma Ana Paula.
Segmentos
Ainda conforme a pesquisa, [/TEXTO]a maioria das dívidas em atraso
(47,61%) foi registrada por consumidores com idade superior a 50 anos.
Por outro lado, o endividamento entre os jovens de 18 a 24 anos
apresentou queda de 28,06%, justificada pela entrada tardia dos jovens no
mercado de trabalho.
Na análise por gênero, os homens foram responsáveis pelo maior
crescimento da inadimplência (2,96%) em janeiro, frente ao mesmo período do ano
anterior. Já entre as mulheres essa alta foi de 2,43% nos débitos pendentes.
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