quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

EMPRENDEDORISMO E INOVAÇÃO SÃO COMO OS DOIS LADOS DE UMA MESMA MOEDA SE ESTIVER PARADA NÃO VALE NADA

 

SEBRAE – Santa Catarina

A inovação se tornou um diferencial competitivo para empresas de todos os portes. Mas, a capacidade de inovar exige que o empreendedor saia da zona de conforto, aproveite os interesses do público-alvo e crie tendências ou soluções que sejam capazes de mudar a vida dos clientes completamente.

Na prática, os profissionais que desejam se diferenciar e atrair clientes, precisam adotar uma cultura de empreendedorismo e inovação nos negócios.

Nos últimos anos, temos visto diversas empresas surgindo e ganhando mercado por conta do maior diferencial: a capacidade de inovar. No entanto, é necessário lembrar que a inovação não está presente em todos os negócios e perfis profissionais, pelo contrário, é uma habilidade que precisa ser desenvolvida com capacitação, informação e muita criatividade.
Neste artigo, você vai entender melhor sobre esse conceito e descobrir como inovar no seu negócio. Confira!

O que é inovação? 

Inovação é criar algo que tenha utilidade, que seja diferente do que já existe e tenha mercado, pois a inovação precisa gerar lucros. 

A inovação também está relacionada com a criação de soluções ou quebra de padrões. Significa dizer que a inovação pode representar tanto a elaboração de um modelo de negócio e serviços, como também o desenvolvimento de novos produtos e serviços para problemas recorrentes do público-alvo. 

Com os avanços tecnológicos registrados nos últimos anos, algumas tendências se inserem no cenário mundial de inovação, tal qual a criação e o uso de softwares em nuvem para o gerenciamento de equipes e atendimento ao público.

Pode-se considerar nestas condições, também, a criação de novos espaços de trabalho em grupo (que incentivam a criatividade e contato com outros profissionais), como os coworkings; ou, ainda, a produção de soluções para o desenvolvimento de cidades inteligentes.

Por que inovar é importante?

A palavra empreendedorismo se refere à um comportamento de liderança, iniciativa e descobertas. Essas habilidades são fundamentais não apenas para os gestores, empresários ou donos de um negócio. Colaboradores com perfil empreendedor podem aperfeiçoar serviços e desenvolver soluções para problemas ou novas formas de executar alguma atividade. Não por acaso, a busca por trabalhadores-empreendedores têm crescido muito no mercado.

O que é criatividade e qual a importância nos negócios?

A criatividade é a capacidade de imaginar algo que ainda não existe, o potencial que a mente humana tem em conceber novas ideias. Ser criativo é ser inovador, diferente, ter ideias revolucionárias.

Empreendedores sempre buscam formas de melhorar o negócio, esperando um melhor desempenho e resultado. Em negócios dos mais diferentes portes, a criatividade é essencial para a manutenção destes empreendimentos já existentes (especialmente em momentos de crise), para o engajamento e valorização da equipe, para encontrar novas maneiras de resolver problemas ou novas formas de aumentar a produtividade, bem como estar à frente da concorrência.

Qual a relação entre empreendedorismo e inovação?

Empreendedorismo e inovação são como dois lados de uma mesma moeda, que se estiver parada não tem valor algum. Para empreender é preciso ter espaço para criar, colocar ideias em prática e de fato inovar. Nenhuma empresa que fique “engessada no tempo” poderá se sustentar a longo prazo e continuar crescendo no mercado.

Basta observar alguns empreendimentos que foram atingidos por novas tecnologias, como as locadoras de filmes, que foram altamente impactadas com os serviços de streaming e assinaturas online. Muitos estabelecimentos fecharam e estão em extinção. No entanto, aqueles que resolveram inovar, oferecendo novas experiências aos clientes, com espaços diferenciados ou investindo em nichos específicos, como de filmes clássicos ou de outras nacionalidades, têm sobrevivido. 

De fato, é provável que se as empresas não investirem em inovação, estarão fora do mercado nos próximos anos. Quem fez essa previsão foi Carlos Faccina, Chanceler das Universidades Anhembi Morumbi e BSP, que integram a rede Laureate International, durante o Fórum de Administração 2018

Para o Chanceler, as habilidades necessárias para uma boa gestão no passado não são mais suficientes para garantir que as empresas vão sobreviver. “A inovação exige o cumprimento de determinados pré-requisitos nas empresas, entre os quais a compreensão de que as pessoas são diferentes e são talentosas à sua maneira, cabendo à empresa conciliar as diferenças”, explicou Faccina.

O representante também criticou o modelo convencional das estruturas organizacionais que ainda é muito comum nas empresas e isso se reflete no desenvolvimento dos produtos e soluções. Para ele, a criatividade e a inovação exigem a quebra dos modelos convencionais de gestão. “Basta observar que dos 100 produtos lançados nos últimos cinco anos, apenas cinco podem ser classificados como sucessos e os demais seguem para o esquecimento”, destacou. 

Investir em inovação é caro!

Esse tem sido o argumento adotado por muitos empreendedores brasileiros. Porém, para inovar não significa, necessariamente, gastar muitos recursos. Alguns empreendedores inovam sem gastar nada

É importante saber que a inovação não depende necessariamente de grandes investimentos ou de tecnologia de ponta. Seria mais uma mudança de atitude ou de hábitos.

Segundo um estudo realizado pela ACE Cortex, sobre Corporate Venture Building com o objetivo de mapear a transformação de novos negócios e serviços, o problema é que o brasileiro, apesar de ser um empreendedor nato, não tem tanta iniciativa para inovar. Os dados revelam que apenas 23,2% das organizações brasileiras contam com líderes que admitem praticar a inovação. O medo de arriscar e de perder dinheiro podem ser dois dos principais limitadores. Afinal, mesmo que não invista dinheiro, o empreendedor corre o risco de não agradar o cliente. 

Na contramão desse cenário, estão as fintechs – startups do setor financeiro, que já somam mais de 1.289 iniciativas no país, segundo dados do estudo Inside Fintech, da consultoria de inovação aberta Distrito. As startups brasileiras receberam um total de US$ 9,4 bilhões em investimentos ao longo de 2021.

A chegada de fintechs balançou o mercado e assustou os grandes e tradicionais bancos. Dessa forma, as próprias instituições financeiras entenderam que teriam que mudar sua forma de atuação e passaram a desenvolver alguns serviços com os mesmos princípios das startups.

Isso mostra que: observar o comportamento do consumidor é o primeiro passo para quem quer inovar. O empreendedor precisa estar antenado sobre quais são as necessidades e os interesses do seu público. 

Com o reconhecimento de demandas antigas do mercado e dos clientes, a empresa pode inovar com um atendimento diferenciado ou o apoio à alguma causa social, por exemplo. As soluções vão desde o espaço ou vitrine da empresa – que podem ser online ou offline – até o produto em si. 

Para inovar não são necessários grandes investimentos, mas é importante despertar a criatividade, ouvir os clientes e a sua equipe.

Como inovar em tempos de crise?

Inovação e criatividade andam juntas e em tempos de crise, é importante saber como solucionar problemas por meio de novas visões para os desafios. A criatividade está muito relacionada com esforço de enxergar oportunidades, de ser questionador e observador do cenário atual.

Criar uma rede de relacionamento com outros empreendedores ou com outras pessoas que entendam de empreendedorismo, pode ser uma boa opção para conseguir inovar e superar problemas através da troca de experiências.

Usar tecnologia a seu favor, reforçar a presença digital, incentivar que o cliente procure por seus canais digitais, avaliar ações de sucesso para aprimorá-las e de fracasso para descartá-las, são algumas das dicas que podem ajudar a driblar a crise. Lembre-se que a chave para a sobrevivência de pequenos negócios em qualquer situação econômica, é flexibilidade e adaptabilidade! Vivemos isso recentemente com a pandemia da Covid-2019, onde quem não se reinventou e mudou as formas de pensar e operar, acabou sofrendo as consequências.

Não basta apenas ter uma ideia boa, é preciso planejamento, visão e flexibilidade para executar as mudanças necessárias. Saber acompanhar essas mudanças e encontrar oportunidades entre elas faz toda a diferença quando o assunto é garantir longevidade.

Empreendedorismo e inovação: 7 dicas para ter uma empresa inovadora

Alguns processos como o Design Thinking, que ajudam a aumentar as chances de sucesso no processo de inovação, podem auxiliar os empreendedores a reconhecer problemas e desenvolver soluções criativas para a empresa. Outro caminho é avaliar a situação do negócio e observar quais são os principais desafios enfrentados pela equipe:

  • concorrência? 
  • engajamento? 
  • divulgação da marca? 
  • qualidade dos serviços? 

Com soluções, empreendedorismo e inovação, tais situações podem ser transformadas em oportunidades para o crescimento e sucesso da empresa. Veja, a seguir, outras dicas para aplicar no seu negócio:

1. Observe os seus concorrentes

Uma forma de obter ideias de soluções criativas é observar iniciativas de concorrentes, empresas de outros segmentos e nacionalidades. Por meio da internet, torna-se cada vez mais fácil encontrar exemplos de sucesso ou fracasso nos negócios. 

Além disso, quando seu concorrente dá o primeiro passo, você pode aprender com os erros dele e aplicar o aprendizado na criação das suas ações. 

2. Alinhe os objetivos da empresa

Saber onde você quer chegar com o seu negócio te ajudará a definir os caminhos que vai percorrer. Isso quer dizer que você não tomará atitudes, nem dedicar tempo e esforço da sua equipe em ações que não te ajudarão a conquistar seus objetivos.

Defina os seus objetivos e alinhe com as expectativas de seus colaboradores. 

3. Consuma conteúdo

Buscar inspiração é fundamental para quem quer inovar. Fique atento às exposições de arte, música, teatro, leia artigos, converse com as pessoas, observe os locais que os seus clientes gostam de frequentar e fique atento a tudo que está ao seu redor.

Também se atente a filmes, documentários, séries, vídeos, revistas, livros e outros materiais, visto que é possível descobrir novas formas de empreender em seu próprio negócio. Toda e qualquer fonte de informação é conteúdo e pode gerar “insights” para promover a inovação no seu negócio. 

4. Estimule a criatividade da sua equipe

A inovação não precisa partir só do dono da empresa. Todos os profissionais da empresa podem contribuir com suas ideias, mas para isso é importante que eles se sintam confortáveis em apresentá-las. 

Desenvolva atividades de estímulo à criatividade e estimule os profissionais a apresentarem soluções para os problemas da empresa. Quanto mais ideias forem apresentadas, mais chances de acertar em uma nova solução ou na criação de um novo produto.

5. Ofereça recompensas para a equipe

As recompensas, como premiações, benefícios ou até aumento de salário ajudam a estimular o colaborador a buscar soluções para o negócio. Mas fique atento! O colaborador não pode ser estimulado a apenas contribuir se ganhar algo em troca. A sua empresa deve promover uma cultura de inovação e colaboração. As recompensas devem ser oferecidas quando a empresa tem ganhos significativos.

6. Foque no seu cliente

De nada vai adiantar você investir em inovação, buscar soluções ou criar produtos que não atendam às necessidades do seu cliente. Muitas empresas erram por tentar inovar para ganhar destaque na mídia e acabam esquecendo que o verdadeiro valor para o seu negócio são seus clientes. 

Se você desenvolver uma solução ou um produto que seja inovador para eles, que atraia a atenção de mais pessoas com o perfil do seu cliente e faça diferença em suas vidas, conseguirá alcançar o sucesso que deseja.

Por isso, foque nos seus clientes. Estude o seu público. Saiba o que ele está consumindo, quais são seus problemas e desejos. 

7. Busque capacitação e capacite a sua equipe

O desenvolvimento de novas habilidades, o conhecimento e a informação são fundamentais para quem quer inovar. E você não precisa investir muito dinheiro nisso. Existem diversas plataformas que oferecem cursos e treinamentos gratuitos ou conteúdos básicos para quem quer aprender uma nova habilidade.

Outra fonte essencial de ideias são as consultorias e o contato direto com profissionais de diferentes segmentos em feiras, eventos e cursos de empreendedorismo e inovação.

Em nosso portal há uma série de soluções que podem te ajudar na sua capacitação e na capacitação da sua equipe.

Aqui no blog do Sebrae, buscamos compartilhar histórias e conhecimentos básicos para que gestores, jovens empreendedores e profissionais do mercado possam, cada vez mais, desenvolver habilidades, inovando em seus negócios e obtendo sucesso no mercado.

ValeOn UMA STARTUP INOVADORA

A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma  Plataforma Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um forte relacionamento com a tecnologia.

Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades do mercado.

Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o mercado já oferece para se destacar ainda mais.

Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.

inovação é a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado.

Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

  • Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços;
  • Informações detalhadas dos Shoppings de Ipatinga;
  • Elaboração e formação de coletâneas de informações sobre o Turismo da nossa região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo, Caratinga e Santana do Paraíso;
  • Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;
  • Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;
  • Notícias da região e do mundo;
  • Play LIst Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio do Brasil e da região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço;
  • Fazemos métricas diárias e mensais de cada consulta às empresas e seus produtos.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

BOLSONARO ESCLARECE EM ATO OS BOATOS SOBRE A MINUTA DO GOLPE

História de MARIANNA HOLANDA • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Advogado de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno disse nesta segunda-feira (26) que a fala do ex-presidente durante ato na avenida Paulista em que indicou saber da existência de minutas de texto que buscavam anular a eleição se referia a um texto recebido por ele em 2023. Portanto, depois que deixou o governo.

Na avaliação da Polícia Federal, o discurso de Bolsonaro reforçou a linha de investigação de que houve uma trama de tentativa de golpe de Estado. Bueno nega essa possibilidade.

“Declaração do presidente foi em cima da minuta que ele só teve conhecimento em outubro de 2023. Não reforça em nada a investigação, porque foi a primeira minuta que ele viu. Não tinha visto antes”, disse Bueno à Folha de S.Paulo.

A minuta a que Bolsonaro se referia na avenida Paulista faz parte de autos aos quais a defesa teve acesso em 18 de outubro do ano passado. Segundo o advogado, o presidente pediu para que ele encaminhasse por telefone o texto para que ele pudesse imprimir e ler fisicamente.

Foi esse o documento encontrado pela PF, no início de fevereiro, na sala do ex-presidente na sede do PL em Brasília. O documento previa declaração de estado de sítio e decretação de uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) após a derrota nas eleições.

“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição. Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não”, disse Bolsonaro na avenida Paulista.

Interlocutores de Bolsonaro dizem que, se houve até uma prisão por conta de minuta de decreto —no caso o ex-ministro Anderson Torres—, não há o que se negar sobre a existência do texto. E a própria PF encontrou o documento no gabinete do presidente.

O que não há, alegam, é como encontrar paralelo na fala do Bolsonaro no domingo com reconhecimento de que ele teve acesso a essas minutas durante sua gestão.

O raciocínio do ex-presidente reverbera entre seus aliados: eles acreditam que escrever, discutir ou até sonhar com uma eventual decretação de estado de sítio não é ilegal. Defendem que a abolição do Estado democrático de Direito prevê uso da violência e que isso não fica representado com o 8 de janeiro. Portanto, dizem que não haveria crime comprovado com os documentos encontrados.

Para investigadores da PF, é possível deduzir das declarações do ex-presidente que ele sabia da existência das minutas e estava ciente de tratativas para tentar impedir a posse de Lula. O ato entrará no contexto de toda a investigação sobre a trama.

Chamado para depor na semana passada na investigação que apura tentativa de golpe, Bolsonaro se silenciou. Sua defesa justificou a medida por não ter acesso aos autos.

Para os investigadores, o ex-presidente não só participou da elaboração como chegou a fazer alterações em uma minuta para legitimar um golpe de estado.

Neste domingo, além de tentar se defender das acusações da PF, Bolsonaro diminuiu o tom da agressividade contra o STF (Supremo Tribunal Federal), disse buscar a pacificação do país e pediu anistia aos presos pelo ataque golpista de 8 de janeiro de 2023.

Aliados do ex-presidente celebraram a alta adesão à manifestação da Paulista e o fato de que não saiu nada do script: não havia cartazes golpistas, violência e, sobretudo, ataques ao STF ou a Alexandre de Moraes.

Para eles, o ato demonstrou capital político de Bolsonaro, ainda que, juridicamente, reconheçam não ter efeito nos processos.

Antes da manifestação, diferente das anteriores, interlocutores do ex-presidente estavam mais temerosos do que otimistas, apesar de insistirem que ao menos Bolsonaro não faria uma fala incendiária —o que, de fato, ocorreu.

 

GOVERNO ASSUSTA COM O APOIO TIDO POR BOLSONARO NO ATO DE DOMINGO

História de RENATO MACHADO, JULIA CHAIB E MARIANNA HOLANDA • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Integrantes do governo Lula (PT) reconhecem nos bastidores que Jair Bolsonaro (PL) surpreendeu ao mobilizar aliados, como governadores e prefeitos, durante o ato que reuniu milhares de pessoas na avenida Paulista, em São Paulo.

Alguns auxiliares de Lula afirmam terem ficado surpresos com a presença de políticos que vinham apresentando sinais de moderação ou que vinham mantendo um canal de diálogo com o Palácio do Planalto.

Diante desse diagnóstico, a equipe de Lula adotou a estratégia de ignorar ou pelo menos minimizar os impactos da manifestação.

Nesta segunda-feira (26), um dia após o ato na capital paulista, integrantes do governo Lula desviaram do tema. A intenção é não dar mais visibilidade para a manifestação bolsonarista.

O presidente Lula evitou responder uma pergunta de jornalista sobre o assunto. Já o ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) buscou minimizar a situação, afirmando que esteve mais preocupado com a rodada do futebol no domingo do que com o protesto.

“Só sei que os vermelhos ganharam tudo ontem. O Liverpool ganhou, o Inter ganhou, o Flamengo ganhou. Só deu vermelho ontem”, afirmou.

Rui Costa (Casa Civil) apenas disse que a mobilização esteve aquém do que era esperado pelos organizadores e que grande parte das pessoas que estavam lá seguiu o chamado de pastores religiosos. Ele também ironizou que a maior surpresa foi um suposto reconhecimento de cometimento de crime por Bolsonaro durante seu discurso.

Interlocutores de Lula dizem que era natural uma reação de Jair Bolsonaro diante das investigações da Polícia Federal. Eles também destacam que o ex-presidente ainda detém um considerável capital político. Mas ponderam que desde o início estava claro que essa demonstração de força não teria o poder de mudar o curso das apurações em curso contra o ex-presidente.

Por outro lado, pessoas próximas a Lula manifestaram contrariedade com alguns integrantes da classe política que marcaram presença na manifestação. A principal preocupação foi com lideranças políticas que eram consideradas, pelo Planalto, mais pragmáticas e distantes do bolsonarismo mais ideológico. Um conselheiro do presidente afirmou que alguns “optaram por estar em um lado” e esse lado é o “dessa organização criminosa”.

A fala reflete um sentimento de que havia esperança de que o ato fosse mais esvaziado de nomes políticos de peso. Uma das surpresas negativas para a equipe de Lula foi a presença do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que nos últimos meses manteve diálogo com o governo federal para avançar projetos de interesse de seu estado.

Também chamou a atenção a postura de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Por um lado, a sua participação era esperada, considerando que ele foi eleito com o apoio de Bolsonaro e a manifestação ocorreu em São Paulo. Por outro, auxiliares do petista não contavam com uma posição de destaque para Tarcísio e muito menos um discurso lembrando o “legado” de Bolsonaro e com críticas indiretas a Lula.

“Um presidente que sempre respeitou Israel e a luta de seu povo”, afirmou o governador, numa fala que foi lida como uma estocada em Lula.

O Brasil vive atualmente uma crise diplomática com Israel, após Lula ter comparado a ação militar israelense na Faixa de Gaza com o Holocausto.

Além de Tarcísio e Caiado, participaram os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), além da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). Outro participante foi o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição.

O Palácio do Planalto afirma nos bastidores que não pretende mudar a relação que mantém com esses governadores, mesmo após a participação na manifestação.

Assessores de Lula buscam novamente minimizar a questão, lembrando que Jair Bolsonaro fez um grande esforço no segundo semestre do ano passado, mas não conseguiu barrar a tramitação e aprovação da reforma tributária. Segundo esses auxiliares de Lula, fatos como esse mostram a real força do bolsonarismo, e não uma foto com aliados em uma manifestação.

Bolsonaro reuniu governadores, parlamentares e milhares de apoiadores em um ato na avenida Paulista, no domingo (25). A manifestação de força acontece justamente no momento em que avançam as investigações contra Bolsonaro e seus aliados a respeito de uma trama golpista para mantê-lo no poder.

Acuado pelas investigações, Bolsonaro buscou maneirar um pouco no tom de sua fala. Não desferiu a sua tradicional agressividade contra o STF, falou em pacificação, disse que as eleições presidenciais de 2022 eram “página virada da nossa história” e pediu anistia aos presos pelo ataque golpista de 8 de janeiro de 2023.

O ex-presidente também negou a existência de uma trama golpista.

“O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil”, disse. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência”, afirmou o ex-presidente diante de seus apoiadores.

As críticas à manifestação foram verbalizadas sobretudo por membros do PT, que rebateram a defesa feita por Bolsonaro de que o Parlamento aprove um projeto para anistiar condenados por participação no 8 de janeiro. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), rechaçou essa hipótese, assim como o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

“Não pode ter anistia. Não vamos dar anistia para quem cometeu crime contra a democracia”, disse Guimarães.

O deputado também reclamou da participação de governadores no ato na avenida Paulista e disse que eles são “cúmplices de uma tentativa de golpe”.

 

GOVERNO VAI SE DESFAZER DE IMÓVEIS DESOCUPADOS

 

História de Redação • IstoÉ Dinheiro

O governo Lula oficializou nesta segunda-feira, 26, os detalhes do programa voltado a encontrar destinações para imóveis da União, batizado de “Imóveis da Gente”. Em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra da Gestão, Esther Dweck, assinaram os decretos de criação da política, com a definição de prioridades e a instituição de um Comitê Interministerial que dará os principais comandos do programa. Embora o Ministério da Fazenda, de Fernando Haddad, esteja na empreitada de elevar a arrecadação do governo para zerar o déficit das contas públicas, os ministros da Gestão e da Casa Civil, Rui Costa, descartaram que o “Imóveis da Gente” tenha qualquer viés de elevar a entrada de receita nos cofres da União.

Esse potencial já foi o grande foco do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, que, durante o governo Bolsonaro, chegou a propagar que a venda de imóveis do governo poderia render R$ 1 trilhão ao Tesouro. A agenda de leilão desses ativos, no entanto, caminhou longe desse alvo. A própria ministra da Gestão relembrou nesta segunda de casos em que ofertas acabaram frustradas, sem interesse do setor privado. Ela ainda pontuou que o valor levantado pelo ex-ministro envolvia desde prédios da Esplanada a terrenos de Marinha, sendo, por isso, superestimado no potencial de arrecadação. “Simplesmente alienar o patrimônio era um certo mantra do governo anterior, sem nenhuma preocupação de melhorar e valorizar o patrimônio brasileiro”, disse Esther Dweck.

O governo Lula acredita que terá sucesso com o novo desenho porque o foco não está mais na alienação simples dos imóveis – apesar de não descartar essa modalidade em áreas muito valorizadas. No “Imóveis da Gente”, a ideia é usar quatro instrumentos de destinação patrimonial. O primeiro, de cessões, que podem ser gratuitas, onerosas ou feitas em condições especiais, que vinculem o tipo de uso do imóvel. Doação com encargos é outro instrumento previsto, que deve ser utilizado principalmente para unidades habitacionais, regularização fundiária e empreendimentos sociais, como escolas, UPAS e UBS. A entrega de ativos para Estados e municípios é uma terceira opção, na qual o ente subnacional passa a ser responsável pela manutenção do imóvel, o que desonera o governo federal desse custo. Por fim, está a alienação (venda) com permuta.

Nesse caso, o governo poderá fazer o leilão de venda de imóvel, cujo pagamento pelo ativo será feito pela iniciativa privada via oferta de outros serviços, como a construção de obras de habitação ou de empreendimentos sociais. Dessa forma, a compensação ao governo não entraria pelo caixa da União.

Para a ministra da Gestão, a lógica da gestão anterior, de simples alienação, não promovia a valorização do ativo público. “A nossa lógica de alienação será prioritariamente de alienação por construção, não pelo dinheiro, mas trocar patrimônio por patrimônio”, disse Dweck, endossada por Rui Costa, da Casa Civil, para quem alguns episódios de venda se deram com preços “questionáveis” durante o governo passado.

O plano, de acordo com Costa, é chamar a iniciativa privada a apresentar ideias e projetos. Por exemplo, no caso de grandes empreendimentos, com áreas de múltiplos usos, o governo quer receber proposta de Manifestação de Interesse (PMI). Uma vez que a União planeja recepcionar planos do setor privado, de Estados e também de municípios sobre o que fazer com os ativos, o foco do Ministério da Gestão também está em atualizar o catálogo de patrimônio da União.

“Estamos fortalecendo a área de transformação digital para ter um catálogo correto. Em algumas áreas, a melhor destinação não é necessariamente para habitação, para empreendimento social. Pode estar em local extremamente valorizado, com valor de mercado gigantesco. Assim chamamos o setor privado para participar”, disse Dweck, citando o uso do leilão com permuta ou a possibilidade de destinar imóveis para casos de aluguel social. Atualmente, mais de 500 imóveis da União estão em estudo para possível destinação (entre as quatro modalidades), distribuídos em cerca de 200 municípios.

CONGRESSO ESTÁ PRECOCUPADO COM A SEGURANÇA E PROMETE AUMENTAR PENAS

História de MATHEUS TEIXEIRA • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após sofrer uma derrota no Senado com a aprovação do fim das saídas temporária de presos em datas comemorativas, o governo Lula (PT) teme que outros temas ligados à segurança pública isolem partidos de esquerda no Legislativo e deixem o presidente entre a pressão do Congresso e a de sua base eleitoral mais fiel.

O debate na votação que restringiu as saidinhas expôs a dificuldade da base do governo em lidar com propostas sobre combate à criminalidade historicamente mais vinculadas à direita.

Integrantes da bancada da bala no Congresso dizem que projetos similares também entrarão em pauta neste ano por terem apelo popular e serem vistos como pauta positiva pelos presidentes das duas Casas.

O aumento de pena para roubo de celular, as restrições à progressão de pena, o endurecimento do Código de Processo Penal e a determinação para presos arcarem com custos de tornozeleira eletrônica são alguns exemplos nesse sentido.

O Palácio do Planalto atua para que o Legislativo foque apenas nas propostas econômicas, e teme a imposição de derrotas em série ao Executivo caso os parlamentares se debrucem sobre temas vinculados à segurança pública.

Apenas os senadores Cid Gomes (PDT-CE) e Rogério Carvalho (PT-SE) votaram contra o projeto das saidinhas, contra 62 votos favoráveis. Durante a sessão, o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), deixou claro o desconforto com a matéria.

“Ficou claro nesse debate, até quando se olha para o painel, o grande número de partidos que são da base do governo e orientaram voto ‘sim’. Não adianta aqui eu confrontar lideranças partidárias”, afirmou. “Entendi todas as razões, matéria apaixonante, fui governador por oito anos, sei o que está acontecendo na segurança”, disse Wagner.

O projeto voltou para a Câmara e a tendência é que seja aprovado em breve. Depois disso, a matéria seguirá para sanção de Lula. Ele já sofre pressão de aliados mais à esquerda para vetar a proposta.

O argumento dos que defendem o veto é que a ampliação do encarceramento não é a solução para o problema do país e que o governo tem que investir em medidas de ressocialização para recuperar jovens presos.

No entanto, a articulação política do governo recomendou ao mandatário que não derrube a proposta porque a chance de o veto ser revertido é grande.

A Câmara aprovou a extinção das saidinhas em 2022 com 311 votos favoráveis e 98 contrários. O Senado suavizou o texto em busca de maioria e manteve a previsão de liberação temporária de presos para estudar e fazer cursos profissionalizantes.

Agora, a tendência é que os deputados mantenham o texto da Casa vizinha. Depois disso, o texto será encaminhado para o presidente.

Outro projeto que pode chegar à mesa de Lula neste ano diz respeito ao aumento de penas para quem comete furto, furto qualificado, roubo, roubo com lesão corporal grave, latrocínio (roubo seguido de morte) e receptação.

Entre as mudanças aprovadas pela Câmara estão a elevação das sanções mínimas de furto (de um para dois anos de reclusão), de roubo com lesão corporal grave (de 7 anos para 16 anos de reclusão) e de latrocínio (de 20 para 24 anos de reclusão).

A previsão é que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprove a matéria em março e há uma pressão para que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não demore a levar o caso ao plenário.

Há uma articulação para que o texto da Câmara não seja alterado, o que representaria a conclusão do debate no Congresso e a ida imediata da matéria para sanção presidencial.

Os deputados aprovaram o texto com 269 votos a favor e 87 contrários e o comportamento dos partidos deixou clara a derrota do governo.

Parlamentares governistas apresentaram requerimentos que retiravam o projeto da pauta, que adiavam a discussão da matéria e que adiavam a votação, mas não tiveram sucesso.

No Senado, a aprovação é dada como certa. Depois disso, Lula deverá enfrentar um dilema similar ao caso das saidinhas, com pressão para sancionar a fim de não contrariar a maioria da Câmara e também para vetar para se manter próximo à sua base de esquerda mais fiel.

O autor da proposta, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), é pré-candidato a prefeito de São Paulo e afirma que a postura de seus dois concorrentes à esquerda na disputa municipal indicam a dificuldade do campo progressista com temas de combate à violência.

“Nem [os deputados] Guilherme Boulos [PSOL-SP] e Tabata Amaral [PSB-SP] votaram, porque na realidade são contra, mas sabem que a posição deles de desencarceramento e afrouxamento da lei penal é impopular, ainda mais diante do fato de que a principal pauta da eleição em São Paulo é a segurança pública”, diz.

Outros projetos desta natureza também estão em curso no Legislativo. Um deles visa tornar obrigatória a decretação de prisão preventiva na audiência de custódia em casos de crimes hediondo, roubo e associação criminosa qualificada quando for configurada reincidência.

O autor, deputado Coronel Ulysses (União Brasil-AC), conseguiu a assinatura de líderes da Casa que representam 13 partidos que pedem a instituição de urgência para o texto, o que dispensa a tramitação em comissões e remete a matéria direto para análise do plenário.

A percepção entre parlamentares é que os projetos ligados à segurança pública têm apoio popular e, por isso, a chance de aprovação é sempre alta. Nesses casos, os parlamentares mais à direita conseguem o apoio das siglas de centro e conquistam maioria em favor das propostas.

Pesquisa Datafolha de setembro do ano passado apontou que seis em cada dez brasileiros sentem insegurança ao caminhar pelas ruas das cidades onde moram.

Os deputados do campo progressista, por sua vez, afirmam que endurecer as penas e aumentar a população carcerária não é o caminho para resolver os problemas do país.

As saídas temporárias, por exemplo, foram defendidas pela rede Justiça Criminal, que considera a medida um importante instrumento para manutenção de laços familiares, inserção e permanência no mercado de trabalho e para o acesso a outras oportunidades.

 

A CIA AJUDA NA ESPIONAGEM DE GUERRA DA UCRÂNIA CONTRA A RÚSSIA

 

Por mais de uma década, os Estados Unidos cultivaram uma parceria secreta de inteligência com a Ucrânia que agora é fundamental para ambos os países no combate à Rússia

Por Adam Entous e Michael Schwirtz – Jornal Estadão

THE NEW YORK TIMES – Aninhada em uma floresta densa, a base militar ucraniana parece abandonada e destruída, seu centro de comando é uma casca queimada, vítima de uma barragem de mísseis russos no início da guerra

Não muito longe dali, uma passagem discreta leva até um bunker subterrâneo onde equipes de soldados ucranianos rastreiam satélites espiões russos e escutam conversas entre comandantes russos. Em uma tela, uma linha vermelha segue a rota de um drone explosivo que atravessa as defesas aéreas russas de um ponto na Ucrânia central até um alvo na cidade russa de Rostov.

O bunker subterrâneo, construído para substituir o centro de comando destruído nos meses após a invasão russa, é um centro secreto agitado das forças armadas da Ucrânia.

Há também mais um segredo: a base é quase totalmente financiada, e parcialmente equipada, pela Agência Central de Inteligência dos EUA, a CIA.

Soldado do exército ucraniano numa floresta perto das linhas russas na Ucrânia, em imagem de 7 de fevereiro. Durante mais de uma década, os EUA cultivaram uma parceria secreta da CIA com os ucranianos
Soldado do exército ucraniano numa floresta perto das linhas russas na Ucrânia, em imagem de 7 de fevereiro. Durante mais de uma década, os EUA cultivaram uma parceria secreta da CIA com os ucranianos Foto: Tyler Hicks/NYT

“Cento e dez por cento”, disse o general Serhii Dvoretski, um dos principais comandantes da inteligência, em uma entrevista na base.

Agora, entrando no terceiro ano de uma guerra que já ceifou centenas de milhares de vidas, a parceria de inteligência entre Washington e Kiev é um elemento fundamental da capacidade da Ucrânia de se defender. A CIA e outras agências de inteligência americanas fornecem informações para ataques de mísseis direcionados, rastreiam os movimentos das tropas russas e ajudam a apoiar as redes de espionagem.

Mas a parceria não foi criada em tempos de guerra e a Ucrânia não é a única beneficiária.

Ela se enraizou há uma década, sendo formada aos poucos sob o comando de três presidentes americanos muito diferentes, impulsionada por indivíduos importantes que muitas vezes assumiram riscos ousados. Ela transformou a Ucrânia, cujas agências de inteligência eram vistas há muito tempo como totalmente comprometidas pela Rússia, em um dos mais importantes parceiros de inteligência de Washington contra o Kremlin atualmente.

O posto de escuta na floresta ucraniana faz parte de uma rede de bases de espionagem apoiada pela CIA, construída nos últimos oito anos, que inclui 12 locais secretos ao longo da fronteira russa. Antes da guerra, os ucranianos se mostraram aos americanos ao coletar interceptações que ajudaram a provar o envolvimento da Rússia na derrubada de um jato comercial em 2014, o voo 17 da Malaysia Airlines. Os ucranianos também ajudaram os americanos a perseguir os agentes russos que se intrometeram na eleição presidencial dos EUA de 2016.

Por volta de 2016, a CIA começou a treinar uma força de comando de elite ucraniana – conhecida como Unidade 2245 – que capturou drones e equipamentos de comunicação russos para que os técnicos da CIA pudessem fazer engenharia reversa e decifrar os sistemas de criptografia de Moscou. (Um oficial da unidade era Kirilo Budanov, atualmente o general que lidera a inteligência militar da Ucrânia).

A CIA também ajudou a treinar uma nova geração de espiões ucranianos que operavam dentro da Rússia, em toda a Europa, em Cuba e em outros lugares onde os russos têm grande presença.

O relacionamento está tão arraigado que os oficiais da CIA permaneceram em um local remoto no oeste da Ucrânia quando o governo Biden retirou o pessoal dos EUA nas semanas anteriores à invasão da Rússia em fevereiro de 2022. Durante a invasão, os oficiais transmitiram informações essenciais, incluindo onde a Rússia estava planejando ataques e quais sistemas de armas seriam usados.

Destroços do voo 17 da Malaysian Airlines em um campo em Grabovo, na Ucrânia, em imagem de 24 de julho de 2014. Avião foi abatido na Ucrânia em 2014, com mais de 300 mortes causadas
Destroços do voo 17 da Malaysian Airlines em um campo em Grabovo, na Ucrânia, em imagem de 24 de julho de 2014. Avião foi abatido na Ucrânia em 2014, com mais de 300 mortes causadas Foto: Mauricio Lima / NYT

“Sem eles, não teríamos como resistir aos russos ou derrotá-los”, disse Ivan Bakanov, que na época era chefe da agência de inteligência doméstica da Ucrânia, a SBU.

Os detalhes dessa parceria de inteligência, muitos dos quais estão sendo revelados pelo The New York Times pela primeira vez, têm sido um segredo bem guardado há uma década.

Em mais de 200 entrevistas, funcionários atuais e antigos da Ucrânia, dos Estados Unidos e da Europa descreveram uma parceria que quase naufragou devido à desconfiança mútua, antes de se expandir constantemente, transformando a Ucrânia em um centro de coleta de informações que interceptava mais comunicações russas do que a estação da CIA. em Kiev poderia inicialmente lidar. Muitas das autoridades falaram sob condição de anonimato para discutir questões de inteligência e diplomacia sensível.

Agora, essas redes de inteligência são mais importantes do que nunca, já que a Rússia está na ofensiva e a Ucrânia está mais dependente de sabotagem e ataques com mísseis de longo alcance que exigem espiões muito atrás das linhas inimigas. E elas estão cada vez mais em risco: Se os republicanos no Congresso acabarem com o financiamento militar para Kiev, a CIA pode ter que reduzir o número de operações.

Imagem de 2016 mostra debate entre democrata Hillary Clinton e republicano Donald Trump na eleição presidencial. Ucranianos ajudaram autoridades americanas a perseguir agentes russos que se intrometeram na disputa
Imagem de 2016 mostra debate entre democrata Hillary Clinton e republicano Donald Trump na eleição presidencial. Ucranianos ajudaram autoridades americanas a perseguir agentes russos que se intrometeram na disputa Foto: Damon Winter / NYT

Para tentar tranquilizar os líderes ucranianos, William Burns, diretor da CIA, fez uma visita secreta à Ucrânia no dia 22, sua décima visita desde a invasão.

Desde o início, um adversário em comum – o presidente Vladimir Putin da Rússia – uniu a CIA e seus parceiros ucranianos. Obcecado em “perder” a Ucrânia para o Ocidente, Putin interferiu regularmente no sistema político ucraniano, escolhendo a dedo os líderes que, segundo ele, manteriam a Ucrânia na órbita da Rússia, mas o tiro sempre saiu pela culatra, levando os manifestantes às ruas.

Putin há muito tempo culpa as agências de inteligência ocidentais por manipular Kiev e semear o sentimento antirrusso na Ucrânia.

No final de 2021, de acordo com um alto funcionário europeu, Putin estava avaliando se lançaria sua invasão em grande escala quando se reuniu com o chefe de um dos principais serviços de espionagem da Rússia, que lhe disse que a CIA, juntamente com o M-I6 do Reino Unido, estava controlando a Ucrânia e transformando-a em uma cabeça de ponte para operações contra Moscou.

Mas a investigação do NYT descobriu que Putin e seus assessores interpretaram mal uma dinâmica crítica. A CIA não forçou sua entrada na Ucrânia. As autoridades dos EUA muitas vezes relutavam em se envolver totalmente, temendo que as autoridades ucranianas não fossem confiáveis e preocupadas em provocar o Kremlin.

Destroços de um prédio de apartamentos após um ataque com mísseis russos no sul de Kiev,  em imagem do dia 25. EUA nutriram parceria secreta de inteligência com a Ucrânia por mais de uma década
Destroços de um prédio de apartamentos após um ataque com mísseis russos no sul de Kiev, em imagem do dia 25. EUA nutriram parceria secreta de inteligência com a Ucrânia por mais de uma década  Foto: Lynsey Addario / NYT

No entanto, um círculo restrito de funcionários da inteligência ucraniana cortejou assiduamente a CIA e gradualmente se tornou vital para os americanos. Em 2015, o general Valeri Kondratiuk, então chefe da inteligência militar da Ucrânia, chegou a uma reunião com o vice-chefe da estação da CIA e, sem aviso prévio, entregou uma pilha de arquivos ultrassecretos.

Esse pacote inicial continha segredos sobre a Frota do Norte da Marinha Russa, incluindo informações detalhadas sobre os mais recentes projetos de submarinos nucleares russos. Em pouco tempo, equipes de oficiais da CIA. saíam regularmente de seu escritório com mochilas cheias de documentos.

“Entendemos que precisávamos criar as condições de confiança”, disse o general Kondratiuk.

À medida que a parceria se aprofundou depois de 2016, os ucranianos ficaram impacientes com o que consideravam ser a cautela indevida de Washington e começaram a encenar assassinatos e outras operações letais, o que violava os termos que a Casa Branca acreditava que os ucranianos haviam concordado. Enfurecidas, as autoridades de Washington ameaçaram cortar o apoio, mas nunca o fizeram.

“As relações foram ficando cada vez mais fortes porque ambos os lados viam valor nisso, e a Embaixada dos EUA em Kiev – nossa estação lá, a operação fora da Ucrânia – tornou-se a melhor fonte de informações, sinais e tudo o mais sobre a Rússia”, disse um ex-funcionário americano sênior. “Não conseguíamos nos cansar dela.”

Um início cauteloso

A parceria da CIA na Ucrânia pode ser rastreada até dois telefonemas na noite de 24 de fevereiro de 2014, oito anos antes da invasão em grande escala da Rússia.

Milhões de ucranianos tinham acabado de invadir o governo pró-Kremlin do país e o presidente, Viktor Yanukovych, e seus chefes de espionagem tinham fugido para a Rússia. No tumulto, um frágil governo pró-ocidental rapidamente assumiu o poder.

O novo chefe de espionagem do governo, Valentin Nalivaichenko, chegou à sede da agência de inteligência doméstica e encontrou uma pilha de documentos em chamas no pátio. No interior, muitos dos computadores haviam sido apagados ou estavam infectados com malware russo.

“Estava vazio. Sem luzes. Nenhuma liderança. Não havia ninguém lá”, disse Nalivaichenko em uma entrevista.

Ele foi a um escritório e ligou para o chefe da estação da CIA e para o chefe local do MI6. Era quase meia-noite, mas ele os chamou ao prédio, pediu ajuda para reconstruir a agência do zero e propôs uma parceria tripartite. “Foi assim que tudo começou”, disse Nalivaichenko.

Imagem de 2014 mostra praça da Independência, em Kiev, durante o levante popular contra o governo apoiado pela Rússia
Imagem de 2014 mostra praça da Independência, em Kiev, durante o levante popular contra o governo apoiado pela Rússia Foto: Sergey Ponomarev/The New York Times

A situação rapidamente se tornou mais perigosa. Putin tomou a Crimeia. Seus agentes fomentaram rebeliões separatistas que se tornariam uma guerra no leste do país. A Ucrânia estava em pé de guerra, e Nalivaichenko pediu à CIA imagens aéreas e outras informações de inteligência para ajudar a defender seu território.

Com a escalada da violência, um avião não identificado do governo dos EUA aterrissou em um aeroporto em Kiev com John Brennan, então diretor da CIA. Ele disse a Nalivaichenko que a CIA estava interessada em desenvolver um relacionamento, mas somente em um ritmo com o qual a agência se sentisse confortável, de acordo com autoridades norte-americanas e ucranianas.

Para a CIA, a incógnita era saber por quanto tempo Nalivaichenko e o governo pró-ocidental permaneceriam no país. A CIA já havia se queimado antes na Ucrânia.

Após a dissolução da União Soviética em 1991, a Ucrânia conquistou a independência e, em seguida, oscilou entre forças políticas concorrentes: aquelas que queriam permanecer próximas a Moscou e aquelas que queriam se alinhar com o Ocidente. Durante um período anterior como chefe de espionagem, Nalivaichenko iniciou uma parceria semelhante com a CIA, que foi dissolvida quando o país se voltou para a Rússia.

Agora, Brennan explicou que, para liberar a assistência da CIA, os ucranianos precisavam provar que poderiam fornecer informações de valor para os americanos. Eles também precisavam eliminar os espiões russos; a agência de espionagem doméstica, a S.B.U., estava repleta deles. (Caso em questão: Os russos ficaram sabendo rapidamente sobre a visita supostamente secreta de Brennan. Os veículos de propaganda do Kremlin publicaram uma imagem com photoshop do diretor da CIA. usando uma peruca de palhaço e maquiagem).

Velório de um manifestante ucraniano na Praça da Independência, em Kiev, em imagem de 2014
Velório de um manifestante ucraniano na Praça da Independência, em Kiev, em imagem de 2014 Foto: Sergey Ponomarev / NYT

Brennan retornou a Washington, onde os assessores do presidente Barack Obama estavam profundamente preocupados em provocar Moscou. A Casa Branca elaborou regras secretas que enfureceram os ucranianos e que alguns dentro da CIA. consideraram como algemas. As regras impediam que as agências de inteligência fornecessem qualquer apoio à Ucrânia que pudesse ser “razoavelmente esperado” para ter consequências letais.

O resultado foi um delicado ato de equilíbrio. A CIA. deveria fortalecer as agências de inteligência da Ucrânia sem provocar os russos. As linhas vermelhas nunca foram exatamente claras, o que criou uma tensão persistente na parceria.

Em Kiev, Nalivaichenko escolheu um assessor de longa data, o general Kondratiuk, para ser o chefe da contra inteligência, e eles criaram uma nova unidade paramilitar que foi implantada atrás das linhas inimigas para conduzir operações e coletar informações que a CIA. ou o MI6 não lhes forneceriam.

Conhecida como Quinta Diretoria, essa unidade seria preenchida com oficiais nascidos após a independência da Ucrânia.

“Eles não tinham nenhuma ligação com a Rússia”, disse o general Kondratiuk. “Eles nem sequer sabiam o que era a União Soviética.”

Naquele verão, o voo 17 da Malaysia Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, explodiu no ar e caiu no leste da Ucrânia, matando quase 300 passageiros e tripulantes. O Quinto Diretório produziu interceptações telefônicas e outras informações de inteligência poucas horas após o acidente que rapidamente atribuíram a responsabilidade aos separatistas apoiados pela Rússia.

A CIA. ficou impressionada e assumiu seu primeiro compromisso significativo, fornecendo equipamentos de comunicação seguros e treinamento especializado aos membros do Quinto Diretório e a duas outras unidades de elite.

“Os ucranianos queriam peixe e nós, por motivos políticos, não podíamos entregar esse peixe”, disse um ex-funcionário dos EUA, referindo-se à inteligência que poderia ajudá-los a combater os russos. “Mas ficamos felizes em ensiná-los a pescar e entregar equipamentos de pesca com mosca.”

Um Papai Noel secreto

No verão de 2015, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, deu uma sacudida no serviço interno e nomeou um aliado para substituir Nalyvaichenko, o parceiro de confiança da CIA. Mas a mudança criou uma oportunidade em outro lugar.

Na remodelação, o general Kondratiuk foi nomeado chefe da agência de inteligência militar do país, conhecida como HUR, onde anos antes ele havia começado sua carreira. Esse seria um dos primeiros exemplos de como os laços pessoais, mais do que as mudanças de política, aprofundariam o envolvimento da CIA na Ucrânia.

Diferentemente da agência doméstica, a HUR tinha autoridade para coletar informações de inteligência fora do país, inclusive na Rússia. Mas os norte-americanos viram pouco valor em cultivar a agência porque ela não estava produzindo nenhuma inteligência de valor sobre os russos – e porque era vista como um bastião de simpatizantes russos.

Imagem de maio de 2022 mostra tropas ucranianas carregando uma peça de artilharia Howitzer M777 na região de Donetsk, no leste da Ucrânia País é dependente de sabotagem e ataques com mísseis de longo alcance que exigem espiões atrás de linhas inimigas
Imagem de maio de 2022 mostra tropas ucranianas carregando uma peça de artilharia Howitzer M777 na região de Donetsk, no leste da Ucrânia País é dependente de sabotagem e ataques com mísseis de longo alcance que exigem espiões atrás de linhas inimigas Foto: Ivor Prickett/NYT

Tentando criar confiança, o general Kondratiuk marcou uma reunião com seu colega americano na Defense Intelligence Agency e entregou uma pilha de documentos secretos russos. Mas os altos funcionários da D.I.A. estavam desconfiados e desencorajaram a criação de laços mais estreitos.

O general precisava encontrar um parceiro mais disposto.

Meses antes, quando ainda estava na agência doméstica, o general Kondratiuk visitou a sede da CIA em Langley, Virgínia. Nessas reuniões, ele conheceu um oficial da CIA. com um comportamento alegre e uma barba espessa que havia sido escolhido para ser o próximo chefe da estação em Kiev.

Depois de um longo dia de reuniões, a CIA. levou o general Kondratiuk a um jogo de hóquei do Washington Capitals, onde ele e o novo chefe da estação sentaram-se em um camarote de luxo e vaiaram Alex Ovechkin, o principal jogador do time da Rússia.

Corpo de soldado russo perto de Kharkiv, na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Rede de bases de espionagem apoiada pela CIA foi construída nos últimos oito anos, incluindo 12 bases secretas ao longo da fronteira da Ucrânia com a Rússia
Corpo de soldado russo perto de Kharkiv, na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Rede de bases de espionagem apoiada pela CIA foi construída nos últimos oito anos, incluindo 12 bases secretas ao longo da fronteira da Ucrânia com a Rússia  Foto: Tyler Hicks/NYT

O chefe da estação ainda não havia chegado quando o general Kondratiuk entregou à CIA os documentos secretos sobre a Marinha russa. “Há mais de onde esse veio”, prometeu ele, e os documentos foram enviados para analistas em Langley.

Os analistas concluíram que os documentos eram autênticos e, depois que o chefe da estação chegou a Kiev, a C.I.A. tornou-se a principal parceira do general Kondratiuk.

O general Kondratiuk sabia que precisava da CIA. para fortalecer sua própria agência. A CIA. achava que o general também poderia ajudar Langley. A CIA tinha dificuldades para recrutar espiões dentro da Rússia porque seus oficiais de caso estavam sob forte vigilância.

“Para um russo, permitir-se ser recrutado por um americano é cometer a traição e a traição absolutas”, disse o general Kondratiuk. “Mas para um russo ser recrutado por um ucraniano, são apenas amigos conversando durante uma cerveja.”

O novo chefe da estação começou a visitar regularmente o general Kondratiuk, cujo escritório era decorado com um aquário onde peixes amarelos e azuis – as cores nacionais da Ucrânia – nadavam em círculos ao redor de um modelo de submarino russo afundado. Os dois homens se tornaram próximos, o que impulsionou o relacionamento entre as duas agências, e os ucranianos deram ao novo chefe da estação um apelido carinhoso: Papai Noel.

Em janeiro de 2016, o general Kondratiuk viajou para Washington para reuniões em Scattergood, uma propriedade no campus da CIA. na Virgínia, onde a agência frequentemente recebe dignitários visitantes. A agência concordou em ajudar a HUR a se modernizar e a melhorar sua capacidade de interceptar comunicações militares russas. Em troca, o general Kondratiuk concordou em compartilhar toda a inteligência bruta com os americanos.

Agora a parceria era real.

Operação Goldfish

Hoje, a estrada estreita que leva à base secreta é cercada por campos minados, semeados como uma linha de defesa nas semanas após a invasão da Rússia. Os mísseis russos que atingiram a base aparentemente a fecharam, mas apenas algumas semanas depois os ucranianos retornaram.

Com dinheiro e equipamentos fornecidos pela CIA., as equipes sob o comando do general Dvoretski começaram a reconstruir, mas de forma subterrânea. Para evitar a detecção, eles só trabalhavam à noite e quando os satélites espiões russos não estavam sobrevoando o local. Os trabalhadores também estacionavam seus carros a uma certa distância do local da construção.

No bunker, o general Dvoretski apontou para equipamentos de comunicação e grandes servidores de computador, alguns dos quais financiados pela CIA. Ele disse que suas equipes estavam usando a base para invadir as redes de comunicação seguras dos militares russos.

Posto de controle militar na região de Kharkiv, na Ucrânia, indica minas terrestres ao longo da estrada, em imagem de dezembro de 2023
Posto de controle militar na região de Kharkiv, na Ucrânia, indica minas terrestres ao longo da estrada, em imagem de dezembro de 2023 Foto: David Guttenfelder / NYT

“Esta é a coisa que invade satélites e decodifica conversas secretas”, disse o general Dvoretski a um jornalista do Times durante uma visita, acrescentando que eles também estavam invadindo satélites espiões da China e de Belarus.

Outro oficial colocou dois mapas produzidos recentemente sobre uma mesa, como prova de como a Ucrânia está rastreando a atividade russa em todo o mundo.

O primeiro mostrava as rotas aéreas dos satélites espiões russos que estavam sobrevoando a Ucrânia central. O segundo mostrava como os satélites espiões russos estão passando por cima de instalações militares estratégicas – incluindo uma instalação de armas nucleares – no leste e no centro dos Estados Unidos.

A CIA começou a enviar equipamentos em 2016, após a reunião crucial em Scattergood, disse o general Dvoretski, fornecendo rádios criptografados e dispositivos para interceptar comunicações secretas do inimigo.

Policiais ucranianos em posto de controle móvel na região de Kharkiv, perto da fronteira com a Rússia, em 18 de dezembro de 2023
Policiais ucranianos em posto de controle móvel na região de Kharkiv, perto da fronteira com a Rússia, em 18 de dezembro de 2023 Foto: David Guttenfelder/NYT

Além da base, a CIA. também supervisionou um programa de treinamento, realizado em duas cidades europeias, para ensinar aos oficiais de inteligência ucranianos como assumir de forma convincente personas falsas e roubar segredos na Rússia e em outros países que são adeptos da caça aos espiões. O programa foi chamado de Operação Peixe Dourado, derivado de uma piada sobre um peixe dourado que fala russo e oferece a dois estonianos desejos em troca de sua liberdade.

A piada era que um dos estonianos batia na cabeça do peixe com uma pedra, explicando que não se podia confiar em nada que falasse russo.

Os oficiais da Operação Goldfish logo foram enviados para 12 bases operacionais avançadas recém-construídas ao longo da fronteira russa. De cada base, disse o general Kondratiuk, os oficiais ucranianos dirigiam redes de agentes que coletavam informações de inteligência dentro da Rússia.

Os oficiais da CIA instalaram equipamentos nas bases para ajudar na coleta de informações e também identificaram alguns dos mais habilidosos graduados ucranianos do programa Operation Goldfish, trabalhando com eles para abordar possíveis fontes russas. Em seguida, esses graduados treinaram agentes adormecidos no território ucraniano para lançar operações de guerrilha em caso de ocupação.

Muitas vezes, pode levar anos para que a CIA. desenvolva confiança suficiente em uma agência estrangeira para começar a realizar operações conjuntas. Com os ucranianos, isso levou menos de seis meses. A nova parceria começou a produzir tanta inteligência bruta sobre a Rússia que ela teve de ser enviada para Langley para processamento.

Mas a CIA tinha linhas vermelhas. Ela não ajudaria os ucranianos a conduzir operações letais ofensivas.

“Fizemos uma distinção entre operações de coleta de inteligência e coisas que explodem”, disse um ex-funcionário sênior dos EUA.

‘Este é o nosso país’

Foi uma distinção que incomodou os ucranianos.

Primeiro, o general Kondratiuk ficou irritado quando os americanos se recusaram a fornecer imagens de satélite de dentro da Rússia. Logo depois, ele solicitou a ajuda da CIA. para planejar uma missão clandestina para enviar comandos da HUR para a Rússia a fim de plantar dispositivos explosivos em depósitos de trens usados pelos militares russos. Se o exército russo tentasse tomar mais território ucraniano, os ucranianos poderiam detonar os explosivos para retardar o avanço russo.

Quando o chefe da estação informou seus superiores, eles “perderam a cabeça”, como disse um ex-funcionário. Brennan, diretor da CIA, ligou para o general Kondratiuk para certificar-se de que a missão fosse cancelada e que a Ucrânia respeitasse as linhas vermelhas que proíbem operações letais.

O general Kondratiuk cancelou a missão, mas também aprendeu uma lição diferente. “Daqui para a frente, trabalhamos para não ter discussões sobre essas coisas com seus homens”, disse ele.

Encontro do então vice-presidente dos EUA, Joe Biden, e do então presidente da Ucrania, Petro Poroshenko, em imagem de 2017
Encontro do então vice-presidente dos EUA, Joe Biden, e do então presidente da Ucrania, Petro Poroshenko, em imagem de 2017 Foto: GLEB GARANICH / REUTERS

No final daquele verão, espiões ucranianos descobriram que as forças russas estavam posicionando helicópteros de ataque em um campo de aviação na Península da Crimeia, ocupada pela Rússia, possivelmente para realizar um ataque surpresa.

O General Kondratiuk decidiu enviar uma equipe para a Crimeia para colocar explosivos no campo de aviação, para que pudessem ser detonados se a Rússia atacasse.

Dessa vez, ele não pediu permissão à CIA. Ele recorreu à Unidade 2245, a força de comando que recebeu treinamento militar especializado do grupo paramilitar de elite da CIA, conhecido como Ground Department. A intenção do treinamento era ensinar técnicas defensivas, mas os oficiais da CIA. entenderam que, sem o conhecimento deles, os ucranianos poderiam usar as mesmas técnicas em operações ofensivas letais.

Naquela época, o futuro chefe da agência de inteligência militar da Ucrânia, general Budanov, era uma estrela em ascensão na Unidade 2245. Ele era conhecido por operações ousadas atrás das linhas inimigas e tinha laços profundos com a CIA. A agência o treinou e também tomou a medida extraordinária de enviá-lo para reabilitação no Walter Reed National Military Medical Center, em Maryland, depois que ele foi baleado no braço direito durante os combates em Donbas.

Disfarçado com uniformes russos, o então tenente-coronel Budanov liderou comandos através de um estreito golfo em lanchas infláveis, desembarcando à noite na Crimeia.

Mas uma unidade de comando de elite russa estava esperando por eles. Os ucranianos revidaram, matando vários combatentes russos, inclusive o filho de um general, antes de se retirarem para a costa, mergulharem no mar e nadarem por horas até o território controlado pelos ucranianos.

Foi um desastre. Em um discurso público, o presidente Putin acusou os ucranianos de planejarem um ataque terrorista e prometeu vingar as mortes dos combatentes russos.

Comandante do batalhão da autoproclamada República Popular de Donetsk, Arseny Pavlov, em um veículo blindado no Dia da Vitória, em Donetsk, em 9 de maio de 2016. Pavlov é um dos símbolos do separatismo ucraniano
Comandante do batalhão da autoproclamada República Popular de Donetsk, Arseny Pavlov, em um veículo blindado no Dia da Vitória, em Donetsk, em 9 de maio de 2016. Pavlov é um dos símbolos do separatismo ucraniano Foto: ALEXANDER ERMOCHENKO / REUTERS

“Não há dúvida de que não deixaremos essas coisas passarem”, disse ele.

Em Washington, a Casa Branca de Obama ficou furiosa. Joseph Biden, na época vice-presidente e defensor da assistência à Ucrânia, ligou para o presidente ucraniano para reclamar com raiva.

“Isso causa um problema gigantesco”, disse Biden na ligação, cuja gravação vazou e foi publicada on-line. “Tudo o que estou lhe dizendo, como amigo, é que minha argumentação aqui é muito mais difícil agora.”

Alguns dos assessores de Obama queriam encerrar o programa da CIA., mas Brennan os persuadiu de que isso seria contraproducente, já que o relacionamento estava começando a produzir informações sobre os russos enquanto a CIA investigava a interferência russa nas eleições.

Brennan pegou o telefone com o General Kondratiuk para enfatizar novamente as linhas vermelhas.

O general ficou chateado. “Este é o nosso país”, respondeu ele, de acordo com um colega. “É a nossa guerra, e temos que lutar”.

A reação negativa de Washington custou o cargo do general Kondratiuk. Mas a Ucrânia não recuou.

Um dia após a remoção do general Kondratiuk, uma misteriosa explosão na cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, ocupada pela Rússia, destruiu um elevador que transportava um comandante separatista russo sênior chamado Arsen Pavlov, conhecido por seu nome de guerra, Motorola.

A CIA. logo soube que os assassinos eram membros do Quinto Diretório, o grupo de espionagem que recebeu treinamento da CIA.. A agência de inteligência doméstica da Ucrânia chegou a distribuir adesivos comemorativos para os envolvidos, cada um deles com a palavra “Lift”, o termo britânico para elevador.

Mais uma vez, alguns dos assessores de Obama ficaram furiosos, mas eles eram ‘patos mancos’ – faltavam três semanas para a eleição presidencial que colocaria Donald Trump contra Hillary Clinton – e os assassinatos continuaram.

Uma equipe de agentes ucranianos montou um lançador de foguetes não tripulado, disparado pelo ombro, em um prédio nos territórios ocupados. O prédio ficava em frente ao escritório de um comandante rebelde chamado Mikhail Tolstikh, mais conhecido como Givi. Usando um gatilho remoto, eles dispararam o lançador assim que Givi entrou em seu escritório, matando-o, de acordo com autoridades norte-americanas e ucranianas.

Uma guerra sombria estava agora em pleno andamento. Os russos usaram um carro-bomba para assassinar o chefe da Unidade 2245, a força de comando de elite ucraniana. O comandante, coronel Maksim Shapoval, estava a caminho de uma reunião com oficiais da CIA em Kiev quando seu carro explodiu.

No velório do coronel, a embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Iovanovitch, ficou de luto ao lado do chefe da estação da CIA . Mais tarde, os oficiais da CIA e seus colegas ucranianos brindaram ao coronel Shapoval com doses de uísque.

“Para todos nós”, disse o general Kondratiuk, “foi um golpe”.

Na ponta dos pés em torno de Trump

A eleição de Trump em novembro de 2016 deixou os ucranianos e seus parceiros da CIA nervosos.

Trump elogiou Putin e descartou o papel da Rússia na interferência eleitoral. Ele desconfiava da Ucrânia e mais tarde tentou pressionar seu presidente, Volodmir Zelenski, a investigar seu rival democrata, Biden, o que resultou no primeiro impeachment de Trump.

No entanto, independentemente do que Trump dissesse e fizesse, seu governo frequentemente seguia na direção oposta. Isso se deve ao fato de Trump ter colocado falcões russos em posições-chave, incluindo Mike Pompeo como diretor da CIA e John Bolton como assessor de segurança nacional. Eles visitaram Kiev para enfatizar seu total apoio à parceria secreta, que se expandiu para incluir programas de treinamento mais especializados e a construção de outras bases secretas.

A base na floresta cresceu e passou a incluir um novo centro de comando e quartéis, e aumentou de 80 para 800 oficiais de inteligência ucranianos. Impedir que a Rússia interferisse em futuras eleições nos EUA foi uma das principais prioridades da CIA. durante esse período, e os oficiais de inteligência ucranianos e americanos uniram forças para sondar os sistemas de computador das agências de inteligência da Rússia para identificar agentes que tentavam manipular os eleitores.

Imagem de 2017 mostra encontro entre presidente da Rússia, Vladimir Putin, e presidente dos EUA, Donald Trump, no G-20
Imagem de 2017 mostra encontro entre presidente da Rússia, Vladimir Putin, e presidente dos EUA, Donald Trump, no G-20 Foto: Stephen Crowley / NYT

Em uma operação conjunta, uma equipe da HUR enganou um oficial do serviço de inteligência militar da Rússia para que ele fornecesse informações que permitiram à CIA conectar o governo russo ao chamado grupo de hackers Fancy Bear, que estava ligado a esforços de interferência eleitoral em vários países.

O general Budanov, que Zelenski escolheu para liderar o HUR em 2020, falou sobre a parceria: “Ela só se fortaleceu. Cresceu sistematicamente. A cooperação se expandiu para outras esferas e se tornou mais ampla”.

O relacionamento foi tão bem-sucedido que a CIA quis replicá-lo com outros serviços de inteligência europeus que compartilhavam o foco no combate à Rússia.

O chefe da Russia House, o departamento da CIA. que supervisiona as operações contra a Rússia, organizou uma reunião secreta em Haia. Lá, representantes da CIA., do MI6 da Grã-Bretanha, do HUR, do serviço holandês (um aliado importante da inteligência) e de outras agências concordaram em começar a reunir mais informações sobre a Rússia.

O resultado foi uma coalizão secreta contra a Rússia, da qual os ucranianos eram membros vitais.

Marcha para a guerra

Em março de 2021, os militares russos começaram a reunir tropas ao longo da fronteira com a Ucrânia. Com o passar dos meses e mais tropas cercando o país, a questão era se Putin estava fingindo ou se preparando para a guerra.

Em novembro daquele ano e nas semanas seguintes, a CIA e o MI6 transmitiram uma mensagem unificada aos seus parceiros ucranianos: A Rússia estava se preparando para uma invasão em grande escala para decapitar o governo e instalar um fantoche em Kiev que cumpriria as ordens do Kremlin.

As agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido tinham interceptações às quais as agências de inteligência ucranianas não tinham acesso, de acordo com autoridades dos EUA. A nova inteligência listou os nomes das autoridades ucranianas que os russos estavam planejando matar ou capturar, bem como os ucranianos que o Kremlin esperava instalar no poder.

Obuseiros russos carregados em vagões de trem em uma estação fora de Taganrog, na Rússia, em 22 de fevereiro de 2022
Obuseiros russos carregados em vagões de trem em uma estação fora de Taganrog, na Rússia, em 22 de fevereiro de 2022 Foto: NYT

O presidente Zelenski e alguns de seus principais assessores pareciam não estar convencidos, mesmo depois que o Burns, diretor da CIA, correu para Kiev em janeiro de 2022 para informá-los.

À medida que a invasão russa se aproximava, os oficiais da CIA. e do MI6 fizeram as últimas visitas a Kiev com seus colegas ucranianos. Um dos oficiais do M16 chorou na frente dos ucranianos, preocupado com a possibilidade de os russos os matarem.

A pedido do Sr. Burns, um pequeno grupo de oficiais da CIA, foi dispensado da evacuação mais ampla dos EUA e foi transferido para um complexo hoteleiro no oeste da Ucrânia. Eles não queriam abandonar seus parceiros.

Sem final de jogo

Depois que Putin lançou a invasão em 24 de fevereiro de 2022, os oficiais da CIA no hotel eram a única presença do governo dos EUA no local. Todos os dias, no hotel, eles se reuniam com seus contatos ucranianos para passar informações. As velhas algemas foram retiradas, e a Casa Branca de Biden autorizou as agências de espionagem a fornecer apoio de inteligência para operações letais contra as forças russas em solo ucraniano.

Muitas vezes, as instruções da CIA continham detalhes chocantemente específicos.

Em 3 de março de 2022 – o oitavo dia da guerra – a equipe da CIA. apresentou uma visão geral precisa dos planos russos para as próximas duas semanas. Os russos abririam um corredor humanitário para fora da cidade sitiada de Mariupol naquele mesmo dia e, em seguida, abririam fogo contra os ucranianos que o utilizassem.

Os russos planejavam cercar a cidade portuária estratégica de Odessa, de acordo com a CIA, mas uma tempestade atrasou o ataque e os russos nunca tomaram a cidade. Em seguida, em 10 de março, os russos pretendiam bombardear seis cidades ucranianas e já haviam inserido as coordenadas dos mísseis de cruzeiro para esses ataques.

Os russos também estavam tentando assassinar as principais autoridades ucranianas, inclusive Zelenski. Em pelo menos um caso, a CIA compartilhou informações de inteligência com a agência doméstica da Ucrânia, o que ajudou a desarticular um plano contra o presidente, de acordo com uma autoridade ucraniana sênior.

Soldado do Exército Ucraniano prepara defesas em uma posição à beira-mar em Odesa, na Ucrânia, em 16 de março de 2022
Soldado do Exército Ucraniano prepara defesas em uma posição à beira-mar em Odesa, na Ucrânia, em 16 de março de 2022 Foto: Tyler Hicks / NYT

Quando o ataque russo a Kiev foi interrompido, o chefe da estação da CIA se alegrou e disse a seus colegas ucranianos que eles estavam “dando um soco na cara dos russos”, de acordo com um oficial ucraniano que estava na sala.

Em poucas semanas, a CIA retornou a Kiev, e a agência enviou dezenas de novos oficiais para ajudar os ucranianos. Uma autoridade sênior dos EUA disse sobre a presença considerável da CIA.: “Eles estão apertando gatilhos? Não. Eles estão ajudando na definição de alvos? Com certeza”.

Alguns dos oficiais da CIA foram enviados para bases ucranianas. Eles revisaram as listas de possíveis alvos russos que os ucranianos estavam preparando para atacar, comparando as informações que os ucranianos tinham com as informações de inteligência dos EUA para garantir que fossem precisas.

Antes da invasão, a CIA e o MI6 haviam treinado seus colegas ucranianos no recrutamento de fontes e na criação de redes clandestinas e partidárias. Na região sul de Kherson, que foi ocupada pela Rússia nas primeiras semanas da guerra, essas redes partidárias entraram em ação, de acordo com o general Kondratiuk, assassinando colaboradores locais e ajudando as forças ucranianas a atacar as posições russas.

Em julho de 2022, espiões ucranianos viram comboios russos se preparando para cruzar uma ponte estratégica sobre o rio Dnipro e notificaram o MI6. Oficiais de inteligência britânicos e americanos verificaram rapidamente a inteligência ucraniana, usando imagens de satélite em tempo real. O MI6 transmitiu a confirmação, e os militares ucranianos abriram fogo com foguetes, destruindo os comboios.

No bunker subterrâneo, o general Dvoretski disse que um sistema antiaéreo alemão agora defende contra ataques russos. Um sistema de filtragem de ar protege contra armas químicas e um sistema de energia dedicado está disponível, caso a rede elétrica caia.

A pergunta que alguns oficiais de inteligência ucranianos estão fazendo agora a seus colegas americanos – enquanto os republicanos na Câmara avaliam se devem cortar bilhões de dólares em ajuda – é se a CIA os abandonará. “Isso já aconteceu no Afeganistão e agora vai acontecer na Ucrânia”, disse um oficial ucraniano sênior.

Referindo-se à visita de Burns a Kiev na semana passada, um funcionário da CIA disse: “Demonstramos um claro compromisso com a Ucrânia ao longo de muitos anos e essa visita foi outro forte sinal de que o compromisso dos EUA continuará”.

A CIA. e o HUR construíram duas outras bases secretas para interceptar as comunicações russas e, combinadas com as 12 bases operacionais avançadas, que, segundo o general Kondratiuk, ainda estão operacionais, o HUR agora coleta e produz mais informações do que em qualquer outro momento da guerra – muitas das quais são compartilhadas com a CIA.

“Não é possível obter informações como essas em nenhum outro lugar, exceto aqui e agora”, disse o general Dvoretski.