Mais de 5.600 militares venezuelanos participam, a partir desta
quinta-feira (28), de exercícios militares ordenados pelo presidente
Nicolás Maduro em “resposta à provocação e à ameaça do Reino Unido”, que
enviou um navio de guerra à Guiana em meio a uma disputa territorial
centenária.
“Ordenei a ativação de uma ação conjunta de toda a Força Armada
Nacional Bolivariana sobre o Caribe Oriental da Venezuela, sobre a
Fachada Atlântica, uma ação conjunta de caráter defensivo e em resposta à
provocação e à ameaça do Reino Unido contra a paz e a soberania de
nosso país”, disse Maduro em uma transmissão de rádio e televisão,
acompanhado do alto comando das forças armadas.
Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Guiana afirmou à
AFP que o navio britânico HMS Trent chegará à sua costa na sexta-feira e
ficará em seu território por “menos de uma semana” para exercícios de
defesa em mar aberto. Não está previsto que atraque em Georgetown.
A primeira fase dos exercícios militares venezuelanos contou com
5.682 combatentes, segundo a transmissão, que mostrou aviões de guerra
patrulhando a área e o slogan no rádio de “papel de combate”.
Participaram caças F-16 e Sukhoi russos, além de embarcações, navios-patrulha e veículos anfíbios.
O governo venezuelano pediu anteriormente à Guiana, em comunicado,
que “tome ações imediatas para retirar o navio HMS Trent e se abstenha
de envolver potências militares na controvérsia territorial”.
– “Somos guerreiros” –
A chegada do HMS Trent quebra uma frágil trégua entre os dois países
em meio a uma disputa secular pelo território de Essequibo, rico em
petróleo, após uma reunião em São Vicente e Granadinas entre Maduro e
seu par guianense, Irfaan Ali, na qual ambos se comprometeram a não
escalar para um conflito militar.
“Acreditamos na diplomacia, no diálogo, na paz”, disse Maduro. “Mas
ninguém deve ameaçar a Venezuela, ninguém deve mexer com a Venezuela.
Somos homens de paz, somos um povo de paz, mas somos guerreiros e essa
ameaça é inaceitável para qualquer país soberano (…), inaceitável a
ameaça do decadente, corrupto ex-império do Reino Unido. Não aceitamos”.
Em 18 de dezembro, o chefe da diplomacia do Reino Unido nas Américas,
David Rutley, reafirmou o apoio do governo britânico à Guiana, em um
encontro em Georgetown com Ali.
A Venezuela afirma que o Essequibo, uma região de 160.000 km² rica em
recursos naturais, faz parte de seu território, como em 1777, quando
era colônia da Espanha, e apela ao Acordo de Genebra, assinado em 1966,
antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as
bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899, que
Georgetown pede que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ratifique.
As tensões entre os dois países se intensificaram após a realização
de um referendo sobre a soberania de Essequibo em 3 de dezembro na
Venezuela, o que despertou o temor de um conflito armado entre os
vizinhos.
O HMS Trent foi deslocado para o Caribe para combater o tráfico de
drogas no início de dezembro, embora costume operar no Mar Mediterrâneo.
O Ministério da Defesa britânico não confirmou a chegada da
embarcação às águas guianenses, mas, em comunicado anterior, informou
que o navio cumpriria na Guiana “uma série de compromissos na região”.
Em um movimento que promete redefinir o cenário político argentino, o
presidente Javier Milei enviou ao Congresso o ambicioso projeto de Lei
de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, apelidado
de “Lei Ómnibus”. Com 664 artigos, o texto sugere uma
gama de reformas abrangentes e prevê emergência pública em áreas vitais
como economia, finanças, segurança e defesa, conferindo ao presidente
poderes ampliados até dezembro de 2025, com possibilidade de extensão.
A proposta legislativa, que já causa controvérsia em todo o país,
busca equipar Milei com uma autoridade quase ilimitada sob a
justificativa de encarnar a vontade popular e desmantelar o que o
presidente denomina “a máquina de impedir”. Apesar da minoria parlamentar de seu partido, Milei aposta na alta aprovação popular para impulsionar seu programa de governo.
Um dos aspectos mais polêmicos do projeto é o enrijecimento das
políticas de segurança interna. A Lei Ómnibus propõe aumentar
significativamente as penas para organizadores de protestos sociais,
chegando a até seis anos de prisão, além de impor a necessidade de
autorização prévia para tais manifestações. Sob a direção de Patricia
Bullrich, ex-adversária e agora ministra da Segurança, a proposta visa a
regularização e o controle estrito de manifestações públicas, exigindo
que qualquer agrupamento com mais de três pessoas seja notificado com 48
horas de antecedência.
Esta legislação representa uma virada significativa na política
argentina e já desperta um intenso debate sobre suas implicações para a
democracia, a liberdade de expressão e a governança no país. Com os
olhos do mundo voltados para a Argentina, resta aguardar as deliberações
do Congresso e as reações da sociedade civil a essa proposta que pode
alterar profundamente o tecido social e político da nação.
Guillermo Otta Parum trabalha como pescador na Amazônia boliviana há mais de 50 anos.
No início, dedicou-se à pesca de peixes nativos, como os diversos tipos de bagres que vivem na região.
Mas à certa altura chegou um peixe gigante de água doce, conhecido localmente como paiche, ou Arapaima gigas pelo seu nome científico. No Brasil, trata-se de um velho conhecido: o pirarucu.
“Achei que essa criatura fosse uma cobra d’água, que atacaria tudo, que comê-la faria mal, que poderia ser venenosa”, lembra.
Na verdade, o pirarucu é um dos maiores peixes de água doce do mundo,
podendo atingir até 4 metros de comprimento e pesar 200 kg ou mais.
Estima-se que a cada ano o pirarucu avança mais 40 km nos rios da bacia amazônica.
Federico Moreno, diretor do Centro de Investigação de Recursos
Aquáticos da Universidade Autônoma de Beni, na Bolívia, afirma que seu
tamanho e apetite fazem dele uma séria ameaça para as populações de
peixes nativos.
“É um peixe territorial, toma conta de um corpo d’água e afugenta as
espécies nativas. Esse é um problema grave. As outras espécies fogem do
predador e entram em outros corpos d’água muito mais distantes e de
difícil acesso”, explica Moreno.
Ninguém sabe ao certo o ano exato em que o pirarucu apareceu pela primeira vez na Bolívia.
Acredita-se que sua chegada tenha sido resultado de uma fuga de uma
piscicultura de pirarucus no Peru, onde esses peixes são nativos. De lá
se espalhou pelos rios da Bolívia.
No Brasil, o pirarucu também é considerado espécie invasora em alguns
rios do norte do país. Nos últimos anos, foi avistado até mesmo em rios
do interior de São Paulo, onde é considerado uma ameaça à
biodiversidade, devido ao seu apetite voraz e ausência de predadores
naturais.
Fernando Carvajal, biólogo e especialista em pirarucu, confirma que se trata de uma espécie voraz.
“Durante os primeiros anos de vida, o pirarucu cresce a uma taxa de 10 kg por ano. Isso significa que ele come muito peixe.”
Diferentemente de outros peixes predadores como a piranha, o pirarucu possui dentes pequenos e não particularmente afiados.
Mas a falta de dentes impressionantes não o impede de comer piranhas e
muitos outros peixes, além de plantas, moluscos e pássaros, que consome
como um “aspirador gigante”.
Ele também afugenta qualquer peixe que tente comer seus filhotes.
Fernando Carvajal destaca que não existem dados sólidos sobre o
impacto do pirarucu, mas pescadores relatam, a partir de sua própria
experiência, que as populações de algumas espécies nativas estão em
declínio.
“Em uma ou duas décadas, o pirarucu se espalhará por todas as áreas potenciais onde essa espécie possa viver”, alerta Carvajal.
“Sabemos que em todo o mundo a maioria das espécies invasoras são
prejudiciais à natureza. Essas espécies são consideradas a segunda causa
mais importante de perda de biodiversidade depois da destruição do
habitat.”
Oportunidade
Porém, para os pescadores locais, a chegada do pirarucu tem sido uma oportunidade.
Embora no início tivessem medo, os pescadores logo perceberam seu potencial, diz Guillermo Otta Parum.
“Vendemos em todos os lugares: supermercados, mercados. Há diferentes
cortes, então é relativamente barato. Compramos e processamos cerca de
30 mil kg por mês”, afirma.
O desafio dos pescadores é tentar encontrar o pirarucu na enorme extensão da Amazônia.
O peixe tem um órgão semelhante a um pulmão e precisa subir
regularmente à superfície para respirar, por isso, prefere águas mais
calmas. Geralmente, vive em lagos e lagoas, mas migra quando se sente em
perigo.
A maior parte do pescado que Edson Silvano processava chegava de barco.
Agora, os pescadores viajam para áreas cada vez mais remotas para
pescar pirarucu e trocam os barcos por canoas, em viagens de até duas
semanas.
Isso está criando conflitos com comunidades indígenas, às quais foram
concedidos títulos de propriedade sobre muitas das lagoas remotas onde o
pirarucu é agora encontrado.
As próprias comunidades indígenas, por sua vez, começaram a pescar e vender pirarucu.
Os pescadores comerciais têm agora de obter licenças especiais para trabalhar nessas áreas.
Mas pescadores como Guillermo Otta Parum ressaltam que mesmo quando
possuem a documentação correta, muitas vezes não têm permissão para
trabalhar em lagoas remotas.
As comunidades indígenas, por sua vez, argumentam que estão apenas
tentando proteger os recursos que o governo boliviano reconheceu que
elas têm direito de controlar.
Ao longo de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegeu uma
série de medidas como carros-chefe de sua gestão, mas não foi capaz de
cumprir todas as promessas antes do fim do ano. O governo realizou parte
das propostas, como o Desenrola Brasil, para a renegociação de dívidas,
o fim do teto de gastos, substituído pela nova regra fiscal, e o novo
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outros projetos, no
entanto, não tiveram o mesmo destino.
O Voa Brasil, que prometia passagens aéreas a preços acessíveis, não
saiu do papel, e o ministro que estava à frente da ideia foi despachado
para outra pasta do primeiro escalão. Uma Medida Provisória editada por
Lula em julho prometia zerar as filas do INSS, mas não surtiu o efeito
esperado. E o desmatamento zero até 2030, apesar do prazo extenso,
encontra-se com a viabilidade ameaçada em razão da onda de queimadas que
afetou a região da Amazônia em 2023.
Além disso, Lula prometeu ao longo da campanha e durante o discurso
de posse rever a legislação trabalhista. Uma revisão mais ampla das leis
do trabalho nem sequer chegou a ser enviada ao Congresso. O governo
apenas criou um grupo para discutir normas para trabalhadores de
empresas por aplicativo, mas a regulamentação ainda está emperrada. O Estadão procurou a Presidência e os ministérios, que não se manifestaram. Confira as promessas não cumpridas.
Voa Brasil
Em março deste ano, o ministro Márcio França, então na pasta de
Portos e Aeroportos, divulgou detalhes de um programa denominado Voa
Brasil, por meio do qual estudantes, aposentados e pessoas com renda até
R$ 6,8 mil poderiam ser beneficiados com passagens aéreas a preços
subsidiados. Havia até a previsão para o início do programa, que estaria
em vigor no segundo semestre de 2023.
Os problemas do Voa Brasil, no entanto, começaram dias depois das
manifestações do ministro. Lula se irritou com a atitude de França em
apresentar o programa em público, alegando que não havia tomado
conhecimento da medida. Em reunião ministerial, na mesma semana, sem
citar o nome do aliado, repreendeu as “genialidades” de ministros,
divulgadas antes de passar pelo crivo do governo. “É importante que
nenhum ministro e nenhuma ministra anuncie publicamente qualquer
política pública sem ter sido acordada com a Casa Civil, que é quem
consegue fazer que a proposta seja do governo”, disse Lula.
Em julho, Márcio França chegou a confirmar ao Estadão/Broadcast (sistema
de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o Voa Brasil seria
lançado no fim de agosto. No início de setembro, no entanto, a Esplanada
passou por uma reforma para acomodar políticos do Centrão. França foi
remanejado e, em seu lugar, foi nomeado Silvio Costa Filho, que se
comprometeu com o avanço da medida, mas não a entregou até agora.
Segundo Costa Filho, o programa ficou para 2024. O Estadão questionou a pasta dos Portos e Aeroportos sobre as razões do adiamento do programa, mas não obteve resposta.
Aplicativos
A proposta de regulamentar o trabalho por aplicativo foi prometida
por Lula em janeiro. No dia 1.º de maio, o governo instituiu, por meio
de decreto, um grupo de trabalho para discutir as normas para os apps de
entrega e de carona. Naquele mês, as reivindicações da categoria por
melhores condições de trabalho culminaram em paralisações pelo País.
Segundo o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), há
mais de 1,7 milhão de motoristas e entregadores por aplicativo no
Brasil. No atual modelo de operação, eles estão desprovidos de direitos
trabalhistas, como férias remuneradas, indenizações do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e auxílio-desemprego.
A negociação avançou com as empresas de transporte de passageiros,
mas está emperrada com os aplicativos de entregas. O grupo que discute o
tema, no Ministério do Trabalho, de Luiz Marinho, enfrenta um impasse
em duas questões: o valor mínimo da hora trabalhada e o que se
consideraria, de fato, a hora trabalhada dos profissionais.
O ministro alegou que os aplicativos de entrega ainda não chegaram a
um acordo porque “as empresas não fizeram proposta que correspondesse
aos anseios e às necessidades que os trabalhadores colocaram na mesa”.
Ele ressaltou que a regulamentação “não é um acordo com o governo”, mas
sim um acerto entre as partes. “O governo é estimulador e
intermediador.”
Não há consenso quanto às horas que devem ser computadas para
pagamento: os trabalhadores querem que as horas totais sejam
consideradas, ou seja, todo o instante em que o aplicativo estiver
ligado; as empresas não querem pagar as horas quando o motorista estiver
esperando por novas entregas.
Fila do INSS
Em julho, o governo editou Medida Provisória para criar o Programa de
Enfrentamento à Fila da Previdência Social (PEFPS). O objetivo era
cumprir uma promessa feita no discurso de posse: reduzir as filas de
atendimento no INSS.
Naquele momento, 1,79 milhão de pessoas aguardava por análise de
solicitação de benefício e perícia médica. A MP previa o pagamento de
bônus por produtividade aos servidores. Em um mês de programa, no
entanto, a redução no volume foi de apenas 5,7%: de 1,79 milhão para
1,69 milhão de pedidos sob análise. O INSS manteve a meta de zerar as
esperas acima de 45 dias até o fim do ano, mas o objetivo não foi
cumprido.
Desmatamento
“Nossa meta é alcançar desmatamento zero na Amazônia e emissão zero
de gases do efeito estufa na matriz elétrica”, disse Lula, no discurso
de posse, sem estabelecer prazos. Em junho, na cúpula do Novo Pacto de
Financiamento Global, na França, Lula afirmou a líderes europeus que
eles poderiam visitar a Amazônia com desmatamento zero em 2030. O prazo
foi selado semanas depois, na assinatura da 5.ª fase do Plano de Ação
para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (Ppcdam).
Para Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural
Brasileira, a meta de zerar o desmate só em 2030 é “inaceitável”, pois
Belém sediará a 30.ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em
2025 e, até lá, o País já deveria estar em posição de liderança no tema.
O desmatamento na Amazônia caiu 22,3% em um ano. O balanço do
Ministério do Meio Ambiente trata do período entre agosto de 2022 e
julho de 2023. É a primeira vez desde 2019 que a taxa de desmate fica
abaixo de 10 mil km². No período da gestão de Lula, a queda foi mais
acentuada. A onda de queimadas na região do bioma, no entanto, ainda é
preocupante. Em outubro, Manaus, foi encoberta por uma nuvem de fumaça e
registrou a segunda pior qualidade de ar do mundo.
A situação pode piorar em 2024. A verba para Prevenção e Controle de
Incêndios Florestais nas Áreas Federais Prioritárias encolheu e terá R$ 4
milhões a menos no Orçamento da União, aprovado pelo Congresso. O valor
caiu de R$ 67 milhões para R$ 62,6 milhões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A flexibilidade frente às inovações tech trazem proveitos incríveis
para as empresas e promete revolucionar o mercado no próximo ano
Segundo a pesquisa Global Human Capital Trends, da Deloitte, 10 mil
entrevistados enxergam a superação de variadas mudanças ao mesmo tempo
como a maior barreira da sociedade atual. O contexto seria, então, de
uma ressignificação, principalmente após um momento conturbado como a
pandemia da Covid-19. Nesse processo de recuperação pós vírus, a
população se vê frente a modificações constantes da rotina, com
novidades tech em gradativa evolução. A solução para o cenário é a
adaptação assertiva a essa realidade, com flexibilidade e mente aberta.
A relação humana com a modernização
Para crescer em um mercado cercado por contratempos, não basta apenas
as empresas se atualizarem, é crucial os líderes e colaboradores
acompanharem a maré, evoluindo em conjunto. Nesse viés, migrar as ações,
internas e externas da instituição, para uma vertente tecnológica tende
a trazer frutos significativos de mobilização, gerando resultados
primorosos. “O incentivo a um relacionamento aproximado com a inovação
traz maior maturidade digital. No conceito, há a união do capital humano
com as máquinas, aniquilando a ideia de substituição de uma parte por
outra. Refere-se ao nível dessa adoção, medindo o quão preparada está
para competir nesse universo”, explica Carlos Henrique Mencaci, CEO da
Assine Bem.
Assim, a concepção entende como as pessoas pensam e são dotadas com
capacidades únicas de sentimentos e emoções, com liberdade criativa, de
opinião e expressão. Em contrapasso, androides executam demandas com
excelência, simples ou complexas, porém dependem de um comando ou
automatização externa para isso.
Contudo, apesar deste ser um conhecimento geral, com a expansão de
possibilidades trazidas com a Inteligência Artificial, ChatGPT e
Metaverso, certo receio foi fortalecido sobre esse mundo. “Apesar de
reconhecermos de forma sazonada a noção de um espaço virtual, ainda é um
desafio construir esse relacionamento em consonância. A compreensão dos
pontos positivos de potencialização, maior rendimento das tarefas,
alcance de metas e aperfeiçoamento de conteúdo acontece, mas ainda há
certa desconfiança sobre a sintonia da união”, pontua o executivo.
O processo de digitalização
De fato, a expansão do coronavírus nos últimos anos colaborou para
uma automação forçada de procedimentos, elevando os padrões do home
office e gerando um boom exponencial ao e-commerce. Todavia, o mindset
digital vai além de possuir sistemas, produtos e ferramentas inovadoras,
porém, de nada adianta um forte investimento se não há estratégia. Como
aquele aparelho pode auxiliar? Quais os diferenciais em contar com essa
ajuda extra? “Apenas Internet de qualidade não é mais o suficiente para
sair a frente e assumir uma posição de sucesso no mercado. É
indispensável um estudo aprofundado de cada serviço adquirido. Em uma
realidade de constante modificação, atitudes não pensadas podem
significar nenhum progresso”, esclarece o gestor.
Segundo estudo da McKinsey, das 124 empresas de grande e médio porte
participantes, a maioria enfrenta obstáculos para reter talentos
alinhados a um negócio digital e analítico; além de conservar uma
mentalidade com dados nos níveis tático, estratégico e operacional.
Analisando esse cenário, é interessante refletir sobre o entrave
existente em atingir o ápice da transformação on-line. “Esse pé atrás
tem ligação direta com o medo sentido por grande parte dos indivíduos em
sair da zona de conforto, mesmo insatisfeito e ciente da oportunidade
de melhoria”, comenta Mencaci.
Como exemplo de uma atualização consideravelmente benéfica nesse
viés, seja no quesito econômico de tempo, insumos ou verba, a gestão
virtual de documentos chama a atenção. De acordo com a pesquisa da
Forrester, o mercado global de assinatura eletrônica atingiu cerca de
US$ 11,9 bilhões este ano, um aumento de 39% em relação a 2022. O Brasil
é um dos principais territórios da América Latina inseridos na
possibilidade, com um crescimento de 35% em 2023.
A alternativa entrega maior praticidade, segurança e um contato
direto dos usuários com a inovação de maneira descomplicada. “Esse tipo
de aplicação, quando inserida no dia a dia empresarial, deixa explícito
aos envolvidos os inúmeros ganhos relacionados. Na Assine Bem,
garantimos uma otimização pesada nas etapas de assinatura e gestão de
declarações. Uma atualização andando ao lado das tendências e rapidez da
atualidade, visando elevar os níveis de desenvolvimento em 2024”,
finaliza o especialista.
Com segurança baseada em criptografia, os contratos arquivados e
autenticados na plataforma são inalteráveis, trazendo mais proteção aos
clientes. Além disso, é possível criar, editar e enviar arquivos aos
signatários de maneira rápida e prática pelo site. A solução oferece,
também, integrações por API’s para todos os tipos de sistemas.
Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?
Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)
Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra
fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local,
pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas
na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer
“milão” é “caro demais”.
Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios
na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A
lógica deveria ser justamente a inversa.
Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.
O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam
conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR
DIA!).
Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.
Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?
Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?
Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?
Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?
Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…
Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?
Absolutamente nenhuma além da internet.
E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?
Marketing Digital é barato, mas não é de graça.
Vamos fazer uma conta de padaria:
Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?
Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.
Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.
Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando
metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada
carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.
Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.
Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta
pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno
de R$ 5,51.
Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.
Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…
E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.
Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco
explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números
disparados na frente do marketing tradicional.
Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.
Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você
deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para
o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?
Deixo a reflexão.
Preferências de Publicidade e Propaganda
Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago
Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para
divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais
veículos de propaganda você tem preferência?
Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das
empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros
meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.
Vantagens da Propaganda no Rádio Offline
Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio
funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa
ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.
É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda
existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou
produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio
funciona bem demais!
De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas
vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender
que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará
entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim,
concretizar suas vendas.
Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline
Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que
costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no
rádio. Frequentemente, os rádios também são usados como ruído de
fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles
também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o
ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo
quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao
usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,
A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade
para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de
marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por
mês.
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma
permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão
interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não
estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar
potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos:
computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com
publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as
marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes
segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de
público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos
consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro
contato por meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que
são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e
escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é
possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua
marca.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em
torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o
consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita
que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu
consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
decidiu reativar uma estatal que ficou conhecida pelos prejuízos em
série que causou desde que foi criada, em 2008, e por erros comerciais. É
a Ceitec (Centro
Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada), uma fábrica de
semicondutores localizada em Porto Alegre (RS) que era chamada por seus
críticos com um apelido jocoso: a fábrica do “chip do boi”. Nos seus 15 anos, a empresa recebeu cerca de R$ 790 milhões. Faturou R$ 64,2 milhões com a venda de semicondutores. O que entrou corresponde a 8% dos valores gastos.
A estatal tinha sido liquidada em dezembro de 2020 pelo programa de privatização do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Mas havia tantos problemas jurídicos na desestatização que o TCU
paralisou o processo. Em janeiro de 2023, o governo retirou a Ceitec do
programa de privatização. De concreto sobre a desestatização, há 2
dados:
a fábrica ficou parada por 2 anos;
o quadro de funcionários caiu de 179 para 76 –para retomar as atividades, serão contratados entre 50 e 60 profissionais.
A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, deu detalhes da retomada da fábrica em uma live com o presidente, em 5 de dezembro.
“O chip é usado em toda a cadeia produtiva. Não pode o Brasil
ficar fora disso. A gente vai buscar um nicho de mercado, que será o
setor automotivo e o setor energético”, afirmou. Ela disse que a Ceitec não tem pretensões de concorrer com gigantes asiáticos ou americanos de chip.
A ministra falou em nicho de mercado porque a história da Ceitec é um
desastre comercial, segundo 3 ex-diretores da empresa ouvidos pelo Poder360 sob a condição de que seus nomes não fossem citados.
A empresa foi criada com a ideia de que haveria encomendas estatais
garantidas para que pudesse aprender a fabricar chip, um processo
extremamente complexo que requer instalações avançadas, mão de obra de
alto nível e uma cadeia de suprimentos. Só o Brasil tem uma fábrica
dessas na América Latina.
Das 3 exigências mínimas, a Ceitec só conseguiu cumprir uma delas: mão de obra.
Pesquisadores vindos de da UFRGS e da PUC-RS conseguiram
projetar chips que atraíram a atenção de empresas globais. Hoje, a mão
de obra brasileira é disputada globalmente e 3 empresas de
semicondutores se instalaram em Porto Alegre.
Há exemplos variados do fiasco comercial. A Casa da Moeda e os
Correios encomendaram projetos de chip para a Ceitec, para serem usados
no passaporte e na identificação de malotes, respectivamente. Depois de 2
anos de pesquisa para chegar ao chip do passaporte, a Casa da Moeda
preferiu comprar o dispositivo de um fornecedor da Itália.
Isso também aconteceu com os Correios e com o Ministério da Justiça,
que queria um chip de identificação pessoal, deixou a pesquisa correr e
depois desistiu do projeto.
O “chip do boi” que tornou a empresa famosa, para o bem e
para o mal, também teve a produção interrompida depois que a União
Europeia afrouxou as regras de rastreabilidade do gado. O chip permitia
saber se o gado veio de uma região que teve febre aftosa ou de uma área
da Amazônia que foi desmatada. O Brasil tem um rebanho com 234 milhões
de bois e vacas, segundo dados do IBGE de 2022, mas a Ceitec só vendeu 1,84 milhão de chips para esse fim –o equivalente a 0,7% dos animais.
Agora tudo será diferente, segundo Henrique de Oliveira Miguel,
secretário de Ciência, Tecnologia para Transformação Digital do
ministério. “A fábrica não vai voltar a operar por si só. Ela fará
parte de uma política industrial maior. Se a fábrica não estiver
integrada com as demais políticas, não faria sentido a retomada. Isso a
iniciativa privada poderia fazer”, afirmou em entrevista ao Poder360.
O foco dessa política é a conversão energética, diz Miguel. A
passagem da energia baseada em combustíveis fósseis para as novas
modalidades vai exigir uma grande quantidade de chips para automóveis
elétricos, painéis solares e pás eólicas.
Serão investidos R$ 300 milhõesnos próximos 3 anos, de acordo com o secretário. “Há uma perspectiva de retorno rápido e de parcerias com o setor privado”, disse. O diretor da fábrica, o engenheiro elétrico Augusto Gadelha, afirma que espera ter lucro num prazo que vai de 5 a 7 anos.
Apesar da trajetória atribulada, o secretário rejeita a ideia de que a
Ceitec seja um elefante branco, como a chamam os seus críticos: “A
Ceitec produziu 160 milhões de chips e depositou 45 patentes. Como é que
uma empresa assim pode ser chamada de elefante branco?”.
O colapso da produção de chip por conta da pandemia obrigou os países
a investir em fábricas locais. Como a produção de Taiwan, China, Coreia
do Sul e Cingapura não deu conta da demanda global à época da covid,
houve paralisação de fábricas em todas as partes do mundo a mais falada
foi a de produção de automóveis.
Estados Unidos, União Europeia, Índia, China, Vietnã e até a Ucrânia
em guerra apostam em fábricas de semicondutores. Os Estados Unidos
criaram um programa de investimento de US$ 52,7 bilhões. A China é ainda
mais ambiciosa. Aplicou US$
290,8 bilhões nos últimos 2 anos. Até a Ucrânia em guerra aposta em
semicondutores para se reerguer –quer produzir chips para inteligência
artificial.
O Brasil não tem recursos para competir com esses países –daí a escolha por nichos de mercado.
O governo também aposta numa política de incentivo fiscal para a
área, com a previsão de renúncia da ordem de R$ 500 milhões em 3 anos,
de acordo com o secretário do ministério.
O incentivo faz parte de um projeto chamado Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores),
criado em 2007. A ideia é incentivar quase todas as fases de produção,
do projeto ao teste, passando pelo encapsulamento. Um exemplo: se o país
quer incentivar a produção de semicondutor de memória, ele eleva a
alíquota de importação para que as empresas estrangeiras passem a
encapsulá-lo aqui. O beneficiado é obrigado a investir em pesquisa e
desenvolvimento para ter o incentivo. As empresas beneficiadas são 12
neste ano; em 2010 eram 3.
Um dos principais pesquisadores de semicondutor no país, Marcelo
Zuffo, livre-docente do departamento de Engenharia de Sistemas
Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, elogia o incentivo fiscal: “É
um programa bom e pouco prestigiado. Hoje o Brasil tem 13 empresas de
semicondutores e 7 de encapsulamento. Temos mais empresas de
encapsulamento do que os Estados Unidos. Encapsulamento é um estágio
importante na cadeia de valores. Não é só colocar uma casquinha. É um
estágio quase tão sofisticado quanto imprimir um chip”.
O incentivo visa a reduzir o deficit comercial. A importação de
semicondutores é uma das principais causas pelo fato de essa conta ser
negativa. Em 2022, o deficit só para componentes chegou a US$ 22,2
bilhões, de acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Quando
se computa equipamentos eletrônicos, chega a US$ 38,6 bilhões.
O professor Zuffo diz que prefere não opinar sobre a Ceitec por não conhecer em detalhes do projeto.
PARADOXO DA CEITEC
A Ceitec enfrenta um paradoxo desde que foi criada, em 2008, com
equipamentos doados pela Motorola, muito dos quais foram classificados
como sucateados. Tem um espírito de startup, pela busca de inovação e
ênfase em pesquisa, mas tem o peso e as amarras de uma estatal.
“Esse é o principal nó da Ceitec”, afirma Gadelha, o presidente da empresa.
Num seminário on-line feito em 2022 pelo Fórum Brasileiro de
Internet das Coisas para discutir a Ceitec, Irecê Kauss, representante
do BNDES que fez parte do conselho de administração da fábrica, citou o
problema. “A empresa estatal tem de seguir uma série de regramentos
de auditoria e uma estrutura administrativa que tornam o seu
funcionamento caro por si só”, disse.
Outro problema, segundo ela, era a desconfiança das outras estatais sobre a capacidade tecnológica da Ceitec: “Esse
é o grande aprendizado que a gente tem de levar como país. Se a gente
quer desenvolver a capacitação tecnológica, vai precisar se alinhar
melhor entre as diversas instituições”.
É uma maneira elegante de dizer que as estatais não podem encomendar
projetos para a Ceitec e depois comprar de outro fornecedor.
O vai-e-vem político e a variação de investimentos a depender de quem
está no governo foram listados por Eric Fabris, ex-presidente da
Ceitec, como um outro entrave para o equilíbrio orçamentário do negócio.
Como a indústria de semicondutores exige investimento alto e constante
por um longo período, a Ceitec parece estar recomeçando a cada novo
governo ou a cada nova orientação política.
A maior fábrica de chip do mundo, a TSMC, de Taiwan, já deu a
resposta para a questão do financiamento constante. A empresa demorou 15
anos para sair do vermelho. O governo de Taiwan entrou com
52% do capital inicial em 1987, algo em torno de US$ 105 milhões (R$
514 milhões). A receita lá era 52% de recursos públicos e 48% de
investimento privado. Coisa de gente rica.
BRASÍLIA,
DF (FOLHAPRESS) – Alvo de desconfiança desde que foi anunciada pelo
advogado-geral da União, Jorge Messias, a PNDD (Procuradoria Nacional de
Defesa da Democracia) passou o ano de 2023 com o objetivo de provar que
atua coibindo desinformação, e não com patrulhamento ou censura, como
temiam opositores.
Ao mesmo tempo, tenta articular a criação de uma “estratégia nacional
em defesa da democracia”, com compartilhamento de informações com os
estados e mesmo outros Poderes, como o Legislativo.
Segundo a procuradoria, a ideia “é criar uma rede de defesa da
democracia” com essa troca de informações e a “celebração de parcerias e
adoção de ações conjuntas”.
O órgão, um braço da AGU (Advocacia-Geral da União) da gestão Lula
(PT), começou a funcionar em maio, com o objetivo de atender a demandas
da União de resposta e enfrentamentos a informações falsas sobre
políticas e agentes públicos.
A sua criação provocou críticas de que o governo atuaria para cercear
opiniões. Acabou instalada em maio após receber sugestões de um grupo
de trabalho que envolvia associações de jornalistas e de magistrados,
advogados e acadêmicos.
Na prática, porém, a PNDD virou um setor no qual integrantes do
governo ou de outros órgãos da União, como o Legislativo e tribunais,
recorrem para acionar quem produz conteúdos que consideram ofensivos ou
fraudulentos.
O órgão tenta filtrar essas solicitações. Em um levantamento sobre as
requisições de atuação, de setembro, o órgão calculava que houve 50
pedidos. Desse total, 28 foram rejeitados, outros 10 estavam sob análise
e apenas 12 tinham sido aceitos.
As justificativas para essas rejeições estão previstas na portaria
que regulamentou o órgão, que aponta a necessidade de que seja
demonstrado que a desinformação teve amplo alcance ou repercussão que
prejudique a política ou o agente público.
“A rejeição dos pedidos ocorre quando não são cumpridos os requisitos
de admissibilidade, tais como a indicação do interesse da União, a
comprovação de dano efetivo ou de potencialidade de dano”, diz a AGU em
nota à Folha.
“No caso de desinformações, [é requisito] que o conteúdo é
intencionalmente disseminado com o objetivo de causar prejuízo ou obter
vantagem indevida, bem como gerar prejuízo a política pública da União
ou à legitimação da função pública.”
Na Justiça, foram apresentadas nove ações até o momento. Parte delas
trata de questões relacionadas ao campo da saúde. Em uma delas, a PNDD
obteve uma decisão da Justiça que retirou do ar postagens de um site que
associa vacina à Aids.
Houve a apresentação de ações contra um usuário que fez uma
publicação com informações falsas sobre supostos efeitos colaterais da
vacina da Covid e, ainda, para derrubar canais do Telegram que vendem
passaportes vacinais falsos.
Também foram acionadas pessoas que soltaram informações falsas sobre integrantes do governo.
Por exemplo, houve um processo contra um apresentador de TV que disse
que o ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) tinha relação
com o crime organizado quando ele visitou o Complexo da Maré, no Rio de
Janeiro.
Dino foi nomeado para o STF (Supremo Tribunal Federal) por Lula e será empossado em fevereiro.
A PNDD também apresentou ação para reivindicar a remoção de vídeo no
qual um pastor pede para os fiéis orarem para “quebrar a mandíbula de
Lula”. O caso foi rejeitado pela Justiça, e o órgão recorre.
A partir do relatório da CPI do 8 de janeiro, a PNDD também fez um
pedido de ressarcimento de R$ 15 milhões a condenados por tentativa de
atentado a bomba no aeroporto de Brasília.
Extrajudicialmente, a PNDD acabou priorizando pedidos de retiradas de
conteúdos ofensivos contra autoridades públicas ou ainda de retratações
por informações inverídicas. Foram quatro pedidos para retirada de
conteúdo da internet. Três foram atendidos.
Um deles foi de um usuário do TikTok que disse que a Presidência da
República determinou o fim da propriedade privada no país. Outro, de uma
página de clube de tiros que postou Lula e o ministro Alexandre de
Moraes, do STF, como alvos.
O Governo de São Paulo também removeu uma publicação da Secretaria de
Segurança Pública com imagens de Lula em pacotes de drogas apreendidas.
A PNDD afirma que havia “deslegitimação da função pública”.
Um quarto pedido não foi atendido pelo YouTube. Tratava de um canal
que usava informações falsas sobre Moraes, sobre o comandante do
Exército e sobre ministros do STM (Superior Tribunal Militar).
A Procuradoria decidiu não judiciar o caso porque o canal tem baixo alcance.
Houve, além disso, três solicitações extrajudiciais de direitos de resposta.
Uma delas foi direcionada para a Jovem Pan, por um apresentador ter
dito uma informação inverídica de que o Ministério da Cultura pagaria R$
20 milhões para levar artistas a show da cantora Beyoncé. Também foi
solicitado direito de resposta à Revista Oeste, porque o jornalista
Alexandre Garcia disse que o governo do PT provocou enchentes no Sul.
A partir de uma solicitação do ministro Silvio Almeida (Direitos
Humanos), a PNDD também notificou os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e
Filipe Barros (PL-PR) para que houvesse resposta sobre a divulgação de
informação falsa de que governo teria instituído banheiros unissex nas
escolas brasileiras.
O caso não foi judicializado, e os deputados não concederam direito de resposta.
Segundo a PNDD, os pedidos de remoção ou direitos de resposta “são
feitos quando o conteúdo disseminado causa prejuízo a políticas públicas
da União ou, no caso de envolver integrantes do governo, quando afetam a
própria legitimação da função pública exercida por tais integrantes”.
“Foi o que ocorreu, por exemplo, na ação em que a AGU moveu em face
de apresentador que associou o ministro da Justiça, Flávio Dino, ao
crime organizado”, diz o órgão.
“A PNDD apresentou na ação que o conteúdo associando o ministro à
prática de ilícitos gravíssimos, em detrimento da segurança e do
interesse da população, ofendeu não só a moral e a honra pessoal e
subjetiva da autoridade, mas a própria função de ministro da Justiça,
justamente a autoridade que, no âmbito do Poder Executivo Federal, é
institucionalmente encarregada de administrar as políticas de combate ao
crime organizado”, acrescentou.
O ano excepcional da agricultura brasileira vai garantir para 2023 um
crescimento econômico em torno de 3%, como preveem analistas
econômicos. Resultado razoável para um ano de cenário mundial crítico,
marcado por guerras, catástrofes climáticas e comportamento
inflacionário de difícil controle. O vigor do agronegócio foi mais do
que um alívio: foi a salvação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. A
questão é que, durante todo o ano, nenhum novo caminho foi efetivamente
aberto para reduzir a “agrodependência” da economia brasileira. E aí
começa o problema de 2024.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou
recentemente o segundo prognóstico da produção agrícola para a safra do
ano que vem. Estima-se em 306,2 milhões de toneladas, um recuo de 2,3%
(menos 10,1 milhões de toneladas) em relação à supersafra de 2023,
resultado que pode piorar especialmente por causa de adversidades
climáticas. Ao que tudo indica, o notável crescimento de 20,2%
conquistado neste ano será um recorde difícil de ser batido, ao menos no
curto prazo.
Como mostrou o Broadcast/Estadão, o gerente
do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, Carlos
Barradas, explicou que, com os prejuízos causados pelas enchentes no
Sul do País e a seca no Centro-Oeste, a produção de 2024 começou mal.
“Vamos ver se a gente reverte”, disse, refletindo a torcida que é de
todo o País.
A grande questão é que a economia não pode ficar à mercê da sorte. É
urgente um plano B para suprir eventuais percalços do agronegócio, que
cresce por méritos inegáveis, especialmente no que se refere a
investimentos em pesquisa e tecnologia e também em sustentabilidade.
Porém, o setor está sujeito a diversos fatores alheios a sua vontade,
como clima, preços internacionais das commodities, comportamento da
economia em países importadores da produção brasileira, guerras e
pandemias. Qualquer tropeço e lá se vai uma expectativa antes
promissora.
Por isso, o bom desempenho do agro deveria ser o diferencial
brasileiro, não a sua base de sustentação. O ano de 2023 passou sem que
alguma medida concreta fosse instituída em direção à revolução da “neoindustrialização” prometida pelo presidente Lula da Silva e por seu vice, Geraldo Alckmin, em artigo publicado em maio no Estadão.
Naquele texto, viam-se sinais de disposição do governo em apostar,
enfim, na capacidade produtiva nacional de forma efetiva, planejada e
contínua. De lá para cá, contudo, quase nada aconteceu – e o que
aconteceu foi decepcionante, como o velho incentivo à compra de carros,
que nem sequer mudou de patamar a indústria automotiva.
A visão deturpada de que o incentivo ao consumo resolve tudo é o que
faz do País um prisioneiro de políticas mal elaboradas e de curto prazo
que, quando muito, causam soluços de crescimento e voos de galinha. Sem
incentivos sólidos ao investimento, público e privado, a economia
continuará fragilizada, com resultados tímidos que só com muito boa
vontade podem ser classificados como crescimento. E quando se fala em
investimento, não é gasto puro e simples, como parece ser a visão
governamental, e sim dinheiro aplicado em maquinário, programas de
capacitação, desenvolvimento tecnológico e tudo o mais que confere
sustentabilidade ao crescimento.
A taxa de investimento brasileira – conhecida pela rubrica FBCF,
formação bruta de capital fixo – está atualmente em 16,6%. Esta é a
fração do PIB nacional aplicada em projetos para gerar mais riqueza.
Muito pouco. Nos países emergentes a média gira em torno de 30%. Há um
consenso entre economistas que o País necessita de, ao menos, 25% por no
mínimo uma década para crescer, de forma sustentada, em torno de 4% ao
ano. Estamos longe dessa média decenal. De acordo com os dados do IBGE, o
máximo foi nas décadas de 1970 e 1980, com a média de 21,9%. De lá pra
cá, ladeira abaixo.
O crescimento econômico de longo prazo não depende de gambiarras. A
solução é um planejamento sério e a tão necessária política industrial.
Considerado um dos sintomas mais conhecidos da demência, a perda de memória é apenas um dos muitos sinais manifestados pela doença caracterizada pela perda da função cognitiva.
Atualmente, ao menos 1,76 milhão de pessoas têm alguma forma de demência no Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Contudo, casos da doença aumentam com o envelhecimento da população e podem chegar a 5,5 milhões até 2050.
Para a suspeita do diagnóstico devem ser levados em consideração
vários sintomas e sinais, segundo especialistas. Confira alguns
possíveis sinais associados à demência:
1. Problemas para planejar e seguir instruções
Cozinhar uma receita favorita, lavar a louça, são algumas atividades
simples que você costuma fazer sem pensar , mas podem tornar cada vez
mais difíceis devido ao avanço da doença. Isso porque a demência pode
afetar o que é comumente conhecido como “ função executiva”.
Consequentemente, a capacidade de desempenho piora inevitavelmente se
a pessoa não consegue lembrar como fazer as coisas e a ordem em que
fazê-las. O resultado? Confusão e lentidão em como concluir uma tarefa.
2. Dificuldade em encontrar palavras
Acontece com todo mundo de a palavra certa estar na ponta da língua,
mas não conseguirmos nos lembrar dela. No entanto, se isso se tornar um
fenômeno frequente, poderá representar um primeiro e precoce sinal do
desenvolvimento de demência. De acordo com especialistas, isso ocorre
porque quando o cérebro é danificado, perdem-se as conexões que ajudam a
encontrar a palavra certa no momento certo.
3. Insônia e cansaço
À medida em que envelhecemos, é natural dormir por curtos períodos de
tempo e acordar repetidamente durante a noite, mas isso pode ser muito
prejudicial para alguém com demência. Acontece que nosso relógio
biológico é influenciado por um hormônio chamado melatonina, que diminui
na idade avançada e diminui ainda mais na doença de Alzheimer.
4. Mudanças de humor
Se um membro da família parecer menos sociável do que o habitual,
deprimido ou mesmo agressivo, todos estes sintomas podem estar
associados ao desenvolvimento de demência.
Chamada de demência frontotemporal, esse distúrbio afeta a parte
frontal do cérebro, pode dar origem à agressão, porque os lobos frontais
do cérebro são onde as inibições estão localizadas. Em essência, a
pessoa perde a capacidade de controlar suas emoções e, assim, surge um
sentimento de frustração por não ser capaz de compreender ou realizar
determinadas tarefas, perdendo também o desejo de passar tempo com
outras pessoas.
O presidente Lula da Silva voltou ao Palácio do Planalto em 2023 sem
grandes expectativas, pois afinal não se elegeu em razão de ideias novas
e projetos ousados, e sim porque a rejeição ao então presidente Jair
Bolsonaro provou ser maior que a sua. Sua vitória dizia mais respeito ao
passado do que ao futuro: foi uma espetacular volta por cima, depois de
anos de escândalos de corrupção que culminaram com sua prisão –
revertida não porque sua inocência tenha sido comprovada, mas por vícios
processuais – e quando ainda estava fresca na memória nacional a
tragédia do governo de Dilma Rousseff, criatura de Lula. Não é pouca
coisa.
Ainda assim, cobrado insistentemente durante a campanha sobre o que
pretendia fazer caso fosse eleito, Lula limitou-se a dizer que estava
ali, sobretudo, para “salvar a democracia”. Uma vez salva a democracia,
obviamente não por méritos de Lula, e sim porque as instituições
republicanas resistiram ao assalto bolsonarista, restou um governo
eleito sem projeto definido.
Ao final do primeiro ano, período em que normalmente os presidente dizem a que vieram, a malaise é
evidente, e mesmo em áreas nas quais o governo mostrou empenho genuíno,
como na Fazenda ou nas Relações Exteriores, os resultados foram
relativamente frustrantes.
Ao mesmo tempo que tratou de restaurar a imagem internacional do
Brasil, transformado em orgulhoso pária por Bolsonaro, Lula não
aproveitou todo o capital político que o País tem por sua natural
liderança na área ambiental, preferindo meter-se em querelas nas quais a
diplomacia brasileira, por mais habilidosa que seja, não tinha
capacidade nenhuma de interferir. Ademais, alinhou o Brasil a blocos
claramente enviesados contra o Ocidente, particularmente os EUA. O tal
“Sul Global” de que Lula tanto fala nada mais é do que o nome fantasia
do quintal chinês, onde o Brasil é mero vassalo dos interesses de
Pequim.
Na Fazenda, destaque-se, por justiça, o trabalho do ministro Fernando
Haddad, que em vários momentos conseguiu dobrar um Congresso fortemente
hostil ao PT, ajudando a encaminhar a reforma tributária. E mostrou
sangue-frio ao enfrentar o “fogo amigo” do próprio PT e do presidente.
Ou seja, Haddad fez da Fazenda uma ilha de bom senso cercada de tubarões
petistas por todos os lados, mas há dúvidas razoáveis sobre sua
capacidade de resistir a esse cerco por mais três anos, nos quais haverá
duas eleições – e todos sabem o que os governos petistas são capazes de
fazer para vencê-las.
Lula retornou ao poder embevecido pela própria glória, com a
autodeclarada aura de ser uma “ideia” – para usar a expressão com que se
definiu no discurso que fez antes de ir para a prisão, em abril de
2018. O petista segue a cartilha dos líderes que só conseguem enxergar
as próprias virtudes, e não raro transfere para ministros a
responsabilidade pela ausência de grandes feitos. Ele ainda parece
trabalhar como se tivesse ganhado a eleição muito mais para impedir que
Bolsonaro vencesse do que para governar. Sobram-lhe planos, retóricas e
simbologias. Faltam-lhe projetos compatíveis com os desafios de um
Brasil hoje distante de 2002 ou de 2010.
Num país que saiu das urnas cindido, Lula tinha o dever de articular
um processo de união e de reconstrução nacional, como, aliás, prometeu.
Mas, fiel à sua natureza sindical, optou por continuar a ser uma fonte
permanente de divisões. É cansativo.
Mas ano novo é tempo de esperança, então não custa nada esperar que
Lula demonstre que não venceu a eleição só para desmoralizar o juiz que
mandou prendê-lo. O tempo é para o atual governo tanto um apoio quanto
ameaça. Drummond chamou de genial “quem teve a ideia de cortar o tempo
em fatias, a que se deu o nome de ano”. Ao fazer isso, disse,
“industrializou a esperança”, pois 12 meses são suficientes para cansar
qualquer ser humano. Mas aí, lembra Drummond, “entra o milagre da
renovação e tudo começa outra vez (…) com outra vontade de acreditar que
daqui pra adiante vai ser diferente”. Nada mais longe da poesia do que a
política, mas Lula conhece não só o poder da esperança, como também a
força demolidora do desencanto.