terça-feira, 29 de agosto de 2023

SUBMERSÍVEIS CAROS VIRAM MODA ENTRE OS MILIONÁRIOS

 

Embarcações custam até 7 milhões de dólares

Apenas barcos com pelo menos 36 metros de comprimento podem acomodar um submarino, que normalmente pode ser comprado a partir de US$ 2 milhões

Por Ephrat Livni – Jornal Estadão

THE NEW YORK TIMES – LIFE/STYLE – Charles Kohnen, cofundador do fabricante de submersíveis SEAmagine Hydrospace, estima que existam 200 embarcações tripuladas em todo o mundo. Algumas são utilizadas por instituições científicas, outras para turismo. Mas um número crescente pertence a um seleto grupo de proprietários de iates.

Embora uma passagem a bordo de um passeio de submersível, como aquele que terminou em tragédia este ano a caminho do naufrágio do Titanic, seja muito cara para a maioria das pessoas, possuir um submersível requer outro nível de riqueza e infraestrutura náutica.

Apenas iates suficientemente grandes – pelo menos 36 metros – podem acomodar um submarino, que normalmente custa entre US$ 2 milhões e US$ 7 milhões (sem incluir o custo de um guindaste para baixá-lo, a lancha necessária para embarcar e serviços como cartografia e guias que podem custar cerca de US$ 15.000 por dia).

“Não é como um carro sofisticado”, disse Kohnen. “É mais como uma espaçonave de US$ 5 milhões.”

Milionários estão comprando as embarcações com objetivos diversos: turismo, diversão, exploração do fundo do  mar...
Milionários estão comprando as embarcações com objetivos diversos: turismo, diversão, exploração do fundo do mar… Foto: Triton Submarines via The New York Times

Assim como ter um helicóptero e uma plataforma de lançamento em um iate era uma moda na década de 1980, disse Kohnen, ter um submersível próprio tem sido cada vez mais importante para os ricos.

Ofer Ketter, cuja empresa, SubMerge, atende proprietários de submarinos, vê uma tendência semelhante. “Você tem um megaiate, um superiate – um submersível se torna a próxima coisa a se ter”, disse ele.

As explorações em alto mar têm uma base de fãs crescente entre a elite. O cineasta James Cameron e o investidor bilionário Ray Dalio doaram embarcações para a Instituição Oceanográfica Woods Hole e investiram no fabricante de submersíveis Triton Submarines. Dalio disse que era uma questão de descoberta. “O oceano é o maior recurso que temos”, disse ele. “Tem o dobro do tamanho de todos os continentes juntos – e é pouco explorado.”

Alguns proprietários de submersíveis emprestam suas embarcações para documentários e pesquisas científicas, enquanto outros procuram espécies nunca antes vistas ou desejam explorar naufrágios. E existe um tipo de modelo de uso misto que é versátil para tudo, desde um casamento subaquático até coquetéis nos recifes, jantares ou jogos de pôquer, disse Craig Barnett, diretor de vendas e marketing da Triton.

Indústria em crescimento

A indústria de submersíveis pessoais cresceu junto com o tamanho dos iates. Quando a SEAmagine começou em 1995, robôs eram usados na maioria dos casos para trabalhos científicos em águas profundas porque era difícil baixar submersíveis no oceano com pessoas dentro, disse Kohnen. A empresa construiu um modelo que poderia ser embarcado da água, e isso relançou uma era de submersíveis tripulados para a ciência e o turismo. Por volta de 2005, a SEAmagine recebeu sua primeira encomenda de um iate – e competição. Outro fabricante de submersíveis, o U-Boat Worx, iniciou suas operações na Holanda, e a Triton logo o seguiu. Os iates estavam se tornando maiores, mas, disse Kohnen, as pessoas também estavam começando a valorizar a busca por experiência em vez do luxo.

Aproveitando “o momento”. Onde mergulhar e quanto tempo dura uma expedição depende, mas uma aventura pode levar meses de planejamento, mapeamento e configuração. A SubMerge coordenou cinco expedições com três clientes privados diferentes este ano, disse Ketter, e a empresa trabalha com cerca de seis empresas de viagens de luxo, incluindo fabricantes de submersíveis.

Um dia típico “em um bom local” geralmente envolve alguns mergulhos que duram cerca de uma ou duas horas, com intervalos para refeições, disse Kohnen. “Mesmo depois de mil mergulhos, nunca deixa de ser emocionante.”

E a implosão do Titan? O passeio fatal da OceanGate chamou a atenção para as aventuras em alto mar. Mas Kohnen disse que a embarcação envolvida era uma “exceção” que não foi construída de acordo com as especificações e que tinha sido motivo de preocupação na comunidade de submersíveis durante anos.

Ketter disse que sua empresa não teve nenhum cancelamento desde o acidente. A Triton disse igualmente que não teve cancelamentos, que estava construindo cinco submersíveis e experimentando uma “demanda notável” por parte de proprietários privados e empresas de turismo.

Embora os submersíveis privados estejam ganhando força, disse Barnett, o número de instituições científicas que os utilizam era “lamentavelmente baixo”. Dalio disse acreditar que filmar o oceano a partir de embarcações privadas estimularia mais investimentos e exploração. “Está muito subfinanciado, mas está melhorando”, disse ele. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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GOVERNO FAZ LEI HOBIN HOOD PARA TAXAR OS RICOS

Entenda o que é e veja o que se sabe até agora

Governo assinou medida provisória para taxar fundos exclusivos e enviou projeto de lei para tributar fundos offshore

Por Redação – Jornal Estadão

Nesta semana, o governo enviou ao Congresso Nacional as propostas que alteram a tributação dos investimentos da parcela mais rica da população: os fundos exclusivos, com ativos no Brasil, e os fundos offshore, com bens e aplicações no exterior.

Governo enviou ao Congresso Nacional as propostas que alteram a tributação dos investimentos da parcela mais rica da população
Governo enviou ao Congresso Nacional as propostas que alteram a tributação dos investimentos da parcela mais rica da população Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

A mudança na tributação dos fundos exclusivos foi enviada por meio de Medida Provisória (MP), que tem vigência imediata e precisa ser aprovada em um prazo de 120 dias, caso contrário, perde a validade.

Já a alteração nos fundos offshore foi realizada por meio de Projeto de Lei, conforme acordo negociado na Câmara dos Deputados na semana passada.

Entenda o que são esses investimentos de “super-ricos”, o que já mudou e o que ainda pode mudar:

O que são fundos exclusivos?

Os fundos exclusivos, também chamados de fundos dos “super-ricos”, recebem esse nome por serem fechados e terem apenas um cotista, diferentemente dos fundos tradicionais do mercado, abertos a diversos cotistas. Essa modalidade, que prevê um portfólio muito mais personalizado, é direcionada a investidores com patrimônio elevado.

Os fundos exclusivos acumulam R$ 756,8 bilhões em aplicações no Brasil.

O que mudou para os fundos exclusivos?

A MP determina cobrança de 15% a 20% sobre os rendimentos desses fundos, que será realizada duas vezes ao ano (o sistema chamado de “come-cotas”), como ocorre com os fundos tradicionais no mercado. Hoje, a tributação dos fundos exclusivos é realizada apenas no resgate do investimento.

O investidor que optar por iniciar o pagamento em 2023, no entanto, será tributado com uma alíquota menor, de 10%, mas a cúpula da Câmara dos Deputados já avisou ao governo que trabalhará para reduzir essa alíquota, tanto para fundos off-shore como para exclusivos, para 6%.

A previsão do governo é arrecadar R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026. O valor será usado para compensar a perda de receitas decorrente do aumento do limite de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física, em vigor desde 1º de maio e sancionada nesta segunda-feira pelo presidente Lula.

O que são fundos off-shore?

Os rendimentos de capital aplicado no exterior são chamados fundos offshore. Boa parte desses investimentos está aplicada em países considerados paraísos fiscais, que praticam baixa ou nenhuma tributação para facilitar a aplicação do capital estrangeiro.

Somente no exterior, os ativos dos chamados offshore somam R$ 1 trilhão.

O que diz o projeto de lei sobre tributação dos fundos off-shore?

O PL dos fundos offshore prevê a possibilidade de o contribuinte atualizar o valor de seus bens e direitos no exterior para o valor de mercado em 31 de dezembro de 2023 e tributar o ganho de capital pela alíquota de 10%, em lugar dos 15% previstos na legislação vigente.

Além disso, o PL propõe a tributação anual de rendimentos de capital aplicado no exterior, com alíquotas progressivas de 0% a 22,5%. Atualmente, o capital investido no exterior é tributado apenas quando resgatado e remetido ao Brasil.

O documento também introduz o conceito de tributação dos chamados “Trusts”, algo não tratado na legislação brasileira, mas usado por investidores. Essa modalidade refere-se a uma relação jurídica em que o dono do patrimônio passa os seus bens para uma terceira pessoa administrar. Na prática, é uma medida de planejamento patrimonial, que reduz o pagamento de tributos e também favorece a distribuição de herança em vida.

Com a nova medida, se aprovada, a previsão de arrecadação do governo é de R$ 7,05 bilhões em 2024, próximo a R$ 6,75 bilhões em 2025 e R$ 7,13 bilhões para 2026.

 

ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO SÃO AMBIENTES CRIADOS POR DIFERENTES PESSOAS QUE INCORPORAM A INOVAÇÃO

 

LEONARDO KOITI ODA

Segundo a Wikipedia, um Ecossistema é ‘um conjunto de comunidades que vivem em um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente, constituindo um sistema estável, equilibrado e autossuficiente’.

Tomando como base essa definição, podemos entender que os Ecossistemas de Inovação são ambientes especialmente criados para juntar diferentes pessoas, entidades, empresas etc., que incorporam a inovação como uma proposta de valor, e que nesse ambiente todos estes atores possam interagir uns com os outros, para que então evoluam e contribuam com o próprio Ecossistema.

Embora esse tipo de arranjo possa ocorrer de maneira natural, é comum que essa sinergia seja inicialmente promovida por um ou mais agentes que trabalham com esse propósito até atingir-se o ponto em que o ecossistema irá se autogerenciar.

Então, na prática:

Os ecossistemas de inovação são polos que reúnem e integram a infraestrutura ao capital humano e financeiro para favorecer ambientes de pesquisa e desenvolvimento que buscam solucionar dores latentes de mercado, criando novos produtos, serviços e projetos que atendam à tais necessidades.

Quem é responsável pelos ecossistemas de inovação?

Um ecossistema de inovação é formado pela colaboração de diversos agentes, como incubadoras, aceleradoras, startups, fundos de venture capital, parques tecnológicos, grandes empresas de tecnologia, associações, governo e universidades que trabalham com o mesmo propósito.

Dentre todos esses atores, você pode pensar que as Startups são as principais responsáveis por esses Ecossistemas de Inovação, correto?

Mais ou menos.

Apesar das Startups terem um papel protagonista nestes ambientes – são as responsáveis pelas grandes inovações das últimas décadas – isso não seria possível se não houvesse uma estrutura junto a elas, todos em sinergia, pois haveria pouco resultado dos leaders (empreendedores) sem a colaboração dos feeders (fomentadores), que dentro desse sistema são todas as outras instituições citadas anteriormente que precisam apoiar as Startups para que haja desenvolvimento de todo o ecossistema.

Quais os benefícios de um ecossistema de inovação?

  • Juntos vamos mais longe! : Empresas que cooperam entre si crescem mais rápido e adquirem vantagens competitivas sobre àquelas que precisam passar por toda curva de aprendizado sozinhas. A palavra-chave do sucesso é colaboração. 
  • Um solo mais fértil para plantar e colher! : Podemos citar diversos exemplos de dores comuns, porém a captação de talentos, que é um desafio de todas as empresas que precisam escalar seus negócios, se destaca. Um ecossistema de inovação sólido atrai talentos que buscam impulsionar suas carreiras em ambientes que estão em constante desenvolvimento. Aqui entra uma conexão importante entre universidades com parques tecnológicos que podem trabalhar juntos em programas de estágio e início de carreira, para que os melhores acadêmicos saiam dessas instituições de ensino encaminhados para dentro desse ecossistema.

Alguns comportamentos importantes para o desenvolvimento de um ecossistema de inovação:

  • Parar de tentar imitar o Vale do Silício;
  • Focar nas mudanças culturais locais;
  • Apoiar o crescimento orgânico;
  • Basear a construção do ecossistema nas potencialidades da região;
  • Engajar o setor privado a participar de forma colaborativa;
  • Reformar marcos legais, burocráticos e regulatórios.

Em Resumo:

Ecossistemas de inovação são ambientes que promovem articulações entre diferentes atores que enxergam a inovação como força motriz para o desenvolvimento social e econômico.

Assim como florestas diferem entre si quanto sua fauna e flora, ecossistemas de inovação também devem. Embora haja muita similaridade entre elas, cada ambiente possui suas premissas locais que precisam ser entendidas e usadas a favor do seu desenvolvimento.

Apesar de falarmos bastante em ambientes, inovação, atores, no fim do dia tudo é sobre pessoas. Ecossistemas que atraem pessoas com talento, que colaboram entre si e se sentem orgulhosas de fazer parte desse ambiente, resolverão quaisquer problemas a que se aventurarem.

ValeOn UMA STARTUP INOVADORA

A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma  Plataforma Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um forte relacionamento com a tecnologia.

Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades do mercado.

Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o mercado já oferece para se destacar ainda mais.

Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.

inovação é a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado.

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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

TRANSPLANTE DE CORAÇÃO DE FAUSTÃO GERA POLÊMICA PELA URGÊNCIA QUE FOI REALIZADO

 

História por Redação • Jornal Estadão

apresentador Fausto Silva, que passou por uma cirurgia de transplante de coração neste domingo, 27, ocupava o segundo lugar na fila de espera, segundo a Central de Transplantes do Estado de São Paulo.

Ainda na madrugada deste domingo, a Central de Transplantes do Estado de São Paulo ofereceu um coração à equipe transplantadora de Fausto Silva, que aceitou a oferta do órgão após avaliação de compatibilidade. Por meio do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, 12 pacientes atendiam aos requisitos. Desse total, quatro estavam priorizados – Faustão ocupava a segunda posição nesta seleção.

Faustão era o segundo da lista de prioridades, diz governo de SP Foto: Reprodução de Vídeo/Instagram/@joaosilva© Fornecido por Estadão

A equipe transplantadora do paciente que ocupava a primeira posição decidiu pela recusa do órgão. As razões da recusa não foram divulgadas pelo Central de Transplantes, mas podem estar relacionadas a incompatibilidades entre receptor e doador. Com isso, a oferta seguiu para o segundo paciente da seleção.

De acordo com Carolina Casadei dos Santos, especialista em insuficiência cardíaca e transplante de coração filiada à Sociedade Brasileira de Cardiologia, são vários os motivos que podem levar a equipe médica a recusar um órgão, como no caso do primeiro paciente da lista.

Os motivos podem ir desde questões logísticas, como indisponibilidade do paciente para cirurgia imediata, até incompatibilidade anatômica entre doador e receptor.

“A recusa pode ser por questões logísticas , do tempo que levaria para o coração chegar dependendo de onde estivesse esse outro receptor, a questão do peso do paciente, que pode servir para um e não para outro”, explica a médica.

Segundo as normas de compatibilidade para transplante de coração, o receptor só pode receber o órgão de um doador com peso que varie até 20% para mais ou para menos em relação ao de quem aguarda o transplante. Um paciente de 80 quilos, por exemplo, só pode receber um órgão de um doador que pese entre 64 kg e 96 kg.

Em São Paulo, o tempo de espera por um transplante de coração, para potenciais receptores do grupo sanguíneo B, como era o caso, oficialmente é de 1 a 3 meses – mas pode ser reduzido por urgência.

Governo diz que critérios para transplantes são técnicos

A Central informou que a disponibilização de órgãos aos pacientes que aguardam por um transplante segue critérios técnicos definidos pela Portaria de Consolidação N°04 de 2017, que considera a compatibilidade sanguínea e critérios antropométricos entre doador e receptor, como uma faixa de peso e altura para os doadores ofertados para cada receptor.

Além disso, o órgão afirma que existem “critérios de priorização, definidos por Lei, onde potenciais receptores que possuem risco eminente de morte, são elevados em sua posição no cadastro técnico (fila de espera)”.

FOTO DE FICHA POLICIAL DE RONALD TRUMP É UMA OPORTUNIDADE DE MARKETING E ARMA POLÍTICA

 

História por Redação Itatiaia 

Para a maioria das pessoas, uma foto de ficha policial – “mug shot”, como é conhecida em inglês – seria uma vergonha que fariam de tudo para esconder. Mas para Donald Trump, é uma oportunidade de marketing e uma arma política.

imagem com um Trump de olhar sisudo e vingativo, registrada na quinta-feira em uma prisão da Geórgia (sul dos EUA), onde Trump foi fichado por acusações de associação criminosa e conspiração, rapidamente virou símbolo de sua campanha.

Camisetas, canetas, adesivos e ‘coolers’ de bebidas estampados com a primeira foto de registro policial de um presidente dos Estados Unidos foram produzidos e distribuídos por sua equipe horas após a divulgação da foto.

A instantânea do magnata de 77 anos, com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo e encarando a câmera, aparece nos produtos oficiais acompanhada das palavras “nunca se renda” em letras maiúsculas.

Faltou, porém, a marca d’água do emblema da polícia local que aparece na imagem publicada pelas autoridades.

Enquanto uma fotografia como essa certamente afundaria a carreira de qualquer outro candidato, para Trump, ela se encaixa em sua narrativa de uma vítima heroica e desafiadora.

“Essa foto policial vai para sempre ficar na história como um símbolo do desafio dos Estados Unidos à tirania”, declarou, em um e-mail de arrecadação de fundos, a campanha Trump 2024, pedindo a apoiadores que enviassem US$ 47 (R$ 229, na cotação atual) em troca de uma camiseta com a imagem.

O guru do marketing Daniel Binns, de Nova York, afirmou que a foto pode se tornar uma ferramenta de branding “extremamente poderosa” para Trump.

“Como marqueteiro, esta é sua genialidade: ele consegue recuperar o que quer que seja dito, do que quer que seja acusado, ou qualquer imagem que seja criada, e transformar em algo que represente a história que ele deseja contar”, explicou à AFP Binns, diretor-executivo da consultoria de marketing Interbrand North America.

Binns até comparou a foto policial ao pôster “Hope”, da bem-sucedida campanha presidencial de Barack Obama em 2008. “Não poderia ser mais diferente em termos do que representa, mas aquela foi uma imagem igualmente icônica”, apontou.

A foto de Trump vestindo seu costumeiro terno azul-escuro, camisa branca e gravata vermelha de frente para um fundo cinza é agora possivelmente a mais famosa “mug shot” já feita, somando-se à galeria de rebeldes como o ex-jogador de futebol americano OJ Simpson e o astro do golfe Tiger Woods.

A apropriação da imagem por Trump ficou clara quando ele rapidamente a utilizou para postar sua primeira mensagem em mais de dois anos e meio na rede social X, o antigo Twitter.

Ele incluiu o slogan “nunca se renda” e acrescentou “interferência eleitoral” – expressão que costuma usar em referência à ideia de que os quatro processos criminais contra ele são um plano dos democratas para pôr fim à sua tentativa de voltar à Casa Branca nas próximas eleições.

Ganhadora de votos?

Alguns dos seus apoiadores mais proeminentes também estão usando a imagem como arma, enquanto o Partido Republicano busca retomar a Presidência de Joe Biden.

“Nem todos os heróis usam capas”, escreveu a congressista Lauren Boebert no X, ao lado da fotografia.

A congressista de extrema direita Marjorie Taylor Greene também publicou a foto, junto com a afirmação: “Esta é a foto que vai vencer a eleição presidencial de 2024”.

Os opositores democratas de Trump, por sua vez, tentaram usá-la em prol de seus próprios objetivos. “Ninguém está acima da lei”, disse no X, ao lado da foto, o Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes.

Memes zombando de Trump também circularam na internet. Alguns usuários de redes sociais compararam o olhar de Trump à expressão enlouquecida do protagonista no filme distópico “Laranja Mecânica” (1971), de Stanley Kubrick.

Trump ascendeu de bilionário do setor imobiliário a estrela de reality shows e depois a presidente a partir do marketing em torno de seu nome.

De sua cidade natal, Nova York, a cidades no Golfo e na Ásia, “Trump” já apareceu em todo tipo de coisa, de hotéis a prédios residenciais luxuosos, passando por campos de golfe e pistas de gelo.

“Muito do imaginário foi de sucesso e conquista, tudo dourado. Isto é bem diferente”, observou Binns.

O julgamento criminal da Geórgia por acusações de que ele tentou reverter o resultado aa eleição de 2020 é um dos quatro que Trump tem previstos para enfrentar no próximo ano.

Qualquer que seja o resultado, a “mug shot” permanecerá para sempre. Isso poderia prejudicar os negócios de Trump no longo prazo?

“A marca não quer ser sobre raiva e resistência. Essa é meio que sua marca política e vai funcionar para ele no curto prazo, mas a marca Trump em geral não é sobre isso”, ressaltou Binns.

REFORMA TRIBUTÁRIA PREVÊ UMA TRIBUTAÇÃO MAIOR SOBRE PRODUTOS E SERVIÇOS QUE PREJUDICAM A SAÚDE E O MEIO-AMBIENTE

 

História por ALEXA SALOMÃO – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O imposto seletivo, que prevê uma tributação maior sobre produtos e serviços que prejudicam a saúde e o ambiente, foi criado para inibir o consumo desses itens. No entanto, numa contradição já instalada em inúmeros países, a taxa adicional passou a ser importante fonte de arrecadação, porque as pessoas não pararam de consumir os produtos.

Segundo especialistas, o imposto seletivo pode ajudar a reduzir a alíquota do novo IVA (Imposto sobre Valor Agregado) em discussão na Reforma Tributária que tramita no Congresso.

Os parlamentares trabalham na criação do IVA do tipo dual. Haverá a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) para substituir PIS e Cofins e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) no lugar do ICMS estadual e do ISS nos municípios. Uma alíquota padrão será dividida entre eles, destinando arrecadação para União, estados e municípios.

O texto, que já passou na Câmara e está em análise no Senado, prevê que o novo imposto seletivo pode ser cobrado sobre bens e serviços nocivos à saúde e ao ambiente. Simples assim.

Essa redação abrangente atende o debate global. A lista sobre o que taxar é cada vez mais ampla, e as alíquotas podem ser muitas e maiores do que o IVA padrão.

A primeira leva de produtos qualificados como prejudiciais, que foram sobretaxados mundo afora, incluiu tabaco, bebidas alcoólicas e combustíveis fósseis, como gasolina, diesel e gás.

A relação, porém, vem se diversificando nos últimos anos, segundo a especialista Rita de La Feria, professora de direito tributário na Universidade de Leeds e pesquisadora associada à Universidade Oxford, ambas no Reino Unido.

Na América Latina, o México foi pioneiro do sugar tax (imposto sobre açúcar). Diferentes países também vêm instituindo a tributação sobre plásticos. A Alemanha incluiu até sacolinhas dentro do grupo de embalagens com esse tipo de material a ser supertaxado.

“Ninguém ainda tributou, mas a discussão é grande em vários países europeus também em relação à carne, por causa da emissão de gases metano dos bois”, afirma.

As taxas variam muito entre os países e até entre os tipos de produto. La Feria lembra que os riscos à saúde associados ao consumo de vinho, por exemplo, são diferentes dos identificados para um destilado como a vodca, e isso leva à adoção de alíquotas diferenciadas.

La Feria diz que, politicamente, é muito mais fácil criar e elevar esse tipo de tributo, porque as pessoas reconhecem a sua lógica na busca de benefícios compartilhados. No Reino Unido, o sugar tax é atualizado quase anualmente sem muitos questionamentos.

“O imposto seletivo é uma área em ascensão no direito tributário, um tipo de taxação em crescimento, e estamos vendo aumento de receita com ele, o que é contraditório ao seu primeiro objetivo: as receitas, afinal, aumentam porque as pessoas não deixam de consumir”, afirma La Feria.

“Olhando essa tendência global, ele pode ajudar a reduzir a alíquota geral do novo tributo no Brasil –a quantidade vai depender da reação dos consumidores quando ele for adotado, algo que não podemos prever.”

O economista Bráulio Borges identificou que, por causa da defasagem do Brasil no uso do imposto seletivo, o potencial é alto, e cita números.

Em 2019, o Brasil arrecadou com correlatos ao imposto seletivo o equivalente 0,9% do PIB (Produto Interno Bruto). Os países da América Latina, na média, arrecadaram quase 2%. Países de renda per capita similar ao Brasil foram além dos 2%.

No Brasil, IPI (sobre cigarro e produtos alcoólicos) e Cide (sobre combustíveis) fizeram o papel de impostos especiais sobre consumo (“excise taxes”, para usar o termo em inglês), e o país seguiu um caminho diferente no seu uso.

Em 1990, arrecadou 2,5% do PIB com produtos nocivos saúde. Na média da década de 2000, essa receita caiu para 1,5%. A participação foi reduzindo bastante a partir dos anos de 2010, com as desonerações de combustíveis.

Borges lembra que o Brasil quer ser exemplo na transição energética, então é natural que amplie a taxação de combustíveis e emissões de carbono.

Ele cita trabalho do Banco Mundial que mostra um potencial de ganho adicional na receita de quase 1% do PIB no final desta década com o imposto seletivo só nessa área.

O economista também defende que não faltam argumentos para o país taxar bebidas açucaradas. No início da década de 2000, 12% da população era obesa; no dado mais recente, projeta-se que esse percentual suba para 30% até 2030

Os brasileiros já se mostram sensíveis ao tema. Pesquisa Datafolha encomendada pela ACT Promoção da Saúde identificou que 94% dos brasileiros apoiam o aumento de impostos a produtos que prejudicam a saúde e o ambiente.

“Sob diferentes aspectos, é factível pensar que o Brasil pode dobrar a arrecadação com esse imposto ou, num cenário otimista, até triplicar”, afirma Borges.

“Como o governo diz que não quer elevar a carga tributária, esse adicional de arrecadação poderia ser utilizado para reduzir a alíquota geral de CBS e IBS.”

As estimativas do próprio governo apontam que a soma dos dois tributos pode levar a uma alíquota entre 20,73% e 27%. A variação vai depender do volume de exceções para alguns itens e serviços que podem ter alíquota reduzida ou zerada. Quanto maior o número de exceções, maior a alíquota geral.

Borges fez suas contas. Primeiro, estimou a carga sobre o consumo a partir dos impostos incluídos na reforma. Constatou que era de 25%, o menor valor desde 1998. Nesse resultado, ponderou as inúmeras exceções criadas na Câmara para vários setores e a análise do impacto delas feita pela Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária. Então, calculou qual seria a alíquota que manteria a carga.

Chegou ao valor de 27,9%, sem considerar ganhos com o fim da sonegação, que ajudam a reduzir a alíquota.

No cenário mais otimista de ganhos com o imposto seletivo e redução de sonegação, no entanto, ele diz acreditar que a alíquota geral poderia ficar mais próxima de 20%.

A estimativa da carga e projeções para o imposto seletivo consta de texto publicado no Observatório de Política Fiscal do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), no qual Borges é pesquisador.

Para aproveitar os ganhos, ele diz que o imposto seletivo poderia ser implementado gradativamente, o quanto antes, para já estar maduro quando o novo IVA entrar em vigor.

“Se a gente começar já no ano que vem, de pouquinho em pouquinho, a taxar combustíveis fósseis, bebidas açucaradas e outros produtos, a gente pode chegar em 2027 ou 2028 com um volume relevante adicional de arrecadação que permita uma alíquota padrão menor do que a estimada hoje para IBS e CBS”, afirma ele.

A tributarista Vanessa Canado também concorda que o imposto seletivo tem potencial para reduzir o futuro IVA brasileiro, mas diz que o debate vai ser acompanhado por controvérsias.

“O crescimento do seletivo sobre bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados, por exemplo, ocorreu muito mais por razões arrecadatórias do que por questões de saúde pública”, afirma.

“Foi onde os governos encontraram alternativa para elevar a tributação sem mexer na alíquota geral do IVA.”

As empresas de cigarro e bebidas alcoólicas estão preparadas para o debate, afirma. Um dos argumentos é que a alta taxação incentiva contrabando e falsificação. Há estudos mostrando isso, mas também há outros que afirmam o contrário, diz Canado.

Na área, existe ainda a discussão de cunho social. “O imposto seletivo pode ser regressivo, atingindo principalmente os mais pobres”, afirma.

“As famílias mais ricas consomem sucos naturais ou processados, os mais pobres, os refrigerantes baratos e açucarados. Quando o preço sobe, os mais pobres podem trocar o cigarro com marca por um falsificado, não deixam a bebida alcoólica, e passam a consumir uma alternativa mais barata e de pior qualidade.”

LEGISLAÇÃO SOBRE PRESENTES A CHEFES DE ESTADO BRASILEIRO

 

História por MATHEUS TUPINA E MARCELO ROCHA • Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O destino das joias dadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado pela Polícia Federal, levantou dúvidas acerca das regras sobre o tratamento aos presentes recebidos por chefes de Estado no país, que passaram por uma série de alterações durante os anos.

Em 1991, foi sancionada a primeira lei sobre o patrimônio adquirido durante a passagem de um presidente pelo Palácio do Planalto. Em 2002, o texto foi regulado por decreto e, em 2016, o TCU (Tribunal de Contas da União) firmou nova interpretação, após identificar irregularidades na gestão do patrimônio público.

Mais alterações ocorreram em 2018, com portarias determinando como a Presidência da República deveria cuidar dos bens recebidos e quais seriam passíveis de incorporação ao acervo privado. Três anos depois, nova norma foi elaborada, desta vez eliminando o rol de itens considerados “personalíssimos”.

Segundo relatório do inquérito feito pela PF, as investigações apontam a suspeita de que Bolsonaro utilizou a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor oferecidos a ele por autoridades estrangeiras.

Entenda a trajetória da legislação sobre o destino de presentes a chefes de Estado brasileiros:

Proteção do patrimônio privado dos presidentes

A lei criada para proteger o patrimônio da Presidência só foi criada em 1991, sob o governo de Fernando Collor –antes, não havia regulação do assunto. A ideia do texto era proteger o patrimônio privado dos mandatários ao longo do mandato.

Para a legislação, que não cita explicitamente presentes recebidos, itens do acervo privado do mandatário obtidos no cargo integram o patrimônio cultural brasileiro, e a União teria preferência em caso de venda, não sendo possível a alienação desses bens ao exterior sem autorização da administração federal.

Decreto e troca de presentes

Onze anos depois, em 2002, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) regulamentou a lei sancionada por Collor via decreto. Manteve-se a preservação do acervo como privado, mas os itens recebidos em eventos denominados de “cerimônias de troca de presentes” seriam incorporados à União.

Com isso, a legislação abria brecha para a interpretação de que itens recebidos em eventos considerados de outra natureza poderiam ir para acervo pessoal.

Acórdão do TCU

O TCU, em acórdão de 2016, reformulou a regulamentação proposta por FHC e interpretou que o recebimento de presentes em qualquer cerimônia com outros chefes de Estado ou de governo deveria ser considerado patrimônio público e, por consequência, todos os itens recebidos devem ser catalogados junto aos bens do governo federal.

Segundo o tribunal, foram excluídos da lei apenas os itens de natureza personalíssima, como medalhas personalizadas e grã-colar, ou de consumo direto, como bonés, camisetas, gravata, chinelo e perfumes. Esses bens podem ser vendidos, mas com preferência da União para a transação, e não podem ser levados ao exterior sem autorização prévia da chefia do Executivo.

Devoluções de Lula e Dilma

Junto da nova interpretação legal, o tribunal de contas constatou que 568 bens recebidos por Lula (PT), no período de 2003 a 2010, e 144 por Dilma Rousseff (PT) deveriam ser localizados e devolvidos à União. Conforme a corte, a maioria dos bens foi entregue.

Só ficou pendente a devolução de oito itens recebidos por Lula, que somavam R$ 11.748,40, e seis recebidos por Dilma, que totalizavam R$ 4.873. No caso do Lula, como os itens não puderam ser localizados, foi acordado o pagamento do valor total dos bens.

Decreto de Temer e itens personalíssimos

Em novembro de 2018, a Secretaria-Geral da Presidência sob Michel Temer (MDB) emitiu portaria regulando o que seriam os itens considerados “personalíssimos” –entre eles, estão condecorações, vestuário, joias, semijoias e bijuterias.

Três anos depois, o órgão, já sob o governo Bolsonaro, decidiu revogar a portaria e criar nova, agora sem um rol do que seria essa categoria. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente cita a norma de Temer para justificar a incorporação das joias sauditas em seu acervo privado e diz que é necessário criar uma lei para disciplinar o assunto uniformemente.

Estratégia da defesa de Bolsonaro

O advogado de Bolsonaro, Paulo Amador Cunha Bueno, indicou que a estratégia de defesa seguirá pela interpretação estrita da legislação sobre presentes de 1991, evitando levar em conta o acórdão do TCU e argumentando que, com a possibilidade de manter as joias em acervo privado, não há delito de peculato –crime de desvio de bem ou dinheiro público apreciável.

PAÍSES FICAM RICOS COM A EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO E PAÍSES POBRES PROTEGEM O MEIO AMBIENTE PARA ELES

 

História por admin3 • IstoÉ Dinheiro

Equador e Colômbia priorizam a proteção do meio ambiente, em especial da Amazônia. Brasil e outros defendem exploração do hidrocarboneto – em nome do crescimento e supostamente no interesse das populações mais pobres.No plebiscito de 20 de agosto, a maioria da população do Equador tomou a decisão histórica de barrar novas explorações de petróleo numa região amazônica responsável por cerca 12% da produção do combustível fóssil no país.

Objeto da consulta popular foi o destino do Bloco 43, um grupo de campos de extração de petróleo localizados no Parque Nacional Yasuni: 59% dos participantes votaram pelo fim da exploração.

O movimento vai no mesmo sentido da Colômbia, cujo atual governo busca barrar novas perfurações em seu território. No entanto, em outras partes da América do Sul a exploração segue avançando e há forte defesa de que tais recursos são fundamentais para o crescimento e geração de riqueza.

O tema gerou uma cisão entre os países amazônicos, especialmente por parte da Colômbia, cuminando uma conclusão vista como vaga, durante a última Cúpula da Amazônia, realizada no começo de agosto. Naquele encontro, o governo do presidente Gustavo Petro almejava um acordo pela proibição de novas explorações petrolíferas na Amazônia, o que foi rechaçado especialmente pelo Brasil.

Campeão latino-americano do petróleo

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visa inclusive ampliar a produção na Margem Equatorial na Amazônia, o que gerou controvérsia com parte da atual gestão e especialistas da área. Em 22 de agosto, a Advocacia-Geral da União (AGU) publicou um parecer concluindo que a elaboração de uma avaliação não impede o Ibama de conceder licença ambiental para explorar petróleo e gás na foz do Rio Amazonas.

Desde 2017, o Brasil é o maior produtor de petróleo da América Latina: o último boletim da Associação Nacional de Petróleo (ANP) sobre o tema, referente a junho, acusou um recorde de 4,324 milhões barris extraídos por dia. Em 2022, o hidrocarboneto foi a segunda maior fonte de receita de exportação brasileira, atrás apenas da soja, com 42,5 bilhões de dólares, ou 12,5% do total exportado.

Outro integrante do Conselho da Amazônia que aposta na exploração do petróleo é a Guiana, que encontrou vastas reservas de hidrocarbonetos em 2015. Em 2022, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país teve o maior crescimento no mundo: a alta de 57,8% de seu Produto Interno Bruto (PIB) foi amplamente apoiada pelo petróleo.

Ainda na América do Sul, a Argentina optou recentemente por avançar na exploração de Vaca Muerta, uma das maiores reservas de gás natural e petróleo do mundo. O projeto é controverso, inclusive por envolver a técnica de fraturamento hidráulico (fracking), considerada de alto risco para o meio ambiente. Na campanha das eleições presidenciais de 2023, nenhum dos principais candidatos sugeriu medidas que afetassem tal exploração.

Preocupação de ricos?

Um argumento frequente contra os avanços no combate às mudanças climáticas em países menos desenvolvidos é o que essa deveria ser uma responsabilidade das nações mais ricas, já que historicamente foram as que mais emitiram poluentes.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, avalia que medidas como as de Equador e Colômbia podem reduzir a oferta de energia, especialmente num cenário de demanda em alta, aumentando a inflação, o que atingiria com intensidade os mais pobres.

Em 2019, um aumento de preços de combustíveis após o fim de subsídios foi catalisador de uma série de protestos que tomaram o Equador por semanas. Pires argumenta que o desenvolvimento socioeconômico demanda energia e que crescimento é fundamental para maior igualdade. Portanto, em sua concepção, o movimento contra as explorações tenderia a aumentar a pobreza.

De acordo com o pesquisador da Rystad Energy Aditya Ravi, a economia equatoriana depende significativamente das exportações, de cujas receitas o petróleo bruto representa mais de 30%. As perdas com a recente decisão poderão representar quase 1,2% do PIB do país, segundo suas estimativas. Além disso, ele avalia que a decisão terá impacto nos preços ao consumidor.

O diretor da 350.org na América Latina, Ilan Zugman, avalia o plebiscito de 20 de agosto de 2023 no Equador como um excelente exemplo de preocupação popular com as mudanças climáticas, já que efeitos como secas, enchentes ou deslizamentos de terra normalmente atingem em grande maioria justamente essa parcela da população.

Segundo Zugman, os cidadãos estão “exigindo maiores iniciativas de adaptação por parte dos governos locais, para conter um pouco todos esses impactos: “É algo que vem mudando e não está mais restrito somente às classes alta e média.”

A coordenadora de projetos do Instituto ClimaInfo, Carolina Marçal, reconhece que os países do chamado Sul Global, entre eles a Colômbia e o Equador, estão entre os menores emissores de carbono. No entanto: “O ônus e as consequências da crise climática são compartilhados por todos os habitantes do planeta de forma injusta. Então, querendo ou não, todos nós temos o dever de tomar ações e medidas.”

Compensações dos desenvolvidos

Para diminuir as desigualdades causadas pelos diferentes níveis de emissões entre países desenvolvidos e os mais pobres, tem-se sugerido com frequência que os primeiros transfiram recursos aos outros como compensação.

Em 2008, o então presidente do Equador, Rafael Correa, fez uma proposta aos países mais ricos para não explorarem as reservas do Parque Nacional Yasuni em troca de verbas. O projeto não foi adiante, assim como algumas outras iniciativas, uma das quais previa a transferência anual 100 bilhões de dólares dos países mais ricos aos menos desenvolvidos para o combate às mudanças climáticas.

Marçal espera que o exemplo do Equador possa inspirar outras democracias, principalmente nos países ricos, a cumprir suas promessas. Em sua visão, é necessária uma reforma da estrutura financeira global para viabilizar um modelo de desenvolvimento de baixo carbono no Sul Global.

Pires concorda com a visão de que se “há interesse em preservar o meio ambiente, deve haver financiamento” por parte dos países mais ricos. No entanto, ele é cético que estas verbas por si só sejam capazes de gerar desenvolvimento nas nações mais pobres.

Possíveis pressões

Com um governo que preza a imagem externa de proteção ambiental, ambientalistas avaliam que pode haver frustração com o Brasil nessa esfera, especialmente diante das recentes medidas dos vizinhos.

Para assegurar uma liderança nesta posição, Zugman avalia que o país “precisa fazer mais, não basta apenas zerar o desmatamento”: “O Brasil precisa tomar uma decisão firme e buscar realmente reduzir a exploração de petróleo e gás.” Ele não vê a possibilidade de usar a influência que o país tem para liderar uma iniciativa de diálogo com os países mais desenvolvidos e criar um pacto pela redução da queima de combustíveis fósseis.

Em algum momento, o presidente Lula “vai ter que realmente se expor, e escolher de qual lado está, se ele está do lado da Amazônia, dos povos indígenas, do meio ambiente, ou se vai seguir conectado com essa indústria suja do passado”, resume Zugman.

Para Marçal, o plebiscito no Equador “deve servir de inspiração para a população brasileira e especialmente para o governo brasileiro, de que essa é a única decisão compatível com o atual contexto de crise climática”: “Se queremos realmente protagonizar uma política climática a nível global, precisamos deixar o petróleo no chão”, afirma a coordenadora do Instituto ClimaInfo.

O post Futuro do petróleo divide América do Sul cada vez mais apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

PRIVILÉGIOS GESTÃO INEFICIENTE E PREVIDÊNCIA GENEROSA SÃO OS PROBLEMAS ADMINISTRATIVOS DO GOVERNO

História por ALEXA SALOMÃO • Folha de S.Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Privilégios de poucos, gestão ineficiente e a herança de um sistema de Previdência generoso demais. Esses são três importantes fatores que impactam os gastos com servidores no Brasil, segundo diferentes especialistas ouvidos pela reportagem.

A discussão de como resolver esses problemas está na ordem do dia, mas a busca de soluções trouxe de volta um antigo debate, se o Brasil quer um Estado mínimo ou um Estado de bem-estar social.

“A nossa Constituição definiu que o Brasil teria um Estado de direito pleno, com saúde pública, base escolar ampla, da pré-escola ao nível superior, e uma rede de assistência social, e isso sinalizou que haveria um gasto maior”, diz Felipe Drumond, consultor da República.org, entidade dedicada a incentivar o debate sobre servidores.

“Claro que existem distorções que precisam ser combatidas, pois temos supersalários, carreiras com ganhos muito acima do mercado, e muita gente ainda fazendo atividades manuais que já poderiam ter sido digitalizadas. Mas a gente precisa aprofundar a discussão para saber qual é o melhor caminho.”

O gasto com salário de servidores, considerando União, estados e municípios, por exemplo, está na média global, mostram dados do FMI (Fundo Monetário Nacional).

No Brasil, o salário pago no setor público equivale a 8,9% do PIB (Produto Interno Bruto). É menor que a média na Finlândia (10%) e na China (9,8%), mais que o Peru (6,2%) e o Chile (6,8%), mas praticamente igual a Espanha e Áustria (ambos com 9%).

Os gastos no país estão acima dos de economias que integram o G20 –o bloco dos países mais ricos–, como França (8%), Reino Unido (7,3%) e Alemanha (5,9%). Os custos com a folha, no entanto, vão distanciando o Brasil da média internacional quando se olha as carreiras no detalhe.

A diferença salarial entre público e privado, chamada de prêmio, é um indicador das distorções que oneram o Estado, afirma Samuel Pessôa, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Ele cita o paralelo feito por um estudo do Banco Mundial, “Um Ajuste Justo”. O documento mostra que os prêmios são muito baixos e praticamente não existem nos municípios onde se concentra a demanda por serviços à população –educação, saúde e assistência social, e chega a faltar gente.

Nos estados, já aparecem prêmios maiores para algumas funções. Na média, se paga 30% mais, diz o estudo. A União, por sua vez, concentra os desequilíbrios.

Profissionais de direito têm prêmio de 80% e especialistas em gestão pública chegam a receber mais de 100%, segundo levantamento que detalha as diferenças por atividades, feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Em 2022, no entanto, olhando a série histórica, o gasto com funcionalismo no governo federal havia alcançado 3,4% do PIB, o menor patamar desde 2008.

“Esse fato, na minha opinião, justifica a política mais dura contra salários feita durante o governo [Jair] Bolsonaro”, diz Pessôa, avisando que considera a sua fala polêmica.

“No final do ano passado, eu escrevi uma coluna dizendo que a herança econômica do Paulo Guedes não era maldita, porque ele entregava as finanças públicas mais arrumadas. Como Bolsonaro é uma figura difícil de adjetivar, o texto irritou muita gente, mas, se olharmos os números com frieza, foi o que ocorreu.”

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discorda. O próprio Guedes conta ter feito uma reforma silenciosa, lembra José Celso Cardoso Jr., secretário de Gestão de Pessoal, do Ministério da Gestão e da Inovação.

“Na verdade, ele [Guedes] promoveu arrocho de salários, paralisou concursos e contratações, deixando que as aposentadorias fossem esvaziando e sucateando inúmeras áreas”, afirma Cardoso.

“É o pior tipo de reforma possível, baseada no envelhecimento, na aposentadoria dos servidores e na corrosão inflacionária de seus salários.”

O governo mudou, mas as discordâncias persistem. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), voltou a falar em tirar da gaveta a reforma administrativa de Guedes, argumentando que é preciso rever privilégios do funcionalismo, conter gastos e melhorar o atendimento à população.

A proposta é colocar em votação a PEC (proposta de emenda à Constituição) 32. O texto flexibiliza contratação e estabilidade, além de remodelar a progressão nas carreiras.

A gestão Lula considera o texto uma punição aos servidores. Defende mudanças gradativas, por meio de portarias, decretos ou projetos de leis, que vão buscar a melhora na seleção de pessoal, via concursos, a realocação dentro da máquina pública e o aprimoramento das carreiras.

Carlos Ari Sundfeld, professor titular da FGV Direito SP, que estuda a reforma administrativa, sugere cautela nessa discussão.

Ele lembra que a administração pública não suporta colocar todo mundo no regime efetivo dentro do Orçamento limitado. Os governos, justamente na tentativa de buscar saídas para obter mais eficiência e gastos menores, já tornaram o regime de trabalho muito diversificado –e cita exemplos.

As prefeituras e empresas estatais fazem terceirização de mão de obra para saúde, educação, segurança e assistência social, o que tem custos menores e também reduz o uso da burocracia pública. A OS (organização social) se tornou constante no atendimento à saúde.

Há também presença forte de temporários, que têm um regime mais simples, rápido e barato de admissão e gestão.

A administração pública ainda adotou o residente na área jurídica. É um sistema similar ao usado com médicos. Ele substitui o concurso público para novos advogados, cuja remuneração é mais alta e cresce muito depressa após o ingresso.

Nesse contexto, Sundfeld considera inadequado dizer que o Estado gasta demais.

“Há um teto para gastar com pessoal, o pacto do Brasil nessa área está na Lei de Responsabilidade Fiscal, e eu desconheço algum esforço de cálculo que mostre que o limite é alto e gastamos demais”, afirma ele.

“No entanto, é verdade que precisamos rever certos segmentos, como o jurídico –juiz, promotor, advogado, defensor–, que ganham valores extraordinariamente acima da iniciativa privada por funções equivalentes. Você pode dizer que não existe juiz na iniciativa privada, mas tem profissional jurídico de alto nível, como os juízes, então, podemos comparar. Nesse caso, daria para distribuir melhor os recursos.”

Segundo levantamento da República.org, uma das poucas comparações internacionais sobre essa atividade foi realizada em 2016 pelo FMI. O levantamento mostrou que a distorção local extrapola fronteiras. Comparando as despesas com os judiciários de 42 países, a do Brasil era a maior, com 1,4% do PIB.

Quase 90% do seu orçamento é representado por gastos com salários, vencimentos e subsídios, incluindo benefícios como auxílios-moradia e creche, apesar dos altos salários.

No último ano, segundo a República.org, os magistrados receberam em média R$ 55,6 mil, quando o teto constitucional, estabelecido pelo rendimento máximo de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), era de R$ 39,3 mil. Em abril, o valor subiu R$ R$ 41,6 mil.

Procurada pela reportagem para comentar a questão, a AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) não se manifestou até a publicação deste texto.

O auge das distorções, no entanto, ocorre quando se inclui os inativos na conta. O gasto com servidor sobe, então, para 13,5% do PIB.

A demora em fazer as reformas previdenciárias ainda vai pesar por muitos anos. Um passivo enorme está entrando só agora, afirma o economista Paulo Tafner, que atuou para mudar as leis previdenciárias.

O rombo na União com Previdência de civis e militares já está perto de R$ 95 bilhões por ano. Nos estados, passa de R$ 110 bilhões.

“Na prática, o gasto com pessoal é uma combinação de ativos com inativos, e se olhar vai ver que em muitos estados os gastos com inativos já superam os com ativos”, diz Tafner.

“Está acontecendo o que eu falava 20 anos atrás: o peso dos inativos vai bloquear o aumento de salário com ativos, pois ainda tem muita gente trabalhando que vai se aposentar pelas regras antigas, antes da reforma de 1998. Eles têm integralidade de vencimentos. Começo a temer que vamos precisar de uma nova reforma mais cedo do que imaginava.”

 

ECOLOGICAMENTE COMO DEVEMOS IR APÓS A MORTE

 

História por Becca Warner – BBC Future 

Qual é a forma mais ecológica de morrer?© Getty Images

As práticas funerárias comuns no mundo todo deixam uma pegada de carbono significativa. No texto abaixo, Becca Warner explora como ela poderia planejar um sepultamento mais ecologicamente correto para si mesma.

Não são muitos de nós que gostam de falar sobre a morte. É sombrio, triste e propenso a nos jogar em uma espiral existencial.

Mas a verdade desconfortável é que, como alguém que se preocupa com o meio ambiente, percebi que precisava parar de ignorar a realidade dela. Quando partimos, nossos corpos precisam de um lugar para ir – e as formas como normalmente cremamos ou enterramos corpos no Ocidente têm um custo ambiental assustador.

A maioria das pessoas no Reino Unido (de onde venho) é cremada quando morre, e queimar corpos não é bom para o planeta. As estatísticas são leituras que nos fazem torcer o nariz.

Uma cremação típica no Reino Unido é alimentada a gás e estima-se que produza 126 kg de emissões CO2e (‘CO2 equivalente’, métrica usada para quantificar as emissões de vários gases de efeito estufa com base em sua capacidade de aquecer a atmosfera)- aproximadamente o mesmo que dirigir por mais de cinco horas.

Nos Estados Unidos, a média é ainda maior, em 208 kg de CO2 equivalente.

Talvez não seja a atividade mais intensiva em carbono que faremos em nossas vidas – mas quando a maioria das pessoas em muitos países opta por se desvanecer no ar quando morre, essas emissões aumentam rapidamente.

Enterrar um corpo não é muito melhor. Em alguns países, a sepultura é revestida com concreto, um material intensivo em carbono, e o corpo é colocado em um caixão de madeira ou aço, que consome muitos recursos.

Fluidos de embalsamamento altamente tóxicos, como o formaldeído, frequentemente são usados, e eles infiltram no solo junto com metais pesados que prejudicam ecossistemas e poluem o lençol freático.

E só o caixão pode ser responsável por até 46 kg de CO2 equivalente, dependendo da combinação de materiais utilizados.

Eu passo meus dias tentando impactar o planeta o mínimo possível – reciclando caixas de cereal, pegando o ônibus, escolhendo tofu em vez de carne. A ideia de que minha morte exigirá um último ato venenoso é difícil de aceitar.

Estou determinada a encontrar uma opção mais sustentável.

Em enterros tradicionais, as sepulturas são revestidas com concreto, um material intensivo em carbono, e os corpos são embalsamados em fluidos tóxicos que podem infiltrar-se no solo© Getty Images

Meu primeiro ponto de referência é o Natural Death Centre, uma organização beneficente sediada no Reino Unido.

Pego o telefone e fico contente em encontrar Rosie Inman-Cook do outro lado da linha – uma pessoa comunicativa e direta que é rápida em me alertar sobre a falta de confiabilidade de muitas práticas alternativas de cuidados com a morte.

“Sempre há empresas aproveitando a onda, vendo uma mina de dinheiro, inventando coisas. Há muitos produtores de caixões e pacotes funerários que vão te vender algo ‘ecológico’ e plantar uma árvore. Você tem que ter cuidado.”

O aviso dela me faz lembrar de algumas “urnas ecológicas” sobre as quais li.

Algumas são biodegradáveis, de modo que as cinzas enterradas podem se misturar com o solo e crescer em uma árvore; outras misturam cinzas com cimento para que possam fazer parte de um recife de coral artificial.

Essas opções oferecem uma espécie de novidade ecológica: o que seria um fim mais adequado para um amante do oceano do que repousar entre os recifes ou para um fanático por florestas se “transformar” em uma árvore após a morte?

O único problema é que, por mais sustentável que seja a urna, as cinzas depositadas nela são produto de uma cremação intensiva em carbono.

Então, posso evitar que meu corpo se torne uma nuvem negra de fumaça?

A área de atuação de Inman-Cook são os enterros naturais. Isso envolve enterrar um corpo sem quaisquer barreiras para a decomposição – sem fluidos de embalsamamento, sem revestimentos de plástico ou caixões de metal.

Tudo isso significa zero emissões de CO2, de acordo com uma análise recente realizada pela empresa britânica de certificação de sustentabilidade Planet Mark.

O corpo é enterrado em uma cova relativamente rasa, que pode ser o jardim de alguém ou, mais frequentemente, um local de enterro natural.

Alguns locais de enterro natural permitem que as sepulturas sejam marcadas com pedras ou outros marcadores simples; outros são mais rigorosos e não permitem nenhuma marcação.

Tratam-se de bosques ou outros lugares ricos em vida selvagem, frequentemente gerenciados de maneira a apoiar ativamente a conservação.

“É [sobre] criar espaços verdes para a vida selvagem, lugares agradáveis para as pessoas visitarem, plantar novas florestas ao mesmo tempo – e é um legado positivo”, diz Inman-Cook.

Mas e quanto aos materiais nem tão naturais que entram no corpo humano – produtos farmacêuticos, microplásticos, metais pesados? Certamente eles não pertencem ao solo. Uma solução pode vir na forma de um caixão feito de fungos.

Loop Living Cocoon alega ser o primeiro caixão vivo do mundo. É feito de micélio de cogumelo de uma espécie nativa e não invasiva, que também é usada para criar painéis isolantes, embalagens e móveis. Falei com seu inventor, Bob Hendrikx.

“O melhor que podemos fazer é morrer na floresta e simplesmente ficar lá”, diz ele. “Mas um dos problemas que enfrentamos é a degradação do solo – a qualidade do solo está ficando cada vez pior, especialmente nos locais de enterro, porque há muita poluição lá. O corpo humano também está ficando mais poluente.” Microplásticos, por exemplo, agora foram encontrados no sangue humano.

Caso contrário, essas substâncias podem se infiltrar no lençol freático. Algumas espécies de fungos foram encontradas decompondo microplásticos, e pesquisas futuras podem descobrir maneiras de aproveitar isso para enterros humanos.

Mas com base nas pesquisas atuais, o impacto real dos caixões de cogumelos de hoje é difícil de saber. Pergunto a Rima Trofimovaite, autora do relatório da Planet Mark, quais são os prováveis benefícios de um caixão de cogumelos.

Ela diz que há dados limitados sobre se os corpos humanos poluem o solo após um enterro natural em uma cova rasa.

Mas, segundo ela, é provável que a maioria dos poluentes seja “eliminada no nível adequado com os organismos certos” quando enterrados apenas alguns metros abaixo do solo, sem a necessidade de fungos adicionais.

“Na minha opinião, essa alternativa continua tendo importância. Reconhecemos que o enterro natural é a opção de menor emissão, porém, nem todos se sentem confortáveis sendo envolvidos por um sudário de algodão. Alguns indivíduos podem inclinar-se a favor de um caixão de cogumelos devido à sua forma distintiva.”

No entanto, por mais ecologicamente sustentável que seja um enterro natural – com ou sem fungos – a terra continua sendo preciosa.

Especialmente nas cidades, o espaço verde para enterros naturais em bosques é escasso. Foi isso que levou a jovem estudante de arquitetura Katrina Spade a investigar o que poderia ser feito para tornar os enterros nas cidades menos desperdiçadores.

Sua solução é lógica: compostar o corpo em um recipiente de aço hexagonal, reduzindo-o a um solo rico em nutrientes que a família pode colocar em seu jardim.

Spade lançou a Recompose, a primeira instalação de compostagem humana do mundo, em Seattle, em 2020. O estado de Washington foi o primeiro nos EUA a legalizar a compostagem humana no mesmo ano, e a prática agora é legal em sete estados americanos. Outras instalações de compostagem humana surgiram no Colorado e em Washington.

Até agora, a Recompose já compostou cerca de 300 corpos. O processo ocorre ao longo de cinco a sete semanas. Deitado em seu recipiente especializado, o corpo é cercado por lascas de madeira, alfafa e palha. O ar é cuidadosamente monitorado e controlado, para criar um ambiente confortável para os micróbios que aceleram a decomposição do corpo.

Os restos mortais são eventualmente retirados, transformados em cerca de duas carriolas de composto. Os ossos e dentes – que não se decompõem – são removidos, decompostos mecanicamente e adicionados ao composto.

Qualquer implante, marca-passo ou articulação artificial é reciclado sempre que possível, diz Spade.

Sem a necessidade de queima intensiva de energia, a compostagem humana tem uma pegada de carbono muito menor do que a cremação.

Em uma avaliação do ciclo de vida conduzida pela Universidade de Leiden e pela Universidade de Tecnologia de Delft, usando dados fornecidos pela Recompose, o impacto climático de compostar um corpo foi encontrado como uma fração da cremação: 28 kg de CO2e em comparação com 208 kg de CO2e nos EUA.

Quando pergunto a Spade sobre a produção de metano – um gás de efeito estufa particularmente prejudicial que é liberado quando a matéria orgânica apodrece – ela explica que os recipientes são arejados para garantir que haja oxigênio suficiente. Isso evita o processo anaeróbico que causa a decomposição, diz ela.

Transformar um corpo humano em solo também nos lembra que “não estamos adjacentes à natureza, somos parte da natureza”, diz Spade. Essa mudança em nosso relacionamento com o mundo natural é um benefício ambiental difícil de quantificar, mas é “crítico para a situação do planeta”, diz ela.

Transformar um corpo humano em solo nos lembra que “não estamos à margem da natureza, somos parte da natureza”, diz Katrina Spade, fundadora da Recompose© Getty Images

Será que qualquer pessoa pode ser compostada? Faço essa pergunta a Spade porque quero saber se eu “me qualificaria” para ter o mesmo destino que a casca de uma banana.

A resposta é, de forma geral, sim – mas não se eu tiver morrido de Ebola, uma doença priônica (um tipo raro de doença cerebral transmissível) ou tuberculose, já que esses patógenos não foram demonstrados como sendo decompostos pela compostagem, diz Spade.

Enquanto ela descreve o processo, me ocorre que roupas provavelmente não seriam bem-vindas no recipiente de compostagem. Em vez disso, os restos são envoltos em linho, e as famílias que optam por realizar uma cerimônia podem cobri-los com lascas de madeira orgânica, palha, flores e até cartas de amor trituradas.

“Em um caso, uma família trouxe pimentões vermelhos e cebolas roxas que acabaram de amadurecer no jardim de seu ente querido – foi tão bonito”, lembra Spade. O corpo entra em um “recipiente de transição”, onde a equipe da Recompose assume.

Eles retiram o envoltório de linho, mas não as flores e vegetais. Secretamente, espero que minha família realmente faça isso. Imagino cestas de pinhas, montes de cogumelos, talvez algumas das minhas amadas plantas de casa.

Tudo isso está parecendo muito natural – mas há outra opção de baixo carbono que gira em torno de um elemento diferente: a água.

A “cremação aquática” (também conhecida como “aquamação”, “hidrólise alcalina” ou “resomação”) é uma alternativa à cremação tradicional e foi o método escolhido pelo Arcebispo Desmond Tutu, que ajudou a acabar com o apartheid na África do Sul.

É um processo completamente mais suave e limpo do que a cremação, produzindo apenas 20 kg de CO2e.

“Isso é uma grande diferença”, diz Trofimovaite. “Você reduz enormemente as emissões com a resomação em comparação com a cremação por chama.”

Aproximadamente 1.500 litros de água são misturados com hidróxido de potássio e aquecidos a 150°C. Em apenas quatro horas, o corpo humano é reduzido a um líquido estéril.

Mais de 20.000 pessoas foram cremadas aquaticamente nos últimos 12 anos, principalmente nos EUA.

A maior provedora de funerais do Reino Unido, a Co-op Funeralcare, recentemente anunciou que introduzirá essa prática ainda este ano.

A rapidez da cremação aquática a torna uma ótima opção econômica. A Co-op prevê que o custo seja comparável ao da cremação por chama – cerca de £1.200 (R$7.375) com suporte básico, mas sem serviço funerário.

Os enterros naturais podem ter um preço semelhante, mas os custos geralmente são muito mais altos, dependendo do local de sepultamento individual.

A compostagem é muito mais cara, custando $7.000 (R$ 34.160) – um pouco mais do que o enterro padrão médio no Reino Unido, que custa £4.794 (R$29.790).

Falo com Sandy Sullivan, fundador da Resomation – uma empresa que vende equipamentos de cremação aquática para funerárias em toda a América do Norte, Irlanda e Reino Unido (e planeja fazer o mesmo na Holanda, Nova Zelândia e Austrália no próximo ano).

Ele é paciente quando digo que estou imaginando o processo como um tipo de derretimento e que não tenho certeza de como me sinto em relação a isso.

“Isso é o que você obtém no final”, diz ele, segurando um grande saco transparente cheio de um pó branco brilhante. “Isso é farinha, aliás”, ele acrescenta rapidamente.

O ponto é que o produto final é seco, semelhante a cinzas. A farinha é uma representação do que é devolvido à família e consiste apenas nos ossos, que foram triturados mecanicamente (como ocorre após a cremação por chama).

O tecido mole do corpo se desintegra na água e desaparece pelos canos até a estação de tratamento de água.

As cremações à chama estão entre os ritos funerários com maior intensidade de carbono© Getty Images

O saco de farinha de Sullivan representa a lembrança física que é tão importante para muitas famílias. Isso demonstra o que Julie Rugg, diretora do Grupo de Pesquisa de Cemitérios da Universidade de York, no Reino Unido, diz ser central para grande parte do nosso pensamento sobre práticas funerárias.

“Diante da morte, buscamos consolação. E tem sido muito interessante ver como houve um conflito, em alguns casos, entre o que é sustentável e o que as pessoas encontram como consolo”, diz ela. Sacos de cinzas de ossos e composto ajudam a superar isso oferecendo algo tangível, uma âncora para nossa tristeza.

Conforme considero as várias opções que aprendi – derretimento, compostagem, micélio – meus pensamentos retornam à minha primeira conversa com Inman-Cook.

Estou impressionado com a simplicidade do enterro natural, a ausência de qualquer badalo, assobio, recipiente ou câmara. Fico contente em saber que, com base em tudo o que aprendeu durante sua análise científica, Trofimovaite chegou à mesma conclusão.

“Eu tentaria torná-lo o mais natural possível”, ela me diz. “Os enterros naturais são os mais atraentes.” Mas um enterro natural sem marcação é um exemplo perfeito do conflito identificado por Rugg.

“Alguém diz que adora a ideia de ser enterrado em um belo prado, mas não pode colocar nada sobre o túmulo”, diz ela. Rugg descreve o “jardinagem guerrilheira” ocorrendo em um local de enterro natural, por um membro da família determinado a marcar secretamente o túmulo de seu ente querido com trevos distintos.

“O que precisamos alcançar é um sistema que nos permita sentir que nossa perda é especial. Precisamos pensar sobre a sustentabilidade em uma escala que ainda ofereça consolo.”

A resposta, parece-me, poderia estar em reimaginar o que “especial” pode significar. Como diz Rugg, em um jardim memorial típico “você não consegue se mexer por causa de placas por todos os lados. Resistimos ao desaparecimento dos mortos e, na verdade, achamos isso menos consolador do que podemos pensar.”

Saio da conversa com um claro entendimento de que, supondo que eu tenha evitado desaparecer em uma nuvem de fumaça, uma das coisas mais úteis que posso fazer é recusar a reivindicação de qualquer parcela de terra em particular.

Espero que minha família possa encontrar consolo na ideia de que eu ficaria mais feliz me tornando parte de uma paisagem. Por que ser apenas uma árvore quando posso me tornar uma floresta?

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