quinta-feira, 29 de junho de 2023

CHÁVES FECHOU UM CANAL DE TV NA VENEZUELA PELO MESMO MOTIVO QUE QUEREM FECHAR A JOVEM PAN

Censura

Por
Omar Godoy – Gazeta do Povo


O ditador venezuelano Hugo Chávez em dezembro de 2006, quando anunciou que o Estado não renovaria a concessão da emissora oposicionista RCTV.| Foto: EFE / Daniel Galli-Miraflores


Neste momento em que a liberdade de expressão está ameaçada no Brasil, muita gente nas redes sociais resgatou um fato recente da história sul-americana: o fechamento do canal de televisão venezuelano RCTV, em 2007, pelo ditador Hugo Chávez (1954-2013).

Uma das mais antigas emissoras do continente, a Radio Caracas Televisión foi fundada em 1953 e ficou conhecida no mundo todo pela popularidade de suas novelas. A partir de 1999, quando Chávez chegou ao poder, o canal de maior audiência da Venezuela adotou um posicionamento crítico com relação ao regime, que se intensificou nos anos seguintes até ganhar ares de oposição assumida.

O “começo do fim” da RCTV, no entanto, aconteceu em 2002, quando a empresa foi acusada, com outras duas tevês comerciais, de participar de uma tentativa fracassada de tirar o ditador do comando do país (a insurreição militar durou menos de três dias e acabou fortalecendo o chavismo).

Enquanto as demais emissoras foram suavizando seus noticiários em direção à neutralidade, a Radio Caracas Televisión se manteve firme no questionamento às arbitrariedades cometidas pelo governo. A reação oficial veio no final de 2006, quando o próprio Hugo Chávez, em um de seus discursos públicos intermináveis, anunciou que o Estado não renovaria a licença de transmissão da emissora (classificada por ele como “golpista”). “A concessão vai acabar porque a Venezuela deve ser respeitada”, disse na ocasião.

A decisão foi duramente condenada pela comunidade internacional, e diversas organizações voltadas para a defesa dos direitos humanos emitiram comunicados expressando repúdio e preocupação. O Senado brasileiro também publicou uma nota lamentando a situação – respondida em tom de deboche pelo ditador, que chamou nossos parlamentares de “papagaios de Washington”.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato, fez questão de passar pano (quando essa expressão ainda nem existia) para Chávez. Sim, o petista considerou o ato “democrático” e, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, declarou: “Eu acho que não dá para ideologizar essa questão da televisão. O mesmo Estado que dá uma concessão é o Estado que pode não dar a concessão”.

A RCTV encerrou suas transmissões na TV aberta em 27 de maio de 2007. Nos dias seguintes, estudantes de diferentes cidades venezuelanas saíram às ruas para protestar e sofreram dura repressão das forças de segurança. Também há registros de confrontos violentos entre os jovens e milicianos chavistas. Várias pessoas ficaram feridas e pelo menos quatro foram baleadas.

Hugo Chávez considerou os manifestantes “vítimas da manipulação sem escrúpulos da oligarquia”. E ordenou a expropriação de equipamentos da emissora, que passaram a ser utilizados em um novo canal estatal, o TVes, exibido na mesma frequência dos “golpistas” sufocados.

Depois de retomar suas atividades no sistema de cabo, a Radio Caracas Televisión teve novamente seu sinal suspenso em 2010, por desrespeitar a legislação venezuelana – que inclui, entre outras regras, a obrigatoriedade da veiculação de mensagens governamentais e um limite na apresentação de comerciais. Desde então, a empresa segue apenas como produtora de conteúdo, vendendo programas para canais internacionais e plataformas de streaming.

Exemplo próximo e emblemático do controle estatal sobre a mídia, o fechamento da RCTV também foi relembrado no Brasil em 2019, quando a tensão entre Jair Bolsonaro e a Rede Globo chegou ao seu grau máximo. Na época, veículos de comunicação como a Folha de S. Paulo e a BBC compararam o ex-presidente a Hugo Chávez e o acusaram de ameaçar a emissora carioca com o cancelamento de sua concessão. Agora, com a Jovem Pan sob risco de censura, não foram registradas manifestações semelhantes em relação ao Ministério Público Federal de São Paulo.

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PUTIN FICOU ENFRAQUECIDO COM O MOTIM DO GRUPO WAGNER

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.| Foto: Reprodução/Telegram/Yevgeny Prigozhin

A insurreição de Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo mercenário Wagner, não precisou derrubar o autocrata Vladimir Putin para fazer dele o grande derrotado do inesperado evento que chacoalhou o mundo no último fim de semana. As perguntas sem resposta ainda são inúmeras – o que é típico em regimes como o russo –, mas é evidente que a imagem de Putin e da máquina de guerra russa foi abalada a ponto de analistas internacionais terem começado a se perguntar se não estaríamos testemunhando o início do fim da era Putin, mesmo que esse fim ainda leve muito tempo para se concretizar.

Prigozhin, cujos mercenários são parte importante do efetivo russo que atua no ataque à Ucrânia, participando de algumas das campanhas mais sangrentas da invasão, já vinha se desentendendo com os chefes militares russos havia muitos meses, criticando desde estratégias consideradas equivocadas até a pura e simples falta de suprimentos para seus homens. Mas a movimentação de sexta-feira e sábado mostrou que havia muito mais que meras divergências entre o chefe do Wagner e as autoridades russas. Putin anunciou a intenção de incorporar os homens do Wagner ao exército russo, ao que Prigozhin resistira; nos últimos dias, a situação se deteriorou com velocidade impressionante. O chefe mercenário acusou os russos de atacarem um acampamento do Wagner e respondeu ocupando, sem dar um tiro, a cidade de Rostov-do-Don, sendo recebido como herói pelos moradores. Na sequência, dirigiu-se para Moscou, parando a apenas 200 quilômetros da capital russa. Oficialmente, Putin e Prigozhin teriam se acertado, com a mediação do ditador da Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin. O chefe do Wagner foi exilado para a Belarus e o futuro dos soldados do Wagner ainda é incerto.

Talvez não haja outra chance como esta para que os ucranianos retomem a totalidade de seu território antes que os russos resolvam suas diferenças internas ou antes que Putin resolva se tornar ainda mais agressivo

Putin não caiu – e Prigozhin chegou a dizer que este nem era o objetivo, no fim das contas –, mas sua imagem de homem forte, larger than life na expressão inglesa, está arranhada. O autocrata que foi à televisão no sábado chamar de “traidor” o líder mercenário acabou tendo de ver sua antiga criatura, agora antagonista, escapar viva e sem maiores punições que não um exílio – algo que não costuma ser o destino costumeiro de quem desagrada Putin. Além disso, o motim demonstrou que Putin não só foi incapaz de prever e conter a insurreição, como também precisou recorrer à ajuda do ditador vizinho de um país menor, quando o normal seria que o autocrata da superpotência viesse em auxílio do parceiro em suas dificuldades. Os russos passaram a respeitar Prigozhin porque, ao contrário de comandantes militares confortavelmente instalados em escritórios longe do front, ele estava junto de seus homens na Ucrânia; assim, ao criticar a invasão russa e suas motivações, o chefe do Wagner ainda conseguiu abalar a máquina de propaganda interna que pretendia unir o país em torno da “operação especial militar” montada sob a alegação de “desnazificar” a Ucrânia.

Este é um gênio que não volta para dentro da garrafa. Ainda que, mais cedo ou mais tarde, Prigozhin acabe vítima da tradicional xícara de chá radioativo enquanto vive na Belarus, o estrago feito na campanha russa na Ucrânia não tem retorno. Sem o Wagner, a necessidade de ampliar o recrutamento, que já existia, será intensificada, desagradando partes da sociedade russa – e há um limite para a quantidade de tropas que podem ser mobilizadas sem uma declaração formal de guerra, o que por sua vez apenas pioraria a situação russa diante da comunidade internacional. E, mesmo que os mercenários retornem a seus postos na Ucrânia, eles e as tropas regulares russas já se perguntam pelo que, afinal, estão lutando – isso se estar do lado certo em uma disputa interna de poder não acabar se tornando uma preocupação ainda maior que conquistar território ucraniano.

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Para a Ucrânia e seus aliados, que receberam de presente essa enorme fissura no poderio de guerra russo, é a hora de aproveitar a oportunidade e intensificar a contraofensiva que já apresentou resultados, mas um pouco aquém do esperado. As promessas de ajuda feitas pelo ocidente a Volodymyr Zelensky durante a cúpula do G7, no Japão, em maio, têm de se concretizar rapidamente. Talvez não haja outra chance como esta para que os ucranianos retomem a totalidade de seu território antes que os russos resolvam suas diferenças internas ou antes que Putin resolva se tornar ainda mais agressivo, com demonstrações de força que também miram as eleições de 2024, nas quais a vitória era certa até que a revolta de Prigozhin abalasse sua imagem.


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PRECISAMOS DA RÚSSIA PARA O NOSSO COMÉRCIO E NÃO IMPORTANDO IDEOLOGIA

Por
Luiz Philippe Orleans e Bragança


| Foto: EFE

Sim, e muito, só que não pelas razões que você imagina. O conselho mais importante da ONU é o Conselho de Segurança, do qual somente cinco países fazem parte de forma permanente: EUA, França, Inglaterra, China e – você adivinhou – Rússia.  Esse conselho delibera sobre temas de segurança internacional e pode impor suas decisões a todos os países-membros.  É o único conselho da ONU com tal poder e por isso é necessário voto unânime dos membros permanentes para ter efeito. Basta um voto contrário e a ONU não pode intervir militarmente ou impor sanções e embargos de todos os países membros contra qualquer outro. É na análise do voto de cada um deles que se pode determinar quem pode nos ajudar e quem pode nos prejudicar. Vamos a ela.  

O Conselho e seus membros – EUA, Inglaterra e França têm rivalidades econômicas e geopolíticas com o Brasil: nosso agronegócio rivaliza com o agronegócio dos EUA e Europa; nossa indústria, se reativada, pode incomodar; e caso o Brasil resolva ativar suas indústria e forças de defesa, EUA e Europa ficarão muito preocupados. Essas são algumas das razões pelas quais nossa indústria de defesa sofre embargos silenciosos de várias formas.  Por isso também pecamos em não ter uma política de defesa nacional efetiva para combater possíveis ataques e retaliações. Caso o Conselho delibere qualquer tema contra o Brasil no quesito de segurança, o voto desses três países já estará definido.  

A China tem interesses de controle econômico do Brasil, mas diferentemente dos EUA, França e Inglaterra, tem menos rivalidades conosco: não somos um desafio para ao poderio industrial chinês, ao contrário, dependemos de produtos industrializados de lá; nosso agro é complementar, e não rival, às necessidades de alimentação da China; e geopoliticamente não temos fronteira terrestre ou marítima com a China capaz de bloquear suas relações com outros países na região. Entretanto, na eventualidade de o Brasil se tornar soberano, com política própria, e surgir um voto no Conselho de Segurança desfavorável ao Brasil, a China será pragmática: se as resistências políticas de seus interesses econômicos no Brasil forem enfraquecidas, ela votará contra, junto com o primeiro grupo.

Nosso agronegócio rivaliza com o agronegócio dos EUA e Europa; nossa indústria, se reativada, pode incomodar

É aí que entra Rússia – A Rússia por si só não tem interesses nem rivalidades com o Brasil, e essa relação neutra é fundamental no que concerne ao Conselho de Segurança. Para nós, a Rússia é apenas mais um parceiro comercial e vice-versa.  Mas o Brasil pode ter um papel fundamental para a Rússia no sentido de quebrar a hegemonia que EUA e Europa exercem sobre a América Latina e África. Não que a Rússia queira assumir o papel de poder hegemônico nessas regiões, pois a China já ocupou esse espaço, mas para barganhar contra movimentações territoriais e embargos que EUA e Europa impõem sobre a Rússia há vários anos. A troca de apoio em áreas em que o Brasil é fraco, e deveria desenvolver, é um efetivo e a Rússia sabe disso. O Brasil ganha apoio necessário para dar um passo para se estabelecer e garantir sua soberania – lembrando que o país está dentro da esfera de hegemonia dos EUA e Europa e sofre de forma direta e indireta a influência desses blocos.    

Situação da Ucrânia – Considerando o exposto acima, imagine três cenários possíveis do conflito na Ucrânia: 1- Putin cai, abrindo espaço para mais um ditador, só que este mais alinhado à Europa; 2- Putin cai, e a China passa a ser quem define toda a política externa da Rússia; 3- Putin fica, mas perde poder político e se torna um títere, sucumbindo aos interesses dos chineses e do Ocidente (muito parecido com o que o Brasil é hoje). Quais desses cenários são bons para o Brasil?  Nenhum. Na verdade, todos esses cenários são péssimos para o Brasil.  

Essa última afirmação é difícil para muitos entenderem, muito menos aceitarem, mas se existe um país neutro com força para se contrapor aos países que tenham interesses ou rivalidades com o Brasil, esse país é a Rússia. Por isso não interessa ao Brasil ver a Rússia se esfacelar ou sucumbir a outros poderes hegemônicos.

Muitos condenam a Rússia por nunca ter sido uma democracia, mas sempre um tipo de autocracia: por parte dos imperadores russos, dos ditadores comunistas ou atualmente de Putin e seus oligarcas. Outros adoram a Rússia pelos motivos opostos: por adorarem modelos autocráticos, fundados numa versão torta da história russa que define como positiva a revolução comunista em 1917 ou por combaterem o “imperialismo” norte-americano. 

Mais recentemente, com a guerra da Ucrânia, surgiu uma torcida que condena a invasão e outra que defende os intentos russos.  Só que ambos os grupos tecem um futuro do que pode ou deve acontecer baseado nesse evento isolado, sob o prisma limitado do conflito daquela região. Nesse ponto, o posicionamento do Brasil do governo passado era adequado: condena a invasão da Ucrânia, mas não quer entrar no bloco de países que praticam retaliações contra a Rússia. Esse posicionamento significa que o Brasil não é contra o governo da Rússia, mas contra as decisões que esse governo tem tomado. E também significa que o Brasil não é contra a nação russa – ou Estado russo – pois as sanções afetam a sua população assim como a nossa.   

O Brasil pode ter um papel fundamental para a Rússia no sentido de quebrar a hegemonia que EUA e Europa exercem sobre a América Latina e África

No governo atual parece que esse pragmatismo saiu de cena. O alinhamento político e ideológico entre governos da mesma cepa autocrática é mais importante que os interesses de Estado. Ou seja, as perdas que podem decorrer ao Brasil e ao povo brasileiro são secundárias aos interesses políticos do atual governo de fazer bonito com os outros governos “amigos”. Grande erro.

Temos que examinar os eventos internacionais a partir dos interesses do Brasil e passar a ter uma visão mais pragmática e realista de como esses conflitos podem afetar nossas políticas e relacionamentos de forma direta e indireta.  Se olharmos todo relacionamento externo dessa forma mais acurada, o Brasil não deveria nunca se vincular a qualquer governo, mas buscaria sempre acordos que possam perdurar entre os Estados.

Por isso, como país, não devemos defender o que qualquer governo faz ou deixa de fazer; temos de pensar nos interesses do Brasil como Estado e nação e agir a partir disso. A opinião pública tem de ser sempre livre, mas as instituições que representam o Brasil de forma permanente têm de zelar pelo interesse nacional atemporal – mesmo que a opinião pública e o governo pensem diferente.  

É difícil desvincular o Estado de seu governo? Às vezes, sim, sobretudo quando se lida com autocracias. Mas no jogo complexo das relações exteriores essa distinção é fundamental. E é sob esse aspecto que nosso país perde se a Rússia deixar de ser um país soberano.

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NÚMEROS DO CENSO INDICAM BAIXO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E MUNICÍPIOS PERDENDO HABITANTES

População

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


A população do país chegou a 203,1 milhões em 2022, com aumento de 6,5% frente ao censo demográfico anterior, realizado em 2010.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Não é uma boa notícia… é boa, mas não é boa, como diria a ex-presidente Dilma: nossa população não cresceu como esperávamos. Somos 203 milhões de brasileiros, e não 215 milhões. O IBGE chegou a projetar que a população havia subido para 213 milhões, mas constataram outra coisa no Censo. Mesmo considerando que 4% das residências não atenderam, projetou-se um número de moradores, e chegaram a pouco mais de 203 milhões de habitantes.

A notícia boa é que, na última década, crescemos 0,5% ao ano, enquanto na década anterior crescíamos o dobro disso, e lá atrás crescíamos 2%, 3%. Quando eu nasci, nós éramos um quinto, 20% do que somos hoje. Crescemos muito e isso demanda serviços públicos de saúde, de educação, de transporte, é um desafio. Escola para todo mundo, emprego para todo mundo, renda para todo mundo, alimento para todo mundo. Estamos crescendo menos.

Qual é o lado ruim, afinal? Crescer menos é bom. Mas a população inativa está crescendo e a população ativa está se estabilizando. Isso significa que menos pessoas vão ter de sustentar mais pessoas na Previdência Social. E aí vamos precisar de outra reforma de Previdência, cobrar mais caro. Ou então fazer as pessoas se prevenirem já, com seus fundos.

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Vamos ver outros números interessantes. Dos 5.570 municípios, 3.168 cresceram, os outros 2.399 diminuíram. Os que mais cresceram estão em Roraima, Santa Catarina e Mato Grosso – e a atividade econômica atraindo gente. Por exemplo, no topo da lista, com crescimento de 189%, está o município de Canaã dos Carajás (PA), porque existem duas minas lá da Vale. Já o que mais caiu, perdendo 46% da população, foi Coatiba (BA). Eu estou falando do município, não da cidade. Está cheio de jornalista que jura que “cidade” e “município” são a mesma coisa, mas não são. É que eles vivem em cidade grande e confundem a cidade, que é a sede do município, é o aglomerado urbano, com o município, que é a área toda, área urbana e área rural. Eu sempre digo, brincando, que se cidade fosse o mesmo que município, então a maior cidade do mundo seria Altamira (PA).

A cidade mais populosa do Brasil continua sendo São Paulo – é o município mais populoso também, porque em São Paulo cidade e município têm a mesma área. São 11,5 milhões de habitantes, mais que o Rio Grande do Sul, que está mais estabilizado – a população caiu em 58% dos municípios gaúchos. A capital que mais perdeu população foi Salvador: 258 mil pessoas a menos, ou 10%. O Rio de Janeiro perdeu 109 mil pessoas nesses 10, 12 anos. Já Boa Vista (RR) passou de 284 mil habitantes para 413 mil, aumento de 45%. Em 2010, o país tinha 67 milhões de residências, agora tem 90 milhões. De 2010 até hoje, a população cresceu 6,5%, mas o número de residências subiu 34%.

Mais imposto nos combustíveis, e tráfico em aeroportos

A partir desta quinta-feira tem mais imposto sobre a gasolina, mais 34 centavos por litro de gasolina e 22 centavos por litro de etanol. E, por fim, um alerta para o pessoal que usa aeroportos diferentes de Guarulhos. A polícia centraliza muito a investigação de drogas em Guarulhos, mas estão pegando drogas em aeroportos secundários também. Apreenderam agora 3 quilos de cocaína no aeroporto de Florianópolis, com uma mulher boliviana que estava indo para a Índia. Imaginem se ela é pega num daqueles países que prevê pena de morte por transportar drogas?


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O BRASIL NÃO ACABOU AINDA

Que país é esse, etc

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


O Brasil do Zé Carioca realmente acabou.| Foto: Reprodução/ Twitter

Juntamente com a melancólica e vaga “perdi a esperança no Brasil”, ouço muito dizerem por aí e por aqui que o Brasil acabou. A sentença fatídica é dita num tom que varia do resignado (raro) ao indignado (beeeem mais comum). Sempre que ouço isso, finjo-me de Rodrigo Pacheco e estudo o meu redor com aquele olhar tipicamente parvo. “Ma o Brasil taqui interin in vorta di mim, uai!” – tento, na minha melhor versão do Nerso da Capetinga.

O Brasil acabou. Há um quê de verdade aí e falarei sobre isso adiante. Antes, porém, preciso constatar o óbvio: o Brasil não acabou e nem vai acabar tão cedo. O Brasil não acabou quando deixou de ser Colônia para virar nosso glorioso e efêmero Império. O Brasil não acabou quando os militares, ébrios de positivismo, impuseram aqui este arremedo de República. O Brasil não acabou com o suicídio de Vargas. Nem com o AI-5. O Brasil não acabou com Lula ou Dilma (quase). Não acabou com Lula de novo. E não vai acabar com o regime alexandrino.

Isso porque não existe uma entidade chamada Brasil e da qual que se possa excluir os 200 milhões de insuportáveis brasileiros. Eu e você. Nós. Tudo bem que o Brasil é um território de 8.510.000km², com a capital em Brasília e limitado ao mar, no leste, e a um bando de república bananeira a oeste. Mas o país não é só isso, como podem atestar todos os que passaram uma temporada no exterior, jurando nunca mais voltar, até que se viram assobiando o Hino Nacional no banheiro. Aconteceu com um amigo meu. Dizem.

Mais do que um monte de terra para o MST invadir e um PIB trilionário para a política roubar, o Brasil é uma sensação de pertencimento que desterro nenhum é capaz de nos tirar. O problema é que confundimos o Brasil com Brasília. Ou melhor, confundimos o Brasil com aquele país desgraçado que nos apresentam os telejornais. Se é que alguém ainda assiste a telejornal. O problema é que confundimos o Brasil, essa abstração obrigatória da qual ora sentimos orgulho, ora vergonha, com um ideal inalcançável ou uma percepção míope da realidade. O problema é que estamos sempre tentando transformar radicalmente a imperfeição deliciosa que nos cerca.

O Brasil acabou
O Brasil, mas, porém, contudo, todavia e entretanto, acabou. Aquele Brasil simbólico e um tanto quanto dissociado da realidade. O do xim-xim, acarajé, tamborim e samba no pé. O Brasil dos romances de Jorge Amado. Do samba-canção e da bossa nova. Acabou o Brasil do futebol e suas estrelas caídas. Das novelas e suas estrelas caídas. Do cafezinho que se bebia admirando um rabo de saia. Aliás, acabou o Brasil dos rabos de saia, bem como dos cafajestes e seus mindinhos de unha comprida. Até o Brasil do jeitinho virtuoso, mais conhecido como criatividade, deu lugar a outro, dos cambalachos e das maracutaias.

Esse Brasil aí, que era tanta coisa boa (e ruim também, mas não quero falar sobre isso), não existe mais. Foi substituído por um outro Brasil. Brasil com zê. Um Brasil que nos parece falso, porque falso de fato é. Este Brasil que revolta muitos e a que se resignam poucos é um Brasil que se encontra em qualquer lugar do mundo. Que independe da brasilidade para sobreviver. É um Brasil tão homogêneo e globalizado quanto possível. É um Brasil nova-iorquino ou senegalês. Um Brasil madrilenho ou peruano. Um Brasil moscovita ou australiano – do tipo que foi passar um ano lá para “aprender inglês”. Sei.

O Brasil dos Malufs, Justos Veríssimos, Odoricos Paraguaçus e Enéas se transformou no Brasil dos Lulas, Randolfes, Amoedos e Alexandres da vida. Será que valeu a pena a troca? O Brasil de hoje é o da criminalidade palpável. Das lojas vazias e da geração nem-nem à toa. Da realidade nua e crua da arte engajada. Mas também – e isso, sim, me preocupa! – é o Brasil dos delírios juvenis. De um lado, os liberais e sua moral flutuante e seu materialismo semienvergonhado. Seus dados e projeções de crescimento e biriri e bororó. Do outro, os comunistas de todas as matizes e seu puritanismo violento disfarçado de bom-mocismo. Seus expurgos e maldições. E a gente no meio disso.

O que acabou foi aquele Brasil do bem comum, que variava de época para época, mas sempre se baseava em valores inegavelmente cristãos. A misericórdia. A generosidade. O perdão. Já o que resiste precariamente, esse Brasil balança-mas-não-cai, é o do homem egoísta, escravo de si mesmo, preso numa masmorra de hedonismo e niilismo – mesmo que ele não saiba o que isso significa.

Ainda assim, é neste Brasil que nascemos. O de hoje. Aqui e agora trabalhamos, amamos, vivemos. E é aqui, nesta nação que está mesmo uma porcaria, que temos que fazer o certo. É aqui, ao lado de cariocas, gaúchos, baianos, cearenses e até dos pobres osasquenses, que temos de ansiar pela Eternidade.


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JULGAMENTO DO TSE VAI DEFINIR O FUTURO POLÍTICO DE BOLSONARO

 

Raul Araújo abre 1ª divergência e pede retirada de minuta do golpe em julgamento de Bolsonaro no TSE

Ministro abre os votos e diz ser contra uso de documento como prova no processo

Blog do Fausto Macedo

Por Rayssa Motta e Pepita Ortega – Jornal Estadão

O ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é o primeiro a votar nesta quinta-feira, 29, no terceiro e possivelmente último dia do julgamento que vai definir o futuro político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Se for condenado, Bolsonaro pode ficar inelegível até 2030. O magistrado abriu a primeira divergência em relação ao voto do relator, ministro Benedito Gonçalves, e defendeu a retirada da minuta do golpe do julgamento do ex-presidente.

Esse foi o primeiro ponto abordado no voto. A minuta golpista, apreendida na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, decretava uma intervenção no TSE para anular o resultado da eleição.

O documento previa a criação de uma comissão, formada por Bolsonaro e por representantes do Ministério da Defesa, para fiscalizar o Tribunal Superior Eleitoral, afastar ministros e tornar sem efeito a vitória de Lula.

O ministro defendeu que o documento não tem relação com o processo nem validade jurídica. “Articulo inexistir qualquer conexão com a demanda, além de perfazer documento apócrifo, que nem sequer pode ser juridicamente considerado como documento”, afirmou.

O próprio Araújo votou, em fevereiro, para juntar a minuta ao processo. Ele argumentou, no entanto, que o documento não deve ser considerado no julgamento. O ministro defendeu que a investigação não comprovou a pertinência entre o rascunho e a ação.

“Mesmo após diligente instrução, inexiste qualquer elemento informativo capaz de sustentar para além de ilações a existência de relação entre a reunião e a minuta a qual, apócrifa e sem origem e data, persiste de autoria desconhecida, a impedir qualquer juízes seguro de vinculação daquele achado com o pleito de 20222 ou com os investigados”, seguiu.

A votação termina hoje se não houver pedido de vista (mais tempo para análise). Neste caso, se algum ministro interromper a votação, a conclusão do julgamento fica para o próximo semestre. O prazo para devolução da vista é de 60 dias, contado após o recesso do Judiciário, em julho.

Até o momento, há um único voto, pela condenação do ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O corregedor do TSE, ministro Benedito Gonçalves, atribuiu a Bolsonaro um “flerte perigoso com golpismo”.

Bolsonaro espalhou mentiras sobre o processo eleitoral em reunião com embaixadores transmitida ao vivo nas redes sociais e pela TV Brasil.
Bolsonaro espalhou mentiras sobre o processo eleitoral em reunião com embaixadores transmitida ao vivo nas redes sociais e pela TV Brasil. Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Relator da ação, Gonçalves distribuiu o relatório e o voto de centenas de páginas com antecedência aos demais ministros, em uma tentativa de minimizar a chance de um pedido de vista. Os colegas tiveram tempo para se familiarizar com os fundamentos do corregedor antes de redigir seus próprios votos.

O TSE julga se o ex-presidente usou a reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022, para promover a candidatura à reeleição. Bolsonaro disseminou mentiras sobre o sistema de votação brasileiro e as urnas eletrônicas – retórica que deu o tom da campanha bolsonarista em 2022.

Com a retomada do julgamento, os olhos estarão voltados para Raul Araújo. Ele ocupa umas cadeiras reservadas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no TSE e tomou posse como ministro efetivo da Corte Eleitoral em setembro de 2022.

Ao longo da campanha, tomou decisões que agradaram o entorno do ex-presidente. Partiu dele a liminar que proibiu manifestações políticas no festival de música Lollapalooza, após artistas manifestarem apoio a Lula. Araújo também rejeitou pedido do PT para retirar outdoors com mensagens de apoio a Bolsonaro. Foi o único, ainda, a votar contra a multa de R$ 22,9 milhões imposta ao PL, partido do ex-presidente, na esteira do pedido para anular parte dos votos do segundo turno.

Ministro Raul Araújo é o segundo ministro a votar no julgamento.
Ministro Raul Araújo é o segundo ministro a votar no julgamento. Foto: WILTON JUNIOR

Na semana passada, o ex-presidente afirmou que acredita na possibilidade de Araújo pedir vista. Essa seria a alternativa mais favorável a Bolsonaro, considerando que o ministro Kassio Nunes Marques, indicado por ele, é um dos últimos a votar, o que aumenta as chances de a maioria estar formada. Nesse caso, o constrangimento de suspender um julgamento definido é maior, sobretudo considerando que os demais ministros podem adiantar seus votos.

Se o ex-presidente for declarado inelegível pelo TSE, ele ficará impedido de participar das eleições de 2024, 2026 e 2028, mas ainda terá chance de participar do pleito de 2030, segundo especialistas em direito eleitoral ouvidos pelo Estadão. Isso porque o prazo da inelegibilidade tende a ser contado a partir da última eleição disputada, ou seja, 2 de outubro de 2022. Como o primeiro turno da eleição de 2030 está previsto para 6 de outubro, Bolsonaro já teria cumprido a punição. O ex-presidente, no entanto, ainda estaria inelegível no momento de registro da candidatura e precisaria brigar judicialmente para concorrer. Se o TSE entender, no entanto, que a contagem do prazo de inelegibilidade não é por dias corridos, mas por ciclos eleitorais, o ex-presidente estará fora de disputa de 2030. Daqui a sete anos, Bolsonaro terá 75 anos de idade.

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Como foi o julgamento até aqui?

O primeiro dia o julgamento, a quinta-feira, 22, ficou reservado para a leitura do relatório, documento que reconstitui o histórico de tramitação da ação, e para as manifestações dos advogados e do Ministério Público Eleitoral.

O primeiro a falar foi o advogado Walber de Moura Agra. Ele é coordenador jurídico do PDT e redigiu a ação movida pela legenda. A estratégia foi tentar ligar a reunião com os embaixadores a um contexto mais amplo de ataques antidemocráticos e investidas para desacreditar o sistema eleitoral, que culminou com os atos golpistas do dia 8 de janeiro em Brasília.

Em seguida, o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho teve 30 minutos para falar em nome do ex-presidente. Ele buscou “despolitizar” o julgamento e defendeu a não instrumentalização da Justiça Eleitoral para “varrer” a direita no Brasil. Outra estratégia foi tentar minimizar a gravidade das declarações. “A questão do voto impresso não pode ser tabu”, afirmou.

Por fim, o vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet, sustentou pela condenação de Bolsonaro. O discurso foi duro e atribuiu ao ex-presidente uma tentativa de “degradar ardilosamente” a democracia. A leitura é que a reunião com os embaixadores foi usada para promover a narrativa falsa, explorada na campanha, de fraude nas urnas. Ele também associou as declarações do ex-presidente a bloqueios em rodovias, acampamentos em frente a quartéis do Exército e aos atos do dia 8 de janeiro.

Benedito Gonçalves é o relator da ação e votou para condenar Bolsonaro e deixá-lo inelegível por oito anos.
Benedito Gonçalves é o relator da ação e votou para condenar Bolsonaro e deixá-lo inelegível por oito anos. Foto: WILTON JUNIOR

O segundo dia de julgamento, a terça-feira, 27, foi destinado à leitura do voto do relator. Benedito Gonçalves concluiu que Bolsonaro usou o cargo e a estrutura da Presidência da República para espalhar notícias falsas, atacar o Tribunal Superior Eleitoral, mobilizar apoiadores e promover a candidatura à reeleição.

O ministro afirmou que o ex-presidente espalhou “mentiras atrozes” sobre o TSE, fez “ameaças veladas” e instrumentalizou as Forças Armadas para investir contra o tribunal. Bolsonaro foi considerado o único responsável pelo evento com os diplomatas. Com isso, o voto do relator livra da inelegibilidade o general Walter Braga Netto, vice na chapa bolsonarista em 2022.

VENDAS ON-LINE TRAZEM MAIS DA METADE DA RECEITA DAS LOJAS

 

GoDaddy – Pesquisa

Para 48% das PMEs brasileiras, vendas on-line trazem mais da metade da receita, aponta nova pesquisa global da GoDaddy

O Observatório de Dados 2023 GoDaddy revela que 57% das pequenas empresas brasileiras usam site, loja on-line ou plataforma de comércio eletrônico como seu principal canal de vendas para expandir seus negócios

São Paulo, junho de 2023 – A GoDaddy Inc. (NYSE: GDDY), empresa que prepara os empreendedores para o dia a dia do mercado digital, acaba de divulgar os resultados da uma nova pesquisa de seu Observatório de Dados GoDaddy 2023. A pesquisa da GoDaddy estuda o estado atual das pequenas empresas internacionalmente, incluindo o Brasil, com o primeiro conjunto de resultados focado em como os empreendedores e proprietários de pequenas empresas administram seus negócios.

O Observatório de Dados da GoDaddy descobriu que a importância de ter uma presença on-line é reconhecida pelos empreendedores. Globalmente, 64% dos proprietários de pequenas empresas pesquisados disseram que obtêm até metade de sua receita anual com canais de vendas on-line e 37% relataram que obtêm de 51% a 100% de sua receita com esses canais. No Brasil, 52% dos entrevistados disseram que obtêm até metade de sua receita com vendas on-line, e os outros 48% dos entrevistados com mais de 50% de sua receita on-line. Há um número significativamente maior de pequenas empresas no Brasil que obtêm mais da metade de sua receita com vendas on-line do que em outros países pesquisados, independentemente de seu nível de desenvolvimento. O Brasil, por exemplo, está à frente dos Estados Unidos (33%), Colômbia (33%) e Espanha (29%).

Da mesma forma, 61% dos entrevistados em todo o mundo relataram usar um site, uma loja on-line ou uma combinação deles como canal de vendas, seguido de perto pela mídia social (58% em todo o mundo), revelando que uma forte presença on-line com ferramentas que se complementam é muito importante para que as empresas prosperem on-line. Especificamente no Brasil, as pequenas empresas pesquisadas relataram que seus três principais canais de vendas são a mídia social (59%), o telefone (48%) e o site (36%). Um total de 57% das empresas brasileiras pesquisadas relatou usar um site, uma loja on-line, uma plataforma de comércio eletrônico ou uma combinação dos três.

Além disso, quando se trata de manter o ímpeto, 66% das empresas globais pesquisadas disseram que é muito importante para elas aumentar a conscientização, destacando a publicidade nas mídias sociais, ter um site de negócios e conduzir estratégias de marketing on-line não pagas como suas principais escolhas. Por outro lado, a expansão do conhecimento tecnológico e a implementação de soluções digitais são as principais preocupações das pequenas empresas brasileiras pesquisadas (68% contra 60% globalmente).

“Os dados de nossa pesquisa mostram o espírito das pequenas empresas brasileiras, que reconhecem o que é necessário e se adaptam à tecnologia e às ferramentas digitais para ajudar a tornar seus negócios um sucesso on-line”, disse Luiz D’Elboux, Country Manager da GoDaddy no Brasil. “Ajudar as pequenas empresas a expandir seus conhecimentos e implementar novas soluções é a essência do que a GoDaddy faz. Um empreendedor, incluindo os iniciantes, pode construir os aspectos fundamentais de seu negócio on-line com um nome de domínio, site, loja on-line, e-mail profissional e ferramentas para promover tudo isso nas mídias sociais com custos acessíveis”, explicou D’Elboux.

Cinquenta e dois por cento das pequenas empresas pesquisadas no Brasil relataram ter iniciado suas atividades nos últimos 1 a 5 anos, o mesmo que o México e mais do que a média global (46%). Nos países mais desenvolvidos, as empresas mais jovens compartilham o mercado com as mais estabelecidas. Nos Estados Unidos, 36% das empresas pesquisadas relataram estar no mercado há mais de 10 anos, seguidas pela Espanha (32%) e Alemanha (29%), enquanto no Brasil, 15% têm mais de 10 anos.

O Observatório de Dados 2023 da GoDaddy foi conduzido pela Advanis em março de 2023 no Brasil, Colômbia, Alemanha, Índia, México, Filipinas, Cingapura, Espanha, Tailândia e Estados Unidos. Os critérios de amostragem foram pequenas empresas, definidas com base no número de funcionários, variando de uma a 50 pessoas. Para este estudo, foi pesquisado um total de 4.682 empreendedores e proprietários de pequenas empresas, sendo 540 deles no Brasil. O estudo está dividido em três fases: Negócios, Marketing Digital e Tecnologia e Índice Digital.

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Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

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Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

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quarta-feira, 28 de junho de 2023

GOVERNO COMEÇOU A CENSURAR A INTERNET ATRAVÉS DAS FAKE NEWS

 

Órgão criado por Lula para combater fake news entra com 1ª ação na Justiça contra perfil anti-vacina

Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia busca identificar responsável por conta apócrifa no Twitter

BLOG

Blog do Fausto Macedo

Por Rayssa Motta – Jornal Estadão

O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirma essa é a primeira ação de um conjunto de iniciativas da pasta, nas esferas judicial e extrajudicial, para ‘preservar a integridade’ da política pública de vacinação. Foto: Daniel Estevao/AGU
O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirma essa é a primeira ação de um conjunto de iniciativas da pasta, nas esferas judicial e extrajudicial, para ‘preservar a integridade’ da política pública de vacinação. Foto: Daniel Estevao/AGU 

A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, órgão vinculado à Advocacia-Geral da União (AGU), entrou com uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal para obrigar o Twitter a remover publicação de uma conta que espalha notícias falsas sobre vacinação.

A ação também pede que a plataforma compartilhe dados cadastrais do perfil para ajudar a identificar quem está por trás das postagens. A conta é apócrifa e usa pseudônimo para manter o anonimato, segundo a pasta.

A Procuradoria mantém sob sigilo a íntegra da ação e os dados públicos do perfil. A justificativa é que a divulgação das informações pode dificultar que as autoridades cheguem ao responsável.

O governo informou que trata-se de um homem que se apresenta como cientista. A publicação que motivou a ação afirma que a ‘humanidade será dizimada por uma nova epidemia que terá início quando sinais de 5G ativarem agentes patogênicos supostamente inseridos em imunizantes’.

“Trata-se de um conjunto de teorias da conspiração, que cria narrativa causadora de pânico e medo nas pessoas, visando desestimular a vacinação de uma maneira geral”, diz um trecho da petição.

Outro pedido é que o Twitter informe se a conta é monetizada e levante o valor eventualmente recebido com a publicação. O governo planeja pedir na Justiça a restituição do dinheiro.

A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia foi criada no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para combater fake news. A iniciativa causou polêmica e políticos de oposição, que contestam a regulação de notícias falsas pelo Executivo e alertam para o risco de arbitrariedades.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirma essa é a primeira ação de um conjunto de iniciativas da pasta, nas esferas judicial e extrajudicial, para ‘preservar a integridade’ da política pública de vacinação a cargo do Ministério da Saúde.

“Como Estado, não podemos nos omitir diante de fatos tão graves que prejudicam o direito dos cidadãos de terem a informação correta para tomada de decisões. A mentira deliberada mata pessoas”, afirma.

Gestão Lula cria órgãos contra desinformação, define ‘mentira’ e acende alerta para arbitrariedades

Conceito ainda não foi definido na lei, mas AGU diz que se trata de ‘mentira voluntária’ e ataques a ‘membros dos Poderes’; especialistas veem riscos

Por Davi Medeiros e Gustavo Queiroz – Jornal Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia para representar o governo no combate à “desinformação sobre políticas públicas”, sem haver, no entanto, no ordenamento jurídico brasileiro a definição do conceito de desinformação. Críticos do decreto veem risco de avaliações arbitrárias no órgão ligado à Advocacia-Geral da União (AGU), que tem a função de defender os interesses do governo perante a Justiça.

Apesar da lacuna legal, desinformação, para a AGU, é “mentira voluntária, dolosa, com o objetivo claro de prejudicar a correta execução das políticas públicas com prejuízo à sociedade e com o objetivo de promover ataques deliberados aos membros dos Poderes com mentiras que efetivamente embaracem o exercício de suas funções públicas”. Em nota, a pasta disse que os dispositivos do decreto ainda serão regulamentados.

A criação da Procuradoria, anunciada na segunda-feira, 2, pelo advogado-geral Jorge Messias, levanta o debate sobre o poder do governo. O termo já foi discutido durante a tramitação do projeto de lei das fake news, mas, com a proposta emperrada na Câmara desde 2021, o instituto legal não avançou.

Paulo Pimenta, novo chefe da Secom, anunciou estrutura no Planalto para combater desinformação e discurso de ódio.
Paulo Pimenta, novo chefe da Secom, anunciou estrutura no Planalto para combater desinformação e discurso de ódio. Foto: Wilton Junior/Estadão

“Tenho sustentado que a desinformação deve ser combatida com dois eixos: a desinformação dolosa, com criação de fake news, pelo Ministério Público e pela Justiça, inclusive penal; e a desinformação em si, involuntária, com muita informação. Nenhum desses eixos parece caber bem à advocacia pública”, afirmou Floriano de Azevedo Marques, professor de Direito Público da USP.

O governo Lula já tem apresentado iniciativas para o que chama de enfrentamento das fake news. No Palácio do Planalto, haverá uma estrutura para combater desinformação e discurso de ódio nas redes sociais, a Secretaria de Políticas Digitais. Nas campanhas, no entanto, tanto Lula como Jair Bolsonaro aplicaram golpes baixos e foram obrigados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a retirar do ar peças julgadas desinformativas.

Democracia

defesa da democracia é consenso entre os especialistas, mas há ressalvas às investidas petistas. “Há de se ter cuidado para não existir sobreposição em relação aos demais órgãos de controle das instituições democráticas. Soma-se, ainda, o fato de não termos um conceito jurídico definido sobre ‘desinformação sobre políticas públicas’ nem sequer há orientação judicial (consolidada) sobre isso”, afirmou Alexandre Wunderlich, advogado e professor de Direito Penal da PUC-RS.

Tenho sustentado que a desinformação deve ser combatida com dois eixos: a desinformação dolosa, com criação de fake news, pelo Ministério Público e pela Justiça, inclusive penal; e a desinformação em si, involuntária, com muita informação. Nenhum desses eixos parece caber bem à advocacia pública

Floriano de Azevedo Marques, professor de Direito Público da USP

Já o professor de Direito Constitucional da FGV Roberto Dias disse que a AGU terá de estabelecer distinções, “da forma mais objetiva possível, do que é desinformação e crítica, que é a discordância e a explicitação de erros do poder público na elaboração, no planejamento, na execução e na avaliação das políticas públicas”. A palavra final, segundo ele, no entanto, será da Justiça.

Questionada sobre a motivação do decreto, a AGU afirmou, em nota, que “desinformação e mentira são diferentes do sagrado benefício da liberdade de expressão”. “Sob nenhuma circunstância, não há a menor possibilidade de que a AGU atue de forma contrária à liberdade de expressão, de opinião e ao livre exercício da imprensa”, disse o órgão.

Arma política

Para a professora de Comunicação, Mídia e Democracia da Universidade de Glasgow Patrícia Rossini, ainda precisam ser estabelecidas as formas de combate do uso da desinformação como arma política – um desafio global. “A discussão tem muito mais futuro pensando em alcance, impacto e influência (das fake news) do que definir tipos de conteúdo ou níveis de falsidade ou veracidade que determinariam o que estaria no escopo de uma política de combate à desinformação”, afirmou.

Sob nenhuma circunstância, não há a menor possibilidade de que a AGU atue de forma contrária à liberdade de expressão, de opinião e ao livre exercício da imprensa

Advocacia-Geral da União (AGU), em nota

Por ora, de acordo com o decreto de Lula, compete ao órgão da AGU representar o governo, “judicial e extrajudicialmente, em demandas e procedimentos para resposta e enfrentamento da desinformação sobre políticas públicas”. O texto diz, ainda, que cabe à Procuradoria “promover articulação interinstitucional para compartilhamento de informações, formulação, aperfeiçoamento e ação integrada para a sua atuação”. Além disso, o órgão deve “planejar, coordenar e supervisionar a atuação dos órgãos da Procuradoria-Geral da União nas atividades relativas à representação e à defesa judicial da União em matéria eleitoral”.

Um passo atrás

De acordo com o professor de Direito Eleitoral e Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie Diogo Rais, o debate deveria dar um passo atrás. “Talvez a gente esteja preocupado em definir juridicamente o que é desinformação, mas não tenha se preocupado em fazer uma distinção que é fundamental sobre se aquele determinado conteúdo se refere a um fato ou a uma opinião”, disse. Rais afirmou, porém, que nada impede a AGU de se dedicar ao tema: “O papel específico da Procuradoria é entrar com os pedidos. A dificuldade de definir especificamente não afasta a pretensão”.

O cientista político Emerson Cervi, da UFPR, afirmou que a AGU deve atuar estritamente em temas relacionados a políticas públicas. “Não cabe ao órgão do governo acionar ninguém sobre desinformação geral, mas é obrigação esclarecer sobre políticas públicas. Há uma competência clara”, disse.

Alexandre de Moraes e Dias Toffoli protagonizaram inquérito que investigou fake news.
Alexandre de Moraes e Dias Toffoli protagonizaram inquérito que investigou fake news. Foto: Dida Sampaio/Estadão

RELATOR DO TSE VOTOU A FAVOR DA INELEGIBILIDADE DE BOLSONARO COMO ESTAVA PREVISTO

 

Por Daniel Haidar – Jornal Estadão

BRASÍLIA – Ao votar pela inelegibilidade por oito anos de Jair Bolsonaro (PL), o ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sugere a ampliação do cerco sobre as condutas do ex-presidente. O relator determinou o envio imediato ao Tribunal de Contas da União (TCU), à Procuradoria-Geral da República (PGR) e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) do voto lido na noite desta terça-feira, 27.

Bolsonaro é acusado de abuso de poder político ao buscar vantagem eleitoral em uma reunião com diplomatas estrangeiros, realizada no dia 18 de julho de 2022. A iniciativa de Gonçalves, mesmo que não seja seguida pelos demais integrantes da Corte – ao todo, são sete magistrados no TSE –, abre caminho para uma eventual cobrança de multa pelo TCU, uma nova investigação em esfera criminal sobre o encontro e a ampliação do escopo de inquéritos em andamento no Supremo.

Ministro Benedito Gonçalves leu, nesta terça-feira, 27, voto em que defende a inelegibilidade de Jair Bolsonaro
Ministro Benedito Gonçalves leu, nesta terça-feira, 27, voto em que defende a inelegibilidade de Jair Bolsonaro Foto: Wilton Junior/Estadão

O julgamento será retomado na manhã desta quinta-feira, 29, quando os ministros vão dizer se acompanham ou não o voto de Gonçalves e suas recomendações. Nesse primeiro processo de Bolsonaro em análise no TSE, o ex-presidente é acusado, além de abuso de poder político, de uso indevido dos meios de comunicação pelo fato de a TV Brasil ter transmitido a reunião com os embaixadores no Palácio do Planalto. Na ocasião, ele atacou, sem provas, o sistema de votação brasileiro e a Justiça Eleitoral.

No voto, Gonçalves solicitou, por exemplo, que o TCU abra um processo e avalie se Bolsonaro deve ressarcir os cofres públicos e sofrer outras punições administrativas. A medida se justifica, segundo ele, em razão do “comprovado emprego de bens e recursos públicos na preparação de evento em que se consumou o desvio de finalidade eleitoreira”. A reunião com os diplomatas estrangeiros foi realizada na residência oficial da Presidência da República.

Além disso, Gonçalves sugere que a PGR analise se as ações de Bolsonaro naquele encontro, assim como seu contexto e suas consequências, devem motivar um processo. O ministro recomenda a “análise de eventuais providências na esfera penal”. Na prática, o gesto impõe que a PGR faça uma nova análise do papel do ex-presidente no encontro com os embaixadores, uma vez que a subprocuradora-geral Lindôra Araújo já havia solicitado ao STF que fosse arquivada uma investigação criminal sobre o evento.

Bolsonaro usou PowerPoint para apresentar, sem provas, a diplomatas estrangeiros acusações contra o sistema de votação e a Justiça Eleitoral
Bolsonaro usou PowerPoint para apresentar, sem provas, a diplomatas estrangeiros acusações contra o sistema de votação e a Justiça Eleitoral  Foto: Clauber Cleber Caetano/PR

Essa ação no Supremo foi ajuizada por partidos de oposição no dia seguinte à reunião. Em 19 de julho do ano passado, as legendas pediram a abertura de uma investigação contra Bolsonaro por crime contra o estado democrático de direito. O caso, para o qual Lindôra defendeu o arquivamento, está sob a relatoria do ministro Luiz Fux. Gonçalves determina o envio de seu posicionamento ao magistrado do STF.

Além disso, entre as últimas providências do voto do ministro do TSE está uma outra medida que pode impactar a situação do ex-presidente no Supremo. Gonçalves determina o envio do voto a Alexandre de Moraes, que presidente a Corte eleitoral e integra o STF. No Supremo, Moraes, que já foi alvo de ataques do ex-presidente, conduz dois inquéritos para apurar as investidas antidemocráticas de 7 de setembro de 2021, além dos referentes aos ataques de 8 de janeiro deste ano.

Relator diz que Bolsonaro espalhou ‘mentiras atrozes’

Gonçalves, por ser o relator do caso, foi o primeiro ministro a votar no julgamento do TSE, que avalia se houve abuso de poder político e vantagem eleitoral ilegal nos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral perante diplomatas estrangeiros. O caso começou analisado na quinta-feira, 22, com as sustentações de advogados e do Ministério Público Eleitoral, além da leitura do relatório.

No voto desta terça, Gonçalves defendeu a inelegibilidade de Bolsonaro porque considerou que houve ganho eleitoral indevido no fato de ele ter convocado a reunião, como presidente da República, para alegar que não seriam confiáveis os resultados da eleição, em caso de sua derrota. O ministro destacou ainda que o encontro com os diplomatas foi parte de uma escalada de ataques à democracia e à Justiça Eleitoral.

“Os ilícitos perpetrados pessoalmente pelo primeiro investigado, na condição de presidente da República, chefe de Estado e candidato à reeleição em 2022, esgarçaram a normalidade democrática e a isonomia”, afirmou o ministro, em seu voto. O relator também ainda que Bolsonaro espalhou “mentiras atrozes” sobre o TSE, fez “ameaças veladas” e instrumentalizou as Forças Armadas para investir contra a Corte: “Flerte nada discreto com o golpismo”.

Defesa rejeita inelegibilidade

Na quinta passada, o advogado Tarcísio Vieira, ex-ministro do TSE, tentou convencer os magistrados que os ataques golpistas em Brasília, no dia 8 de janeiro, nada têm a ver com o processo em curso na Corte nem foram incitados por Bolsonaro. “A defesa entende que só pode ser apreciado o que constou no processo até o despacho saneador em 8 de dezembro”, afirmou o advogado do ex-presidente.

A jornalistas, Vieira disse ainda que não havia motivo para pressa para a conclusão do julgamento. “Não tem eleição neste ano. Tem no final do ano que vem. O presidente não tem mandato. Ele vai ficar inelegível em relação ao quê? A uma eleição que ocorra no ano que vem, daqui a três anos? Não há necessidade de aceleração desse julgamento”, afirmou.

CRIME DE OPINIÃO QUER CANCELAR EMISSORA DE RÁDIO E JORNALISMO JOVEM PAN

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Além do cancelamento das outorgas da empresa, o MPF pede o pagamento de mais de R$ 13 milhões por supostos danos morais coletivos pelos conteúdos veiculados.| Foto: Jovem Pan / Divulgação

Desde o período eleitoral a liberdade de expressão tem sido agredida como nunca se havia visto no Brasil desde a redemocratização, quase 40 anos atrás: houve censura prévia contra documentários, a imposição de direitos de resposta claramente inverídicos, a remoção costumeira de conteúdos verídicos que desagradavam candidatos e, mais recentemente, a intimidação contra quem critica determinados projetos de lei. Parecia difícil que pudéssemos ver algo ainda mais drástico, mas o Ministério Público Federal em São Paulo acaba de demonstrar que sempre é possível avançar ainda mais na repressão ao discurso livre. Em ação civil pública, os procuradores Yuri Corrêa da Luz e Ana Letícia Absy pretendem algo que apenas a ditadura militar havia realizado até agora: cassar concessões de telecomunicação.

O alvo é a Jovem Pan, a mesma emissora que, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, fora obrigada a veicular um direito de resposta com informações equivocadas sobre os processos judiciais contra o então candidato Lula. Os procuradores querem que a Justiça cancele três concessões de rádio pertencentes ao grupo de comunicação, alegando que a programação veiculada pela emissora, especialmente nos programas Os Pingos nos Is, 3 em 1, Morning Show e Linha de Frente, cometera ilegalidades como “prejudicar a confiança dos ouvintes nos processos democráticos realizados no país”, “deslegitimar os poderes constituídos, sobretudo membros do Poder Judiciário e do Poder Legislativo”, “incitar a desobediência à legislação e a decisões judiciais”, “incitar a rebeldia, a indisciplina e mesmo a intervenção das Forças Armadas brasileiras sobre as instituições e os poderes civis constituídos” e “incentivar a população à subversão da ordem política e social”, o que violaria o artigo 53 do Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/62).

A retirada de concessões de veículos de comunicação por “crimes de opinião” é sinal de que o autoritarismo avança a passos largos no país

No entanto, o material que os procuradores reúnem ao longo das cerca de 200 páginas da ação civil pública nem de longe configura o tipo de incitação que o MPF tenta atribuir à emissora. Nos trechos citados na ação, os comentaristas dizem que a resposta da Justiça Eleitoral aos questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas é insuficiente; que o Supremo Tribunal Federal tem postura ativista produz insegurança jurídica; que decisões do ministro Alexandre de Moraes violam a Constituição; que ministros das cortes superiores são hostis a Jair Bolsonaro; que as manifestações do período pós-eleitoral deveriam ser direcionadas a fazer pressão sobre o Congresso Nacional para que exercesse bem sua função de contrapeso ao Judiciário; que os desmandos do STF precisam ser contidos pelas demais instituições, de acordo com suas atribuições legais; que o Senado e seu presidente, Rodrigo Pacheco, se omitem quando não abrem processos de impeachment de ministros do STF. No limite, o que existe é também uma interpretação equivocada do artigo 142 da Constituição, que trata das funções das Forças Armadas e à qual já nos referimos exaustivamente neste espaço, tanto sobre a interpretação em si quanto sobre o “erro de proibição” e o “erro de tipo” em que incorre quem assim pensa, e que dificulta sua responsabilização objetiva.

Impossível, portanto, caracterizar as manifestações dos comentaristas da Jovem Pan como incitação de qualquer tipo ao cometimento de crimes ou a rupturas democráticas. O que temos, sim, é a crítica às instituições e à maneira como vêm atuando, mas esta crítica está explicitamente protegida pela legislação. A Lei dos Crimes Contra o Estado Democrático de Direito (14.197/21) o deixou bem claro ao inserir no Código Penal o artigo 359-T: “Não constitui crime previsto neste Título a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais” (destaque nosso). Pouco importa, assim, se a crítica é mais ou menos veemente, se é sensata ou se não faz sentido algum, até mesmo se é ou não verdadeira: essa manifestação está legalmente protegida e jamais poderia servir de pretexto para qualquer tipo de repressão legal, muito menos para a retirada de uma concessão de radiodifusão.

VEJA TAMBÉM:
Polzonoff: Ação do MPF contra Jovem Pan é um escândalo
O apagão da liberdade de expressão no Brasil (editorial de 30 de agosto de 2021)
O Poder Judiciário e o fim da experimentação regulatória (editorial de 3 de novembro de 2022)


Além do abismo entre os ilícitos imputados pelos procuradores e o conteúdo concreto das manifestações que se tenta criminalizar – a ponto de exigir que muitas vezes os autores da ação deem sua própria interpretação, atribuindo aos comentaristas determinadas intenções ou opiniões –, chama também a atenção o uso abundante, no texto da ação, de conceitos criados ad hoc durante o período eleitoral para justificar as decisões de censura. Destaca-se, aqui, o de “desordem informacional”, que esta Gazeta definiu, quando de sua criação pelo TSE, como “uma série de informações cuja veracidade é incontestável, mas que levam a conclusões indesejadas”, mas também são mencionadas “desinformação em larga escala”, “caos informativo”, “ataque às instituições” e, como não poderia deixar de ser, “fake news”, nem sempre na acepção exata do termo, referente a conteúdos factuais comprovadamente falsos.

O que temos, portanto, é uma enorme sequência de criminalização de opiniões que não são criminalizáveis, apoiada pelo uso de conceitos que também não constituem nenhum ilícito legalmente definido, usada para se solicitar uma medida completamente desproporcional que traz de volta os abusos do regime militar brasileiro e o de ditaduras de esquerda como a venezuelana e a nicaraguense. Cabe ao Judiciário responder ao ativismo militante dos procuradores do MPF com a defesa sólida das liberdades de expressão e de imprensa, pois a retirada de concessões de veículos de comunicação por “crimes de opinião” é sinal de que o autoritarismo avança a passos largos no país.


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