sexta-feira, 28 de abril de 2023

SONETOS CONTRA A CENSURA

Liberdade de expressão
Protesto em versos: cinco sonetos contra a censura

Por
Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo


Vão censurar, e ainda vão dizer que é para o seu bem.| Foto: Pixabay
I

Agora, teremos paz…
Ninguém andará perdido,
pois todo o mal que o mal traz
do Brasil será banido.

Do diabo, o satanás,
o país é protegido…
Uma gente tão capaz
já tem tudo decidido.

O dedo apontado, em riste,
a rima que não existe,
mandaram calar a boca.

Não falar, será assim;
nada será tão ruim.
Quem não quer a vida oca?

II

Tem a Constituição,
que já não vale de nada.
Liberdade de expressão
tem de ser abandonada.

Crítica… Opinião…
A Lei Máxima rasgada,
para nossa salvação…
Nem pense em fazer piada.

O que fica permitido?
Repetir o repetido
por eles, reis do pedaço.

O resto é tudo mentira,
juram que é ódio, que é ira,
descaminho, descompasso.


III

Quem precisa de debate?
De que serve o opositor?
Melhor é não ter embate,
melhor é falar de amor…

Vem na pressa o arremate,
na sanha do usurpador.
Não há nó que se desate.
É censura, sim, senhor.

Vamos engolir em seco…
Na encruzilhada, no beco,
quem nos pega pela mão?

São os donos da verdade,
fazem tudo por bondade,
e não tem mais discussão.

IV

Vão dizer o que é verdade.
Vão dizer o que é mentira.
Com a sensibilidade
de quem tem alvo, tem mira.

Multa, banimento e grade…
Esse país o que vira?
Feito na brutalidade
que todo censor admira.

Não às redes sociais,
e vamos ler os jornais,
vamos à televisão.

Sem perguntas, sem respostas,
em precipícios, encostas,
no silêncio, na prisão.


V

Quem gosta de não gostar
do pensamento contrário
tem muito a comemorar,
cada gesto autoritário…

Velhas leis que vão rasgar,
vão reescrever dicionário,
inimigos condenar,
apostar no anti-horário.

Mas a mordaça que agora
essa turma toda arvora
pode pegá-la também…

Começa sempre em censura
toda e qualquer ditadura,
num mundo que é vaivém.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luis-ernesto-lacombe/cinco-sonetos-contra-a-censura/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

PROFESSORES FICAM ASSUSTADOS POR NÃO CONHECEREM O CHATGPT

 

Mas como a ferramenta pode ajudar nas escolas?

Por Ocimara Balmant e Vanessa Fajardo – Jornal Estadão

Educadores acreditam que ferramenta deve ser incorporada a um arsenal ‘crítico’ e servir também para a construção da autonomia

Ferramentas tecnológicas como o ChatGPT, capazes de automatizar tarefas, têm provocado transformações nas escolas. Se por meio desse sistema é possível produzir textos com linguagem similar à humana em poucos minutos, por que o estudante não pode recorrer a ela? Por outro lado, por que o professor está exigindo atividades deste tipo em pleno século 21, sabendo que há máquinas que podem cumpri-las?

Lançado em novembro do ano passado, o ChatGPT é um software desenvolvido com inteligência artificial capaz de criar histórias, escrever receitas, responder perguntas, produzir artigos, e mais uma infinidade de ações. Sendo assim, o sistema pode facilitar a vida do estudante que precisa, por exemplo, produzir um texto sobre a Revolução Industrial ou um artigo sobre as consequências do aquecimento global.

Tecnologias devem ser aproveitadas nas salas de aulas, e não proibidas, defendem educadores.
Tecnologias devem ser aproveitadas nas salas de aulas, e não proibidas, defendem educadores. Foto: Bandeirantes/Divulgação

Educadores acreditam que o uso da ferramenta não deve ser proibido, e sim, incorporado ao cotidiano escolar. Para isso, será necessário que os professores também se adequem e mudem planejamento e objetivos das tarefas. “A inteligência artificial é um caminho sem volta, de disrupção. Foi assim como o smartphone no passado, não adiantou proibir seu uso. A sociedade precisa entender o papel da tecnologia: não vai substituir a mão de obra, mas pode servir como um apoio, uma ferramenta de trabalho”, afirma Gustavo Torrente, professor da FIAP.

Torrente acredita que o ChatGPT e a inteligência artificial podem ser utilizadas pelos educadores para o desenvolvimento de competências socioemocionais, como o pensamento crítico, analisando se o resultado final de um texto produzido satisfaz ou não e, ainda, fomenta o debate ético acerca das notícias falsas. Na Escola Lourenço Castanho, esta é uma das formas de utilização. “Fazer uma pergunta para o ChatGPT e pedir para o aluno avaliar se a resposta está adequada ou não é um dos usos na escola. Não podemos ignorá-lo ou proibi-lo, e sim, continuar investindo na leitura crítica, no repertório cultural, histórico e humano dos alunos para que eles tenham a criticidade do que vai ser produzido”, afirma Fabiana Antunes, diretora pedagógica da escola. “Cada vez mais a educação básica precisa investir em pensamento crítico, curadoria e repertório.”

Fabiana explica que a preocupação da instituição em relação às novas tecnologias é o consumo, a criação e o compartilhamento dos conteúdos. “Nossos estudantes criam podcasts, vídeos, textos, cartazes. Temos de cuidar do equilíbrio, que a gente não substitua nenhuma experiência que seja representativa para o processo de desenvolvimento dos alunos, que as novas ferramentas venham agregar.”

BNCC

Educadora e diretora da Escola Lumiar, Graziela Miê Peres Lopes concorda que o sistema abre a possibilidade de desenvolver habilidades importantes nos alunos, como o pensamento crítico e a criatividade, competências previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Incentivamos o uso de ferramentas como ChatGPT entre os estudantes até para que eles entendam seu funcionamento e saibam, por exemplo, se a fonte é confiável e sobre a necessidade de checar informações. Entendemos que esta é mais uma ferramenta que não é boa nem ruim, depende como o estudante vai usá-la. É como um martelo que pode ajudar na construção de uma casa, machucar alguém ou cair no pé da própria pessoa de forma acidental.”

Educadores defendem a inclusão do ChatGPT nas escolas e a utilização da inteligência artificial nas salas de aula.
Educadores defendem a inclusão do ChatGPT nas escolas e a utilização da inteligência artificial nas salas de aula. Foto: Colégio Lumiar

Para Graziela, a inteligência artificial abre possibilidades para que os educadores planejem tarefas considerando seu potencial para contribuir com a evolução do conhecimento e a construção da autonomia do estudante. “O ChatGPT pode ser útil para ajudar a economizar tempo em uma tarefa que não exige criatividade ou pensamento crítico. Com isso, o usuário pode usar a ferramenta para executar determinadas funções e ganhar tempo para se dedicar a produzir outras, mais significativas. Isso é positivo. O importante é aprender a usar”, afirma Graziela.

Gamificação

Na FIAP School a gamificação é uma estratégia utilizada para desafiar os alunos da educação básica a atuarem sobre problemas reais. Os estudantes precisam tirar uma ideia do papel e desenvolver uma série de check-points para a atividade multidisciplinar gamificada, ou seja, baseada em jogos. “Trabalhamos com desafios reais, assim não gera no aluno a dúvida: por que estou aprendendo isso? É uma forma de aplicarem, de fato, a teoria na prática. No ensino superior aplicamos desafios que envolvem problemas e empresas reais. Na educação básica, existem problemas de humanidade”, explica o professor Gustavo Torrente.

Robô peixe desenvolvido na FIAP School tem capacidade de ajudar na limpeza e despoluição de rios.
Robô peixe desenvolvido na FIAP School tem capacidade de ajudar na limpeza e despoluição de rios. Foto: FIAP School/Divulgação

No ano passado, em uma dessas atividades, os alunos da FIAP criaram um “robô peixe” cuja função era ingerir o lixo encontrado no Lago do Parque da Aclimação, localizado próximo do colégio. Mesclando conhecimentos de diferentes áreas, desenvolveu-se um equipamento que foi aprovado, inclusive, pela administração do parque, que “encomendou” várias unidades para ajudar a despoluir o local.

SEU OLHAR DEVE EMANAR UMA ENERGIA DIFÍCIL DE SER CONTROLADA

 

Reginaldo Boeira – Empresário

Aos 59 anos, Reginaldo Boeira comanda um império de 20 empresas. Entre elas, uma das cinco maiores redes de franquias de escolas de idiomas do Brasil, segundo a Associação Brasileira de Franchising, ABF.

Existe fórmula para ganhar dinheiro? O empreendedor Reginaldo Boeira acredita que sim, porém, o princípio para se fazer dinheiro, segundo o ousado executivo, está na “real” vontade de fazer acontecer aliada à sua “fórmula matemática”. “Quando seu olhar “brilha” com algo que faz, você emana uma energia impossível de não ser captada. Quando existe vontade, felicidade e garra, na essência, é possível inovar, quebrar padrões, criar oportunidades incríveis dentro do que já existe, inclusive, e gerar resultados”, destaca.

Dono de 20 empresas, incluindo a KNN, uma das cinco maiores redes de franquias de idiomas do Brasil, segundo a ABF, e com faturamento de mais de R$1,2 bilhão por ano, a “energia” e o carisma de Reginaldo arrastam multidões. A sua paixão por ajudar pessoas a se tornarem empreendedoras já mudou a vida de muitos. Para se ter uma, na recente convenção anual da marca “Loucura, Doideira e Sucesso”, que são seus lemas, mais de 3 mil pessoas ouviram sua palestra e centenas, inclusive, tatuaram na pele artes relacionadas à sua marca.

Autor do livro “Quando o sucesso é a única opção” (editora Labrador) e reconhecido por sua ousadia no mundo dos negócios, Reginaldo Boeira acredita que, além da paixão, existe uma estratégia a ser seguida para “fazer dinheiro”: o que ele chama da “Matemática do Sucesso”. A fórmula consiste em aplicar: interesse mais necessidade, mais vontade, mais o querer e multiplicado pelo trabalho.

Por trás da fórmula de sucesso, Reginaldo Boeira também carrega a energia e motivação de sobra de fazer a diferença na vida das pessoas. Entre as novidades que acaba de lançar estão cursos de idiomas 100% gratuitos para colaboradores com o foco na formação de novos professores. Ele também compartilha diariamente em suas redes sociais, com mais de 300 mil seguidores, sua filosofia e conhecimentos sobre o empreendedorismo, o qual aprendeu na prática. “Minha meta de vida é contribuir com as pessoas em seus negócios. Por isso, trago como propósito de vida transformar positivamente as pessoas sobre o empreendedorismo”, explica.

Mas antes de lançar a KNN, Reginaldo fez questão de vivenciar na prática os desafios do mercado. Durante sua viagem para Nova York, teve a oportunidade de ver como a comunicação é fundamental para a gestão dos negócios. “Na minha viagem levei dinheiro para passar apenas três dias. Consegui um emprego no Central Park entregando três pacotes de panfletos a 30 dólares cada um. Também lavei panelas em um restaurante, das 8h às 2h da manhã. Na época, eu achava que falava inglês, mas ainda tinha muito para desenvolver. Foi um período difícil, mas esses perrengues serviram de aprendizado”, recorda.

A história do empresário também mostra a importância da determinação e resiliência, mesmo diante de grandes desafios no mundo dos negócios. “Após três falências, acredito que a minha maior aliada foi a persistência, e não a insistência. Quando insistimos podemos continuar

errando. Isso desgasta e nos faz perder a confiança que temos em nós mesmos. Quando persistimos encontramos soluções e alternativas para os nossos erros”, avalia o empresário.

Outra dica segundo o empresário, tendo em vista as altas taxas de falência de empresas nos primeiros anos de operação, é optar por uma franquia. Ele acredita tanto no seu modelo de negócios que fez questão de financiar mais de R$ 30 milhões para seus próprios colaboradores se tornarem empreendedores. “Quando se trata de uma franquia que atua com modelo de negócios de sucesso e bem organizado, é muito menos arriscado porque o empreendedor conta com todo o suporte da franqueadora que tem na bagagem os aprendizados contínuos de cada unidade. Além disso, a pessoa recebe todos os treinamentos necessários para fazer a gestão da franquia já testados. Ou seja, a chance de o negócio dar errado é muito menor”, explica Reginaldo.

De acordo com dados do IBGE, quase 60% das empresas encerram suas atividades nos primeiros cinco anos. Em contrapartida, no ramo de franquias, apenas 5 em cada 100 fecham até o segundo ano de operação, o que representa uma mortalidade de 5% em 24 meses, segundo informações divulgadas pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Reginaldo Boeira é reconhecido pela sua diferenciada visão empreendedora e sucesso baseado no sistema de gestão humanizada. Natural de Monte Belo (MG), começou a empreender desde jovem. Fundou em 2012 a KNN, que entrou para o ramo de franquias em 2014 e hoje conta com cerca de 900 escolas (abertas e negociadas) no Brasil. Também possui a rede de idiomas, Phenom Idiomas, inaugurada em 2021 e que já conta com 45 unidades pelo país. Atua ainda no ramo da construção civil (Boeira Construtora e Incorporadora) e KNN Participações, holding de administração com capital próprio de quase 100 milhões de reais. Além disso, possui a RB Marketing, empresa recém-criada. É autor do livro “Quando o sucesso é a única opção” que traz um método inovador de ensino focado no empreendedorismo.

                   O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?                  

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

quinta-feira, 27 de abril de 2023

VIAGEM DE LULA À CHINA E ORIENTE MÉDIO CUSTOU 1,8 MILHÃO E MAIS O QUE ESTÁ EM SIGILO

 

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


Lula visitou a China e os Emirados Árabes. Presidência não divulga gastos com hotéis e restaurantes.| Foto: Divulgação/Presidência da República.

A viagem do presidente Lula à China e ao Oriente Médio custou R$ 1,83 milhão apenas com diárias e passagens aéreas para seguranças e assessores. A maior parte foi gasta com passagens – R$ 980 mil – embora a comitiva presidencial tenha utilizado dois aviões de grande porte para acomodar a equipe de apoio e políticos aliados, totalizando cerca de 75 pessoas.

A segunda maior despesa foi com diárias, num total de R$ 816 mil. Só os seguros viagem custaram R$ 102 mil. Reportagem de Guilherme Grandi, publicada nesta terça-feira (5), revelou a lista de passageiros, incluindo 9 deputados, 4 senadores e cinco ministros, além dos presidentes da Embratur, Marcelo Freixo, e do presidente da Agência de Promoção de Exportações, Jorge Viana.

Os dados sobre diárias e passagens estão publicados no Porta da Transparência da Presidência da República. Mas não estão todos num mesmo local. Os valores individuais de diárias pagas no exterior precisam ser buscados individualmente em outras páginas do portal.

VEJA TAMBÉM:
Câmara pagou R$ 3,7 bilhões a deputados aposentados após a extinção do IPC

Sigilo eterno
Estão sob sigilo as despesas com hospedagem, em hotéis luxuosos e caros no caso do presidente da República, com alimentação da comitiva oficial e deslocamentos do presidente, convidados e seguranças em comboios terrestres. Os serviços no exterior são pagos pela Embaixada do Brasil em cada país visitado. Também não são reveladas as despesas pagas com cartões corporativos durante a viagem, como serviços em aeroportos, alimentação a bordo e telefonia.

Esses dados são mantidos em sigilo até o final do mandato do presidente da República, como prevê a Lei de Acesso à Informação (LAI). O sigilo é imposto pela lei é adotado para garantir a segurança do presidente e dos seus familiares. A divulgação de locais de hospedagem e de restaurantes poderia revelar detalhes que facilitariam a ação de possíveis terroristas.

No caso de hospedagem e restaurantes, não ocorre na prática a “desclassificação” das informações, ou seja, não há a quebra do sigilo após o final do mandato do presidente. O Ministério das Relações Exteriores rejeitou todos os pedidos de informação feitos pelo blog sobre os locais de hospedagem e os restaurantes frequentados pelos ex-presidentes. Alega sempre que a busca desses dados demandaria muito tempo, com a ocupação de um número elevado de servidores. O Itamaraty também não permite a visita presencial aos seus arquivos.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/viagem-de-lula-a-china-e-oriente-medio-custou-r-18-milhao/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

SUPREMO COMETE INÚMEROS ABUSOS PROCESSUAIS CONTRA OS PARTICIPANTES DE 8 DEJANEIRO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


O acampamento de apoiadores de Jair Bolsonaro em Brasília foi desmontado logo depois dos atos de 8 de janeiro.| Foto: Renan Ramalho/Gazeta do Povo

Estar no lugar errado, na hora errada, é crime? No Brasil do Código Penal, pensar algo assim seria uma loucura sem tamanho; mas, no Brasil de Alexandre de Moraes, há, sim, lugares e momentos em que não se pode estar sem correr o risco de ir para a prisão. É dessa forma que se pode compreender a recente decisão de tornar réus meia centena de brasileiros tidos por “incitadores” dos atos de 8 de janeiro e que foram presos no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. O relator Moraes e outros sete ministros foram favoráveis à aceitação da denúncia por incitação pública à prática de crime e associação criminosa; Nunes Marques e André Mendonça saíram vencidos, mas seus votos mostram a que ponto o arbítrio está se tornando norma na principal corte do Judiciário brasileiro.

Ambos os ministros mostraram, com clareza inequívoca, os inúmeros abusos processuais que vêm se acumulando na esteira do golpismo vândalo de 8 de janeiro, a começar pela abolição pura e simples do princípio do juiz natural. Afinal, nenhum dos agora réus pertence aos grupos que detêm prerrogativa de foro, e seus casos deveriam, na mais severa das hipóteses, estar nas mãos da primeira instância da Justiça Federal em Brasília. Por mais correta que seja essa observação, já há muito tempo Moraes vem atribuindo a si mesmo competência para julgar absolutamente tudo e todos que ele queira julgar por supostos “ataques às instituições”, em uma espécie de “juízo universal” – a expressão, usada por Nunes Marques em seu voto, já foi empregada no passado para criticar uma suposta concentração de processos da Operação Lava Jato na 13.ª Vara Federal de Curitiba, do então juiz Sergio Moro, por mais que a conexão entre os casos fosse evidente e que o próprio STF tivesse feito todo o esforço possível para fatiar a Lava Jato, enviando processos para outros estados ou para a Justiça Eleitoral.

Não há defesa possível do Estado Democrático de Direito quando se nega a cidadãos brasileiros o direito à ampla defesa, quando se aceita um trabalho preguiçoso de acusação, incapaz de demonstrar o que cada denunciado fez de concreto

Ainda mais escandalosa que a abolição do princípio do juiz natural, no entanto, é a aceitação de denúncias genéricas oferecidas pela Procuradoria-Geral da República, feitas na base do “copia-e-cola”, sem a individualização das condutas, em violação frontal à jurisprudência do Supremo. “Deixou a acusação de identificar e expor os fatos supostamente criminosos, com todas as suas circunstâncias”, afirmou Nunes Marques, acrescentando que “não se pode caracterizar a justa causa para instauração da ação penal lastreada no simples fato de alguém estar acampado ou ‘nas imediações do Quartel General do Exército’ em Brasília, sem que se demonstre e individualize sequer uma conduta criminosa atribuída aos denunciados”. Na mesma linha, Mendonça votou “pela rejeição da denúncia, eis que não trouxe indícios mínimos e suficientes da prática dos delitos narrados nas iniciais acusatórias pelas cinquenta pessoas aqui denunciadas por estarem no acampamento no dia 9 de janeiro de 2023”.

Obviamente, como já afirmamos repetidas vezes neste espaço, os acampamentos diante dos quartéis – não apenas o de Brasília – eram movidos por um animus golpista, visto que a reivindicação era a de uma ação militar que impedisse a posse de Lula ou que o removesse do poder, uma vez empossado. No entanto, há uma série de aspectos a ressaltar, como também já lembramos, a começar pelo fato de que muitos dos acampados jamais entenderam tal interferência como um golpe propriamente dito, mas como algo que teria amparo constitucional – uma interpretação do artigo 142 claramente equivocada, mas que já dificultaria a responsabilização objetiva dessas pessoas, como aliás o admite o Código Penal nos casos do “erro de tipo” (artigo 20) e do “erro de proibição” (artigo 21).

VEJA TAMBÉM:
As denúncias genéricas do 8 de janeiro e o risco de novos abusos (editorial de 8 de abril de 2023)
O abuso das prisões pós-8 de janeiro (editorial de 26 de fevereiro de 2023)
O fim dos acampamentos e a “criminalização no atacado” (editorial de 10 de janeiro de 2023)
Os brasileiros diante dos quartéis (editorial de 20 de novembro de 2022)


No entanto, e aqui reside o cerne do arbítrio cometido, mesmo um golpista empedernido, plenamente ciente da ilegalidade do que pedia, não poderia jamais ser responsabilizado de forma genérica, sem que a PGR apontasse o que essa pessoa fez de concreto para que pudesse ser enquadrada em crimes contra o Estado de Direito. Neste sentido, Mendonça é certeiro: “Não se olvida de que no acampamento, seguramente, havia pessoas mal-intencionadas, pessoas que desejavam um golpe de Estado, pessoas cujos motivos de presença no local se harmonizavam com o dolo narrado pelo Ministério Público. E é possível, até mesmo, considerar que havia um bom número delas. Tais circunstâncias, todavia, não autorizam a presunção de que rigorosamente todos que lá estavam agiam com as mesmas intenções e, portanto, não permitem a imputação uniforme contra todas aquelas pessoas, sem que se apontem elementos que demonstrem, individualmente, a culpabilidade subjetiva de cada qual”.

Cada indivíduo só pode ser acusado e julgado pelo que fez, individualmente. A defesa da democracia não comporta acusações baseadas em generalizações que “são sempre temerárias” e pressupõem, “sem comprovação, uma absoluta uniformidade e homogeneidade daquela massa de pessoas”, nas palavras de Mendonça. O mero fato de essas pessoas estarem no acampamento no momento em que as forças de segurança foram desmontá-lo jamais poderia bastar para que a PGR denunciasse todos os presos exatamente pelos mesmos crimes apoiando-se nos mesmos indícios genéricos. Não há defesa possível do Estado Democrático de Direito quando se nega a cidadãos brasileiros o direito à ampla defesa, quando se aceita um trabalho preguiçoso de acusação, incapaz de demonstrar o que cada denunciado fez de concreto e os motivos reais que justificariam seu julgamento. Compactuar com isso é aceitar que, em nome de uma suposta defesa da democracia, se parta para o arbítrio escancarado e para a tirania judicial.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/stf-denuncias-genericas-8-de-janeiro/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

MANTIDA A PRISÃO DE ANDERSON TORRES SEM ARGUMENTOS JURÍDICOS E SIM POLÍTICOS

 

Atos do 8 de janeiro
100 dias na prisão
Por
Gabriel Sestrem – Gazeta do Povo


Mesmo com o aval da PGR para a revogação de prisão, Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, segue preso por decisão de Alexandre de Moraes| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Nesta segunda-feira (24), o ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, completou 100 dias preso por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em inquérito que apura suposta “omissão imprópria” de autoridades de Estado.

Torres foi preso preventivamente no dia 14 de janeiro por suposta omissão no desempenho de suas funções frente aos ataques aos prédios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, bem como por possível inação quanto à desmobilização do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, situado em Brasília, onde estavam reunidos manifestantes que pediam a intervenção das Forças Armadas contra a eleição de Lula (PT).

Na época dos ataques, o ex-ministro ocupava o cargo de secretário de segurança pública do Distrito Federal e estava de férias, em viagem com a família nos Estados Unidos. Além dele, outras autoridades foram alvo de medidas judiciais determinadas por Moraes: o então comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), Fabio Vieira, também foi preso por suposta omissão, mas foi solto no início de fevereiro sob o entendimento de que ele não foi diretamente responsável pela falha das ações de segurança que resultaram nos atos criminosos.

Já o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que também por suposta omissão foi afastado do cargo por 90 dias por ordem de Moraes, teve seu afastamento revogado no dia 15 de março. Centenas de outros investigados pelos ataques também já foram soltos e respondem em liberdade. O mesmo não ocorreu com Anderson Torres.

Nos últimos dias, a pressão por sua soltura aumentou em decorrência da decisão de Moraes de não determinar nenhuma medida mais incisiva contra o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, que apareceu em novas imagens vazadas à imprensa circulando entre manifestantes que invadiram o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro sem tomar medidas incisivas para impedir os atos de violência.

O duplo padrão nas decisões do ministro do STF tem gerado uma série de críticas por parte de aliados de Jair Bolsonaro (PL), que avaliam que o prolongamento da prisão tem relação com o fato de Torres ser aliado e ex-ministro de Bolsonaro, que coleciona episódios de desentendimentos com Moraes.

VEJA TAMBÉM:
STF começa a julgar mais 200 denunciados por 8/1 com voto favorável de Moraes
Defensor diz que parte dos presos foi a Brasília por curiosidade e não participou do vandalismo
O que mostram as novas imagens sobre a invasão ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro
Mesmo com aval da PGR, Moraes nega revogação da prisão

No dia 10 de abril, a defesa já tinha requisitado a soltura ou substituição da prisão por outras medidas cautelares sob a alegação de que não há prova da existência de crime e indício de autoria, sequer perigo gerado pelo estado de liberdade do ex-ministro.

A defesa argumenta que não houve omissão, já que antes de sair de férias Torres deixou um plano de operações e procedimentos a ser seguido pelos órgãos de segurança do DF, que compreendia a proteção de toda a área próxima à Praça dos Três Poderes. “Cabia, portanto, aos órgãos responsáveis o cumprimento ou execução das diretrizes elaboradas em cada evento”, destaca a defesa.

Dias depois, o Ministério Público Federal (MPF), por meio do Subprocurador-Geral da República Carlos Frederico Santos, manifestou-se favorável à revogação da prisão. Apesar disso, Moraes negou o pedido e decidiu manter Torres em prisão preventiva.

O ministro do STF sustenta que a manutenção da prisão tem a ver com “indícios da participação do requerente na elaboração de uma suposta ‘minuta golpista’ e em uma ‘operação golpista’ da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para tentar subverter a legítima participação popular no 2º Turno das eleições presidenciais de 2022”.

A Polícia Federal investiga se quando Torres era ministro houve uso dos efetivos da PF e PRF para dificultar votos de eleitores da região nordeste, reduto de Lula, no dia da votação, já que houve maior número de ordens de parada e revista a ônibus com eleitores naquela região. A justificativa apresentada por Torres para as deliberações foi a necessidade de as corporações coibirem crimes eleitorais, como compra de votos.

Nesta quarta-feira (26), a defesa de Anderson Torres apresentou um novo pedido de soltura pelo estado de saúde do ex-ministro, agora alegando risco de suicídio (leia mais abaixo).

Tratamento dado por Moraes a ex-ministro de Lula flagrado conversando com invasores motiva críticas ao ministro


Nomeado por Lula, o ex-ministro do GSI era homem de confiança do petista e já havia chefiado a segurança do presidente nos dois mandatos anteriores. Sob a gestão de Dilma Rousseff (PT) na presidência, Gonçalves Dias comandou o GSI. A revelação das novas imagens motivou a exoneração do general e criou uma crise no governo por suposta leniência de aliados de Lula aos atos de vandalismo. No entanto, em decisão bastante destoante das anteriores, Moraes ordenou apenas que o general fosse ouvido pela Polícia Federal.

A forma como o ministro do Supremo lidou com o caso gera estranheza, uma vez que Moraes fundamentou a ordem de prisão das demais autoridades em suposta “omissão e conivência” mesmo que Torres não estivesse no local e que o comandante-geral da PM-DF tivesse agido de forma contundente para impedir os atos, inclusive sendo ferido por manifestantes. Já Gonçalves Dias estava presente no local no momento dos ataques apresentou-se pouco combativo frente à gravidade dos acontecimentos, além de manter diálogos com os criminosos que, ao menos em análise inicial das imagens, aparentam ser bastante cordiais.

VEJA TAMBÉM:
Denúncias do 8/1: Mendonça acompanha Moraes “com ressalvas”; Nunes Marques discorda parcialmente
Avaliação negativa do governo Lula cresce de fevereiro para abril, revela pesquisa
Com esposa com câncer e sem ver filhas menores de idade há meses, Torres apresenta quadro emocional sensível

Nesta segunda-feira (24), Torres seria ouvido pela PF em depoimento sobre as operações policiais realizadas nas estradas no segundo turno das eleições de 2022. Seus advogados, entretanto, pediram que o depoimento fosse adiado por complicações no estado de saúde do ex-ministro. De acordo com o ofício assinado pelo advogado Eumar Novacki e encaminhado à Gazeta do Povo, Torres foi atendido por uma psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal no sábado (22), que atestou a impossibilidade de “comparecer a qualquer audiência no momento por questões médicas (ajuste medicamentoso) durante uma semana”.

O estado de saúde teria se agravado após a negativa por parte de Alexandre de Moraes ao pedido de revogação da prisão preventiva, na última quinta-feira (20). “Ocorre que, após ter ciência do indeferimento do pedido de revogação de sua prisão preventiva, o estado emocional e cognitivo do requerente, que já era periclitante, sofreu uma drástica piora”, dizem os advogados.

Anderson Torres é pai de três filhas menores de idade – de 9, 11 e 13 anos –, as quais não vê desde que foi preso. “Após a decretação da custódia cautelar do requerente, suas filhas, infelizmente, passaram a receber acompanhamento psicológico, com prejuízo de frequentarem regularmente a escola”, prossegue a defesa.

O fato de sua esposa estar com câncer é outro agravante. Segundo seus advogados, o ex-ministro tem sofrido problemas psicológicos desde que foi preso. “Ele entrou em um estado de tristeza profunda, chora constantemente, mal se alimenta e já perdeu 12 quilos”, diz a defesa.

Há evidências claras de perseguição jurídico-política a Anderson Torres, afirma jurista
Para o especialista em Direito Constitucional Aécio Flávio Palmeira Fernandes, há irregularidades e desproporcionalidade na forma como o ministro Alexandre de Moraes tem conduzido suas decisões em relação a Torres. Como ele explica, a Constituição estabelece o princípio da presunção de inocência, e o Código de Processo Penal (CPP) é taxativo ao enumerar as hipóteses em que a prisão preventiva é cabível, e nenhuma delas se aplica no caso do ex-ministro.

“A prisão preventiva é irregular quando não se presta a cumprir as finalidades do artigo 312 do CPP, que indica o instituto quando necessária e indispensável à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado”.

Para Fernandes, há evidências de perseguição de cunho político na situação jurídica de Torres da mesma forma que ocorreu com outras pessoas que foram presas no acampamento montado em Brasília no dia seguinte aos ataques mesmo sem provas de participação dos atos. “Pessoas foram presas sem ao menos terem estado presentes na invasão. É uma clara e escancarada perseguição jurídico-política, onde a lei é um mero detalhe que pode ou não ser parâmetro legal – desde que o infrator seja de viés político contrário”, diz.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/100-dias-na-prisao-anderson-torres-vive-indefinicao-juridica-com-caso-nas-maos-de-alexandre-moraes/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O BRASIL PODERÁ TER UMA CENSURA IGUAL À DA CHINA

Por
Marcel van Hattem – Gazeta do Povo


Sessão da Câmara dos Deputados que aprovou urgência para o PL das Fake News.| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O maior ataque à liberdade de expressão já visto na história recente do Brasil está em curso e, infelizmente, é o Poder Legislativo quem o está protagonizando. O Parlamento nacional, que deve dar neste momento de nossa história o conforto de que a população necessita para ver garantidas suas liberdades, está debatendo um tema que arrisca colocar direitos constitucionais históricos do nosso povo no lixo. O Projeto de Lei 2630/2020 tem um nome orwelliano, “Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”, e uma alcunha enganadora, “Lei de Combate às Fake News”, mas felizmente já está ficando mais conhecido popularmente por aquilo que realmente representa: uma “Lei da Censura”.

Na noite de terça-feira, 25 de abril, mais um passo foi dado para que a censura volte a ser realidade no Brasil com a aprovação do requerimento de urgência para incluir a matéria em pauta. A batalha será árdua, mas não impossível: foram 238 votos a favor e 192 votos contrários, com manobras regimentais do presidente Arthur Lira para aprovar o requerimento excepcionalmente por maioria simples (artigo 154 do Regimento Interno da Câmara, que só pode ser usado simultaneamente por duas matérias por vez) em vez de por maioria absoluta (como preconiza o artigo 155).

Passar ao governo a tutela sobre a opinião dos seus cidadãos é caminho certo e seguro para o autoritarismo.

Considerando-se que muitos parlamentares votam a urgência sem ter compromisso com o mérito e que 83 parlamentares não votaram, é possível reverter esse placar no momento de discussão do projeto, que pode ocorrer hoje, 26, ou na próxima terça-feira, 2 de maio. Os interesses envolvidos pela sua aprovação, porém, são enormes. Além da tradicional voracidade de políticos que preferem o silêncio dos críticos à liberdade de opinião, imprensa e expressão, também o Supremo Tribunal Federal e parte relevante da mídia brasileira integram o front a favor da volta da censura no Brasil. Repito: a batalha será árdua!

O Supremo Tribunal Federal vem há muito tempo interferindo no processo legislativo. Inicialmente com opiniões, depois com decisões e, agora, com sugestões legislativas apresentadas oficialmente ao Parlamento. Trata-se de função que não lhe compete e, a rigor, lhe são vedadas, mas os ministros do STF não demonstram mais qualquer respeito com a lei, inclusive com aquela que regula suas próprias condutas, a Lei Orgânica da Magistratura. Pouco antes da abertura da Ordem do Dia na Câmara dos Deputados que aprovou o requerimento de urgência da Lei da Censura, o próprio ministro Alexandre de Moraes trouxe propostas em nome do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que sejam incluídas no texto do PL 2630.

Quantas vezes ainda teremos de ver o arbítrio e a ditadura imperar em países onde a política determina quais opiniões são lícitas?

Em resumo, as propostas do ministro Alexandre de Moraes trazem uma confissão: o que ele tem feito até aqui como juiz no que diz respeito ao suposto “combate às fake news” é ilegal. Ponto. Ao oferecer ao Congresso Nacional uma proposta de lei que dê suporte ao que ele já executa, censurando políticos e jornalistas, prendendo manifestantes pacíficos, detendo inclusive idosos e crianças, comerciantes e comediantes, Alexandre de Moraes admite publicamente e sem o menor pudor que tem agido sem lei que o respalde e em contrariedade com a Constituição.

A escalada autoritária do STF é tão desabrida e explícita, que o fato de estar admitindo sua própria infração à lei e à Constituição Nacional já não é notícia relevante no Brasil. Ministros do Supremo conseguiram a proeza de, ao mesmo tempo, tornarem-se atores relevantes no cenário político brasileiro e irrelevantes como operadores sérios e confiáveis do Direito pátrio.

Alexandre de Moraes admite publicamente e sem o menor pudor que tem agido sem lei que o respalde e em contrariedade com a Constituição.

Já a mídia tradicional, ciosa com a perda de público decorrente do advento das redes sociais, decidiu apostar as fichas na capacidade do Estado para esmagar a concorrência. Em vez de olhar com seriedade e honestidade intelectual para dentro de suas próprias quatro paredes e entender melhor os motivos para a derrota constante para a concorrência virtual, as empresas de jornalismo profissional, com raras exceções, encontram agora no governo, que deveriam vigiar e fiscalizar, o suporte para resolver seus problemas financeiros.

A imprensa que outrora fez campanha intensa contra a censura, nos tempos da ditadura militar e das Diretas Já, agora usa argumentos esdrúxulos e injustificáveis para defender o cerceamento da liberdade de expressão. Faz lembrar a fábula do sapo e do escorpião: o governo pode até conseguir auxiliar as empresas de mídia no curto prazo, mas é de sua natureza aferroá-la e estrangulá-la até a morte. Basta ver todos os exemplos internacionais em que governos autoritários, como o petista, cooptaram a imprensa e liquidaram com sua liberdade.

VEJA TAMBÉM:
CPMI de 8 de janeiro: direito da minoria a comissões de inquérito jamais pode ser violado
O curioso caso da Casa de Leis que não respeita as suas próprias
Carnaval Vermelho: MST faz guerra para retomar poder político

A discussão sobre liberdade de expressão e responsabilidade é imensa e intensa, impossível resumi-la em um artigo. Em tempos em que a disseminação de informação é tão rápida quanto perigosa via redes sociais, porém, não há dúvidas de que é preciso discutir e aprovar formas legais mais adequadas aos nossos tempos de combater a injúria, a calúnia e a difamação, há muito tempo já tipificados inclusive como crime no Brasil, além de outras formas de contravenção e ilegalidades cometidas online e que extravasam para o mundo real. Contudo, não podemos correr o risco de jogar o bebê fora junto com a água suja do banho.

Quando a mentira é combatida de forma errada, a primeira vítima é sempre a verdade. Passar ao governo a tutela sobre a opinião dos seus cidadãos é caminho certo e seguro para o autoritarismo. Quantas vezes ainda teremos de ver o arbítrio e a ditadura imperar em países onde a política determina quais opiniões são lícitas até que ideias como a Lei da Censura sejam apenas devaneios pensados por uma minoria radical e delirante? Não tenho resposta a esta pergunta, sobretudo considerados aqueles que hoje lideram os Três Poderes e os já mencionados mesquinhos, mas significativos interesses envolvidos. O Brasil, porém, não tem vocação para virar uma China em termos de censura e é por isso que nesse momento será por meio da mobilização de sua população que poderemos evitar esse destino.

Nota: para acompanhar em tempo real quais são os parlamentares a favor e contra o PL da Censura, acesse pldacensura.com. Ali é possível identificar cada deputado e pedir àqueles que são a favor da censura ou que não se posicionaram que reflitam sobre o futuro que querem para si e para o nosso país.

E-BOOK
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/marcel-van-hattem/pl-da-censura-o-brasil-nao-pode-virar-uma-china/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

A ESQUERDA VOTOU EM PESO DEFENDENDO O PROJETO DE CENSURA

 

PL das fake news

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


O relator do projeto de lei das fake news é o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).| Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados.

Como é possível que o projeto de lei de censura às redes sociais seja votado a qualquer momento, gostaria de lembrar que o artigo 220 da Constituição, no parágrafo 2.º, diz que “é vedada toda e qualquer censura de caráter político, ideológico e artístico”. Toda e qualquer censura. E é bom lembrar também – para vermos que as próprias autoridades não estão obedecendo a Constituição, estão passando por cima da nossa lei principal, que garante democracia no país – que o parágrafo 5.º do artigo 220 diz que os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio, ou seja, a Constituição não permite que dominem o mercado da informação.

Por que digo isso? Porque a mídia tradicional está silenciosa. Está na cara que o projeto pretende fazer censura, e este é um perigo muito grande. Se olharmos de onde são os 238 deputados que aprovaram a urgência do projeto – ou seja, para ir logo ao plenário, sem passar por comissões, embora ainda tenha de ir ao Senado se for aprovado na Câmara –, vemos que as bancadas do PT, do PCdoB, do PSol e da Rede votaram em peso pela urgência. São partidos de esquerda, e a natureza da esquerda é totalitária, é a censura. Ninguém diz que não há censura na Venezuela, em Cuba, na Nicarágua, na China, que não havia na União Soviética, na Albânia… Regimes de esquerda, totalitários, exigem censura.

VEJA TAMBÉM:
Propaganda enganosa
Ainda há muito a explicar sobre a presença de Gonçalves Dias no Planalto

Embora a eleição de outubro tenha renovado a Câmara com quase 70% de deputados de centro e direita, na hora de votar só metade deles foi contra a urgência. Isso é preocupante, porque a grande mídia sente a concorrência das redes sociais. Está acontecendo nos Estados Unidos também: grandes órgãos estão fechando, demitindo os grandes salários, cortando gente, porque estão sentindo, a audiência caiu, as pessoas estão acompanhando o noticiário pelo celular ou pelo computador. Diga-se de passagem, quem resiste é o rádio, que já resistiu à televisão; quando apareceu a televisão, diziam que ninguém mais ouviria notícias pelo rádio, mas o rádio tem mais agilidade, mais portabilidade, e continua a ser grande fonte de informação da maioria.

A CPI do 8 de janeiro finalmente chegou
A CPI mista do 8 de janeiro terá 16 deputados e 16 senadores. Rodrigo Pacheco não teve alternativa, de tanto que vinha crescendo a grande pergunta: por que o governo não queria transparência e botou sob sigilo as imagens do Palácio do Planalto? Agora vimos por quê. Aparece lá o general Gonçalves Dias, e aí não tem mais jeito, Pacheco não tinha mais como continuar empurrando com a barriga. Agora o governo vai querer a maioria desses 32 para melar a investigação e não apurar aquilo que se quer apurar: qual foi a causa, quem são as pessoas envolvidas, quais são as consequências… Governo e oposição se mobilizam para ter maioria na comissão, mas o importante é que finalmente a CPI chegou.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/censura-esta-no-dna-da-esquerda/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

SISTEMA DEJUSTIÇA É CENTRADO NO BANDIDO E PREOCUPA MENOS COM A VÍTIMA

 

Artigo
Barbárie sob nova embalagem: como o progressismo ameaça o sistema de justiça
Por
Hugo Freitas Reis, especial para a Gazeta do Povo

Composite contemporary collage statue of justice themis femida on the background of the target as the concept and idea of justice and law. High quality photo


Foi a duras penas que a sociedade conseguiu instituir certos princípios do sistema de justiça que, aparentemente, “protegem os bandidos”. Na verdade, eles apenas contrariam as tendências humanas naturais, visando a garantir um ambiente onde o julgamento será equilibrado.| Foto: Bigstock

Uma queixa recorrente é a de que o sistema de justiça é centrado demais no bandido e se preocupa de menos com a vítima. Mal sabem esses críticos que isso não é um acidente; é de propósito. É um princípio do liberalismo do século XVIII que vale não só no Brasil, mas em todos os países ocidentais. E digo mais: é um ótimo princípio. Que está sob ataque hoje como nunca, com uma novidade: hoje, numa grande reversão histórica, os ataques vêm principalmente do campo progressista. Tanto no Brasil como em outros países.

É óbvio que as vítimas precisam de atenção, mas um sistema processual centrado na vítima seria, no limite, o sistema processual alexandrino — neologismo que poderíamos usar para designar o processo onde a pessoa que figura como vítima faz também o papel de acusador e de juiz.

Vieses cognitivos
Todos entendemos que a vítima não é a pessoa mais isenta para avaliar se há provas suficientes do crime, ou se há provas suficientes de que o acusado é culpado; que dirá avaliar a gravidade da ofensa para decidir a pena merecida.

Isto é porque as pessoas têm vieses cognitivos. E a causa remota disto é que a cognição humana (o grande diferencial da nossa espécie) foi construída pelo processo descrito pela teoria da evolução; isto é, desenvolveu-se pela seleção dos traços que conferiam mais vantagem individual ao espécime possuidor — e não dos traços que produziam o melhor pensador ou juiz.

Só por acaso é que será de ajuda ao espécime ter capacidades mentais que o ajudam a acessar “a verdade” objetiva. Em muitos outros casos, o que o favorecerá vai ser a capacidade de iludir os outros — ou até mesmo a si próprio — a acreditarem no que mais lhe favorece. Por isso é que se observa que as pessoas tendem a puxar a brasa para a sua sardinha, como diz a expressão popular. Às vezes, inclusive, como crença sincera — às vezes, insincera.

Por isso mesmo, o psicólogo Roy Baumeister, citando estudos empíricos, observou que, ao contrário do que diz o senso comum, as vítimas mentem e distorcem tanto quanto os seus agressores (e não menos), quando narram os fatos delituosos. Isso é porque todos — vítimas, agressores, observadores — nascemos com um “advogado interior” ou um “assessor de imprensa interior”, como diz Jonathan Haidt.

As vítimas querem projetar a melhor imagem possível de si mesmas perante a comunidade (inclusive omitindo malfeitos que partiram dela, num contexto de agressões bilaterais, as quais Baumeister afirma, também ao contrário do senso comum, serem uma situação estatisticamente mais frequente que a da vítima completamente inocente). Ao mesmo tempo, têm interesse em projetar a pior imagem possível do seu agressor, para vingar-se convencendo o resto da comunidade a ficar contra ele — algo que qualquer pessoa pode atestar conversando individualmente com alguém que brigou com um amigo em comum.

Richard Posner também observou: a evolução desenvolveu os indivíduos para terem um forte instinto de retaliação — porque aquele a quem não se pode agredir impunemente será menos agredido, logo sobreviverá mais e terá mais recursos —, mas, ao mesmo tempo, a evolução não tem interesse algum em limitar esse instinto apenas à retaliação suficiente. Afinal, uma reação desproporcional em excesso é tão eficaz para o fim descrito quanto a reação proporcional.

Por isso, historicamente, é que precisou surgir a regra “Olho por olho, dente por dente”: se hoje é considerada cruel, ela originalmente precisou ser expressa e escrita justamente para limitar a sanha punitiva. O sentido da regra era impedir que as pessoas pretendessem arrancar um olho em retaliação por um dente perdido, como soía acontecer.

O que reflete a natureza de todo o direito penal: são normas destinadas, antes de tudo, a limitar quem pune. Por isso a impressão de que é um direito que protege os bandidos.

E também serve de advertência histórica: deixar que a própria vítima dose a pena, como no sistema alexandrino, seria temerário.

Mudança de mentalidade
Todos esses problemas em se confiar na vítima, mesmo conhecidos, são ignorados por uma força de viés moralista, talvez mais vinda da sociedade do que do indivíduo: o imperativo de “ficar do lado da vítima”. Duvidar da palavra dela, ou fazer menção aos atos precedentes pouco elogiáveis que dela partiram, é visto como um pecado em si, e equivalente a “ficar do lado do agressor” – ou seja, ser tão ruim quanto ele, aos olhos dos outros. E, como foi brilhantemente retratado no conto “A roupa nova do imperador”, as pessoas estão dispostas a sacrificar quase qualquer coisa para salvar a sua reputação.

Com todas essas forças contrárias, na história e no presente, foi a duras penas que a sociedade conseguiu instituir certos princípios do sistema de justiça que, aparentemente, “protegem os bandidos”. Na verdade, eles apenas contrariam as tendências humanas naturais, visando a garantir um ambiente onde o julgamento será equilibrado.

Por isso, os progressistas — com destaque, hoje, para a corrente feminista — acham que estão sendo inovadores com suas críticas ao sistema de justiça, quando, na verdade, estão apenas repetindo críticas muito antigas, antes vindas sobretudo do campo conservador. A diferença é que, como os progressistas detêm a hegemonia no campo cultural, estão conseguindo impor as suas pautas na prática.

E as vitórias não se restringem ao campo cultural. Nos dias atuais, não param de ser aprovadas leis concretas neste sentido. Esta vitória política — que, diga-se, quase não encontra oposição parlamentar, mesmo entre parlamentares do dito campo conservador — foi precedida de uma transformação na cultura, mudando-se a mentalidade dos operadores do direito desde a faculdade.

Um exemplo anedótico foi um debate entre chapas de eleição de centro acadêmico que testemunhei em 2015, ano por vezes descrito como um marco da atual ascensão do progressismo identitário na sociedade.

Uma das graves “acusações” desferidas por uma chapa contra a rival foi terem dito, em algum momento, que, se eleitos, em casos de acusação de ismofobia (machismo, racismo, homofobia, etc.) que ocorressem na faculdade, antes de mobilizarem o aparato do centro acadêmico contra o acusado, conversariam com ele em particular e ouviriam a sua versão. Algo que, em outros tempos, seria chamado honrosamente de “direito ao contraditório”. A outra chapa retorquiu em tom de superioridade moral, dizendo que, se fosse eleita, aplicaria a sua concepção, muito diferente, de que, em suas palavras, “as vítimas devem protagonizar” as campanhas de ostracismo. Ou seja, presunção de veracidade da acusação até prova em contrário. Isso numa faculdade de direito.

Devido processo legal, ônus da prova pesando contra a vítima acusadora (sim, contra a vítima!) e não contra o acusado, direito ao contraditório. Os progressistas denunciam tudo isso como imoral, porque oneram a vítima, forçando-a, por exemplo, a ter que depor em juízo para ter a sua versão dos fatos contraditada.

É um processo sem dúvida, potencialmente, muito desagradável – mas absolutamente necessário para proteger o inocente e combater os vieses da vítima, já descritos. Os progressistas chegam a se referir a isso pelo disfemismo “revitimização”, equiparando o direito básico do contraditório a um crime perpetrado pelo Estado – concepção absurda que foi concretizada pela promulgação da Lei Mariana Ferrer em 2021.

Pouco importa que a alternativa a isso seja o Estado perpetrar “crime” pior, a máxima violência que lhe é legalmente permitida, que é a prisão por anos a fio, contra um inocente que não teve direito de se defender. Este desconforto ou “vitimização” não é levado em conta, já que a vítima em questão está fora do estreitíssimo rol de vítimas aceitáveis do progressismo.

Trata-se, aliás, de um padrão recorrente no progressismo: o que se vende como “empatia” e cuidado com o ser humano é, na realidade, a tirania ditatorial dos caprichos de uns sobre os outros, a quem não se concede nenhuma misericórdia.

A verdadeira máxima distribuição de empatia, se fosse possível, ao contrário da empatia seletiva, seria forçada a lidar com os trade-offs inerentes à possibilidade de se beneficiar um prejudicando o outro. A solução desse trade-off resultaria justamente no… sistema de direitos iguais e imparciais, inspirados no princípio da justiça (e não na “empatia”), que é justamente o que inspira o sistema de justiça liberal que o progressismo tenta destruir.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/barbarie-sob-nova-embalagem-como-o-progressismo-ameaca-o-sistema-de-justica/
Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

LULA ABORDA A GUERRA NA UCRÂNIA APOIADO EM SABEDORIA DE BOTEQUIM

 

Política externa atual do Brasil em relação ao conflito é a política externa do presidente

Por William Waack

política externa atual do Brasil em relação ao conflito na Ucrânia é a política externa do Lula. Ela consiste na promoção da imagem pessoal do presidente como um estadista de grande projeção internacional.

O principal problema dessa política é o notável distanciamento entre a visão que Lula tem do cenário internacional e a realidade dos fatos. Nesse sentido, as bobagens que ele tem reiterado sobre causas, evolução (no sentido cronológico) e possíveis resultados do conflito não são apenas deslizes retóricos.

São distorções trazidas pela ignorância de como funciona a ordem internacional em transformação e o motivo das ações das potências envolvidas. Junto da incapacidade de entender e formular o que seja o interesse nacional brasileiro, que Lula confunde (como fazem populistas em qualquer lugar) com interesses políticos pessoais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante viagem à Espanha
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante viagem à Espanha  Foto: JuanJo Martín/EFE

Uma das imprecisões históricas mais reveladoras da falta de visão internacional de Lula foi a afirmação de que a China merece um crédito especial como possível negociadora no conflito da Ucrânia pois “não faz guerra há muito tempo”. A história da moderna China, como a de todas as grandes potências, é a história de suas grandes guerras (de conquista, civil ou ambas). E a China está se preparando para a maior delas, contra os EUA.

A afirmação, feita por Lula, de que não adianta “discutir quem está certo ou quem está errado” no caso da Ucrânia implica desprezo do presidente brasileiro a princípios de Direito Internacional. A preservação desses princípios foi durante décadas o norte da política externa brasileira.

Outra bobagem retórica – “Você só vai discutir acerto de contas quando pararem de dar tiros” – expõe incapacidade de entendimento das relações internacionais. Não se esperava que Lula se dedicasse a interpretar a frase célebre de Clausewitz (A guerra é a continuação da política por outros meios), mas qualquer político realista e realmente pragmático sabe bem o que significa.

A guerra imposta pela Rússia à Ucrânia é uma guerra imperialista clássica de conquista inflamada por nacionalismo e chauvinismo de séculos, dos czares aos bolchevistas, além do típico anseio por segurança (diante de ameaças reais ou percebidas, como a existência da Otan) de grandes potências. Ela se tornou fator definidor da ordem internacional que, simplificando, é a formação de dois formidáveis blocos geopolíticos. Guerra da Ucrânia e nova ordem são eventos com características próprias, mas que se tornaram inseparáveis e se condicionam mutuamente.

É bom observar que o chefe de governo espanhol, um político socialista ao lado de quem Lula proferiu as últimas declarações sobre a guerra, compartilha com outros dirigentes europeus de esquerda ou de direita o mesmo entendimento sobre a natureza do que está acontecendo. Eles não definem a postura externa de seus países apoiados em sabedoria de botequim.

ESCOLHA DE PIMENTA CRIA CONFLITO COM GESTÃO DE LEITE

Brasil e Mundo ...