domingo, 26 de fevereiro de 2023

CLUBES EMPRESAS JÁ ESTÃO COMANDANDO O FUTEBOL BRASILEIRO

 

Artigo
Por
Sérgio Czajkowski Júnior – Gazeta do Povo


| Foto: Unsplash

O futebol deixou de ser visto apenas como um mero esporte e tornou-se uma atividade econômica, gerida por businessmen e cada vez mais conectada ao ambiente empresarial; advindo daí a expressão “indústria do esporte”. Tal fenômeno, iniciado com mais força nos anos 90, é decorrente de diferentes variáveis, cuja sinergia fez com que o modelo associativo clássico, até então vigente, passasse a ser visto como defasado e anacrônico.

A intensificação desse processo deu origem a um novo modelo de gestão desportiva, cuja profissionalização culminaria numa maior efetividade gerencial, capaz de alavancar uma atração mais robusta de investimentos e, pelo menos em tese, um maior ganho de competitividade dentro das quatro linhas.

A profissionalização da gestão dos clubes é um fenômeno inevitável que fará com que as paixões futebolísticas tenham de caminhar de forma alinhada a determinados preceitos do ambiente empresarial.

Para que consigamos compreender o recente fenômeno de profissionalização da gestão dos clubes de futebol ocorrida no Brasil e que culminou com o advento dos chamados clubes empresa, é importante voltarmos o olhar para a história da prática desse esporte em nosso país. Como o ex-jogador e tricampeão mundial Tostão escreveu na revista Placar, em 2000: o modelo, até então vigente no Brasil, pautado pelo amadorismo e pela insegurança, estaria dando lugar a um “futebol dos cifrões”, capaz de igualmente conferir maior transparência financeira e uma gestão baseada na governança corporativa.

Portanto, quando analisamos, com um pouco mais de cuidado, o processo histórico de consolidação do futebol como sendo o principal esporte coletivo, bem como um dos principais símbolos da nossa cultura, é importante ressaltarmos algumas peculiaridades históricas ocorridas por aqui, e que não se fizeram presentes com a mesma intensidade em outras regiões do mundo.

Diferentemente do que aconteceu em países como os Estados Unidos, nos quais a prática de diferentes esportes coletivos como basquete, beisebol e, em especial, o futebol americano, sempre existiu um forte enlace entre a academia e a prática esportiva, a qual culminou com a profissionalização bastante precoce desse setor; no Brasil, a maturação desse processo ocorreu de forma diversa.

No nosso caso, a prática de esportes coletivos, especialmente do futebol, sempre esteve fortemente vinculada à figura dos clubes e demais agremiações e associações desportivas, cuja gestão, em muitos casos, ficava a cargo de indivíduos que estabeleciam com estas organizações uma forte conexão afetiva, a qual não necessariamente era acompanhada por uma formação técnica/acadêmica específica.

Em paralelo, também é importante destacar que tais espaços, com o passar do tempo (notadamente dos anos 50-60 em diante), se tornaram locais privilegiados não só para a formação de uma grande quantidade de jogadores, técnicos e demais profissionais, muitos dos quais iniciavam suas carreiras nas categorias de base e, aos poucos, ascendiam aos times principais, bem como das equipes gestoras. Estas, na ampla maioria dos casos, acabavam sendo constituídas por indivíduos que ocupavam determinados cargos em tempo parcial – movidos, geralmente, pelo vínculo emocional com seus respectivos clubes. Ou seja, durante uma grande quantidade de tempo, os clubes foram geridos por indivíduos que, mesmo estando muito bem intencionados, aprendiam “na prática”, uma vez estando inseridos no corpo gerencial dos clubes.

Entre as décadas de 1970 e 1980, o futebol, notadamente na Europa, sofreu mudanças mais profundas, as quais acabaram culminando com a adoção de práticas vinculadas ao ambiente empresarial e que passaram a desidratar de forma contínua as ainda remanescentes do modal associativo clássico.

Já nas últimas duas, três décadas, observamos, no Brasil, fenômeno similar, diante da consolidação de uma nova leitura em torno da prática desportiva, cujo motor deixou de ser alimentado apenas pela paixão, vindo a ser vista como um “negócio”. Tal transformação culminou com a infusão, mesmo que paulatina, de uma visão gerencial nos clubes de futebol, a qual pode ser creditada à própria financeirização da economia mundial atrelada à necessidade de muitos clubes incorporarem práticas já consolidadas nas demais organizações, até mesmo para que se mantenham saudáveis em termos contábeis.

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Outro fenômeno igualmente relevante é a presença das figuras do torcedor, ainda movido pela paixão, e do consumidor de espetáculo, que passa a enxergar o desempenho do seu time por uma ótica igualmente profissional/racional, em torno da cobrança por resultados cada vez mais robustos e expressivos.

O que nos leva a concluir que a profissionalização da gestão dos clubes é um fenômeno inevitável que, mesmo que não culmine com a completa extinção das paixões futebolísticas, fará com que estas tenham que caminhar de forma alinhada a determinados preceitos do ambiente empresarial, até mesmo para que os times possam continuar atuando de forma efetiva, em campo, e economicamente saudável e superavitária no que diz respeito às suas contas.

Sérgio Czajkowski Júnior é formado em Direito e Publicidade e Propaganda, especialista em Comunicação e Marketing, doutor em Administração e professor de pós-graduação e MBA da Universidade Positivo (UP).

Entendendo a SAF e o Clube-Empresa

Por: Aline Borges – Ciência da Bola

A Sociedade Anônima do Futebol, mais conhecida como SAF, foi aprovada pela  Lei 14.193/2021. Com essa lei, o clube passa a ter o Futebol como uma instituição com fins lucrativos. Assim, caso haja outras modalidades no clube, elas não receberão o investimento que o futebol receberá.

Ao consolidar a SAF, o clube torna-se clube em formato empresarial, e a grande maioria dos estatutos dos antigos clubes associativos, buscam investidores legalmente aceitos que comprem no máximo 90% do clube. Os outros 10% são obrigatoriamente da parte associativa do clube, que não deixa de existir mesmo com a SAF.

Atualmente (em 2022), a SAF (Sociedade Anônima do Futebol) é um dos temas mais comentados do futebol brasileiro, principalmente pela movimentação de alguns clubes. A motivação para se tornar clube-empresa é o interesse e entendimento dos gestores de que o clube deixará de ser associativo. Justamente esse ponto é o primeiro passo para se tornar SAF, separar clube social e futebol; e o segundo passo é identificar dívidas.

No final de 2021, já vimos as movimentações de clubes e investidores para iniciar o modelo clube-empresa no Brasil. O Cruzeiro e o Botafogo foram os primeiros clubes a oficializarem o modelo, comprados por Ronaldo Fenômeno e John Textor, respectivamente. Além deles, outros clubes já oficializaram ou manifestaram o interesse em seguir o mesmo caminho, como: CuiabáCoritiba, Figueirense, América-MG e Athletic-MG.

Ronaldo Fenômeno anuncia compra do Cruzeiro - Jornal O Globo
Fonte: (oglobo)

Qual a diferença entre SAF e Clube-Empresa?

Ao se transformar em Sociedade Anônima do Futebol o clube passa automaticamente a ser clube-empresa, porém um clube-empresa não necessariamente é SAF. Alguns clubes do Brasil já seguiam o modelo de clube-empresa mesmo antes da aprovação da Lei da SAF. 

Veja alguns exemplos de clube-empresa que já existiam no Brasil:

  • Red Bull Bragantino  – desde 2019 o time de Bragança Paulista-SP passou a receber investimentos da marca de energéticos. A parceria vem rendendo bons frutos para ambos os lados. No mesmo ano em que a parceria começou, o time paulista conquistou a Série B do campeonato brasileiro. Em 2021 foi vice-campeão da Copa Sul-Americana, e ficou em 6º lugar na Série A do Brasileirão, conquistando vaga na Libertadores. 
    Um ponto de destaque dessa parceria é que apesar da marca possuir grande poder aquisitivo, não faz altíssimos investimentos em jogadores. O clube prefere investir menos em jogadores mais jovens para revender depois ou transferir para clubes da mesma franquia. Além de oferecer diversas experiências aos sócios fazendo conexões com outras modalidades que também fazem parte do investimento da Red Bull.
  • Cuiabá – o time mato-grossense é gerenciado pela família Dresch desde 2009, que segue administrando o clube recebendo investimentos da Drebor. Empresa da própria família Dresch, que no clube optou por utilizar uma estrutura diferente em alguns setores. O clube não possui cargo de Diretor de Futebol, ele foi substituído pelo departamento de mercado, para observar e contratar jogadores.  
    O Cuiabá possui 21 anos de existência e em 2020 subiu pela primeira vez para a elite do campeonato brasileiro. Em 2021, fez um bom campeonato e permaneceu na primeira divisão. 
Entenda o clube-empresa Red Bull Bragantino - 01/11/2019 - Campeonato  Brasileiro - Fotografia - Folha de S.Paulo
Fonte: (Uol)

Será que SAF é a solução?

A SAF traz oportunidades para que haja mudanças na estrutura do futebol, e a possibilidade dos clubes serem mais organizados. Além disso, a SAF abre portas para novas oportunidades de mercados, principalmente por ser um modelo comum fora do Brasil. Com isso, é possível haver com mais facilidade a internacionalização dos clubes, com venda de produtos e até abertura de escolinhas. 

Apesar de haver certa euforia com a aprovação da SAF, o modelo não é a solução para os clubes serem vitoriosos. A lei é um meio para que os clubes consigam se reestruturar, porém, não vai mudar do dia para a noite.
O primeiro passo para dar certo no Brasil são os gestores mudarem a mentalidade e abrirem mão da maior parte do clube. O investidor tratará o clube como uma empresa, portanto buscará no mercado profissionais capacitados para gerir todas as áreas. A profissionalização do futebol, governança e gestão são os principais pilares para a mudança de um time, sendo ele associativo ou empresa. 

Entretanto, esse modelo não é garantia de sucesso, uma empresa mal gerida também acumula dívidas e inclusive pode levar à falência. Assim como a SAF, o modelo associativo com uma gestão séria, também pode gerar bons resultados dentro e fora de campo.

FAZ O PIX, TEXTOR! SÓCIOS DO BOTAFOGO APROVAM MUDANÇA NO ESTATUTO PARA  PERMITIR VENDA DA SAF - FogãoNET
Fonte: (FogãoNet)

Botafogo e Cruzeiro

Os primeiros clubes a se movimentarem após a aprovação da lei da SAF, foram Botafogo e Cruzeiro, que já possuem investidores. Ambos oficializados em dezembro de 2021, o Botafogo vai receber investimento do americano John Textor, sócio do Crystal Palace da Inglaterra. Já o Cruzeiro tem como investidor Ronaldo Fenômeno, que atualmente é dono do Real Valladolid da Espanha. 

Botafogo já possui registro de CNPJ, registro que toda empresa tem. Além disso, já anunciou nomes da diretoria e do conselho. Segundo o GE, John Textor terá direito aos 90% do clube-empresa permitido pela lei, os 10% permanecem com o Botafogo associativo. O  Botafogo SAF receberá R$ 400 milhões de investimento, diluídos da seguinte forma:

  • R$ 100 milhões à vista (na data de assinatura dos documentos).
  • R$ 100 milhões em até 12 meses.
  • R$ 100 milhões em até 24 meses.
  • R$ 50 milhões em até 36 meses.
  • R$ 50 milhões ao modelo associativo.

O Cruzeiro, que também já possui o CNPJ registrado, vendeu 90% dos seus direitos ao Ronaldo, os 10% permanecem no modelo associativo. Ronaldo fará um investimento de R$ 400 milhões nos próximos 4 anos. Através da SAF, o Cruzeiro terá 6 anos para quitar 60% da sua dívida, que chega a quase R$ 1 bilhão. Caso consiga atingir o objetivo, terá mais 4 anos para pagar o restante da dívida. 
Por fim, as punições esportivas permanecem as mesmas, pode haver perda de direito de contratar, de pontos ou de mando de campo. A gestão e o profissionalismo são sempre a solução para os times e gestores, seja como SAF ou associativo. 

Quais clubes no mundo deram certo com esse modelo?

No Brasil, o modelo clube-empresa ainda está engatinhando, mas na Europa, esse  modelo é muito comum e está presente na maioria dos clubes. Segundo um levantamento realizado pela consultoria EY, 92% dos clubes das cinco maiores ligas europeias funcionam como empresas. Alguns deles possuem até ações na bolsa de valores.

  • PSV – essa é uma relação histórica na Europa, a Philips e o PSV possuem anos de parceria. E o que muitos não sabem é que o nome do clube é Philips Sport Verening Eindhoven. 
  • Bayer Leverkusen – o time foi fundado pela empresa farmacêutica Bayer, que tem sede em Leverkusen e fundou o time após pedido dos funcionários. O time não possui outros investidores e todas as ações pertencem à Bayer. 
  • Manchester City – o time recebe cerca de 86% de investimento da Abu Dhabi United, e os outros 14% pertencem ao China Media Capital. Além disso, existe o Grupo City, onde clubes de outros países recebem investimentos e facilita a transferência de jogadores entre os clubes do Grupo.

Quais clubes deram errado?

Como citado anteriormente, a SAF não é a solução para os clubes brasileiros e inclusive pode levar à falência. O investimento não é sinal de que resultados dentro e fora de campo, eles precisam ser conquistados com o tempo. 

  • Figueirense – o time catarinense havia vendido 95% do clube para a empresa Elephant, o acordo de 20 anos foi rompido em 2 anos. A empresa foi acusada de desviar dinheiro do investimento, atrasou salários, não pagou comida e transporte para categorias de base. 
  • Parma – após a saída da Parmalat, que era a principal investidora do clube, o time italiano precisou declarar falência. A dívida que era na casa de R$ 200 milhões levou o time à Série D da divisão italiana. O time precisou se reerguer e atualmente disputa a Série B da Itália.
Após falência, Parma luta pelo terceiro acesso seguido na Itália | LANCE!
Fonte: (Lance)

O que podemos esperar com esse novo cenário?

Portanto, com tudo o que foi trazido neste texto, é possível concluir que ser clube-empresa também tem seus prós e contras. O modelo não é sinônimo de sucesso dentro de campo e nem de resultados rápidos, ninguém vira vencedor do dia para noite.  

A tendência é que haja uma maior adesão dos clubes brasileiros ao modelo SAF. E além dos clubes, vai haver uma movimentação do mercado esportivo, principalmente pela chegada de investidores nacionais e internacionais. 

Apesar da expectativa por essas movimentações do mercado esportivo brasileiro serem boas, elas também devem ser cautelosas. O futebol brasileiro possui diversos problemas com o calendário e a falta de união dos clubes são um dos pontos negativos. Isso pode fazer os investidores repensarem ao ter interesse no Brasil e até optar por investir em outro país. 

O caminho ainda é longo, mas os primeiros passos já foram dados. Agora cabe aos profissionais do futebol aprimorarem seu conhecimento e investir na profissionalização, independente de ser clube-empresa ou associativo. Com profissionais especializados em cada área, a chance de sucesso dentro e fora de campo é maior. 

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PRISÕES POLÍTICAS EM MASSA ESTÃO OCORRENDO DEVIDO 8 DEJANEIRO

Só as ditaduras mais abjetas do mundo fazem coisas parecidas às que o Brasil faz hoje

Por J.R. Guzzo – Jornal Estadão

A prisão de mais de 900 cidadãos numa penitenciária de Brasília, sob acusação de terem participado da invasão e depredação dos edifícios dos três Poderes, é uma vergonha nacional. Nunca houve na história da República prisões políticas em massa como as do dia 8 de janeiro, nem o massacre da legalidade que está sendo cometido contra os acusados pela máquina oficial de repressão; só as ditaduras mais abjetas do mundo fazem coisas parecidas às que o Brasil faz hoje.

As pessoas estão na cadeia, em condições que os grupos de defesa dos “direitos humanos” achariam intoleráveis para criminosos comuns, há quase dois meses. Até agora o aparelho judiciário do Estado, com polícia, Ministério Público, juízes, STF, etc., etc., não foi capaz de dizer, entre os 900, quem cometeu qual crime – ou mesmo quem não cometeu crime nenhum. Como não sabe, mantém todos presos. Por quanto mais tempo? Como nos campos de concentração, não há prazos, nem informação, nem nada.

Bolsonaristas radicais invadiram as sedes dos três Poderes em Brasília
Bolsonaristas radicais invadiram as sedes dos três Poderes em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

É um insulto espetacular à lei. O passo mais elementar da ação penal, sem o qual não se pode ter processo nenhum, é acusar um indivíduo determinado, com identidade estabelecida além de qualquer dúvida, por ter cometido este ou aquele crime previsto no Código Penal. É a tão falada “individualização” da “conduta criminosa”. Sem isso não se vai a lugar nenhum; a obrigação mínima da autoridade pública, ao prender alguém, é dizer o que ele fez, ou do que é acusado. Não existe no Brasil o crime coletivo, algo a ser praticado por uma massa de gente. A acusação tem, obrigatoriamente, de se dirigir a um indivíduo específico, e por um ato específico. E se o crime foi praticado por 20 pessoas? Cada uma das 20 tem de ser denunciada, individualmente. Também não é crime estar perto do crime, ou de criminosos – da mesma forma como não é crime estar dentro de um estádio de futebol quando bandos de marginais brigam entre si nas torcidas organizadas. Nada disso está valendo para os presos de Brasília. Eles são de direita – por isso não têm direitos.

É chocante o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a 400 anos por corrupção, estar solto enquanto centenas de brasileiros estão presos sem o devido processo legal. O mesmo espanto ocorre quando assassinos, assaltantes ou estupradores presos em flagrante saem da cadeia assim que chega o advogado – ou quando o MST, em mais um ato de terrorismo no campo nas proximidades de Brasília, agride selvagemente um cidadão, e os criminosos são soltos cinco minutos depois de assinar um pedaço de papel numa delegacia. É simplesmente incompreensível, para o brasileiro comum. Isso é justiça? Isso é democracia?

Judiciário
Presos por vandalismo em Brasília só poderão receber visitas com autorização de Moraes
PorGazeta do Povo


Vândalos invadiram os prédios dos Três Poderes no dia 08 de janeiro| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que os presos pelos atos de vandalismo em Brasília só poderão receber visitas com autorização da Justiça. Na decisão, o magistrado afirma que os custodiados não podem ser submetidos à mesma portaria da Vara de Execuções Penais (VEP/DF) que regula a visita a outros presos.

De acordo com Moraes, os que foram presos em 9 de janeiro, no Quartel-General do Exército, podem receber visitas conforme as regras do sistema prisional do Distrito Federal, que estão previstas na Portaria 008/2016, da Vara de Execuções Penais.

“A Portaria VEP (Vara de Execuções Penais do Distrito Federal) 008/2016 — que regulamenta o ingresso de visitantes nos estabelecimentos prisionais no âmbito do sistema penitenciário do Distrito Federal – aplica-se, integral e igualmente, às visitas ao estabelecimento prisional em relação às prisões efetuadas em 9/1/2023 por decisão desta Suprema Corte”, afirmou Moraes.

A exigência foi feita porque as investigações ainda tramitam sob sigilo no STF. Os suspeitos são investigados por crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, incitação ao crime, entre outros.

Mais de 900 pessoas detidas em flagrante no dia dos atos tiveram as prisões convertidas em preventivas. Ou seja, por tempo indeterminado.


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SATANISMO NOS DESFILES DAS ESCOLAS DE SAMBA


O cramulhão está na moda: como o diabo assumiu o protagonismo na guerra cultural

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Na entrega do Grammy e também nas passarelas do samba, há um cheiro de enxofre no ar. De repente, virou moda homenagear o diabo.| Foto: Reprodução/ Twitter

Há algumas semanas, durante a premiação do Grammy (“o Oscar da música”, como fazem questão de nos lembrar os clichês), um cantor cujo nome faço questão de não citar se apresentou fantasiado de diabo e cercado por demônios. Aplausos. Furor. Você talvez não, mas seu filho ou neto viram. Alguns provavelmente gostaram. Outros devem ter achado oh! ousado. E assim se corrompem os inocentes.

Na época, pretendi escrever alguma coisa. Cheguei até a rascunhar um texto em que falava da exaltação das nossas fraquezas como sinônimo de “beleza” quando, na verdade, a beleza está na forma como lutamos contra essas fraquezas. Mas esse é um processo antigo e tem a ver até mesmo com aquele que considero o mito fundador do modernismo e que chamo de “A Paixão Mundana de Van Gogh”. Mas deixei para lá. Falar das artimanhas do tinhoso é sempre desagradável.

Mas aí fiquei sabendo que, pelo segundo ano consecutivo, o cramulhão foi de alguma forma celebrado nas passarelas do samba. Outro clichê. Deu para perceber que é intencional, né? Em São Paulo, a Gaviões da Fiel exaltou o coxo; no Rio, o elogio satânico ao coisa-ruim coube à Salgueiro. As celebrações do ardiloso, ainda mais vindas de agremiações supostamente populares, conseguem ser mais despudoradas do que a nudez artificial de suas rainhas de bateria.

Se bem que, em termos cronológicos, dá para se dizer, sem medo de parecer comentarista de desfile de escola de samba, que o despudor físico e carnal (não confundir com Karnal) só fez abrir as portas para esse despudor que é assim o Everest, não!, a apoteose dos despudores: a adoração explícita da maldade. Das trevas. E, por consequência, a ofensa gratuita, compartilhada com milhões de espectadores, a Deus. E mais não digo.

Digo, sim
O satanismo sempre existiu. Sempre houve pessoas que se sentiram atraídas pelas ofertas mirabolantes do rebelde. E não é mesmo fácil resistir às tentações do canhoto. Dinheiro, fama, reconhecimento. Imortalidade, no sentido mais draculaniano da palavra. Mas essas pessoas sempre foram consideradas párias. Uma gente caída, digna de pena; uma gente perdida, mas também elas dignas do arrependimento e do perdão.

Essa condição marginal sempre foi um dos atrativos da diabofilia. Eis aí mais um truque do sem-nome: fazer com que as pessoas se sintam especiais e diferentes, especiais porque diferentes, ao adorá-lo. Taí a música “Simpathy for the Devil”, dos Rolling Stones, que não me deixa mentir. Não à toa, o satanismo sempre atraiu pessoas com certo “pendor artístico”. Até pela associação evidente entre o orgulho e a rebeldia que são a origem do mal.

Aliás, dá para dizer que o renegado esteve presente em toda a arte a partir de John Milton. Mas a motivação era clara: alertar para os perigos de se flertar com as forças subterrâneas. De “Fausto” ao heavy metal, passando por “Grande Sertão: Veredas” e o filme “O Advogado do Diabo”, são muitas as obras que tem o cão como protagonista. (O inferno de a “Divina Comédia”! Como pude me esquecer da “Divina Comédia”?!). Justamente para nos dizer: não permita que o diabo seja protagonista na sua vida.

Mas, a julgar pelo que se viu no Grammy e nos desfiles de escolas de samba, algo mudou. E é aí que o demônio torce o rabo. Parece que agora o djanho está se sentindo à vontade para se exibir ao lado de seus pupilos. E seus pupilos se sentem à vontade para pregar a antipalavra. Para elevar o pecado. Para sacrificar a alma no altar público da desgraça. A demonhofilia perdeu a vergonha. O senso do ridículo.

Medo? Não tenho muito, não. Obrigado por perguntar. Digo, estou vacinado e tomo doses de reforço todos os dias. Mas temo por meu filho e netos, que crescerão num mundo que dá como certo, como “fato científico” (sic), a inexistência de Deus, ao mesmo tempo em que ressalta e adora a existência do chifrudo. Aí complica.


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EMPRESAS QUE SE REINVENTARAM E SE TORNARAM MAIS FORTES

 

StartSe

Confira as empresas que tiveram momentos muito dramáticos em suas trajetórias e que conseguiram se reinventar e se tornar mais fortes. Se a sua estiver em situação parecida, aposte em inovação: tirar uma empresa da crise muitas vezes é necessário alcançar novos mercados e inovar.

Apple (Foto: Pexels)

Grandes empresas muitas vezes quebram. Um grande número delas já desapareceu nos últimos anos por falta de inovação: onde estão gigantes como Blockbuster, Yahoo, Kodak e Atari? Outras, porém, enfrentaram a morte e saíram mais fortes do que antes, depois de apostar em inovação e novos produtos.

Separamos aqui empresas que tiveram momentos muito dramáticos em suas trajetórias e que conseguiram se reinventar e se tornar mais fortes. Se a sua estiver em situação parecida, aposte em inovação: tirar uma empresa da crise muitas vezes é necessário alcançar novos mercados e inovar. Saiba como a XP Investimentos superou a crise de 2008 e as lições que ajudaram a StartSe em 2020.

dono da apple atual

APPLE

A precursora dos computadores pessoais passou por grandes dificuldades na década de 90. Depois da saída de Steve Jobs da Apple pela 1ª vez, parece que a companhia só fez produto perdedor – quem não se lembra do Newton – e estava em uma crise sem tamanho. Na virada do século, prestes a quebrar, chamou o fundador novamente para ser CEO da companhia (ao comprar sua startup, a NeXT).

Jobs agiu rapidamente, com a introdução do iMac (que foi um sucesso moderado), conseguiu um investimento polêmico com a Microsoft e focou em inovações. Pouco tempo depois, introduziu ao mercado o iPod, responsável por transformar a Apple nos olhos do consumidor e leva-la ao posto de uma das maiores empresas do mundo.

Crise resolvida, a companhia ainda desenvolveu o iPhone em 2007, aparelho que levou a Apple ao patamar de empresa mais valiosa do mundo e representante de mais de 50% das vendas da empresa nos últimos anos. A companhia hoje vale mais de US$ 1 trilhão e é comandada há quase uma década por Tim Cook, sucessor de Jobs.

BMW (Foto: Pexels)

BMW

Várias montadoras já quase morreram em suas trajetórias. Talvez nenhuma tenha tido um caso tão forte quanto a BMW, que amargou 14 anos de prejuízo desde o final da segunda guerra mundial, até o ano de 1959. Uma votação de acionistas foi chamada nesta época para discutir a dissolução da empresa.

A ideia era vender tudo ou uma fusão com a Daimler-Benz, dona da Mercedes-Benz, que se tornaria a grande rival da BMW eventualmente. As propostas foram negadas pelos acionistas da empresa, que resolveram investir na criação de carros para atingir um novo segmento que a BMW não atingia, os sedãs de 4 portas – com o BMW New Class. Deu certo e a empresa ganhou fôlego.

A partir daquele ano, a BMW voltou a lucrar e comprou uma outra montadora alemã, a Glas, que tinha produtos complementares aos seus e garantiu o crescimento do corpo técnico da BMW para iniciar novos modelos. Logo depois, a BMW iniciaria as séries 3, 5 e 7, que são seus carros mais icônicos até hoje.

MARVEL

Dona dos “Vingadores”, a Marvel quase também morreu logo antes de começar a produzir seu universo cinematográfico. A década de 1990 foi extremamente ruim para a companhia – com a queda da venda de quadrinhos -, principalmente na sua segunda metade, com a companhia acumulando prejuízos e crescente dívida até pedir falência em 1996.

Durante a falência, a empresa procurou formas de obter novas receitas e entrar em novos mercados. Nesta mesma época, vendeu os direitos de cinema e suas duas principais franquias (Homem-Aranha e X-Men) para estúdios consagrados de Hollywood. Deu certo e a empresa começou a planejar um universo cinematográfico com suas franquias “B”.

Deu certo e levou um dos personagens mais fracos da Marvel, o Homem de Ferro, ao posto de super estrela. A Marvel começou a ganhar muito dinheiro com os filmes e licenciamentos e acabou sendo comprada pela Disney, que viu no modelo de negócios uma grande oportunidade de ganhar ainda mais dinheiro.

LEGO

Outra empresa que teve o final da década de 90 difícil, a Lego chegou em um momento de queda de popularidade e problemas financeiros – afinal, a empresa PERDIA dinheiro por cada produto vendido, ao invés de ganhar. A obsessão da indústria de brinquedos por outros produtos (como videogames) também era grande. Em 2004, teve que demitir boa parte de seus funcionários, afundada em crise.

A Lego fez um plano, apostou pesado em licenciamento de marcas populares (por exemplo, Star Wars e Harry Potter) e fortaleceu a sua própria marca também, com produtos que passavam o universo da própria Lego. A empresa fez uma série de filmes, fortaleceu seus parques de diversões e até mesmo jogos de videogame (transformando os inimigos em… parceiros).

Hoje, a empresa está na liderança das empresas de brinquedo (ultrapassando a Mattel) e conta com poderosos licenciamentos, tanto de terceiros (o Star Wars continua forte) quanto próprios, com a criação da linha Ninjago, que foi para além dos brinquedos e conta com uma forte exposição em televisão, criando brand awareness.

NOKIA

Uma reconstrução em andamento! A Nokia foi a dona do segmento de celulares, dominando-o como nenhuma empresa já o dominou. A empresa da Finlândia chegou a ter 80% dele e praticamente o controlava, tendo criado alguns dos primeiros smartphones (radicalmente diferentes de como são hoje) e até mesmo produtos híbridos (como o Ngage).

O primeiro sinal de desgaste veio com o Blackberry, que mostrava que um celular era capaz de fazer mais coisas que os celulares da Nokia faziam. E então veio a Apple, com o iPhone e destruiu os celulares Nokia. A companhia até tentou sobreviver, mas apostou no Windows Mobile (que perdeu frente iOS e Android) e teve sua divisão de celulares comprada pela Microsoft por uma fração do que ela já chegou a valer.

A Nokia agora foca em soluções de tecnologia, pesquisou o 5G aplicável a celulares e pode receber cerca de R$ 15 por smartphone, de qualquer marca, que resolver utilizar sua tecnologia. Além disso, a companhia também prepara uma nova divisão de celulares, agora apostando no sistema operacional Android.

NINTENDO

Quem conhece a Nintendo de hoje, não sabe o quanto a empresa é radicalmente diferente de quando ela começou. Nascida como fabricante de um jogo de cartas tradicional japonês, o Hanafuda, a empresa teve que se reinventar como fabricante de videogames na virada da déca de 70 para 90, após as vendas de cartas despencarem nos anos 60.

A empresa anteviu essa queda e investiu em novos negócios na década de 50 e 60, mas todos foram um fracasso (por motivos diferentes). A companhia de táxi teve problemas por conta de sindicatos, a rede de motéis (sim) faliu, assim como a iniciativa de vender comida congelada e a rede de televisões. Em 1966, uma série de brinquedos funcionou e levou a companhia para um novo direcionamento.

Primeiro vieram os brinquedos eletrônicos, para depois desenvolver os primeiros videogames. O Nintendo Entertainment System teve tanto sucesso que conseguiu reviver a indústria de videogames no ocidente. Nos anos recentes, a empresa passou por crises diversas, mas vem conseguindo dar a volta por cima com produtos inovadores como o Wii e o Switch.

STARBUCKS

A Starbucks é um caso um pouco diferente, mas tão importante de se estudar quanto. O quanto uma empresa depende da visão de seus fundadores. Com 2.500 lojas no ano 2000, a empresa era super rentável, quando o fundador e CEO, Howard Schultz, resolveu sair da companhia.

Seu sucessor empreendeu uma expansão muito rápida da rede, chegando a 16.000 lojas em 2008. Isso destruiu a rentabilidade das lojas (muitas vezes, havia uma loja da rede a cada esquina, disputando mercado) e colaborou para um enfraquecimento da marca perante seu público.

Nesse cenário de caos, Howard Schultz resolveu retomar sua posição como CEO da empresa. Ele fechou todas as lojas da Starbucks temporariamente para ensinar os funcionários a fazer um bom café (com o intuito de melhorar a qualidade do produto) e diminuiu a competição entre lojas da companhia. Além disso, fez com que todos os funcionários aprendessem os valores da companhia. Deu certo e a Starbucks voltou a ser uma empresa rentável, com cerca de 20 mil lojas melhores espalhadas hoje em dia.

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A importância do bom site da Valeon para o seu negócio

Moysés Peruhype Carlech

Antigamente, quando um cliente precisava de um serviço, buscava contatos de empresas na Lista Telefônica, um catálogo que era entregue anualmente ou comprado em bancas de jornais que listava os negócios por áreas de atuação, ordem alfabética e região de atuação.

De certa forma, todos os concorrentes tinham as mesmas chances de serem encontrados pelos clientes, mas existiam algumas estratégias para que os nomes viessem listados primeiro, como criar nomes fantasia com as primeiras letras do alfabeto.

As listas telefônicas ficaram no passado, e, na atualidade, quando um cliente deseja procurar uma solução para sua demanda, dentre outros recursos, ele pesquisa por informações na internet.

O site da Valeon é essencial para que sua empresa seja encontrada pelos seus clientes e ter informações sobre a empresa e seus produtos 24 horas por dia.  Criamos uma marca forte, persuasiva e, principalmente, com identidade para ser reconhecida na internet. 

Investimos nas redes sociais procurando interagir com o nosso público através do Facebook, Google, Mozilla e Instagram. Dessa forma, os motivos pelos quais as redes sociais ajudam a sua empresa são inúmeros devido a possibilidade de interação constante e facilitado como o público-alvo e também a garantia de posicionamento no segmento de marketplaces do mercado, o que faz com que o nosso cliente sempre acha o produto ou a empresa procurada.

A Plataforma Comercial site Marketplace da Startup Valeon está apta a resolver os problemas e as dificuldades das empresas e dos consumidores que andavam de há muito tempo tentando resolver, sem sucesso, e o surgimento da Valeon possibilitou a solução desse problema de na região do Vale do Aço não ter um Marketplace que Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos e o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

CONTRATE A STARTUP VALEON PARA FAZER A DIVULGAÇÃO DA SUA EMPRESA NA INTERNET

Moysés Peruhype Carlech

Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver, gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados satisfatórios para o seu negócio.

Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

Por que você deve contratar uma empresa para cuidar da sua Publicidade?

Existem diversos benefícios em se contratar uma empresa especializada para cuidar dos seus negócios como a Startup Valeon que possui profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto resulta em mais vendas.

Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?

A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

    valeonbrasil@gmail.com

https://valedoacoonline.com.br/

sábado, 25 de fevereiro de 2023

A VOLTA DO IMPOSTO PIS/COFINS VAI FAZER AUMENTAR OS PRODUTOS E A INFLAÇÃO

 

PIS/Cofins
Reedita impasse entre Haddad e ala política do governo

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo


Retomada do imposto da gasolina reedita impasse entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ala política do governo Lula.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem até o início da próxima semana para decidir se retoma a cobrança de impostos federais sobre a gasolina e o etanol, em meio a um impasse que opõe a equipe econômica, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e aliados que compõem a chamada ala política do governo.

A tributação federal sobre os combustíveis está suspensa desde o ano passado, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a Lei 14.352/2022 com o objetivo de reduzir os preços dos derivados de petróleo ao consumidor. Proposto e aprovado às vésperas do início da campanha eleitoral, o texto estabeleceu a isenção apenas até o último dia 31 de dezembro.

No dia 1.º de janeiro, Lula assinou medida provisória (MP) que manteve a isenção de PIS, Cofins e Cide Combustíveis sobre os produtos. A desoneração sobre gasolina e etanol foi prorrogada por dois meses – portanto, até 28 de fevereiro –, enquanto diesel e gás de cozinha estão livres da tributação federal até 31 de dezembro de 2023.

Segundo relatos de bastidores veiculados na imprensa, ministros e lideranças parlamentares, além da cúpula do PT, defendem que a alíquota zero dos impostos seja prorrogada mais uma vez. Eles temem um desgaste à imagem do governo e o efeito da retomada da tributação sobre a inflação, já projetada pelo mercado acima do teto da meta para este ano.

Para esse grupo, a isenção poderia ser mantida até que a Petrobras altere a política de formação de preços dos derivados de petróleo, de modo a reduzir os valores dos combustíveis praticados nas refinarias. Com isso, a revogação da desoneração geraria menor impacto.

Indicado por Lula, o atual presidente da companhia, o ex-senador Jean Paul Prates, é favorável ao fim da política de preço de paridade de importação (PPI), segundo a qual a estatal define o valor dos combustíveis a partir da cotação internacional do petróleo, baseada em dólar.

Haddad, por sua vez, considera necessária a volta imediata dos tributos para elevação da arrecadação. No pacote de ajuste fiscal anunciado em janeiro, ele incluiu o fim da desoneração a partir de março como medida responsável por garantir R$ 28,88 bilhões em receita até o fim do ano.

O recurso ajudaria a aliviar a previsão de resultado primário, estimada em um déficit de R$ 231,55 bilhões no Orçamento de 2023. Para fins de comparação, o aumento do salário mínimo para R$ 1.320 a partir de 1.º de maio deve custar aos cofres públicos R$ 5,6 bilhões, enquanto o reajuste de 7,8% do funcionalismo público, com adicional de R$ 200 de vale-alimentação, cerca de R$ 11,2 bilhões.

Na quinta-feira (23), durante entrevista coletiva na apresentação dos resultados da arrecadação federal de janeiro, o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, disse que “a reoneração está prevista conforme a norma que está vigendo”.

O economista Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos, considera importante a reoneração dos combustíveis como forma de reduzir o déficit fiscal projetado para 2023. “Já estávamos com a volta do PIS/Cofins na nossa conta”, diz.

Nesta sexta-feira (24), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, veio a público marcar posição em uma série de postagens no Twitter. Ela declarou não ser contra a taxação de combustíveis, mas que acabar com a isenção neste momento seria “penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha.”

“Antes de falar em retomar tributos sobre combustíveis, é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobras. Isso será possível a partir de abril, quando o Conselho de Administração for renovado, com pessoas comprometidas com a reconstrução da empresa e de seu papel para o país”, escreveu.

A decisão final sobre o dilema cabe a Lula. A disputa reedita situação ocorrida na última semana de 2022, às vésperas da posse, quando Haddad – já anunciado como futuro ministro – defendia o fim da desoneração. A decisão de prorrogar o benefício era defendida pelo núcleo político do PT, liderado por Gleisi e pelo atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

À época, o desentendimento veio a público com uma série de desencontro de informações. No dia 27 de dezembro, diversos jornais chegaram a divulgar a informação de que Haddad teria selado um acordo com seu antecessor, Paulo Guedes, para que fosse editada uma MP mantendo a desoneração sobre combustíveis por mais 30 dias.

Ainda no mesmo dia, a equipe de comunicação do atual ministro declarou que não haveria prorrogação naquele momento. Segundo noticiou o jornal “O Globo”, ele teria conversado com Lula sobre o tema e, na sequência, voltado atrás no acordo com Guedes.

“Eu levei um pedido de que o governo atual se abstenha de tomar qualquer medida que venha a impactar o futuro governo, sobretudo em temas que podem ser decididos sem atropelos. Para que a gente tenha sobriedade de fazer cálculo de impacto, verificar a trajetória que a gente espera para as contas públicas nos próximos anos”, disse Haddad à publicação na ocasião. “Ele (Guedes) respondeu afirmativamente”.

A solicitação foi criticada pelo então ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. “O governo do PT optou por não prorrogar a isenção de tributos federais sobre combustíveis”, disse o economista em um vídeo publicado em uma rede social no dia 29 de dezembro.

No dia 1.º de janeiro, no entanto, entre as primeiras MPs editadas no atual governo, Lula prorrogou a desoneração, adiando a decisão sobre a retomada da cobrança dos impostos para o fim de fevereiro.

Segundo o “Valor Econômico”, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ainda não tomou lado na discussão. De acordo com interlocutores ouvidos pelo jornal, ele estaria observando “aspectos técnicos e políticos da medida” para ajudar Lula a tomar uma decisão.


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O GOVERNO QUER CALAR OS SEUS INIMIGOS DE QUALQUER FORMA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Débora Diniz, Felipe Neto e Manuela d’Ávila integram o grupo de trabalho do governo Lula com objetivo alegado de combater o “discurso de ódio”.| Foto: Reprodução/STF/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em sua obsessão por controlar o discurso no Brasil e determinar o que pode ou não pode ser dito publicamente, especialmente nas mídias sociais, o governo Lula vem a cada dia buscando novas formas de ampliar seu repertório de mordaças. O Executivo já havia criado uma Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, dentro da Advocacia-Geral da União, e um Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão, ligado à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República – e os nomes são um exemplo perfeito da novilíngua orwelliana, já que seu intuito não é nem defender a democracia, nem promover a liberdade de expressão, mas caçar os críticos do governo. Agora, é a vez de o Ministério dos Direitos Humanos criar um grupo de trabalho para, diz-se, “combater o discurso de ódio e o extremismo”.

Para entender como as intenções torpes se escondem atrás do palavreado bonito, basta analisar a composição do grupo, que é bem diverso sob vários aspectos, mas homogêneo justamente onde deveria haver mais variedade: a filiação ideológica. O grupo, que será comandado pela ex-deputada federal Manuela d’Ávila (PCdoB-RS), é amplamente dominado por integrantes da esquerda e defensores de pautas identitárias – aqui, a única divergência permitida está no grau de esquerdismo. Como se não bastasse, vários de seus integrantes já se notabilizaram exatamente por espalhar ódio na internet, especialmente o ódio religioso e o ódio político. Afinal, como classificar a afirmação de que a facada em Jair Bolsonaro, em setembro de 2018, foi “mal dada”? Como classificar a insinuação de que católicos não poderiam participar do debate público sobre o aborto? Como classificar integrantes de um partido que ainda hoje exalta genocidas como Josef Stalin? Em um colegiado com tal perfil, só faltou o convite a Mauro Iasi, aquele que em 2015 propôs lidar com os conservadores usando a solução de Bertolt Brecht: “encostar-te a um bom paredão e matar-te com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te com uma boa pá na boa terra”.

Vários integrantes do novo grupo de trabalho contra o “extremismo” já se notabilizaram exatamente por espalhar ódio na internet, especialmente o ódio religioso e o ódio político

Um grupo genuinamente preocupado em conter o extremismo e o discurso de ódio (que inegavelmente existem), como lembrou o colunista da Gazeta do Povo Guilherme de Carvalho, teria sido formado apenas por moderados ao centro, à direita e à esquerda, um perfil bastante abundante na sociedade brasileira, mas que o ministro Sílvio Almeida ignorou. Além disso, precisaria de membros que tivessem consciência plena da importância da liberdade de expressão como pilar da democracia, inclusive – e especialmente – como “liberdade para as ideias que detestamos”, nas palavras imortais de Oliver Wendell Holmes Jr., juiz da Suprema Corte norte-americana. Pessoas que tivessem a percepção clara do apagão a que a liberdade de expressão tem sido submetida no Brasil nos últimos anos. Mas nenhum dos membros escolhidos pelo ministro de Direitos Humanos tem esse perfil, pelo contrário: vários deles defendem explicitamente “regulamentações” que não passam de censura pura e simples.

O que deve resultar do trabalho de um grupo assim escolhido é evidente: a não ser que os membros tenham uma epifania e se tornem defensores incondicionais da liberdade de expressão, o mais provável será a tentativa de criminalizar, como “discurso de ódio” e “extremismo”, qualquer manifestação tida como conservadora ou que contrarie o discurso da esquerda e do governo: a afirmação de que a vida humana começa na concepção, a defesa do casamento natural, verdades inconvenientes a respeito da biografia e das alianças do presidente Lula, o questionamento bem fundamentado a supostos “consensos” científicos… o Brasil já sentiu um gostinho disso na campanha (agora apagada) do governo baiano no Instagram (comandado por um petista, o que não é mera coincidência) que chegou a classificar a atividade de evangelização como “discurso de ódio”, ao tratar como crime frases como “você precisa encontrar Jesus”.

VEJA TAMBÉM:
J.R. Guzzo: Lula e a esquerda não suportam a liberdade de expressão e por isso querem censurar a internet
Guilherme de Carvalho: O petismo confunde liberdade religiosa com ódio. Silvio Almeida conseguirá fazer melhor?


O PT cria seu Ministério da Verdade (editorial de 5 de janeiro de 2023)
Se o desfecho do trabalho do grupo é razoavelmente previsível, o que fazer com ele? Além da reação contundente da opinião pública, será essencial que o Congresso Nacional bloqueie qualquer proposta oriunda do colegiado que possa resultar em censura. Um caso exemplar foi o da reforma do Código Penal, que uma década atrás o então presidente do Senado, José Sarney, confiou a uma Comissão Especial de Juristas. Eles entregaram um texto tão ruim, tão repleto de absurdos, tão desproporcional nas penas em comparação com os delitos, que o jurista Miguel Reale Junior o chamou de “obscenidade” que “não tem conserto”. O PLS 236/2012 já foi bastante emendado, vários trechos foram retirados, e mesmo assim ele ainda não chegou a ser votado. Assim como naquela ocasião os senadores perceberam a aberração que tinham em mãos, é preciso que os congressistas permaneçam atentos para que a liberdade de expressão no Brasil não pereça sob novas agressões.

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CARNAVAL COM MISTURA DE IMPUNIDADE LAVA JATO E PIZZA

Por
Deltan Dallagnol – Gazeta do Povo


| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Dizem que no Brasil tudo acaba em samba e em pizza. Neste carnaval, eu tive um sonho curioso. Assistia aos desfiles de Carnaval e ao enredo de uma escola de samba que tratava dos esquemas revelados pela Lava Jato. Vou contar o que eu vi.

“Ó abre alas, que eu quero roubar”… com essa música, começou o imponente desfile. A primeira ala veio com o tema “o petróleo é nosso”. A avenida ficou vermelha com gente que levou a sério a frase de Getúlio Vargas e, por um problema de interpretação de texto, apropriou-se da Petrobras. Afinal, a gramática nunca foi mesmo o forte “delus”.

Em seguida, a avenida central do sambódromo mudou de cor, do vermelho para o colorido. Entrou o grupo “unidos pelas malas de dinheiro”. Era um grupo muito diverso e plural, sem qualquer discriminação partidária, representando as dezenas de partidos cujos políticos se envolveram nesses crimes. O carro alegórico disparava confetes de notas de cem reais.

Eles carregavam atrás de si, enquanto dançavam alegres e beijavam o dinheiro, malas para todo gosto: tinha de viagem, grande, média e pequena, daquelas que às vezes recheiam um apartamento; tinha mala de mão com rodinha, boa para dar aquela corridinha numa pizzaria em São Paulo; e tinha até pochete e cueca estourando de dólares que iam caindo pelo chão.

Em um dado momento, todos convergiram e se uniram numa grande felicidade, um momento glorioso de “farra dos guardanapos”, com muita festa feita com o seu dinheiro regado por champanhe, comida francesa e luxo parisiense.

Entrou o grupo “unidos pelas malas de dinheiro”. Era um grupo muito diverso e plural, sem qualquer discriminação partidária, representando as dezenas de partidos cujos políticos se envolveram nesses crimes

Um grande carro alegórico foi passando, nesse momento, com representações de sítios, triplex, bancos em paraísos fiscais, joias e bolsas luxuosas e barras de ouro, tudo brilhando, devidamente lavado por profissionais.

No ponto mais alto e em destaque nesse carro, estava o último preso da Lava Jato cantando como se explicasse para a plateia um segredo fundamental sobre seu vício: “não existe pecado do lado de baixo do Equador. Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor”.

Outros carros alegóricos passaram com esplendor, exibindo miniaturas de obras faraônicas: refinarias, estádios da copa, concessões rodoviárias, navios e pontes. Todo mundo olhava admirado e ficava pensando: como alguém conseguiu gastar tanto para fazer aquelas miniaturas!?

As paredes e armações dos carros, ao fundo das obras, representavam diferentes países: Brasil, Angola, Argentina, Colômbia, Cuba, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru, República Dominicana, Venezuela e outros em que o dinheiro brasileiro do BNDES pode chegar para, em seguida, ser desviado.

Adentrou, depois, a turma dos funcionários públicos corrompidos. Numerosos diretores e gerentes das estatais pendurados nas mamas delas, cantando “mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar”. Veio também o bloco dos amigos da onça, mas esse, diferente do bloco carioca de rua, estava cheio de delatores que não deixaram nada felizes seus antigos aliados.

O presente também precisa homenagear o passado. Em uma bela honraria àqueles que colocaram as fundações dos grandes esquemas no passado, apareceu o bloco do “me dá um dinheiro aí”, com representantes dos esquemas dos Anões do Orçamento, Sanguessugas, Mensalão e vários outros escândalos.

O desfile não acaba aí. Entra em seguida, com toda pompa, a ala “unidos contra a prisão em segunda instância”. É sem dúvida a ala mais superlotada do desfile, porque todo político enroscado na justiça deu um jeito de virar passista no grupo, ainda que tivesse que subornar quem liberava a entrada na avenida – afinal, eram entusiastas do programa popular “minha propina, minha vida” – popular, diga-se, entre parte dos políticos com acesso exclusivo a ele.

Colado nessa ala surgiu, com pompa e circunstância, o bloco dos engravatados. Com figurões de Brasília, veio cantando uma marchinha: “a lava jato já morreu, quem manda neste país sou eu”. Junto com esse, apareceu a ala da hipocrisia, com o lema: “impunidade para meus políticos de estimação, e para os adversários anistia não”.

Apareceu, então, o Rei Momo, bonachão, alegre, distribuindo para todos os seus sorrisos e benesses, sendo aclamado por todos os que antes passaram por ali. Muita gente aplaudia a passagem do rei por aqueles blocos. O rei retribuía, afinal, tudo o que tinha era dos seus amigos. E é importante deixar claro: se seus súditos mais íntimos fizeram algo ruim em seu benefício e no seu reinado, é claro que ele não sabia de nada.

As alas foram passando e fiquei olhando com expectativa o bloco que eu mais esperava, o das vítimas. Era com elas que eu me preocupava: idosos lesados pelas fraudes nos fundos de pensão que choraram nos meus ombros por perderem suas aposentadorias, os quais viriam certamente ao lado das mais de quatrocentas famílias que tiveram seus integrantes mortos nas estradas que não foram duplicadas por conta de desvios.

O rei retribuía, afinal, tudo o que tinha era dos seus amigos. E é importante deixar claro: se seus súditos mais íntimos fizeram algo ruim em seu benefício e no seu reinado, é claro que ele não sabia de nada

Esperei ver as pessoas com câncer que não receberam o tratamento tempestivo no Hospital Pedro Ernesto, no Rio, que fechava setores e mais setores enquanto o dinheiro era desviado da saúde; ou ainda parentes das vítimas soterradas por deslizamentos em Petrópolis que poderiam ter sido evitados se bilhões não tivessem sido desviados da secretaria de obras.

Aguardei a passagem dos brasileiros pobres, doentes e carentes de educação, de infraestrutura, de emprego e de renda, que tiveram sua vida impactada por todos aqueles foliões que passaram antes deles pela avenida.

Contudo, não veio ninguém. Virei para o lado e perguntei:

-E onde está a ala das vítimas?

-Ah, as vítimas? Elas não importam no Brasil.

Como eu disse, no Brasil, tudo acaba não só em samba, mas também em pizza.

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CRIAÇÃO DE MOEDA COMUM ENTRE BRASIL E ARGENTINA É PROBLEMÁTICA

Artigo
Por que uma moeda comum para Argentina e Brasil é uma má ideia
Por
Marcos Falcone – Gazeta do Povo
National Review


Os presidentes argentino, Alberto Fernández, e brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro em Janeiro em Buenos Aires| Foto: EFE/ Enrique García Medina

Algumas semanas atrás, o ministro da economia da Argentina, Sergio Massa, disse ao Financial Times (FT) que seu país e o Brasil estão iniciando os preparativos para uma moeda comum. Sabemos que essa é uma ideia antiga, pois vem sendo lançada pelo menos desde a década de 1980. Mas é uma boa ideia?

A forma como foi divulgada a notícia de uma moeda comum para Brasil e Argentina é um tanto confusa. Na entrevista ao FT, Massa parecia sugerir que os dois países abandonariam suas moedas atuais em favor de uma nova, assim como os países da zona do euro fizeram algumas décadas atrás. Mas, alguns dias depois, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que os dois países estavam conversando sobre uma “moeda comercial”, o que é bem diferente.

A lógica dos governos argentino e brasileiro é que uma moeda comercial impulsionaria o comércio bilateral entre os dois países, o que à primeira vista parece positivo, mas na verdade é problemático. De fato, basta olhar para a história recente da América do Sul para perceber onde está o problema: nenhum dos países está interessado no livre comércio e, ao contrário, ambos estão bastante interessados ​​em apoiar os capitalistas amigos.

O exemplo do Mercosul, bloco que Brasil e Argentina formaram com Uruguai e Paraguai na década de 1990, é notável porque não conseguiu expandir o comércio além de suas fronteiras. Ao contrário do que deveria ser, o Mercosul simplesmente transformou alguns países protecionistas em um grande bloco protecionista que prejudica os consumidores. Isso ficou tão evidente que o Uruguai agora ameaça assinar acordos unilaterais de livre comércio com outras nações.

De fato, a única vez que Brasil e Argentina estiveram perto de avançar para um comércio mais livre foi durante as negociações entre o Mercosul e a União Europeia, e isso resultou em um acordo em 2019, mas as circunstâncias são diferentes agora. Naquela época, os dois países tinham governos relativamente pró-livre mercado, e a única razão pela qual o acordo nunca entrou em vigor foram preocupações ambientais e preocupações protecionistas por parte da UE. Hoje, porém, a esquerda está de volta à América do Sul: Lula da Silva já disse que buscará renegociar o acordo em favor do desenvolvimento industrial de seu país, enquanto o presidente argentino Alberto Fernández tem preocupações semelhantes e é ainda mais relutante a seguir em frente. Não parece, então, que o livre comércio esteja nos planos de nenhum dos dois governos.

Citando isso como uma vantagem, no caso da Argentina, algumas autoridades afirmaram que um maior nível de comércio com o Brasil removeria a única barreira ao crescimento econômico do país, mas isso é flagrantemente falso. Embora os consumidores argentinos certamente se beneficiem de bens e serviços mais baratos, é improvável que os obtenham apenas do Brasil, que já é o principal parceiro comercial do país. Mais importante, no entanto, a maioria dos problemas econômicos de longa data da Argentina não tem nada a ver com comércio, mas com políticas fiscais e monetárias irresponsáveis ​​que causaram várias crises de dívida e uma taxa de inflação anual de pouco menos de 100%. São os déficits fiscais persistentes que causam condições estagflacionárias, bem como a “falta de dólares” a que o governo alude: Quando o governo fica com 100 por cento dos lucros comerciais, as pessoas mantêm seu dinheiro longe dele a todo custo.

O que brasileiros e argentinos precisam são de reformas fiscais que permitam aos indivíduos manter mais de seus ganhos e não apenas a metade deles, como é o caso atualmente, mas é improvável que os esquerdistas que agora governam os dois países avancem com cortes de impostos. No caso brasileiro, o ministro da Economia, Fernando Haddad, ainda disse que planeja aumentar significativamente os gastos públicos, algo que o governo argentino também tentou fazer nos últimos anos de forma mais limitada, buscando cumprir um acordo de resgate com o FMI. Mais impostos, mais gastos públicos: nenhum dos dois governos está pensando em reformas para lidar com seus déficits fiscais.

No mínimo, ao invés de uma boa ideia, o anúncio inicial do argentino Sergio Massa e os comentários posteriores feitos por outras autoridades brasileiras e argentinas parecem ter sido uma cortina de fumaça projetada para evitar a discussão da reforma real. De fato, nenhum dos lados está interessado em promover o livre comércio ou em tornar seus países mais atraentes para investidores locais e estrangeiros. Mas, enquanto esses objetivos estiverem fora da agenda, o crescimento econômico provavelmente escapará do Brasil e da Argentina, e a qualidade de vida de seus cidadãos provavelmente não melhorará, não importa quão fortes sejam seus laços protecionistas.


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JUIZ SUBSTITUTO NÃO QUER SER O COVEIRO DA LAVA JATO

Diz juiz sucessor de Moro na 13.ª Vara Federal de Curitiba

Garantista e crítico dos métodos da operação, Eduardo Appio tenta manter vivo o legado da maior investigação contra a corrupção do País

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Blog do Fausto Macedo

Por Rayssa Motta – Jornal Estadão

O juiz Eduardo Fernando Appio, de 53 anos, assumiu neste mês a cadeira ocupada pelo agora senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) no auge da Operação Lava Jato. Ele é o novo titular da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, onde ainda tramitam cerca de 240 procedimentos penais derivados das investigações da maior operação de combate à corrupção da história do País.

Os tempos áureos da Lava Jato ficaram para trás. As operações da Polícia Federal para prender políticos e empresários influentes escassearam. A força-tarefa de procuradores foi extinta em 2021 e o apoio popular massivo se diluiu em meio a acusações de parcialidade dos investigadores.

Os processos que tramitam hoje em Curitiba correspondem a 40% do acervo original da operação. O restante foi enviado para a Justiça Eleitoral ou para outros Estados, por força de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), o que na prática vem atrasando o desfecho das ações, que precisaram ser retomadas do início. 

“Há risco concreto de prescrição. Essa é a razão maior da minha preocupação”, afirma Appio em entrevista ao Estadão. “Tem muita gente interessada no arquivamento desses processos e que seja um Caso do Banestado 2.”

A equipe do gabinete também está menor: são 11 servidores, incluindo o juiz titular, que vem pedindo reforços ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). 

Apesar do cenário, Appio tomou como missão fazer a operação ‘sobreviver’. “A Lava Jato na minha mão não vai morrer, não vou ser o coveiro oficial da Lava Jato, de forma alguma. Eu não aceito esse papel histórico”, garante.

Eduardo Fernando Appio é o novo titular da 13.ª Vara Federal de Curitiba.
Eduardo Fernando Appio é o novo titular da 13.ª Vara Federal de Curitiba. Foto: Divulgação

O perfil do novo juiz da Lava Jato contrasta com o do seu antecessor, Sérgio Moro, a quem atribui um ‘populismo judicial’. “Houve, de forma intencional ou não, uma politização da operação”, avalia. “Quem fala aqui é uma pessoa que, no início da operação, colocou um adesivo no carro: ‘Eu apoio a Lava Jato'”. 

Especialista em Direito Constitucional, Eduardo Appio assume o rótulo de ‘garantista’ e é um crítico declarado dos antigos métodos da operação: “Mesmo no auge da Lava Jato, quando havia essa tsunami popular em favor da operação, eu me sentia muito à vontade, como professor, para fazer uma crítica ao que estava acontecendo, porque entendia que havia excessos.”

As críticas renderam ataques públicos do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da força-tarefa no Paraná, que acusou o juiz de alinhamento com um programa ideológico de ‘esquerda’. 

Ao Estadão, Appio nega vinculação a qualquer partido ou movimento político e rebate o deputado: “Todo político de extrema-direita acredita que o mundo é vinculado à esquerda.”

Natural do Rio Grande do Sul, o novo juiz da Lava Jato assumiu a vaga de Luiz Antônio Bonat, que sucedeu Moro e agora foi promovido a desembargador do TRF-4. Antes de assumir o cargo, Appio estava na 2.ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Paraná, onde cuidava de questões de Direito Tributário. 

Maratonista desde 15 anos, o juiz corre todos os dias: “Sou viciado em endorfina.” Também é fã de cinema e literatura. O autor favorito é Philip Roth e o diretor é Elia Kazan.

Leia a entrevista completa:

ESTADÃO: O que levou o Sr. a se candidatar à vaga do Bonat?

O desafio de assumir a Vara mais difícil do Brasil em matéria criminal é um desafio que acho que move qualquer profissional. Eu fiquei onze anos na turma recursal do Paraná, trabalhando só com matéria previdenciária, o que acabou se tornando muito monótono no dia-a-dia, as mesmas matérias sempre. Então eu me impus esse desafio em uma nova etapa da minha vida, me senti maduro. E as condições macropolíticas, macroeconômicas, a própria cobertura da imprensa, tudo conspira hoje em favor de uma atividade jurisdicional e judicial totalmente independente. Eu sentia que, no auge da Operação Lava Jato, a cobrança que exista em cima da figura do juiz e a própria herança de credibilidade que o ex-juiz Sérgio Moro deixou na época era muito alta. Hoje o Brasil respira outros ares. Existe dentro dos próprios tribunais um equilíbrio de forças entre garantistas e punitivistas. Portanto, hoje eu me sinto mais à vontade e liberto para julgar de acordo só com a minha consciência, com liberdade e total tranquilidade. Como no passado recente o chamado punitivismo era muito forte, eu há dois, três anos atrás provavelmente não aceitaria me candidatar para a vaga. 

ESTADÃO: Então o Sr. acredita que o punitivismo está sendo revisado? A Operação Lava Jato parece estar sendo passada a limpo?

Na frente judicial, a nossa tradição no Brasil sempre foi o chamado garantismo em matéria penal. Sempre se compreendeu as garantias e privilégios previstos na Constituição em favor de qualquer acusado como uma defesa a partir da qual o cidadão tem como se contrapor a uma força quase que onipotente do Estado. Se nós juízes não preservarmos essas garantias, estamos descumprindo a Constituição. A meu ver, o juiz, em matéria criminal, necessariamente tem que ser garantista, porque é o papel dele. O papel de acusação, e eu já fui promotor por três anos, é do Ministério Público. É uma carreira linda, mas cada um no seu espaço, cada um no seu quadrado. Onde houver confusão desses papéis, nós vamos criar uma cultura mais esquizofrênica, que não é permitida pelo Direito constitucional. 

ESTADÃO: O Sr. identifica essa confusão de papéis na Operação Lava Jato? A série de reportagens Vaza Jato, por exemplo, revelou conversas entre Moro e Dallagnol sobre processos.

O que posso dizer, com base em 30 anos de atividade profissional, é que não existe nenhum tipo de comunicação secreta entre juízes e promotores. Eu nunca vi isso acontecer e nunca ouvi falar que isso aconteça. Eu não sei ainda a dimensão exata desses conteúdos da Vaza Jato, porque 95% desses diálogos estão sob sigilo no Supremo Tribunal Federal. São quatro terabytes de diálogo, nós temos diálogo para uma vida inteira e além. O que eu conheço foi o que acompanhei na imprensa, mas existem inúmeros indícios de que os diálogos são verdadeiros. Se fossem fake news, seria muito fácil: os procuradores no dia seguinte entregariam os celulares na Polícia Federal. Fica muito difícil emprestar veracidade à versão de que o hacker fabricou quatro terabytes de diálogos. É muito específico, envolvendo decisões judiciais, quem é de fora do Judiciário sequer conhece a terminologia.

ESTADÃO: O Sr. já disse que é contra o chamado ativismo ou populismo judicial. Na sua avaliação, isso ocorreu na Lava Jato?

Eu compreendo a visão do Sérgio Moro, que foi sempre um destacado juiz, combativo, dedicado, no seguinte sentido: ‘ou nós jogamos os holofotes na operação, a exemplo do que aconteceu na Itália, ou essa operação acaba em pizza, acaba sendo arquivada’. Ele próprio acho que falou, mais de uma vez, que havia uma estratégia no sentido de jogar os holofotes para que a população também se engajasse nessa missão. Quem fala aqui é uma pessoa que, no início da operação, colocou um adesivo no carro: ‘Eu apoio a Lava Jato’. Depois fiz algumas críticas como professor em artigos, porque vi que houve, de forma intencional ou não, uma politização da operação. Eu entendi que a operação estava indo, talvez não de forma intencional, para um lado mais politizado e mais atrelado a essa ideia do ativismo, do populismo judicial.

ESTADÃO: A ida do ex-juiz Sérgio Moro para o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro reforça essa visão?

Evidentemente que os críticos da operação viram nessa migração do então juiz federal Sérgio Moro, que havia determinado a prisão do atual presidente, para o ministério do Bolsonaro como uma cereja do bolo, como a explicação de algo que até então navegava no território das teorias conspiratórias.

ESTADÃO: O Sr. concorda com a reformulação promovida pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que acabou com as forças-tarefas?

A Lava Jato produziu bons resultados. Por exemplo, apenas um delator, que é o Pedro Barusco, devolveu aos cofres da Justiça Federal US$ 100 milhões. Ele continua sendo ouvido regularmente como colaborador. A meu ver, a reformulação não foi no sentido de enterrar a força-tarefa. Se eu estivesse na posição do procurador-geral Aras, depois dos diálogos da Vaza Jato, provavelmente eu também tentaria reformular a força-tarefa. Trazer pessoas novas, vida nova, numa espécie de resgate dessa neutralidade, dessa imparcialidade.

ESTADÃO: A Lava Jato foi uma operação sem precedente, prendeu dois ex-presidentes, foi superlativa em diversos aspectos e, é claro, trouxe a reboque muitas críticas. Os críticos da operação batem na tecla do uso das prisões processuais para conseguir delações e da própria impunidade dos delatores. O senhor vê problema com esses métodos?

Mesmo no auge da Lava Jato, quando havia essa tsunami popular em favor da operação, eu me sentia muito à vontade, como professor, para fazer uma crítica ao que estava acontecendo, porque entendia que havia excessos. Havia uma crítica forte ao modelo de prisão preventiva que estava muito atrelado à extração de uma confissão, de uma delação. É um cenário ambíguo que na época permitia críticas, que eram procedentes ao meu ver. Eu acho que é papel da academia e dos professores escreverem, publicarem e criticarem. Ainda que naquele momento, auge da Operação Lava Jato, as minhas críticas tenham sido recebidas com alguma reserva, porque elas iam na contramão de um movimento popular ou populista, não sei o nome. A Operação Lava Jato nos ensina, tanto para o bem quanto para o mal, nos dá diversas lições históricas, nós temos que aprender com tudo o que aconteceu. O que foi de bom, positivo, tem que ser aproveitado no futuro. Aquilo que não foi bom, tem que ser criticado, como foi criticado no passado.

ESTADÃO: E o Sr. acha que a espetacularização foi usada como método na Lava Jato?

No caso do ex-presidente Michel Temer, houve uma espetacularização, sem dúvida alguma. Foi uma prisão, em via pública, totalmente desnecessária. Não sou fã, não sou eleitor do Michel Temer, mas ele tem uma vida inteira dedicada ao serviço público, é uma pessoa respeitada, jurista, autor de livros, professor. Bastaria um simples telefonema ao advogado do Michel Temer dizendo: ‘olha, temos aqui a prisão decretada, o senhor poderia se apresentar na sede da Polícia Federal?’. A condução coercitiva do atual presidente Lula também foi objeto de críticas na época. O Supremo Tribunal Federal acabou endossando todas essas críticas e declarando que as conduções coercitivas não são compatíveis com a Constituição. Se a Constituição diz que ninguém é obrigado a produzir provas contra si e que o acusado tem direito ao silêncio, evidente que a decorrência lógica é que ninguém pode ser conduzido à força para depor na fase do inquérito policial. Houve uma prisão por via transversa, que é a condução coercitiva, para fins de obter um depoimento que a pessoa não era obrigada a dar na fase do inquérito policial. O que eu defendo é o seguinte: as mesmas garantias que valeriam para o Michel Temer quando foi preso, para o Lula quando foi conduzido coercitivamente até o aeroporto e que participou sob a mira de fuzis do velório do próprio neto ou eventualmente para um futuro do Bolsonaro, são as mesmas garantias que eu defendo para qualquer um.

ESTADÃO: O Sr. concorda com esse entendimento do STF de que, sob o comando do ex-juiz Sérgio Moro, a 13.ª Vara de Curitiba atraiu para si uma espécie de super-competência?

Do ponto de vista estritamente técnico, até porque o caso já transitou em julgado, eu concordo integralmente. Por uma razão muito singela, simples, uma leitura quase que crua do Código de Processo Penal, que diz que o local do processo e julgamento é o local da consumação, onde acontecem os resultados do crime. 

No caso da Lava Jato, praticamente todas as provas foram produzidas pela força-tarefa em Curitiba e autorizadas pelo juiz competente, Sérgio Moro, que na época entendeu que teria competência para os processos do Brasil inteiro, como já havia acontecido na década de 1990 com o Caso Banestado. Houve uma atração de competência universal e depois os processos foram redistribuídos por ordem do Supremo Tribunal Federal.

Eu penso que o melhor para o futuro é que todos os juízes das principais cidades da Justiça Federal deveriam ter competência para processar e julgar crimes de lavagem de dinheiro. Houve uma retirada dessa competência dos juízes do interior. Antes nós estávamos melhor, na minha percepção. Houve uma especialização para concentrar esses casos em cinco ou seis juízes no Brasil inteiro, entre ele Sérgio Moro e o (Marcelo) Bretas no Rio. 

ESTADÃO: A gente vem se referindo à Lava Jato como falecida Operação Lava Jato, extinta Operação Lava Jato. Isso pensando no fim das forças-tarefas, na esteira da reforma encampada pelo Aras. Mas os processos continuam. Qual a situação na 13.ª Vara de Curitiba hoje?

40% do acervo original da Lava Jato permanece conosco. São 240 procedimentos penais, sendo 71 sigilosos. É muita coisa, muita audiência. Cada processo consome muito tempo e uma energia imensa. São processos complicados. Muitos têm colaboradores ou testemunhas morando no exterior, o que depende de autoridades estrangeiras. Há muita coisa técnica envolvendo contabilidade financeira, remessa de recursos ao exterior, para paraísos fiscais, muita coisa foi transacionada em espécie na época também, como propinas. Então o cenário é complexo, demanda muito trabalho. A responsabilidade é grande e o dever de seriedade maior ainda. Nós não queremos que a Lava Jato morra. Essa é a grande questão. Essa lenda urbana de que a Lava Jato morreu não é uma informação verdadeira. O próprio Deltan falou recentemente: ‘A Lava Jato morreu’. Fico uma ideia no ar tipo assim: ‘o sistema judicial não funciona, então eu sou obrigado a migrar para a política’. Peço inclusive ao hoje deputado Dallagnol, muito bem eleito, e ao hoje senador Sérgio Moro que nos ajudem a manter a Lava Jato viva. Todas as declarações no sentido de que a Lava Jato morreu não nos ajudam a fazer a operação sobreviver, pelo contrário, servem como uma pá de cal. A Lava Jato na minha mão não vai morrer, não vou ser o coveiro oficial da Lava Jato, de forma alguma. Eu não aceito esse papel histórico. 

ESTADÃO: Além da transferência dos processos na esteira dessa controvérsia sobre a competência territorial, nós também tivemos mudança de entendimento do STF sobre a competência da Justiça Eleitoral para julgar casos de corrupção relacionados a crimes eleitores. Esses são dois fatores que, na prática, acabaram atrasando o desfecho de alguns processos. O Sr. acha que há um risco dessas ações acabarem sem uma decisão, seja na esfera eleitoral ou seja na criminal? Se sim, como evitar as prescrições?

Há risco concreto de prescrição. Essa é a razão maior da minha preocupação. Vários dos processos que foram para os Tribunais Regionais Eleitorais ainda não foram nem distribuídos, depois de nove meses. Embora compreenda as limitações da Justiça Eleitoral, eu estou cobrando providências. A implicação prática em caso de condenação é grande. Se esses políticos forem condenados, ficam inelegíveis, é a morte da carreira profissional. Então, quer dizer, tem implicação. Não é porque o Supremo redestinou parte dos processos para a Justiça Eleitoral que isso virou pizza, não é verdade. Tem muita gente interessada no arquivamento desses processos e que seja um Caso do Banestado 2. 

ESTADÃO: Como o Sr. recebeu as críticas recentes do Moro e do Deltan?

Nós temos que ter uma noção muito clara e objetiva da realidade: tanto Moro quanto Dallagnol são políticos e a meta do político é se reeleger. A crítica é legítima, até porque eles estão vinculados a partidos mais à direita, o que não é legítimo é pressionar o juiz para tirar o juiz da causa. Isso nem o Moro admitiria, até porque o Moro tem caráter. Ele, por exemplo, nunca faria uma crítica a um pai recém-falecido. Existe um respeito nessas questões familiares.

Se tiver que mexer em algum vespeiro e prestar contas à população, nós vamos fazer. Ninguém vai me tirar dessa função por pressão, nem procurador, ex-procurador, advogados. Eu sigo firme e forte, independente das pressões que nós venhamos a sofrer. As críticas são legítimas, não interferem nos meus julgamentos e não vão ser um instrumento de pressão para me afastar da 13.ª Vara. Esse tipo de pressão eu não aceito.

ESTADÃO: O Deltan chegou a falar que seu pai foi citado em uma delação, que o Sr. é ligado ao espectro político de esquerda…

Eu não conheço o Deltan pessoalmente, sei que é uma pessoa dedicada ao serviço público. Que nós estamos na mesma canoa eu não tenho dúvida: que é a canoa de fazer a Lava Jato sobreviver. O problema é que ele está remando para um lado, eu estou remando para outro, e nisso a operação naufraga. Questões pessoais eu sequer me dou ao trabalho de responder, não vou entrar em uma polêmica. Até porque ele tem milhares de seguidores no Twitter e eu nem Twitter tenho. Acaba sendo assimétrico. Ele é um político, está no papel dele. O papel dele é conseguir cliques nas redes sociais. Se isso tem o custo da memória de um homem recém-falecido, um político honesto, é um preço que cada um julga se vale a pena pagar. Eu sei que, por exemplo, uma pessoa do caráter do Sérgio Moro não faria isso. Eu boto minha mão no fogo. Nem indiretamente existiriam as digitais dele num episódio tão raso. 

Sobre a questão ideológica, todo político de extrema-direita acredita que o mundo é vinculado à esquerda. É um discurso recorrente. Nos últimos quatro anos nós fomos obrigados a, todos os dias, nos ajoelhar diante do altar do totalitarismo e fazer juras de amor a ideias policialescas. Tanto é que houve uma entronização, nos últimos anos, da função policial. Ao largo e a par da eleição de Moro e Dallagnol, nós tivemos um sem número de delegados, policiais militares, que fizeram uma carreira política meteórica e se elegeram com uma quantidade absurda de votos nessa onda ‘Lava Jato lato sensu – momento histórico’.

Em segundo lugar, o meu pai foi um político honesto durante 30 anos. Faleceu em 1 de novembro do ano passado de AVC em Porto Alegre. Ele nunca teve envolvimento em nenhum tipo de escândalo. Eu tenho muito orgulho do meu pai e do que ele nos legou em termos morais, ainda que ele fosse um político de direita. 

Eu, do ponto de vista ideológico, sou um defensor dos direitos humanos, das garantias constitucionais. Não me considero uma pessoa de esquerda, de forma nenhuma. Eu acho que o cenário é muito mais complexo. Quando se fala de esquerda ou de direita nós estamos falando de quê? De pauta de costumes, aborto, educação sexual nas escolas? Na pauta econômica eu acho que o capitalismo é a melhor opção, sem dúvida alguma. Minha família toda votou no Bolsonaro. Meu pai foi deputado estadual e federal, sempre foi um político de direita. As pessoas tendem a misturar. Se você não endossa esse discurso de que: ‘Temos todos que ser contra o Supremo, temos que invadir, temos que mandar prender o ministro Alexandre de Moraes’, você é visto como persona non grata. Todo aquele que não é um patriota, é um comunista. É uma visão de mundo muito simplificada.

ESTADÃO: Acha que a neutralidade que o Sr. vem pregando pode ser questionada por conta dessas críticas e declarações passadas, como jurista e professor de Direito?

Eu, como acadêmico, sempre me apresentei como um garantista, nunca me escondi nas sombras. Se você vai lendo livros sobre garantias fundamentais e direitos humanos é natural que você também seja um produto dessa cultura e desse momento histórico. Democracia é um sistema onde não se bate em jornalista, não se bate em juiz, não se invade a sede do Supremo Tribunal Federal. Se alguém acha que eu sou suspeito, tem o processo de arguição de suspeição, qualquer um pode ingressar.

ESTADÃO: Como vê as críticas da Lava Jato aos ministros do STF?

Alguns ministros foram alvo da Lava Jato, de investigações formais ou informais. E foram, também, alvo nas redes sociais. Existe um relação de causa e efeito, do ponto de vista histórico, entre as críticas diárias feitas via redes sociais contra os ministros do Supremo e a invasão do 8 de janeiro, ainda que seja remota. Começa a criticar, todos os dias, não interessa se Deltan, Moro, ex-procuradores, quem quer que seja. Chega um dia que você cria as condições para que ocorra eventualmente uma quebra do Estado de Direito, uma invasão ao Supremo Tribunal. Não estou dizendo que é culpa deles, de repente não é nem intencional, mas mesmo não intencional vai erodindo a credibilidade, a simbologia do Judiciário.

ESTADÃO: E a doação eleitoral para a campanha do Lula? Dos R$ 13…

Isso não aconteceu. Não houve essa doação. Constou ali de fato o meu CPF. Tem uma série de teorias conspiratórias, de que seria uma forma de me tirar das funções. É algo que vai ter que ser apurado no futuro. Quando a poeira baixar, eu vou atrás, peço as providências legais e reparações devidas. Mas nesse momento toda e qualquer polêmica atrapalha o nosso foco em manter a Lava Jato viva.

ESTADÃO: O Sr. tem alguma pretensão política?

Eu nunca iria para a política. Eu vi a vida do meu pai. É uma vida muito sofrida. A vida de político tem disso: cobrança diária. O político não pode se furtar.

ESTADÃO: O Sr. e o Sérgio Moro eram amigos?

Sim. O Sérgio foi o único colega que eu convidei para os primeiros aniversários da minha filha. No plano pessoal eu gosto tanto dele quanto da esposa. As portas estão sempre abertas na Vara onde ele ocupou a titularidade por tanto tempo. A partir do momento em que a vida dele tomou esse ritmo tão frenético, ele sempre tão dedicado, nós sequer nos encontramos. Depois que ele assumiu o Ministério da Justiça não houve mais nenhum contato.

 

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