quinta-feira, 3 de novembro de 2022

A CONSTITUIÇÃO ESTÁ ACIMA DE TODOS

 

Bloqueios nas estradas

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Manifestação no bairro do Ibirapuera, em São Paulo, nesta quarta (2)| Foto: Polícia Militar de São Paulo

O artigo 5º da Constituição é o que estabelece os direitos e garantias individuais. E lá, no inciso IV, diz que é livre a expressão do pensamento. Ou seja, você pode dizer o que quiser desde que você se revele, vedado o anonimato. É livre você expressar o que pensa.

Estou dizendo isso porque estão chamando de baderneiros e arruaceiros os manifestantes que têm ido para frente dos quartéis. Estão incomodados, como diz o The New York Times, com o modo como a Justiça Eleitoral tratou a campanha, censurando um lado mais e o outro menos. Desequilibrando a balança, quando a lei eleitoral é feita para dar igualdade de oportunidade para os dois lados. E mais a politização, o ativismo, que todo mundo viu.

É livre a pessoa dizer o que quer. Uma coisa é o dizer – e isso está sendo muito censurado –, o fazer é diferente. É o caso de um advogado que trate de uma acusação de ameaça, por exemplo. Ameaça de boca, sem que se demonstre que há um potencial de realizar a ameaça, não é considerada na Justiça. Isso não é ameaça, faz parte de um bate-boca.

A pessoa pode pedir seja lá o que for. Agora, se esta pessoa estiver perturbando a ordem, alterando a normalidade democrática… Mas, pelo que a gente está vendo até agora, pedem uma coisa e os quarteis estão lá fechados e mudos. Tudo bem, quer se manifestar, pode, mas as coisas serão feitas em obediência à Constituição. O problema é que um lado obedece a Constituição e o outro não. Mas o que é preciso fazer é não desobedecer a Constituição o lado que vinha obedecendo.

Se manter com a Constituição é se manter com a razão, essa é a verdade. Por exemplo: bloqueio de estrada, está infringindo o direito de ir e vir, do inciso XV do Artigo 5.º. Violaram esse artigo na pandemia – o Supremo deixou os prefeitos e governadores bloquear, se achassem que deveriam. Mas a Constituição diz que só pode alterar esse direito em tempo de guerra. Em tempo de paz, não.

O ministro da Justiça já fez um apelo. O primeiro veio do presidente da República para desbloquear a estrada, de não alterar o direito de ir e vir. Agora, o direito de manifestação é óbvio. O interessante é quando o MST bloqueia estrada, daí dizem que é movimento social.

São coisas que a gente está considerando num dia como hoje, em que a gente tem bloqueios em 16 estados e tem manifestações diante de quartéis. Um dia depois que o Supremo confirmou uma decisão do ministro Barroso de rever decisões judiciais de quando a propriedade é invadida. O ministro sugere, e o Supremo já aprovou isso, que se revise a reintegração de posse – que é quando vem um oficial de justiça e manda os invasores saírem da propriedade. Mas o mesmo artigo 5.º da Constituição põe em sua cabeça, na mesma linha, o direito de propriedade, direto à vida, direito de liberdade. Tudo na mesma linha.

É importante que a gente lembre disto: a Constituição é maior que as pessoas. A Constituição está acima das pessoas. Vamos respeitar a Constituição.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/a-constituicao-e-maior-que-as-pessoas/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

SUBMARINO RUSSO É UM TSUNAMI RADIOATIVO

 


Por dentro do submarino russo K-329, que carrega a “Arma do Apocalipse”

Por
Mariana Braga – Gazeta do Povo


O submarino K-329 Belgorod.| Foto: Marinha Russa

O radar da OTAN está atento às possíveis movimentações do submarino nuclear russo K-329 Belgorod, portador do super torpedo conhecido como a “Arma do Apocalipse”. A imensa estrutura carrega o Poseidon, um projétil capaz de viajar até 10 mil km debaixo d’água e depois explodir perto da costa para causar um tsunami radioativo, com ondas de cerca de 80 metros de altura.

A aliança militar emitiu um comunicado aos países membros no começo do mês passado, tratando sobre os riscos do uso dessa estratégia por parte dos russos, diante da escalada da guerra na Ucrânia e as ameaças ao Ocidente. De acordo com o jornal italiano La Reppubblica, fontes extraoficiais denunciam que o submarino foi lançado em julho e estaria submerso nas águas do Ártico após seu possível envolvimento na sabotagem dos gasodutos Nord Stream.

A tecnologia é uma das prioridades do programa de desenvolvimento de armas de nova geração aprovado pelo presidente russo, Vladimir Putin, e que foi apresentado com grande alarde em 2018. O mandatário garantiu, repetidas vezes, que esse armamento é “incomparável”.

Por dentro da “arma do apocalipse”

Fonte: Naval News Mais infográficos

O Belgorod tem 184 metros de comprimento e 15 metros de largura e pode viajar a cerca de 60 km por hora debaixo d’água. Estima-se que ele pode seguir até quatro meses sem ter que voltar à superfície. Já o projétil Poseidon tem 24 metros e capacidade para transportar uma ogiva nuclear de cerca de dois megatons.

“É como se fosse um drone subaquático, porque você pode guiá-lo remotamente”, explicou Nelson Ricardo Fernandes da Silva, analista de riscos da ARP Consulting. “Ele tem o dobro da velocidade de um submarino normal, por isso é difícil de ser detectado. O que ele carrega de ogiva é mais de cem vezes a bomba de Hiroshima”, descreveu.

Fernandes ainda relatou que o armamento possui em sua fórmula o cobalto, que aumenta a contaminação nuclear. “Então não haveria apenas um problema de destruição física [se utilizado], haveria um problema de contaminação durante anos, inviabilizando a pesca e a vida das pessoas”, alertou.

O desenvolvimento dessa poderosa estrutura fez parte dos projetos militares russos desde que os Estados Unidos abandonaram o tratado de desarmamento nuclear com o país. Desde então, os russos focam na criação de mísseis hipersônicos, para furar as defesas americanas, e na produção desses torpedos.

A Rússia tem uma das maiores frotas submarinas do mundo. O analista detalhou que, com submarinos, ela consegue levar o armamento nuclear para próximo de onde quer atacar com mais facilidade. “Esse torpedo foi criado porque a Rússia não acreditava que conseguiria ser muito efetiva de outra forma no ataque nuclear”, apontou.

Há anos, o especialista em armamentos H.I. Sutton também estuda o Poseidon e o compara com outros tipo de armamento, além de apontar para formas de se defender desse tipo de ameaça. “É um tipo de arma completamente nova que forçará as marinhas ocidentais a mudarem seu planejamento e desenvolverem novas contramedidas”, destacou Sutton ao La Reppubblica.

Apesar dos alertas da OTAN, o especialista descreveu, no ano passado, na Naval News, que a ameaça da “Arma do Apocalipse” não deve ser imediata, porque “levará alguns anos para ser implantada”. “Pode levar vários anos até que ela esteja realmente operacional”, avaliou.

Morte de cientistas que entendem sobre o Poseidon

A “Arma do Apocalipse” é tão importante para a Rússia que alguns cientistas que falaram sobre ela foram presos e, possivelmente, até mortos por isso. No começo do mês passado, mais um cientista russo acusado de traição morreu, aumentando as suspeitas em relação ao governo de Vladimir Putin e à repressão russa. Valery Mitko era especialista em hidroacústica e foi denunciado pelo Kremlin por supostamente revelar segredos de Estado à China, que podem tratar do submarino nuclear.

Mitko morreu aos 81 anos em São Petersburgo enquanto cumpria prisão domiciliar. Ele é o terceiro especialista russo a morrer nos últimos dois anos após ser acusado ou condenado por alta traição em conexão com a tecnologia de armas hipersônicas, conforme publicou no Twitter o advogado do cientista, Pervyi Otdel.

Valery Mitko é o terceiro especialista russo a morrer nos últimos dois anos após ser acusado ou condenado por alta traição em conexão com a tecnologia de armas hipersônicas. Foto: Divulgação/Academia de Ciências do Ártico| Divulgação/ Academia de Ciências do Ártico


Mitko foi acusado em 2020 de “entregar materiais, que supostamente continham informações classificadas como ultrassecretas, aos serviços especiais da China durante uma visita àquele país”, conforme destacou na época o Kremlin. A traição ao Estado é punida, na Rússia, com até 20 anos de prisão. Mitko estava em prisão domiciliar havia mais de dois anos e compareceria ao tribunal ainda neste ano.

O cientista estava entre vários acadêmicos russos idosos que foram presos por supostamente cooperar com estados estrangeiros nos últimos anos. Críticos do Kremlin chamam essa onda de repressão de uma “manifestação da crescente paranoia do Estado”.

A rede de advogados e ativistas que o defendiam destacou que o cientista havia sido hospitalizado com frequência nos dois anos e meio que passou em prisão domiciliar. “Ele foi trazido de volta em uma maca apenas alguns dias antes [de morrer], sem condições de andar ou sentar, muito menos cuidar de sua esposa acamada”, publicou o advogado Pervyi Otdel.

“O professor Valery Mitko se tornou mais um cientista torturado pelo sistema repressivo da Rússia”, concluiu o advogado.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/por-dentro-do-submarino-russo-k-329-que-carrega-a-arma-do-apocalipse/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

A DIREITA DESPERTA NO BRASIL

 


Domínio no Congresso é só a ponta do crescente iceberg da direita no Brasil
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília


Dezenas de milhões de brasileiros deixaram de lado o receio de manifestar visões políticas de direita.| Foto: Peter de Vink/Pexels.com

Até pouco tempo atrás no Brasil, intelectuais que defendiam publicamente valores conservadores tendiam a ser condenados ao ostracismo; discursos pró-vida e pró-família eram raros no Congresso; sociais-democratas eram chamados de “neoliberais”; defensores de um liberalismo autêntico não tinham voz em decisões sobre a economia do país; e os cidadãos de direita, receosos de manifestar sua opinião, eram sub-representados nas casas legislativas. Este período da história política nacional acabou.

O aumento expressivo no número de parlamentares direitistas eleitos em 2022 – quatro anos depois do pleito de 2018, que já tinha mudado a cara da Câmara e do Senado – mostra que o crescimento da direita no Brasil não é uma onda passageira, mas um fenômeno sólido. O conservadorismo se tornou uma alternativa política real. É possível que muitos dos congressistas eleitos na carona da nova direita abandonem o barco nos próximos anos – como já ocorreu na legislatura atual –, mas é inegável que visões de mundo silenciadas na opinião pública e na política por algumas décadas estão ganhando rapidamente espaço e representatividade.

E a nova composição do Congresso é somente a ponta do iceberg daquilo que ocorre na sociedade brasileira. O engajamento de grande parte da população em torno de um conjunto de valores de direita tem ficado evidente, por exemplo, em megamanifestações que levam milhões às ruas do Brasil, como a ocorrida no último dia 7 de setembro. Nas redes sociais e em alguns meios de comunicação, nunca houve defesa tão explícita e frequente de visões conservadoras.

Os canais de direita têm sucesso estrondoso no YouTube, a ponto de o sistema de recomendações da plataforma ter despertado preocupação na cúpula do Judiciário e em veículos de comunicação de esquerda. E são cada vez mais comuns as iniciativas de empresas de mídia, associações e ONGs com valores abertamente direitistas.

Nas igrejas cristãs, um movimento pela defesa de costumes e valores tradicionais ganha força. Pastores evangélicos, sacerdotes católicos e leigos com influência no mundo digital tornam acessíveis algumas ideias basilares da civilização ocidental que tendiam a ser sufocadas no ecossistema de comunicação anterior às redes sociais. O efeito no cenário político é evidente: os fiéis procuram candidatos que respaldem bandeiras condizentes com aspectos de sua fé.

Nos próximos dias, a Gazeta do Povo publica uma série de reportagens sobre o despertar da direita no Brasil. Neste primeiro artigo, explicamos como o fenômeno está sendo gestado há praticamente duas décadas e por que ele é mais do que uma onda momentânea.

Como a nova direita rompeu a espiral do silêncio no Brasil
Uma conjunção de fatores fez a nova direita brotar no Brasil, e há diferentes visões sobre que personagens e acontecimentos teriam sido mais importantes para isso; mas, qualquer que seja a opinião sobre a relevância de cada elemento na gestação do fenômeno, há dois fatores que não podem faltar na equação: as redes sociais e Olavo de Carvalho (1947-2022).

É responsabilidade de Olavo a introdução a intelectuais brasileiros de diversos autores consagrados do conservadorismo e de uma nova visão do próprio marxismo. O filósofo também foi eficaz em incentivar seus seguidores a romper a “espiral do silêncio”, isto é, a tendência das pessoas a não manifestarem sua opinião quando arriscam entrar em conflito com o pensamento aparentemente dominante. (O próprio conceito de espiral do silêncio, formulado pela cientista política alemã Elisabeth Noelle-Neumann (1916-2010), foi popularizado no Brasil por Olavo de Carvalho.)

No começo dos anos 2000, com os meios tradicionais de comunicação de massa dominados pelo esquerdismo, a internet foi o caminho para romper a espiral do silêncio no Brasil. Uma pequena contracultura de direita surgiu nos porões da internet, seja em textos publicados na própria página oficial de Olavo de Carvalho, seja em revistas digitais e agregadores de blogs daquela época, como Wunderblogs, O Indivíduo e Digestivo Cultural, que reuniam um grupo de escritores talentosos com viés “conservador nos costumes e liberal na economia”. O politicamente incorreto era uma marca estilística de grande parte desses blogueiros.

O advento das redes sociais ajudou a disseminar ramos dessa pequena contracultura na sociedade. Para Eduardo Matos de Alencar, doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a internet permitiu a criação de uma “esfera pública alternativa”, expandindo, no Brasil, a “Janela de Overton” – isto é, a gama de posições políticas toleradas dentro da opinião pública.

“Durante algumas décadas, no Brasil, o debate público foi monopolizado pela esquerda. Em certo sentido, era direita aquilo que a esquerda classificava como tal, ou aquela posição que estava menos à esquerda do que aquilo que as personalidades mais importantes colocavam como centro da agenda esquerdista. Na janela da opinião pública que vai do totalmente aceitável, passando pelo inaceitável com reservas, até o totalmente inaceitável, a esquerda tinha monopólio e colocava o parâmetro do que seria uma direita permitida ou não. Quem não tinha determinada posição, quem saía do espectro do aceitável, era tachado como fascista, defensor de ditadura etc., o que gerava certo clima de medo e apreensão de cair nesse tipo de rótulo. Eram rótulos confirmados pelos ambientes intelectuais, reforçados pela mídia e intensificados pelas redes de opinião dominantes. Com as redes sociais, você criou a possibilidade de instituir uma nova esfera pública. O que você teve, no Brasil, foi o nascimento de uma esfera pública alternativa”, explica.

Como a esfera pública alternativa se massificou e consolidou a nova direita
As manifestações de junho de 2013 e, um pouco mais tarde, o apoio à Operação Lava Jato ajudaram a massificar essa esfera pública paralela. A aversão ao petismo foi se consolidando em grande parte da população, mas nenhuma das alternativas ao PT convencia como oposição.

“Aquilo que antes se chamava de direita não tinha grandes diferenças em relação ao petismo, principalmente na pauta de princípios ligados a questões sociais, e também ao papel do Estado na economia. Esse fato foi reconhecido pelo próprio Fernando Henrique Cardoso quando o Bolsonaro assumiu. Ele declarou que o PSDB não tinha grandes diferenças ideológicas com relação ao PT. E a gente vê agora um tucano tradicional, o Alckmin, migrando para o PSB e se tornando o vice do Lula”, comenta o sociólogo Lucas Azambuja, professor do Ibmec-BH.

O fenômeno Jair Bolsonaro surge justamente diante dessa lacuna. Em 2014, ao ser reeleito deputado federal, ele triplicou sua votação em relação às eleições de 2010, recebendo mais de 460 mil votos. Seu estilo politicamente incorreto e sua ênfase nas pautas de costumes divergia do caráter insípido dos políticos que se ofereciam como oposição ao petismo até então. Durante a legislatura 2015-2018, Bolsonaro colecionou polêmicas e aparições na TV.

“A partir de todas as mobilizações que culminaram no impeachment da Dilma, formou-se um eleitorado não identificado com a esquerda ou com aquele espectro de centro-esquerda formado principalmente pelo PSDB. Começou a haver uma autoidentificação de direita na população, e o Bolsonaro soube captar a preferência do eleitorado, que se identificou com a postura e o discurso dele”, diz Azambuja.

A nova direita não é, no entanto, uma mera onda política liderada por Bolsonaro e pelos novos congressistas eleitos. O fenômeno político é relevante, mas é somente a manifestação mais superficial de uma mudança cultural em curso.

As redes sociais ajudaram milhões de pessoas a saltar a barreira do esquerdismo dominante nos meios de comunicação e ter acesso a ideias conservadoras nos perfis de fenômenos como Ítalo Marsili, Ícaro de Carvalho, padre Paulo Ricardo, André Valadão, Bárbara Destefani (do canal Te Atualizei) e Bernardo Küster. O que antes eram ideias restritas a blogs de nicho voltados a intelectuais direitistas se disseminou a milhões de brasileiros em um estilo mais popular.

Também são cada vez mais comuns e bem-sucedidas as empresas de mídia que sustentam convicções como a defesa da vida, o valor da família e a liberdade econômica – caso de meios jornalísticos como a própria Gazeta do Povo, a Jovem Pan e a Revista Oeste, ou de plataformas como a Brasil Paralelo. Há cerca de dez anos, opiniões de direita minguavam nos grandes meios de comunicação, e o fenômeno dos influenciadores de direita com milhões de seguidores era impensável.

A nova direita ainda depara, no entanto, com algumas barreiras importantes, que dificultam colocá-la em pé de igualdade com a esquerda no campo da opinião pública. Uma delas é a falta de um partido autenticamente direitista, baseado em convicções, e não na conveniência política do apoio ao presidente Jair Bolsonaro, como foi o caso do PSL e é, hoje, o do PL.

Outra barreira – a mais importante e resistente delas, aliás – é a hegemonia esquerdista dentro das universidades, especialmente no que se refere ao campo das humanidades. “É um ambiente muito fechado em si mesmo. É muito difícil, hoje, ainda mais depois do governo Bolsonaro, algum doutor declaradamente de direita passar em um concurso para lecionar em uma universidade pública, por exemplo”, diz Alencar. “A direita precisa criar espaços, criar instituições. Talvez uma das formas para facilitar isso, do ponto de vista institucional, seja o governo ser mais liberal em relação à possibilidade de criar cursos”, complementa.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/dominio-no-congresso-e-so-a-ponta-do-crescente-iceberg-da-direita-no-brasil/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

COMPETÊNCIAS QUE O EMPREENDEDOR DEVE TER

 

Mara Lemes Martins – BNI Brasil – Business Network International

Empresas precisam ser geridas por um profissional capacitado para enfrentar todos os desafios do mundo do empreendedorismo; especialista explica

Com a chegada do mundo digital e um mundo pós pandemia, empreender tem sido uma grande opção para as pessoas. Porém, manter um negócio em pé, requer muitos desafios no dia a dia e nem sempre é tão fácil como parece – mesmo com as oportunidades das redes sociais e da internet em geral. Para se ter uma ideia, de acordo com um levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio a estes negócios (Sebrae), cerca de 23% das micro e pequenas empresas fecham as portas antes de completar cinco anos de atividade no Brasil.

Mas quais características um empreendedor deve ter ou desenvolver para manter o seu negócio em evidência por anos e anos? Abaixo, a Vice-Presidente da BNI Brasil – Business Network International – a maior e mais bem-sucedida organização de networking de negócios do mundo, Mara Lemes Martins, lista 10 competências necessárias. Confira:

1- Liderança: essa é a característica principal de um empreendedor, afinal, como abrir um negócio se você não tem espírito de liderança? Essa característica é essencial, já que provavelmente você terá uma equipe. “Saber gerenciar pessoas e negócios não é uma tarefa fácil, e um empreendedor deve ter esse dom de natureza, ou então fazer cursos para desenvolver essa característica. Um bom negócio sempre tem uma boa liderança por trás”, explica a especialista.

2- Humanização: é necessário entender e compreender o que o colaborador está passando na vida pessoal e profissional. Isso porque, as duas precisam estar alinhadas com o mesmo propósito. Além disso, ele precisa saber que está lidando com pessoas e não com objetos. “Pessoas felizes produzem mais, de acordo com uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios e Incentivos, 53,8% dos brasileiros acreditam que seu propósito de vida está conectado com seu trabalho atual. A responsabilidade de um líder é engajar e engajar o seu colaborador a não desmotivar”, explica Mara.

3- Espírito de equipe: de acordo com uma pesquisa divulgada pela The Adler Group, cerca de 85% das oportunidades de trabalho são preenchidas através de indicações vindas de contatos, provando o valor de desenvolver um trabalho em equipe adequado.

Por isso, assim como saber liderar e ter ideais de humanização, um gestor também deve ter espírito de equipe e saber delegar funções. “Existem pessoas que sabem realizar todo o trabalho e preferem concentrar tudo em suas mãos, porém é necessário investir em colaboradores, com funções específicas, para que eles ajudem no desenvolvimento de atividades e melhorem os resultados da empresa. Cada um pode agregar de alguma forma para que a corporação cresça”, salienta.

4- Autogestão: essa soft skill não é apenas importante para o empreendedor, mas também para o colaborador que queira crescer dentro de uma empresa. “Saber controlar a sua própria gestão é uma habilidade não técnica mega necessária nos dias atuais, ainda mais pensando no mundo digital, onde cada vez mais as pessoas estão trabalhando home office. Um empreendedor necessita ter essa característica e ainda apostar em pessoas que também tenham – pensando no bem-estar e desenvolvimento da corporação”, comenta Mara.

5- Resiliência: o que mais existe no mundo do empreendedorismo são problemas, e eles aparecem em todo momento. “Por isso, é preciso ter resiliência para poder tomar as decisões com calma, sem impulsividade e não prejudicar a empresa. Saber agir sobre a pressão de um problema é de extrema importância para o perfil empreendedor”, diz Mara Leme.

6- Planejamento: saber incluir prazos e definir bem as suas atividades, bem como as atividades da equipe, é uma característica de extrema importância para aqueles que desejam abrir um negócio. “Desenvolver as tarefas de forma objetiva faz com que se torne possível gerar resultados mensuráveis, criando um controle maior sobre o seu projeto”, diz Mara.

7- Sede de conhecimento: existe uma forte opinião hoje em dia que não é mais necessário estudo para empreender. E com a chegada da internet, ganhar dinheiro online realmente se tornou uma opção para muitos jovens. Mas é preciso lembrar que as pessoas podem tirar tudo de você, menos o conhecimento. “Por isso, ter vontade de estudar, investir em cursos é sempre importante para seu crescimento e também o da sua empresa. Aprender nunca é demais”, complementa Mara.

8- Inovação: além de pensar em cursos para melhorar o autoconhecimento, o empreendedor também deve ter uma mente inovadora, ou seja, estar sempre pensando em ideias e melhorias para a corporação. “E isso vale também para ideias que melhorem a estrutura física da empresa, ou até em medidas para beneficiar um colaborador”, salienta.

9- Autoconfiança: essa soft skill é necessária para o empreendedor saber que é capaz de enfrentar qualquer dilema que vier em sua jornada empreendedora. “Quanto mais confiante, se torna cada vez mais possível racionalizar as tomadas de decisões. Se você é inseguro, se afunda nos problemas e triplica os gargalos de uma corporação”, explica Leme.

10- Comprometimento: o empreendedor precisa cumprir com uma agenda de tarefas, ele, geralmente, tem muitas responsabilidades em suas mãos, e tudo isso requer um comprometimento sério com todos os afazeres. “Além disso, ele deve servir como um exemplo para quem trabalha no local”, finaliza Mara.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

                                                                                                                                                                    Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

BATALHA NO CONGRESSO PARA MODIFICAR E APROVAR O ORÇAMENTO DE 2023

 

Depois da eleição
A batalha que resta a aliados de Lula e Bolsonaro no Congresso
Por
Olavo Soares – Gazeta do Povo
Brasília

AME5330. SAO PAULO (BRASIL), 28/10/2022.- Fotografía de archivo fechada el 16 de octubre de 2022, que muestra al ex mandatario progresista Luiz Inácio Lula da Silva (i) y al ultra derechista Jair Bolsonaro (d) mientras participan en el primer debate presidencial de cara a la segunda vuelta de las elecciones presidenciales de Brasil, en la sede de televisión Bandeirantes en São Paulo (Brasil). Muchos brasileños irán este domingo a las urnas con desgana para escoger entre la “falta de escrúpulos” del presidente Jair Bolsonaro y la sombra de “corrupción” que arropa al exmandatario Luiz Inácio Lula da Silva, favorito en las encuestas. EFE/ Sebastião Moreira ARCHIVO


Lula quer mudar proposta de Orçamento para 2023 enviada pelo governo Bolsonaro para acelerar implantação de promessas de campanha.| Foto: Sebastião Moreira /EFE

Acabada a eleição, o novo motivo de conflito entre apoiadores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governo Jair Bolsonaro (PL) deve ser a aprovação do Orçamento federal para 2023 no Congresso Nacional. A discussão em torno do projeto é vista como essencial por ser o ponto de partida para implantação de ações que Lula prometeu ao longo da campanha eleitoral e que estão em seu plano de governo. Além disso, pode abrir caminho para que o Congresso reveja as emendas de relator, o chamado “orçamento secreto”, cuja extinção foi também prometida por Lula.

Entre apoiadores e adversários do presidente eleito, o entendimento é o de que o Congresso não deverá acelerar a análise de outros projetos até o fim do ano – especialmente em relação a pautas mais controversas.

O término do ano representa não apenas a virada no calendário, mas a proximidade do fim dos mandatos atuais dos deputados federais e de um terço dos senadores. Grande parte dos futuros congressistas tem mais proximidade ideológica com Bolsonaro, o que pode representar dificuldades para Lula.

“Nós temos que ajustar o orçamento para as demandas que foram apresentadas na campanha eleitoral, como o Auxílio Brasil e o reajuste do salário mínimo”, disse o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP). “Neste ano teremos só o Orçamento e mais nada. Não há como discutirmos outras coisas”, declarou o também deputado federal Coronel Tadeu (PL-SP).

O Auxílio Brasil foi criado pelo governo Bolsonaro em substituição ao Bolsa Família, principal marca social das gestões petistas. Lula planeja reativar o Bolsa Família, aos moldes do que era executado em seu governo. O valor mensal do benefício está em R$ 600. O projeto de orçamento enviado pelo governo ao Congresso para o próximo ano, porém, prevê somente R$ 405 para o auxílio.

Já o reajuste do salário mínimo é outro ponto tratado como prioridade por Lula. Ao longo da campanha, o petista prometeu que ampliaria o valor nominal do salário mínimo em patamares superiores ao do reajuste pela inflação.

Lula planeja, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, escalar o ex-governador e senador eleito Wellington Dias (PT-PI) para negociar com o Congresso termos da montagem do Orçamento de 2023. Ele tem uma reunião agendada para quinta-feira (3) com o relator do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI).

O emedebista foi o presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e é visto como um parlamentar que detém sintonia com as propostas do PT. “Ele é alinhado com o Lula, pode fazer um relatório que tenha sintonia com as prioridades do futuro governo”, acrescentou Zarattini.

Na volta ao Planalto, Lula enfrentará Congresso hostil, mas apto a negociações
Como fica o “orçamento secreto”
A hipótese que a peça orçamentária de 2023 traga o fim do “orçamento secreto” foi levantada pelo deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA). “Existe um debate para se acabar com a emenda de relator. Como isso alcançou grandes proporções, pode ser um tema que envolva uma discussão mais acesa dentro do Congresso”, disse.

As emendas de relator são um mecanismo criado pelo Congresso em 2019, com início de validade em 2020. O sistema permite que o relator do Orçamento envie recursos relativos a emendas de parlamentares de modo pouco transparente – não há critérios formais sobre quais emendas serão atendidas e nem sobre qual valor deve ser destinado.

O assunto foi um dos mais debatidos durante a campanha eleitoral, com adversários do presidente Bolsonaro o responsabilizando pelo sistema. O chefe do Executivo, porém, alega que a criação do mecanismo é de autoria unilateral do Congresso.

Congresso tende a deixar temas controversos para depois
A somatória de fatores como a necessidade de definir o Orçamento de 2023 e o encerramento da legislatura torna pouco provável que o Congresso discuta, ainda no ano atual, temas que o governo Bolsonaro definiu em fevereiro como prioritários.

A relação engloba pautas controversas como a liberação da mineração em terras indígenas e o marco temporal, também referente aos territórios dos indígenas. Os dois tópicos são caros ao governo Bolsonaro e à bancada de direita, e são rejeitados pela atual oposição.

Zarattini avalia que o governo pode arriscar a pauta de propostas que tendem a ter vida muito mais difícil após a posse de Lula no Palácio do Planalto. Ainda assim, ele não vê possibilidade de aprovação deste tipo de iniciativa.

Jerry lembra que discussões mais recentes encampadas pelos atuais governistas começam a se enfraquecer no Congresso. Ele cita como exemplo os projetos de lei que criminalizam os responsáveis por pesquisas eleitorais e a tentativa de se criar uma CPI para investigar os institutos que produzem os levantamentos. A discussão sobre o tema esteve mais acirrada após a conclusão do primeiro turno, quando grande parte dos levantamentos apontou uma margem pró-Lula superior à que foi realmente identificada.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/orcamento-abre-nova-frente-de-batalha-entre-lula-bolsonaro-congresso/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

CONTINUA OS BLOQUEIOS DOS CAMINHONEIROS NAS ESTRADAS

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Caminhoneiros bloqueiam a rodovia BR-158, em Santana do Livramento (RS).| Foto: Marcelo Pinto/A Platéia/Fotos Públicas

Quando grupos pouco afeitos ao respeito às liberdades, à lei e à ordem se acham no direito de fazer o que bem entenderem, o resultado é a escalada das tensões e a potencial convulsão social em um país que precisa desesperadamente de pacificação após um período eleitoral conturbado. É o caso dos bloqueios realizados por caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que continuam ocorrendo em 20 estados e no Distrito Federal, interrompendo o trânsito em rodovias e em acessos a aeroportos como o de Guarulhos (SP), apesar da ordem judicial para a liberação das estradas e das ações da Polícia Rodoviária Federal para restabelecer o fluxo viário.

Os caminhoneiros começaram a bloquear as rodovias no dia seguinte à vitória de Lula no segundo turno da eleição presidencial, sem uma coordenação definida – mesmo líderes da greve de 2018 demonstraram sua contrariedade com o protesto e afirmaram não ter ligação com ele – e sem uma pauta concreta, ou factível. Alguns grupos chegaram a afirmar que só liberariam as rodovias em caso de golpe militar, eufemisticamente chamado de “intervenção”, baseando-se em uma interpretação completamente equivocada do artigo 142 da Constituição.

Nem mesmo as reivindicações consideradas mais nobres ou justas podem servir de pretexto para a violação da liberdade alheia

A frustração com a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula é compreensível. Milhões de brasileiros têm consciência do que o retorno do petismo ao poder representa em termos de degradação institucional, socioeconômica e moral, e esta Gazeta do Povo repetidamente mostrou a seus leitores os enormes riscos de uma volta de Lula ao Planalto. Mas também temos dito repetidamente que nada, nem mesmo as reivindicações consideradas mais nobres ou justas, pode servir de pretexto para a violação da liberdade alheia. Afirmamo-lo na greve dos caminhoneiros de 2018 e nos bloqueios de 2021, mas também quando a esquerda invadiu escolas e universidades e quis impedir o funcionamento normal das instituições ao tentar forçar a entrada em edifícios governamentais e invadir plenários legislativos. Especialmente contraditório é que um grupo político-ideológico que, nos últimos tempos, proclamou a defesa de liberdades como a de expressão e de imprensa agora se proponha a abater a liberdade alheia de ir e vir, ainda por cima provocando o risco de desabastecimento. O direito de manifestação é legítimo, mas fazê-lo atropelando o direito alheio é a antítese da democracia.

Ainda mais absurda, entretanto, é a pretensão do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto de se organizar para desbloquear rodovias por conta própria. O MTST não faz parte das forças de segurança e, caso concretize essa intenção de se comportar como milícia paramilitar, merecerá da parte dos legítimos detentores da força – as polícias e, se necessário, as Forças Armadas – a mesma repressão devida aos caminhoneiros que resistirem à ordem judicial de liberação das estradas. Dado todo o histórico do movimento de Guilherme Boulos e de seu “irmão” rural, o MST, parece difícil que a intenção dos sem-teto seja a promover qualquer pacificação que seja, já que se trata de grupos que vivem da radicalização.


Convicções da Gazeta: Cultura democrática
Se os inimigos da democracia de ambos os lados do espectro político encontram espaço para agir, eles o fazem também graças ao silêncio daqueles que poderiam agir para acalmar os ânimos. O Brasil democrático repudia tanto os bloqueios dos caminhoneiros quanto o delírio paramilitar dos sem-teto, mas precisa da palavra firme do atual presidente e do presidente eleito – até a tarde de terça, Bolsonaro manteve um silêncio inexplicável em vez de reconhecer logo o resultado das urnas e garantir uma transição civilizada, por mais contrariado que esteja em relação ao desfecho deste segundo turno. Quando falou, Bolsonaro não condenou abertamente o movimento dos caminhoneiros, mas de fato o desautorizou ao afirmar que não se pode violar o direito de ir e vir. Menos mal: quem se orgulha de jogar nas “quatro linhas” da Constituição não tem como promover, nem endossar (ativamente ou com o silêncio) aventuras inconsequentes como as que estão sendo promovidas nas rodovias brasileiras.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/bloqueios-estradas-silencio-lideres/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

GUERRA DA UCRÂNIA PREJUDICA A EUROPA

 

Falta de unidade
Mariana Braga

Paris (France), 26/10/2022.- French President Emmanuel Macron (L) welcomes Chancellor of Germany Olaf Scholz (R) at Elysee Palace before their work lunch in Paris, France, 26 October 2022. (Francia, Alemania) EFE/EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON


Presidente francês, Emmanuel Macron, e chanceler alemão, Olaf Scholz, em Paris, em 26 de outubro de 2022.| Foto: EFE/EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

A invasão russa à Ucrânia e as medidas que os europeus tomaram para apoiá-la tornam a Europa, e em especial a União Europeia, a maior prejudicada pelo conflito. Em uma nova busca por uma soberania do bloco desde 2017, liderada principalmente pela França e pela Alemanha, os países do Velho Continente de fato precisaram reduzir a dependência de outros Estados, sobretudo da Rússia. No entanto, o movimento foi acelerado, em caráter de urgência, e os europeus se atropelaram. Quem ganha com isso são Estados Unidos e China.

Restabelecer a autossuficiência europeia é uma das metas declaradas do presidente francês, Emmanuel Macron, desde sua primeira campanha presidencial. Essa prioridade é compartilhada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, conforme declarou em Praga no final de agosto.

“A soberania europeia significa essencialmente que nos tornamos mais autossuficientes em todas as áreas, que assumimos maior responsabilidade por nossa própria segurança, que estamos ainda mais unidos na defesa de nossos valores e nossos interesses no mundo”, disse Scholz.

Os dois principais motores europeus, no entanto, estão cada vez mais distantes desde o início da guerra. A dupla que costuma comandar a economia e a indústria do continente está tomando rumos diferentes, esfarelando essa unidade europeia tão desejada.

A Alemanha decidiu investir 100 bilhões de euros (519,49 bilhões de reais) para modernizar o exército do país, uma iniciativa que não cabe no orçamento francês e que, pelo mesmo motivo, não pode ser replicada nos outros membros dos Vinte e Sete.

Os países da Europa Central, Báltica e Nórdica acusam a Alemanha e a França de terem subestimado a ameaça russa e estão recorrendo aos Estados Unidos para garantir sua segurança, anunciando que a União Europeia não se basta para proteger os países do continente.

“Naturalmente, a guerra causa um descrédito em relação às organizações internacionais como fomentadoras da paz social”, analisa Viviane Knoerr, coordenadora de pós-graduação do Unicuritiba e pós-doutora em Direito pela Universidade de Coimbra.

Nesse cenário, os Estados Unidos e a OTAN ganham mais força no Velho Continente, com a adesão, por exemplo, da Finlândia e da Suécia.

Crise energética 
Enquanto a maioria dos países europeus, a começar pela França, criaram medidas rigorosas para reduzir o consumo de energia em meio à crise de abastecimento gerada pela guerra, o país comandado por Scholz manteve em certa medida o consumo, desembolsando 200 bilhões de euros (1,3 trilhão de reais) em ajuda a residências e empresas enfraquecidas pela disparada dos preços da energia.

Apesar de passar a importar gás de outros países, reduzindo a dependência da Rússia, a Europa ainda não se reorganizou na distribuição de combustível que chega aos portos. Com a proximidade do inverno, a oferta de energia e os preços ainda vão continuar abalando o bloco.

Algumas saídas encontradas pelos líderes europeus envolvem a construção de meios para transporte de gás. Seriam alternativas de médio prazo, mas iriam na contramão da agenda de diminuição do consumo de combustíveis fósseis, que já perdeu força desde o início da guerra. A Agência de Energia Europeia prevê que haja, neste ano, um crescimento de 7% no uso desse tipo de energia, por exemplo.

A Alemanha, que, ao contrário da França, fugiu da energia nuclear nas últimas décadas para cumprir com seu projeto ambientalista, precisou regredir ainda mais recorrendo à abertura de antigas usinas de carvão.

Recentemente, em uma medida tomada isoladamente pela Espanha e por Portugal, mas com autorização da UE, os países ibéricos criaram um complexo sistema de dissociação dos preços do gás e das tarifas de eletricidade dos de outras formas de energia.

Outros Estados-Membros do bloco solicitaram a Comissão a realizar um estudo de impacto dessa “exceção ibérica” para uma possível aplicação em outros pontos do continente.

Esse modelo, no entanto, já apresentou problemas e fragilizou relações europeias: a Espanha aumentou consideravelmente as exportações para a França (só em julho, foi um crescimento de 80%), saturando as relações entre os países. Enquanto os espanhóis pagam uma indenização a empresas de gás locais para produzir eletricidade, os franceses aproveitam os baixos preços tabelados do país vizinho para comprar essa eletricidade espanhola.

Crise industrial 
De acordo com a União Europeia dos Metais, a produção de alumínio e zinco caiu pela metade no bloco em 2022. Esse fenômeno acontece em um momento em que a transição energética vai absorver grandes quantidades desses metais, agora considerados estratégicos.

O ministro da Indústria da França, Roland Lescure, visitou a fábrica de alumínio de Dunquerque, no norte da França, que consome o equivalente ao que é consumido em toda a cidade de Marselha em eletricidade. Ele apontou que a fatura da empresa aumentou, neste ano, de 200 milhões de euros (mais de 1 bilhão de reais) para 600 milhões de euros (cerca de 3 bilhões de reais), segundo Philippe Escande, editorialista econômico do Le Monde. A produção dessa fábrica já foi reduzida em mais de 20%.

Já a BASF, principal grupo químico da Alemanha, anunciou que reduzirá seus custos na Europa “o mais rápido possível e permanentemente”.

Isso quer dizer que os produtos químicos europeus, presos entre regulamentações rígidas e preços estratosféricos de energia, não têm mais muito futuro no continente.

A BASF decidiu investir no sul da China, na cidade de Zhanjiang. Serão investidos 10 bilhões de dólares na nova sede (mais de 51 bilhões de reais).

Isolamento 
Durante uma reunião no final do mês de outubro em Bruxelas, Macron disse, em entrevista coletiva, que “não é bom” para a Europa que a Alemanha “se isole” e fez uma reunião com Scholz para tentar aproximar as abordagens dos países no controle de preços de gás e eletricidade.

“Estou há mais de cinco anos tentando propor, avançar e construir a unidade”, destacou o presidente francês. “Espero que possamos realmente encontrar meios de convergência”, concluiu Macron.

Segundo o cientista político Ivan Krastev, no entanto, esse movimento de isolamento, não só da Alemanha, é inevitável. Em entrevista ao diplomata Michel Duclos, referindo-se à onda de refugiados, ao Brexit, à pandemia de Covid-19 e à guerra, Krastev ressalta que essas “turbulências” levantaram “fortes correntes nacionalistas entre os estados membros da União Europeia”.

O cientista aponta que a Polônia, a Itália e a Suécia, que elegeram novos nomes menos “eurocêntricos” para o poder se distanciam cada vez mais da unidade do bloco.

Fora da UE, Reino Unido também enfrenta crise 

O Reino Unido vive o pior cenário econômico dos últimos 50 anos. Ao mesmo tempo, o contexto político gera instabilidade e dificulta a recuperação britânica. O isolamento devido ao Brexit – a saída da União Europeia – com falta de caminhoneiros e outros profissionais devido ao fechamento de portas a trabalhadores imigrantes, junto com as consequências da pandemia e, principalmente, da guerra levaram à renúncia de Boris Johnson, ao comando relâmpago de Liz Truss e a consequente nomeação de Rishi Sunak, que recebe uma bomba econômica para administrar.

Autoridades do serviço nacional de saúde (NHS, na sigla em inglês) alertaram para o risco de empobrecimento da população e de uma crise humanitária. De acordo com a End Fuel Poverty Coalition, cerca de 10,5 milhões de famílias entrarão em “nível de pobreza” até o começo do ano que vem no Reino Unido. O governo britânico define como “pobreza” quando a renda familiar anual é inferior a 60% da média salarial do país, que foi de 31 mil libras anuais (cerca de 187 mil reais) em 2021, segundo estatísticas oficiais.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que os britânicos terão o menor crescimento entre os sete países mais ricos em 2023. No bolso dos mais de 67 milhões de habitantes, a situação já está pesando. Cortes de gastos e mudança no estilo de vida se tornaram realidade da maioria das famílias e devem atingir mais de 20% delas no começo do ano que vem.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/europa-a-grande-perdedora-da-guerra-na-ucrania/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

BOLSONARO NÃO CONTESTA A VITÓRIA DE LULA

 

Pronunciamento

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

AME357. BRASILIA (BRASIL), 01/11/2022.- El presidente brasileño, Jair Bolsonaro, se pronunció hoy sobre los resultados de los comicios del pasado domingo, pero sin aludir a la victoria de Luiz Inácio Lula da Silva, y aseguró que “seguirá siendo fiel a la Constitución”. EFE/ Jo?dson Alves


Cercado por ministros, presidente Jair Bolsonaro agradeceu os 58 milhões de votos recebidos no segundo turno da eleição.| Foto: Joédson Alves/EFE

O presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompeu um silêncio de mais de 40 horas após término do resultado das eleições e se pronunciou às 16h37 desta terça-feira (1º). Em um rápido discurso no Palácio da Alvorada, ele não contestou a derrota nas urnas e tampouco parabenizou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Disse, porém, que continuará “cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, no que foi entendido como uma aceitação do resultado eleitoral.

Logo após a fala, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse aos jornalistas que o governo irá cumprir a lei de transição, reforçando o reconhecimento de Bolsonaro sobre a vitória de Lula.

Em um discurso lido, Bolsonaro agradeceu os 58 milhões de brasileiros que votaram nele no segundo turno e procurou desmobilizar os apoiadores que, desde domingo (30), obstruem rodovias no país. Segundo ele, os “atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

“As manifestações pacíficas sempre serão bem vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”, declarou.

O presidente disse, ainda, que a direita surgiu “de verdade” no país e que os deputados e senadores eleitos e reeleitos nas eleições deste ano evidenciam isso.

“Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso”, afirmou.

Bolsonaro destacou, ainda, que seu governo enfrentou “todo o sistema” e superou uma pandemia e as consequências da guerra na Ucrânia. Também alegou sempre ter defendido a Constituição e respeitado a democracia.

“Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”, disse.

No encerramento do pronunciamento, Bolsonaro diz ser uma honra ser o “líder de milhões de brasileiros” que, como ele, “defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela” da bandeira brasileira.

Assista ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro

Discurso objetivou garantir capital político do presidente
O pronunciamento de Bolsonaro veio após muitas reuniões e definições de estratégia a respeito de como se posicionar sobre o resultado das eleições. O presidente, seu núcleo político, ministros e auxiliares trabalharam desde domingo o texto do discurso a ser redigido e como se pronunciar ao país, sobretudo aos eleitores, a fim de manter seu capital político.

A adesão de manifestantes e o fechamento de rodovias subiu a pressão política sobre Bolsonaro para concluir um pronunciamento que pudesse ser bem aceito pela sua base eleitoral mais “raiz”. Não à toa que, em seu discurso, o presidente condena a forma como os brasileiros conduzem as manifestações, mas sugere que elas são justificáveis, como “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

Sem objetivamente pedir a desmobilização da população nas rodovias brasileiras e reconhecer o resultado, o término do silêncio e o pronunciamento cumprem a estratégia do governo de se estruturar politicamente a fim de se manter como uma liderança política forte. Há aliados de Bolsonaro que defendem que ele volte como candidato em 2026, já que os 58 milhões de votos que recebeu agora o credenciam para isso.

Leia o discurso na íntegra
“Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.

A direita surgiu, de verdade, em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso.

Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.

É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira. Muito obrigado!”

E-BOOK 1984
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/bolsonaro-nao-contesta-resultado-da-eleicao-pronunciamento/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

BOLSONARO FEZ O SEU PRONUNCIAMENTO ONTEM APÓS AS ELEIÇÕES

 

Pós-eleição

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

AME357. BRASILIA (BRASIL), 01/11/2022.- El presidente brasileño, Jair Bolsonaro, se pronunció hoy sobre los resultados de los comicios del pasado domingo, pero sin aludir a la victoria de Luiz Inácio Lula da Silva, y aseguró que “seguirá siendo fiel a la Constitución”. EFE/ Jo?dson Alves


Cercado por ministros, presidente Jair Bolsonaro agradeceu os 58 milhões de votos recebidos no segundo turno da eleição.| Foto: Joédson Alves/EFE

O presidente Bolsonaro quebrou o silêncio. As pessoas perguntam: por que o silêncio? Porque se ele falasse qualquer coisa, no momento em que caminhoneiros estavam bloqueando estradas e pessoas estavam se dirigindo a quartéis, diriam que foi ele quem estimulou; então, ele não abriu a boca. Agora estão reclamando que ele não reconheceu a derrota. Se fizesse isso, ele endossaria um processo que ainda não sabemos se está sendo examinado ou não, avalizaria um resultado. Então, ele simplesmente não falou sobre o assunto, apenas agradeceu os votos.

O presidente também recomendou aos que estão fazendo manifestações que respeitem o direito de ir e vir de todos, inclusive das cargas; que não façam como o outro lado, que bloqueia e pronto, e ainda diz que não pode sair porque são “movimentos sociais”. Aliás, eu acho estranho, ilógico, que caminhoneiros bloqueiem estradas, prejudicando exatamente os estados em que Bolsonaro ganhou. Tampouco faz sentido prejudicar os eleitores, as pessoas. Há muitas outras formas de se manifestar pacificamente.

Diz a Constituição no artigo 1.º que “todo o poder emana do povo, que o exerce por seus representantes ou diretamente”. Está na Constituição também que é livre a expressão e a manifestação. E os brasileiros estão se manifestando; Bolsonaro só pediu que não restrinjam o direito de ir e vir. Isso quem fez foi o Supremo, que não podia mexer na Constituição, mas mexeu – e não só mexeu, como transferiu para prefeitos e governadores o direito de retirar a liberdade de ir e vir em tempos de paz, por mais que isso seja intocável, cláusula pétrea da Constituição.

O presidente mostrou que o conceito de liberdade, as liberdades, todas elas, a econômica, a individual, o respeito aos valores da pátria e a direita em si, saíram fortalecidos destes quatro anos. A direita tem maioria no Congresso Nacional e Bolsonaro vai trabalhar dentro do seu partido, o Partido Liberal, já pensando nas próximas eleições municipais.


O vice-presidente Hamilton Mourão ofereceu a residência oficial da vice-presidência para o vice eleito, Geraldo Alckmin, que vai que coordenar a transição. Antes de começar o discurso, o presidente virou-se para o ministro Ciro Nogueira, que vai trabalhar com Alckmin, e disse “vão sentir saudade da gente aqui” – o microfone captou essa profecia.

Agronegócio brasileiro continua garantindo ótimos números

O agro brasileiro continua brilhando. O IBGE disse que a colheita será de 362 milhões de toneladas. Só o milho, na segunda safra, teve um crescimento de 35%; só caiu a Região Sul, em 15%. As outras regiões subiram cerca de 10%, inclusive o Nordeste.

Na balança comercial, caíram as exportações do minério de ferro, mas subiram as de grãos, que garantiram quase US$ 4 bilhões de superávit em outubro – as exportações foram de US$ 27 bilhões e as importações, de US$ 23 bilhões. Só neste ano temos superávit de mais de US$ 51 bilhões. O que é isso? É sinal da pujança, da vitalidade do agro e da economia brasileira, um país pujante que Bolsonaro vai legar a Lula.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/a-mensagem-de-bolsonaro-veio-no-tom-e-na-hora-certa/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

LULA FARÁ AS REFORMAS QUE O PRECISA NECESSITA?

 

Por
Paulo Uebel


Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: Reprodução/Twitter

Após um segundo turno acirrado, os brasileiros já sabem quem governará o país nos próximos 4 anos: o petista Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente que protagonizou os escândalos de corrupção do Mensalão e do Petrolão. E há pontos que o governo eleito precisa ter em sua agenda para o Brasil avançar e a nossa população ter um presente e um futuro melhor. Lula está se vendendo como um presidente da conciliação e do avanço da nação, da coalizão, supostamente longe do radicalismo da esquerda que dominou os governos do PT. Será que ele está disposto a fazer as reformas que o Brasil precisa? Veja quais são os desafios do próximo governo.

A primeira agenda fundamental seria uma ampla reforma administrativa, para melhorar a qualidade dos serviços públicos e cortar custos excessivos do funcionalismo. O presidente Jair Bolsonaro até tentou fazer uma reforma administrativa, o projeto foi enviado ao Congresso em 2020, porém, ainda não foi seriamente avaliado pelos parlamentares. Por que a reforma administrativa é fundamental? Entre 74 países, o Brasil é o sétimo país do mundo que mais gasta com funcionalismo. Praticamente 13% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) é utilizado para pagar os salários dos servidores, considerando o pessoal ativo dos municípios, Estados e União. Isso é muito superior a média da União Européia, de 9,9%, e dos EUA, 9,5% do PIB.

Um trabalhador do setor privado ganha 96% menos que o mesmo profissional no funcionalismo federal, e 36% menos que um servidor estadual. Além disso, privilégios do setor público resultam em supersalários: as remunerações acima do teto do funcionalismo. Por exemplo, no ano passado, mais de quatro mil magistrados receberam acima do teto, segundo dados do próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Quase 200 deles tiveram remunerações médias superiores a R$ 100.000,00 por mês. A proposta atual da reforma administrativa acaba com vários penduricalhos que se transformam em salários acima do teto, e precisa incluir a elite do funcionalismo, como juízes e promotores. Por isso, a reforma precisa ser ampla, geral e incluir todo o funcionalismo para garantir o fim dos privilégios, especialmente entre aqueles que mais os desfrutam.

Entre 74 países, o Brasil é o sétimo país do mundo que mais gasta com funcionalismo. Praticamente 13% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) é utilizado para pagar os salários dos servidores, considerando o pessoal ativo dos municípios, Estados e União

O texto atual da reforma administrativa também traz um modelo mais inteligente de contratação para o serviço público, com a possibilidade de fazer contratos com data de início e fim. Por que isso é importante? É preciso dar fim à obsolescência de função no setor público. No Brasil, R$ 8,2 bilhões são gastos anualmente com funcionários em cargos extintos ou em fase de extinção, como os datilógrafos e os ascensoristas (pilotos de elevador). Dei mais detalhes sobre a necessidade da reforma administrativa nesta coluna. O problema é que Lula sempre inchou a máquina pública, sem muito critério, e criou privilégios. Será que ele terá a responsabilidade e a coragem de fazer a reforma administrativa que o Brasil tanto precisa em vez de atender aos interesses dos sindicatos? Infelizmente, eu não acredito.

Também precisamos acabar com o manicômio tributário no Brasil. Por isso, a reforma tributária é essencial. E essa necessidade não é nova: tem pelo menos três décadas. “Em 1995, quando o termo custo Brasil foi debatido pela primeira vez, em um seminário da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o cipoal tributário já era considerado o grande vilão do setor produtivo”, diz o Portal da Indústria. De lá pra cá, a carga tributária brasileira, além de se tornar ainda mais complexa, cresceu de 27% do PIB para 33,9% em 2021, porcentagem que também é a maior em 12 anos. Para se ter ideia, as empresas brasileiras gastam, em média, 38% mais de seus lucros para pagar impostos que as empresas dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo um estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC).

Ainda segundo o estudo, o custo Brasil consome, todo ano, cerca de R$ 1,5 trilhão das empresas. O custo Brasil é a diferença entre o custo de se produzir no Brasil em comparação a outros países, levando em conta os encargos e burocracias que os empreendedores enfrentam. De acordo com um estudo elaborado pela Fiesp/Ciesp, o custo Brasil encarece em até 25,4% os produtos brasileiros. O estudo comparou o Brasil a outros 15 países, que foram seus principais parceiros comerciais entre 2008 e 2019: China, Estados Unidos, Alemanha, Argentina, Coreia, Japão, Itália, França, México, Índia, Espanha, Reino Unido, Suíça, Chile e Canadá. Nossa carga tributária é maior que as de 12 deles.

As empresas brasileiras gastam 2.354,6 horas por ano para pagar impostos, 11,3 vezes mais que a média nos países parceiros. O empreendedor brasileiro, além de se preocupar com a eficiência econômica de seu negócio, também vive sufocado com a corda tributária em seu pescoço. A reforma tributária deveria simplificar e modernizar a cobrança e o pagamento de impostos, aumentar a competitividade das empresas e acabar com a discricionariedade nas classificações.

O custo Brasil é a diferença entre o custo de se produzir no Brasil em comparação a outros países, levando em conta os encargos e burocracias que os empreendedores enfrentam

Um sistema tributário eficiente, que favorece a competitividade das empresas em vez de sufocá-las, resulta em mais crescimento econômico — que, por sua vez, traz mais ofertas de emprego e aumento de renda da população. O sistema tributário brasileiro precisa reduzir o número de tributos e, de preferência, apontar para uma redução de carga, seguindo uma redução de custo da máquina pública alcançada com uma sonhada reforma administrativa.

Lula prometeu fazer uma reforma tributária, mas não deu muitos detalhes a respeito: o que se sabe é que, além da simplificação de impostos, ele pretende adotar um modelo progressivo para reduzir a tributação do consumo e aumentar os impostos cobrados dos mais ricos. “Eu acho que chegou a hora”, disse ele sobre taxar grandes fortunas. Como se a tributação sobre os empreendedores já não fosse alta… “Os ricos não são tolos; eles não irão sustentar os pesados gastos públicos da sociedade. Na prática, eles contratarão advogados para ajudá-los a ocultar sua riqueza do governo. Se isso não der certo, eles se mudarão para outro país”, explica o economista Felipe Lungov em texto para o Instituto Mises Brasil.

Com o governo Bolsonaro, o Brasil se tornou o sétimo país em maturidade de governo digital entre 198 países do ranking do Banco Mundial, e o primeiro das Américas, na frente até mesmo dos Estados Unidos. Com a plataforma Gov.Br, o governo passou a ofertar acesso digital de mais de 4 mil serviços públicos para os brasileiros (84% do total de 4,8 mil serviços oferecidos atualmente pelo Governo Federal), e hoje 130 milhões de usuários já desfrutam deles. Além de facilitar a vida do cidadão, isso também significa menos desperdício de recursos dos pagadores de impostos. A equipe de Bolsonaro deixou a mesa posta. Lula tem a faca e o queijo na mão para continuar com a agenda de transformação digital do setor público e de desburocratização, ampliando iniciativas para Estados e Municípios. Não há desculpa para que ele não faça isso, basta querer.

O próximo ponto é extremamente sensível para os petistas: se Lula quiser que o Brasil continue avançando, ele também deve dar seguimento à agenda de privatizações, concessões e de parcerias público-privadas (PPPs). Em vez de acumular rombos, o governo Bolsonaro, felizmente, arrecadou R$ 304,2 bilhões com as privatizações até julho deste ano. O montante é utilizado para reduzir a dívida pública brasileira, além de reduzir o espaço para corrupção e uso político da máquina pública.

A privatização mais importante de todas foi a da Eletrobras, maior empresa de energia da América Latina, que rendeu R$ 67 bilhões. Além de reduzir custos desnecessários para os brasileiros, a privatização da Eletrobras traz mais eficiência e investimentos para o setor elétrico. Porém, Lula quer reestatizar a Eletrobras. Coerente com o seu passado e de seu partido, já que eles adoram submeter as estatais aos seus caprichos. Em 2012, a então presidente petista Dilma Rousseff fez a MP579 para baixar na canetada 20% do preço da tarifa de energia. A medida contribuiu com o efeito reverso: entre 2013 e 2021, as tarifas de energia sofreram aumento de 100,6%, e a MP de Dilma foi uma das grandes responsáveis.

Além disso, o setor elétrico teve R$ 228 bilhões de prejuízo entre 2000 e 2015 devido a corrupção, ineficiência na gestão da Eletrobras e também por interferências políticas ruins — a maior parte desses prejuízos durante os governos de Lula e Dilma. Só na Eletrobras, o custo da irresponsabilidade foi de R$ 186 bilhões. Mais detalhes sobre a Eletrobras nesta coluna. Os petistas também usaram as estatais no esquema de corrupção do Petrolão e na política fracassada de campeões nacionais. Precisamos, como sociedade, pressionar o governo Lula e os parlamentares pela continuação das privatizações. O Brasil não pode retroceder aos escândalos de corrupção e aos rombos nas estatais. Assim, embora não tenha espaço para reestatizar a Eletrobrás, será mais uma promessa não cumprida, acho que as pautas de desestatização não avançarão em nível federal. Felizmente, estados como Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais devem avançar nessa frente.

Os petistas também usaram as estatais no esquema de corrupção do Petrolão e na política fracassada de campeões nacionais. Precisamos, como sociedade, pressionar o governo Lula e os parlamentares pela continuação das privatizações

Outra necessidade do Brasil é desestatizar os serviços de saúde e educação. O foco dos serviços públicos deveria ser trazer mais eficiência e qualidade para os seus usuários, e não agradar sindicatos e funcionários públicos. Alunos e pacientes deveriam ser tratados como clientes que devem ser agradados e bem tratados. Lula fez um pouco disso com o Prouni (Programa Universidade para Todos), criado por seu então ministro da educação Fernando Haddad em 2005. O ProUni concede bolsas de estudos (integrais e parciais) para estudantes pobres em universidades privadas. As instituições de ensino que participam do programa ficam isentas de vários impostos. É muito mais econômico do que abrir mais vagas nas universidades públicas ou construir novas instituições de ensino. Mas isso precisa ser ampliado para a educação básica, maior desafio do Brasil.

Os vales de educação (vouchers) devem ser usados para ampliar o acesso de crianças à educação básica de qualidade. Com os vouchers, uma família de baixa renda poderia matricular seu filho na escola de sua preferência (podendo ela ser privada, comunitária ou religiosa). Além de ser mais econômico que abrir novas escolas, uma criança pobre teria a mesma oportunidade de educação que uma criança de classe média ou alta, diminuindo também a desigualdade educacional. Se não quiser criar o vale educação, pelo menos, poderia ampliar o uso de creches e escolas conveniadas, com gestão privada, mas custeadas com recursos públicos. Não podemos perder mais uma geração de crianças com educação infantil de má qualidade.

Na saúde, temos um ótimo exemplo de PPP que é o Proadi/SUS, criado em 2009. Ele envolve seis hospitais de referência, incluindo os prestigiados Hospital Albert Einstein e o Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. Essa PPP é custeada por isenções fiscais: os hospitais parceiros descontam seus gastos dos impostos que deveriam pagar. Entre 2009 e 2020, mais de 700 projetos foram executados, somando investimentos que giram em torno de R$ 7,5 bilhões. Ganha o pagador de impostos: afinal, quem não gostaria de ser tratado no melhor hospital do país? Se Lula é o presidente que se importa com os mais pobres, ele deveria trabalhar para expandir iniciativas como essas.

O Brasil também precisa dar seguimento aos marcos regulatórios para melhorar a produtividade e a competitividade das empresas e a qualidade dos serviços. Um exemplo disso é  o Marco Legal do Saneamento, que fará com que mais de 90% da população tenha tratamento de água e esgoto até 2033, contando com a competição das empresas privadas. E o Marco do Gás Natural, que abriu o mercado de gás natural para a iniciativa privada, antes dominado pela Petrobras.

O Brasil precisa também fortalecer a economia verde e explorar os diferenciais competitivos da Amazônia. Entre as boas alternativas, estão as concessões florestais. Uma concessão florestal é um tipo de parceria entre o setor público e o setor privado em que as empresas exploram áreas das florestas públicas de modo sustentável. As florestas seguem como propriedades do governo, mas com gestão privada. É uma forma de gerar empregos e renda na Amazônia sem provocar desmatamento. Outra boa alternativa é emitir créditos de carbono em florestas públicas.

Hoje, a Lei de Concessões Florestais não permite a emissão de créditos de carbono em florestas públicas por meio da iniciativa privada. A atividade está reservada ao Governo, que não faz a emissão por falta de recursos. As empresas privadas deveriam ter a permissão para emitir créditos de carbono das florestas públicas, repartindo a receita com o governo. O Brasil pode emitir 22% dos créditos de carbono que o planeta precisa, e ganhar até US$ 100 bilhões em receitas até 2030, segundo a ICC Brasil (International Chamber of Commerce). Será que poderíamos contar com o apoio de Lula para isso? Infelizmente, nessas horas, a visão limitada de muitos petistas pode impedir esses avanços.

Por último, mas não menos importante, o Brasil precisa seguir a agenda de inclusão do Brasil no mapa de comércio exterior global e concluir todos os passos necessários para ingressar definitivamente na OCDE. Este ano, finalmente tivemos a formalização do processo de adesão do Brasil à organização. O Brasil já cumpriu 108 dos 230 requisitos para entrar na OCDE. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o PIB brasileiro pode ter incremento de 0,4% ao ano com a adesão à OCDE. A adesão à OCDE é um como um selo de qualidade para negócios e investimentos. Será que o presidente eleito terá interesse em continuar aderindo às melhores práticas internacionais para o Brasil entrar na OCDE definitivamente? Nesse ponto, também, o cenário não é tão promissor. Lula vai preferir seguir o modelo do Mercosul ou dos BRICS, com países com maior alinhamento ideológico com as pautas de esquerida.

O Brasil está em sua fase de modernização, crescimento econômico e avanços institucionais e de mercado trazidos pelos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Para seguir com os avanços, Lula só precisa dar continuidade ao que está dando certo. Deixar de lado as amarras das políticas petistas e dos sindicatos. Até agora Lula não sinalizou isso. Ele escondeu seu plano de governo na campanha eleitoral e, no dia seguinte à sua eleição, a mídia noticiou que ele pretende ter 40% mais ministérios para acomodar aliados. Aparentemente, será mais do mesmo, se depender dele. Enquanto sociedade civil, devemos pressionar o presidente eleito a fazer o que o Brasil precisa. Afinal, quase metade da população escolheu a continuidade dos avanços. Assim, Lula, como democrata que diz ser, deveria incorporar parte das propostas do atual governo ao seu programa. Seria um exemplo de maturidade política e respeito ao eleitor. Desejo sucesso ao novo governo. Precisamos avançar, jamais retroceder!


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-uebel/e-agora-sera-que-lula-fara-as-reformas-que-o-brasil-precisa/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.