domingo, 3 de julho de 2022

O BRASIL QUER O MERCADO DE METANO PRODUZIDO POR ANIMAIS

 

Artigos
Por
Mario R. A. Lewandowski


Imagem ilustrativa.| Foto: Unsplash

No dia 20 de março de 2022, o governo anunciou que o Brasil seria o primeiro e único país do mundo a ter um mercado de créditos de metano. A lógica seria similar ao mercado de carbono que tanto é alardeado fora e dentro do Brasil: uma “moeda” seria criada para compensar emissões do gás, em busca de uma redução líquida na qual haveria um incentivo geral para a redução de emissões, especialmente com a troca de diesel por biogás e biocombustíveis em geral.

Nesta mesma esteira, no dia 19 de maio, foi publicado o Decreto 11.075 que estabelece os procedimentos para elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação de Mudanças Climáticas e institui o Sistema Nacional de Redução de Gases de Efeito Estufa – SINARE. O que à primeira vista parece uma grande conquista para o combate às mudanças climáticas dá sinais de uma estratégia preocupante do governo para lidar com o mercado de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Há considerações comerciais, econômicas e jurídicas que explicam por que não há mercados fragmentados em nenhum lugar no mundo, inclusive em países nos quais o assunto é muito mais debatido do que no Brasil.

Economicamente, quanto menor o mercado, menos líquido ele é. Com isso, menos investidores generalistas têm interesse em acessá-lo graças à preocupação de não conseguirem vender seus ativos. Os mercados que atraem os maiores volumes de investimento não são os mercados restritos, mas sim aqueles mais amplos nos quais os investidores, pequenos, grandes ou institucionais, podem diversificar sua exposição ao risco. Também são gerados mais custos de transação quando há diversos pequenos mercados ao invés de um grande mercado.

Por exemplo, uma propriedade que reduz tanto metano quanto dióxido de carbono poderia ter de certificar cada redução em um órgão ou entidade diferente, com regras e requisitos diversos, a depender do Plano Setorial. Técnicas sustentáveis no agronegócio como a integração lavoura-pecuária-floresta (IFLP) seriam desincentivadas se uma propriedade precisasse se adequar a diversos Planos Setoriais para integrar a lavoura com a pecuária e manejo florestal.

Comercialmente, quanto mais específico for um mercado, mais difícil é a comercialização internacional do seu produto em mercados padronizados. Toda a discussão da COP 26 sobre os mecanismos do artigo 6º do Acordo de Paris, que foi duramente debatido por mais de 15 anos, foi crucial para chegar a uma proposta de mercado de “Carbono Equivalente (CO2eq)” exatamente para simplificar a “moeda” que seria usada no mercado global. Não à toa, as duas principais certificadoras do mercado voluntário, Verra e The Gold Standard, usam CO2eq para calcular emissões. O fato não passou desapercebido pelo Brasil, tanto é que o próprio ministro do Meio Ambiente pontuou em suas entrevistas que já há um cálculo para quantas toneladas de carbono são neutralizadas com uma tonelada de metano. Então por que criar uma nova moeda única e exclusiva brasileira de metano ou fragmentar a discussão em diversos Planos Setoriais?

De acordo com um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP), a simples existência das florestas públicas brasileiras poderia render pelo menos R$ 120 milhões ao país a cada ano caso o governo liberasse a comercialização de créditos de carbono nos contratos de concessão federal dessas áreas. O montante é o mais modesto levantado pela organização com base em um projeto de lei que prevê a inserção dos créditos de carbono na modalidade. No cenário mais otimista, a cifra sobe para R$ 1,4 bilhão ao ano.

Não obstante os graves problemas de conteúdo econômico e comerciais mencionados acima, as duas peças legislativas trazem consigo riscos formais e técnicos que podem inviabilizar a sua existência, desmotivar os agentes e ainda prejudicar todas as iniciativas voltadas à compensação de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

O movimento de criação dessas normas foi feito através de regulamentação infralegal, não tendo peso de lei e, por isso, não carrega a força legislativa de um instrumento que pode atravessar gerações, garantindo segurança jurídica aos envolvidos. Um exemplo de sucesso que poderia ter sido seguido ao menos formalmente seria o RenovaBio. Promulgado através de lei, o RenovaBio é o único mercado regulado de carbono no Brasil. Sua solidez advém do fato de que foi cristalizado na Lei 13.576 de dezembro de 2017. Não à toa, mudanças de governo não colocam em risco os créditos que foram comercializados. No caso deste “Mercado Regulado” ou o “Mercado de Metano”, sua criação de supetão, sem muito debate nem aviso, foi gestada no Executivo, sem discussão ampla nem aval dos demais poderes e pode ser revogada com a mesma agilidade.

Isso nos leva a um segundo problema ainda mais grave do ponto de vista de segurança jurídica: um mercado fragmentado vai diretamente contra as iniciativas que estão em tramitação no Congresso.

Na Câmara dos Deputados há um projeto que junta quatro proposições sob o número PL 2.148/2015 e trata do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). Sua contrapartida no Senado é o PL 412/2022. Os dois projetos têm muitas diferenças entre si, porém, ambos tratam não de carbono, mas sim de “gases de efeito estufa (GEE)” ou “carbono equivalente (CO2eq)”, termo que inclui metano e outros gases.

Caso qualquer um dos dois projetos de lei passe, automaticamente os decretos federais passariam a ser parte do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE)e, invariavelmente, surgirá uma discussão sobre o que fazer com os créditos que foram gerados antes. Na melhor das hipóteses, os programas alardeados em março e maio são natimortos. No pior, é uma bomba de insegurança jurídica esperando para estourar.

Mas nem tudo é perdido. A definição de “o que é um crédito de carbono” também é uma boa mensagem a todos os agentes envolvidos, bem como todos os lastros listados para emissões de créditos. As ideias não são ruins e a sinalização é ótima. Porém, a forma como foi feito deixa dúvidas sobre a eficácia do que está proposto, além de criar riscos substanciais do ponto de vista jurídico, econômico e comercial dos eventuais créditos gerados.

A solução seria o assunto avançar rapidamente no Congresso, e o mercado regulado por lei se consolidar antes que os agentes se movimentassem sobre a atual regulamentação frágil e o mercado seja fragmentado. Não obstante, os otimistas apontarão que não havendo consenso sobre o modelo de mercado regulado, os investidores terão de seguir apostando na força do mercado voluntário de carbono, que ganha volume no Brasil todo ano há mais de uma década.

Mario R. A. Lewandowski é economista, ex-assessor especial do Ministério do Desenvolvimento Regional e diretor da AGBI Ativos Reais.
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/mercado-de-metano-decretos-acertam-na-intencao-mas-erram-na-tecnica/
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ENVELHECIMENTO TRAZ MUDANÇAS PSICOLÓGICAS

 

Marcas temporais
Por
Sissy Zambão, especial para o Sempre Família – Gazeta do Povo


Momentos como aposentadoria, chegada da menopausa ou casamento dos filhos podem fazer marcas temporais que merecem atenção.| Foto: Bigstock

O casamento dos filhos, sinais da menopausa, aproximação da aposentadoria ou a morte dos próprios pais ou amigos com idade similar são marcas temporais comuns com a chegada dos 40 aos 60 anos de idade.

Segundo a psicóloga Rafaella Casarotto Bordon, tais ritos de passagem, além de escancararem o caráter temporal, destacam a transitoriedade e finitude da vida, cobrando não só o que já foi vivido, mas também um novo modo de viver.

Para Abimael e Ana, ambos com 55 anos de idade, ao se depararem com o ninho vazio após a saída de suas duas filhas de casa, foi grande a dificuldade em vê-las como adultas, respeitando suas escolhas e autonomia.

Contudo, o apoio das filhas foi essencial para superação dessa fase. “Enquanto eu os incentivava a buscar e viver suas individualidades, podendo finalmente “experienciar” a vida sem obrigações com os filhos, minha irmã que mora em outra cidade, fez o movimento de convidá-los para ficar mais perto e acompanharem o crescimento da neta, substituindo um pouco o foco de atenção da criação das filhas para o desenvolvimento da netinha”, conta Lívia, de 27 anos.


Assim, podemos entender que a famosa crise da meia idade nada mais é que uma parte natural da vida de um adulto normal, ao passar por transformações nos grupos familiares, de amigos e em seu próprio corpo.

Felype Peruzzo, psicólogo clínico de adolescentes, adultos e idosos entende que esse período pode ser visto como uma segunda adolescência, mas com uma percepção completamente diferente, considerando as responsabilidades e obrigações maiores da vida adulta, o que dá ainda mais peso neste processo.

Ainda que muitos passem por esse momento da vida, há diferenças nas “crises de meia idade” para cada pessoa, já que não está relacionada ao gênero ou idade, mas em fatores naturais do envelhecimento, percebidos de forma diferente por cada um.

Portanto, o que socialmente chama-se de “crise da meia idade”, segundo Rafaella, que é especialista em atenção à saúde do adulto e idoso pelo Complexo Hospital de Clínicas da UFPR, por não se alinhar a um grupo específico de pessoas, não pode ser entendido como psicopatologia ”da idade”, tampouco, em crise. “Ela faz parte do processo de mudança da noção de si mesmo e compreende a organização da vida diante das transformações com as quais a pessoa tem que lidar”, explica a psicóloga.

Sendo assim, o envelhecer saudável tem estreita relação com a capacidade de saber consentir com a passagem do tempo, acolhendo seu caráter transitório e finito, reinventando o que se conserva e convivendo com os buracos e equívocos da própria existência.

O corpo envelhece, a mente não
É comum escutar, seja nos consultórios terapêuticos o nas rodas de amigos, alguém dizer: ”Eu não me sinto com 55 anos”. Isso porque, a lógica da sucessividade temporal não é a que comanda os pensamentos, do ponto de vista subjetivo, entende Rafaella. “Há um tempo no sujeito diferente do tempo cronológico, que não caminha ao lado do corpo físico, apesar das transformações biológicas. Isso que se conserva e que é atemporal, podemos pensar aqui como subjetividade”, explica ela.

Mas, nem por isso, o tempo cronológico deixa de se impor e trazer com ele transformações, tanto corporais como, sobretudo, do lugar social do indivíduo, impactando na noção e imagem de si mesmo. O envelhecimento do corpo é algo que já esperamos que aconteça, mas as especificidades do envelhecer, que são mais pertinentes a cada um, são quase imprevisíveis, segundo Felype Peruzzo.

“A aceitação que nosso corpo não é uma máquina infalível deve vir do indivíduo. Só se pode ter uma vaga ideia do que esperar no futuro ao observar os familiares que envelheceram antes, como pais e avós”, acrescenta o psicólogo.


A “crise da meia idade” pode ser causa de sofrimento?
Existe um grande arco-íris de sentimentos que podem ser causados pela insatisfação, indo desde a frustração e tristeza por não atingir tudo aquilo que se queria, um senso de merecimento e revolta por não realizar algo que acha que deveria ter realizado, até à satisfação de se entender que conquistou outras coisas, ou a felicidade de realizar coisas completamente diferentes do que planejava.

Lívia conta que desde muito cedo os planos e sonhos de seus pais foram abandonados e novas rotas foram sendo traçadas. “Meu pai em sua juventude desejava ser jogador de futebol e minha mãe empresária ou advogada. Mas por terem se casado e tido filhas muito cedo, ambos tiveram que se adaptar e investir na carreira de bancários. A partir disso, acredito que as frustrações que tiveram de lidar foram de ordens mais cotidianas, dentro da imprevisibilidade natural da vida”, conta a filha.

O que faz a pessoa sofrer não é a passagem do tempo em si, mas a perda dos seus ideais. Para Rafaella, os ideais, formulados desde o primeiro momento de vida, podem retornar nesses períodos enquanto questões, como: “O que já passou?”, “O que é que ainda está por vir?”, e, sobretudo, “o que quero do que ainda está por vir?”

Ao buscar respondê-las, a pessoa pode entrar em conflito e ter um sofrimento mais intenso. Para lidar com o sentimento da perda, a psicóloga explica que é necessário a vivência de luto, não necessariamente a partir da morte de um ente querido, mas de uma mudança na imagem de si próprio e de consentir com as limitações colocadas pelo curso da vida. “A partir desse processo, os ideais podem ser retomados por uma nova perspectiva, repensando os próprios interesses, propósitos e desejos, tornando passível de um redirecionamento em vida”, esclarece Rafaella.

Como se preparar para essa fase?
Pensando de forma prática, Peruzzo indica que a melhor forma de se passar por uma crise é preparar-se para ela. Abimael e Ana, embora tenham se preparado financeiramente ao longo dos anos – em termos de aquisição de bens e aposentadoria – para a terceira idade, apesar de sempre terem tido o cuidado de praticar atividade física e terem uma alimentação balanceada, os dois sofreram impactos na saúde pelo estresse do trabalho e dedicação exclusiva aos filhos, culminando em adoecimento físico e psicológico no processo de envelhecimento.

A preparação física é, de longe, a mais simples de ser feita, uma vez que envolve regular a dieta, realizar todos os exames possíveis no médico e procurar iniciar alguma prática esportiva para manter o corpo e músculos em atividade, como pilates, caminhada, academia ou natação.

No entanto, segundo Fylipe Peruzzo, a preparação mental requer um maior cuidado. Além de levar mais tempo, exige a aceitação das mudanças no corpo e na forma de ver a vida, inclusive perceber o momento da vida que mudou. Isto pode ser feito com trabalhos individuais em terapia, estabelecimento de metas ou meditação, por exemplo, para que esta fase seja mais fácil de se passar.

Como passar por esse momento?
Crises em geral são períodos tumultuosos. Entretanto, não são impossíveis de superar. Como o momento se dá de forma diferente para cada pessoa, também é resolvido e passado de forma e tempo individualizado.

Peruzzo orienta que uma das primeiras coisas a serem avaliadas deve ser a rede de apoio, amigos e familiares mais próximos, assim como o entendimento das situações que passam ao redor, seja em casa, no trabalho ou em reuniões, pois tudo isso influenciará nas emoções.

Quando a saída de casa pelas filhas se efetivou, Abimael e Ana começaram a falar mais sobre aposentadoria, planos de onde passariam a viver ao se aposentarem e o que imaginavam para esse período. “Percebi também o início de novos hobbies pela parte de meu pai, que passou a praticar ciclismo urbano e gostar de degustar vinhos e assistir séries em seu tempo livre. Enquanto minha mãe teve interesse maior nos cuidados com a aparência, investindo mais em procedimentos estéticos, algo que anteriormente nunca havia feito por medo de procedimentos mais invasivos”, lembra Lívia.

“Descobrindo o que há de errado e onde as emoções ficam mais instáveis, a situação pode ser resolvida com pequenas mudanças, como uma reorganização do lugar de trabalho, mudanças na rotina ou até mesmo pintar uma parede em casa, de uma cor que sempre quis,” destaca Peruzzo. Contudo, se o processo se tornar profundamente doloroso, é importante estar atento quando a angústia de se deparar com as questões pessoais é paralisante à pessoa, sendo importante a busca por um psicólogo ou um psicanalista, completa Rafaella.


Leia mais em: https://www.semprefamilia.com.br/comportamento/como-enfrentar-as-mudancas-psicologicas-trazidas-com-o-envelhecimento/?ref=mais-em-semprefamilia
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CRIE RESILIÊNCIA DIGITAL PARA EVITAR OS VÍCIOS DIGITAIS

Comportamento
Aceprensa – Gazeta do Povo


Abstinência não é a solução. Devemos construir uma “resiliência digital” para aprender a usar a tecnologia de modo equilibrado.| Foto: Bigstock

Entusiasta de tecnologia e fundadora do blog Lady Geek, Belinda Parmar, reconsiderou a relação dela e de seus filhos com a tecnologia e agora prefere uma abordagem mais cautelosa. Dois psicólogos discutem essas preocupações e oferecem dicas para melhorar o uso da tecnologia.

Belinda dedicou sua vida a aproximar mulheres e meninas da tecnologia. Em um artigo para o The Guardian, ela também fala sobre os riscos do uso excessivo da tecnologia e ensina como esses desafios podem ser superados.

Sua dedicação à tecnologia começou quando tentaram lhe vender um celular rosa para mulheres. “Isso foi ridículo. Fiquei com tanta raiva que cheguei em casa e comecei um blog.” O blog serviu para abrir uma conversa sobre sexismo na tecnologia e Belinda passou a aconselhar empresas sobre como elas poderiam fazer produtos melhores para mulheres e incentivar meninas a entrar no setor. “Para mim, a tecnologia é um balanceador. Sem exigir dinheiro ou status, ela permite uma sociedade mais igualitária e diversificada. Aquela pequena bolha em que a maioria de nós vivia estourou e isso é maravilhoso.”

No entanto, alguns aspectos de sua relação com a tecnologia não eram tão maravilhosos assim. Ela se deu conta de que muitas vezes a utilizava para alimentar o seu ego. Além disso, ela lhe arrancava o tempo a ser dedicado a outras coisas importantes em sua vida.

À medida que seus filhos cresciam, ela começou também a se preocupar com a relação deles com videogames. “A tecnologia pode tirar o controle dos pais. Não posso competir com esses níveis de dopamina”. Foi aí que ela começou a buscar alternativas que lhe permitissem controlar melhor o tempo que ela e seus filhos passavam nos eletrônicos.


Poucos viciados
Mark Griffiths, psicólogo e diretor da Unidade Internacional de Pesquisa em Videogames, explica que, mesmo que se fale muito de vício em tecnologia, na verdade trata-se de algo muito raro: “Para que alguém seja genuinamente viciado em tecnologia, ela deve ser a coisa mais importante na vida dessa pessoa, a ponto de gerar descuido com outros aspectos, e pouquíssimas pessoas cumprem esse requisito”.

Ainda em 2018, a Organização Mundial da Saúde acrescentou o vício em videogames à sua lista de transtornos psíquicos. Griffiths faz questão de matizar. Ele explica que o vício não se define pela quantidade de tempo, e sim pelo contexto em que se realiza. Os pais precisam ficar atentos e não considerar patológicos comportamentos que são somente uma manifestação da distância entre as gerações. Além disso, Griffiths diz que “alguns pais usam as redes sociais tanto quanto os filhos e não deveriam se surpreender ao ver que os filhos copiam seus comportamentos”.

Por outro lado, Richard Graham, psiquiatra especializado em adolescentes e crianças que dirige o Sistema de Vício em Tecnologia do hospital Nightingale, explica que há outras maneiras, além do vício, de explicar a nossa complicada relação com a tecnologia. Nos adolescentes, por exemplo, o que está em jogo pode ser uma crise de identidade. “Para esses jovens, os videogames e a tecnologia não são apenas divertidos: são negócios. É um jeito de ter sucesso, adquirindo um capital digital que alimenta a autoestima”, explica ele.

Todos esses especialistas concordam que a abstinência não é a solução: o que devemos construir é uma “resiliência digital” para aprender a usar a tecnologia de modo equilibrado e controlado. “Não devemos falar de desintoxicação, e sim de descompressão digital”, afirma Graham. Para isso, recomenda-se o plano familiar da Academia de Pediatria Americana (APA), que ajuda os pais a medir as horas de sono e organizar períodos sem telas antes de ir para a cama, assim como outros tempos “limpos” ao longo do dia e zonas “limpas” na casa.

Graham oferece quatro pistas para adquirir a “resiliência digital”. Primeiro, ele ressalta a unidade da família. Podem ser usados planos como o da APA, mas é necessário que toda a família se envolva, que todos colaborem. Em segundo lugar, ele sugere organizar atividades fora de casa. “Ir ao cinema, por exemplo, é uma experiência compartilhada e com uma narrativa que envolve a imaginação. A terceira recomendação é variar a dieta digital. Mudar de plataformas, de jogos ou de aplicativos. “Usar diferentes plataformas é muito importante, pois mantém a sensação de poder mover-se entre elas e de ser capaz de fazer algo, deter-se e em seguida ir em frente”. Finalmente, ele recomenda viver um estilo de vida saudável: dormir o suficiente, comer bem, beber água e fazer exercícios.

© 2022 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
Leia mais em: https://www.semprefamilia.com.br/comportamento/resiliencia-digital-como-usar-a-tecnologia-de-modo-mais-saudavel-sem-se-abster-dela/?_gl=1v0ib30_gaODg0ODYxMjMuMTY1Mzk5Njk5Mg.._ga_B7X3QY6Y1N*MTY1Njg1MTIxOS4yMi4xLjE2NTY4NTEyMjEuMA..
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FAÇA COTEÚDOS SEM PRECISAR CRIAR

 

Guilherme Dias – Sócio Fundador da Agência Bons de Briga Marketing de Performance

Uma das perguntas que eu mais respondo nas aulas e palestras é: “Guilherme, eu não sou criativo. Como produzir conteúdo?”.

Minha resposta é padrão:

— você não é Machado de Assis. Você não precisa ser criativo, ter um Português incrível e nem mesmo “parar para pensar e produzir conteúdo”.

Falta de criatividade, falta de tempo e vergonha não podem ser desculpas para você não aparecer nas redes. E eu vou te explicar como superar essas limitações. Afinal, Marketing de Conteúdo é importantíssimo para alavancar as vendas e não pode ser delegado 100% para sua agência!

Naturalmente algumas pessoas tem mais aptidão na produção de conteúdo. Quem passou pela academia de jornalismo, relações públicas, direito ou marketing, em tese, tem mais facilidade do que dentistas e veterinários.

Mas as dicas que eu vou dar agora mudam tudo.

1) feito é melhor que perfeito: não espere ter o melhor cenário, a melhor iluminação, a melhor câmera, o melhor microfone. Isso não pode te atrasar. As pessoas gostam de ver vida real nas redes sociais.

2) “eu tenho vergonha de aparecer”: você não precisa mostrar o rosto. Filmar em primeira pessoa ou usar conteúdo em texto funciona muito bem. Aos poucos você vai perdendo o medo de aparecer.

3) Defina o material Pilar: o Brasil é o país onde se consome conteúdo no maior número de plataformas. Ou seja, o consumidor está em “todo lugar”. Ter conteúdos exclusivos para cada plataforma é praticamente impossível —, se você não tiver uma equipe grande e profissional.

A sacada aqui é definir o formato que você mais se identifica. A minha dica é vídeos longos no YouTube. Seja uma aula, um evento…10 minutos ou mais já é conteúdo suficiente.

Deste conteúdo derivam-se cortes para os outros canais: stories, reels, cards estáticos…

4) a mais importante de todas: produza sem produzir.

Falta de ideias, falta de criatividade…esqueça tudo isso.

A sacada máxima é: documente, não crie. Como assim?

Documentar o que você faz é muito mais importante, é mais fácil, do que produzir conteúdo do zero. Veja alguns exemplos:

Dentista:

– contar a história de um dente comprometido por falta de uso de fio dental;

– dicas de enxaguante bucal de acordo com cada tipo de dente;

– quando você identificar em casa a dor de sensibilidade ou de uma coisa mais grave;

Fale, com uma linguagem simples, o que você mais sabe, o que você aprendeu e praticou a vida inteira.

Você não pode ter medo de falar o óbvio. Em uma palestra para Advogados na OAB semana passada, falei muito isso: advogado produz conteúdo para outros advogados. Marketeiro faz conteúdo para marketeiro.

Um quer mostrar ser melhor que o outro é adivinhe…o cliente fica em segundo plano.

O óbvio para você não é óbvio pra mim. Produzia conteúdo para quem vai comprar de você! E quem vai comprar não é técnico.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por mais de 136.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por mais de 1.700.000 de pessoas, valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da região capaz de alavancar as suas vendas.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sábado, 2 de julho de 2022

BOLSONARO NÃO VAI MAIS RECEBER O PRESIDENTE DE PORTUGAL

 

RAQUEL LOPES E RICARDO DELLA COLETTA – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (PL) desmarcou uma reunião que teria com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, na segunda (4). Em visita ao Brasil, ele também seria recebido num almoço no Itamaraty.

Antes de ir a Brasília, Rebelo tem reuniões em São Paulo, no domingo (3), com dois ex-presidentes brasileiros: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Michel Temer (MDB). Um interlocutor ouvido em reserva disse que Bolsonaro se irritou com a agenda do português com Lula, seu principal adversário nas eleições.

A informação foi publicada inicialmente por Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada pela reportagem.

Na tarde desta sexta-feira (1º), Bolsonaro confirmou à CNN Brasil o cancelamento da agenda devido à reunião de Rebelo com o petista. “Resolvi cancelar o almoço que ele teria comigo, bem como toda a programação”, afirmou o presidente, segundo a emissora. “Ele [Rebelo] teria uma reunião com o Lula.”

Como presidente, Rebelo é chefe de Estado em Portugal. O comando de governo é exercido pelo primeiro-ministro, o socialista António Costa. Trata-se da segunda vez que Rebelo vem ao Brasil em menos de um ano –em julho de 2021, ele participou da reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Bolsonaro não compareceu ao evento, mas o líder português se encontrou com o presidente no Palácio da Alvorada, em Brasília. O chefe do Planalto faltou à reinauguração para não se encontrar com o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB), um adversário político. “Convidamos o presidente, que infelizmente preferiu passear de motocicleta em Presidente Prudente”, disse Doria na ocasião.

Vídeo relacionado: Bolsonaristas alegam que Bolsonaro não destratou vice governadora

https://youtube.com/watch?v=MQKgOpPRwcs%3Fautoplay%3D1%26mute%3D1

Procurada, a embaixada de Portugal em Brasília não respondeu.

Apesar de Portugal manter importantes laços econômicos, sociais e culturais com o Brasil, as relações entre os líderes dos dois países mantiveram-se distantes durante a gestão Bolsonaro. O presidente brasileiro, por exemplo, até o momento não visitou Portugal durante seu mandato –ao contrário de todos os líderes desde a redemocratização, com a exceção de Itamar Franco.

A passagem anterior de Rebelo ocorreu num período agudo da pandemia da Covid-19. O encontro repercutiu na imprensa portuguesa pela diferença de comportamento das duas delegações. Rebelo e seus assessores chegaram ao Palácio da Alvorada usando máscaras de proteção facial, enquanto Bolsonaro e os brasileiros dispensaram o utensílio.

O líder brasileiro tem um histórico de atritos com governantes considerados por ele próximos a Lula.

A relação com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, é marcada por críticas e provocações. Bolsonaro, por exemplo, não viajou a Buenos Aires para acompanhar a posse do peronista, contrariando a tradição diplomática.

Ele adotou postura semelhante e decidiu faltar às cerimônias de posse de outros presidentes de esquerda na região, entre eles Gabriel Boric (Chile) e Luis Arce (Bolívia).

Bolsonaro também critica frequentemente o presidente da França, Emmanuel Macron. No final do ano passado, o francês recebeu com pompa Lula em Paris, numa recepção que também irritou aliados do líder brasileiro.

O GOVERNO BRASILEIRO AINDA É O MAIOR ACIONISTA DA PETROBRAS

 

Poder360 

Conteúdo investigadoPost no Facebook afirma que “Petrobras não é mais do Brasil” e usa como argumento uma notícia afirmando que o investidor George Soros comprou ações da estatal. O conteúdo tenta associar tal informação ao aumento de preços pagos pelo brasileiro nos postos de combustíveis.

Onde foi publicado: Facebook.

Conclusão do Comprova: É enganoso o post no Facebook que destaca título de reportagem informando que o bilionário George Soros comprou mais de R$ 1 bilhão em ações da Petrobras e que a companhia “não é mais do Brasil”. O conteúdo está fora de contexto e tenta fazer o leitor acreditar que a compra de ações é responsável pela política de preços da companhia.

A publicação também não explica que Soros vendeu, após negociações ao longo de 8 anos, todas suas ações da Petrobras em 2016. De qualquer forma, mesmo que o investidor continuasse com os papéis, isso não faria dele controlador da empresa brasileira. O controle da petrolífera pertence ao governo federal, que detém mais de 50% das ações ordinárias da companhia.

A Petrobras é uma empresa de capital aberto e seu estatuto social a define como uma sociedade de economia mista, sob controle da União com prazo de duração indeterminado.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O post foi compartilhado 1,4 mil vezes no Facebook e teve mais de 1,1 comentários e curtidas até 29 de junho.

O que diz o autor da publicação: A autora da publicação não respondeu ao questionamento do Comprova até o fechamento desta checagem.

Como verificamos: Por meio de análises em sites especializados no mercado de ações no Brasil e no exterior. No Google foi possível acessar informações sobre a situação atual da Petrobras, bem como a posição de George Soros no mercado. O Comprova também buscou a assessoria da Petrobras.

Petrobras

De acordo com informações no site oficial da Petrobras, a empresa é de capital aberto e o seu capital social é formado por ações ou cotas que podem ser adquiridas no mercado. O estatuto social da empresa a define como uma sociedade de economia mista, sob controle da União com prazo de duração indeterminado. O controle da União é exercido mediante a propriedade e posse de, no mínimo, 50% mais uma ação, do capital votante da Companhia. É possível ser acionista da empresa como investidor pessoa física ou jurídica, brasileiro ou estrangeiro, residente ou não no país.

O Comprova buscou a assessoria da Petrobras para ter acesso aos nomes dos investidores atuais, mas foi informado que só seria possível o repasse de conteúdo público presente no portal da empresa. O site não mostra os nomes de todos os investidores, apenas destaca a composição acionária geral até o mês de maio. É possível verificar que o grupo de controle da companhia é o governo federal, com 50,26% das ações ordinárias.

Negociação na bolsa

As ações da Petrobras são negociadas no Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira. Os acionistas podem receber uma parcela do lucro da empresa em forma de dividendos. Quem negocia ações da Petrobras tem conta em corretora de valores credenciada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Fora do Brasil, também é possível adquirir ações por meio da intermediação de uma corretora em operações de compra e venda.

No mercado, as ações da Petrobras são representadas por siglas como a PETR. As ações da companhia são comercializadas em lotes. É comum que um investidor compre de 100 em 100 ações (tamanho de um lote).

Há também possibilidade da compra de papéis unitários (de 1 a 99 ações) por meio do mercado fracionário. Para isso, deve ser adicionado um F ao final do código da ação para configurar o investimento dessa forma. No caso da Petrobras, seria PETR3F (ações ordinárias com direito a voto no Conselho) ou PETR4F (ações preferenciais e com recebimento de proventos, mas sem direito a voto).

Soros na Petrobras

As negociações de George Soros envolvendo papéis da Petrobras ocorrem desde 2008, quando, no segundo trimestre daquele ano, comprou cerca de US$ 811 milhões em ações da companhia. Soros comprou e vendeu ações da empresa durante 8 anos. A última venda foi realizada em 2016, quando se desfez de todas as suas ações remanescentes no 4º trimestre. Atualmente, ele não possui mais nenhuma ação da Petróleo Brasileiro SA.

A imagem abaixo do portal Stockcircle.com, site que detalha o portfólio de investidores, mostra os períodos de compra e venda e a quantidade de papéis da empresa brasileira nas mãos do fundo de investimento de Soros a partir de 2009.

Ao buscar pelo nome da empresa de Soros é possível acessar informações sobre datas e ações negociadas. O Comprova não localizou neste portal a negociação de 2008, que deu origem ao post investigado, mas é possível verificar que, em junho de 2022, George Soros não possui mais ações da Petrobras.

O site da StockCircle indica que as últimas negociações de Soros envolvendo papéis da companhia brasileira foram realizadas no penúltimo e último trimestre de 2016. Naquela época, Soros adquiriu 987 mil ações ao preço unitário de US$ 7,52 e vendeu todas no final do mesmo ano pelo valor de US$ 9,5, cada uma.

© Fornecido por Poder360Brasil é acionista majoritário da Petrobras, ao contrário do que diz post

O Comprova também buscou informações em outros sites estrangeiros especializados em ações, inclusive no portal da SEC (Securities and Exchange Commission), a reguladora do mercado de capitais dos EUA. Lá, tentamos verificar se era possível obter a íntegra da lista de papéis de Soros, atualmente. A SEC informou que não teria como atender ao pedido.

No portal de investimentos gurufocus.com, é possível acessar a lista de ações da carteira de Soros até 31 de março deste ano. Nenhuma ação da Petrobras foi localizada durante a pesquisa.

Conselho da Petrobras

As decisões da Petrobras são de responsabilidade do conselho de administração da companhia, que tem o governo federal como controlador. A aprovação de nomes ou da política de preços de combustíveis, por exemplo, é definida pelos integrantes dele. Os ajustes nos valores dos combustíveis nas refinarias são de responsabilidade do Grupo Executivo de Mercados e Preços, formado pelo presidente da empresa, o diretor de refino e gás natural e o diretor financeiro e de relacionamento com investidores.

Isso significa que o fato de George Soros ter comprado mais de R$ 1,5 bilhão em ações preferenciais da Petrobras em 2008 não o credenciava como voz principal no destino da empresa. Ainda que ele comprasse hoje todas as ações ordinárias possíveis, com direito a voto no Conselho, não estaria acima da União, pois teria menos de 50% da companhia.

Política de preços

A atual política de preços da Petrobras foi adotada pela companhia em 2016, período do governo de Michel Temer (MDB). Naquela época, a diretoria executiva definiu que não praticaria preços abaixo de algumas paridades internacionais.

Tratava-se de uma resposta à política de represamento dos preços praticada pela estatal durante o 2º mandato de Dilma Rousseff (PT), de 2011 a 2014. Tal política permitia à empresa segurar os preços no Brasil quando havia elevações grandes no mercado internacional, mas em determinadas ocasiões podia reduzir o lucro da empresa ou provocar prejuízos.

A partir de 2016, os valores do diesel e da gasolina passaram a levar em consideração 2 fatores:

  • O Preço de Paridade Internacional (PPI), que vincula os valores praticados no Brasil aos existentes no mercado internacional, calculados em dólar, e que inclui custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias;
  • A margem praticada para remunerar riscos inerentes à operação. Nesse caso, engloba a volatilidade da taxa de câmbio e dos preços sobre estadias em portos e lucro, além de tributos.

Com a mudança, o prazo para a realização de ajustes em relação ao mercado internacional mudou. A política adotada em 2016 prevê avaliações para revisões de preços pelo menos uma vez por mês.

Com a recente alta, a política de preços passou a ser criticada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) e também pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Desde 2021, a companhia está em seu 4º presidente. Após Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna e José Mauro Ferreira Coelho saírem, está no cargo desde o dia 28 de junho Caio Mário Paes de Andrade.

No site da Petrobras, a empresa informa como ocorre a formação do preço do litro da gasolina dando o exemplo do preço médio no país.

Em 28 de junho, o valor era de R$ 7,39, composto da seguinte forma:

  • R$ 1,03 (13,9%): distribuição e revenda;
  • R$ 0,96 (13,0%): custo etanol anidro;
  • R$ 1,75 (23,7): imposto estadual;
  • R$ 0,69 (9,3%): impostos federais;
  • R$ 2,96 (40,1%): parcela Petrobras.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos sobre pandemia, eleições e políticas públicas que atinjam alto grau de viralização nas redes sociais. Com a proximidade do período eleitoral, também cresce o número de conteúdos divulgados nas redes sociais que tentam confundir ou enganar o público. O preço dos combustíveis, além de ser uma importante questão no âmbito federal, se tornou pauta eleitoral. Informações enganosas como a investigada aqui podem induzir o leitor a análises equivocadas sobre o assunto.

Outras checagens sobre o tema: O preço dos combustíveis no Brasil tem sido alvo de abordagens nos mais diferentes formatos na internet. No primeiro semestre do ano, o Comprova já realizou verificações de vários conteúdos virais. Em um deles, um vídeo tirava dados de contexto e enganava sobre poder de compra nos governos Lula e Bolsonaro. Outra publicação do Comprova mostrou que o pagamento de indenização à Justiça dos EUA não influenciou preço da gasolina. Em outra checagem recente, foi possível chegar à conclusão de que não era de Aldo Rebelo áudio que culpava Lula por alta de combustíveis.

REGRAS E RESTRIÇÕES PARA AS ELEIÇÕES DE 2022

 

Calendário
Por
Olavo Soares – Gazeta do Povo
Brasília

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Desde quinta-feira, pré-candidatos não podem apresentar programas de TV e rádio, nem ser comentaristas| Foto: Bigstock

O jornalista José Luiz Datena apresentou seu programa diário na TV Bandeirantes na última quinta-feira (30). O ato excluiu automaticamente Datena da corrida eleitoral deste ano, na qual ele havia se lançado como pré-candidato a senador. Isso porque a legislação eleitoral determina que pré-candidatos em 2022 não podem, a partir do dia 30, apresentar ou comentar programas de rádio e TV. A restrição que se verificou no caso de Datena é um dos exemplos da série de regras que começam a entrar em vigor com a proximidade do dia das eleições.


As normas vão se acumulando e são, agora, renovadas praticamente a cada dia. O calendário oficial divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a disputa de 2022 tem atualizações que começam a vigorar e se somam a outras já existentes. A partir de sábado (2), outras medidas entram em vigor, como a vedação à participação de inaugurações e à contratação de serviços de publicidade.

O objetivo do quadro de restrições, segundo o TSE, é garantir que as eleições transcorram no ambiente mais justo possível, sem a interferência de fatores que poderiam desequilibrar em demasia a disputa em favor de determinados candidatos, que dispõem de vantagens diante de seus adversários. É o caso de Datena, que pela sua atividade profissional conta com uma exposição via rádio e TV não permitida àqueles que enfrentaria se efetivamente fosse candidato ao Senado por São Paulo.

As restrições também se focam em servidores públicos e agentes políticos com mandato. Eles, por ter a “caneta na mão”, poderiam empreender medidas com supostos benefícios à população, ato impossível aos adversários.

O calendário para 2022 começou a vigorar ainda no ano passado. Nos últimos meses de 2021, começaram a vencer prazos para a consolidação do sistema que será utilizado na disputa deste ano. E, na primeira metade de 2022, ocorreram algumas datas-chave para o jogo político, como o término do prazo para a filiação partidária e para que ministros e governadores que queiram se candidatar a outros cargos deixem seus postos. Esta última regra foi a que deixou sem mandato figurões como os ex-governadores João Doria (PSDB-SP) e Camilo Santana (PT-CE) e a ex-ministra Damares Alves (Direitos Humanos). Santana e Alves são pré-candidatos ao Senado e Doria renunciou ao governo para concorrer à Presidência da República, mas desistiu da candidatura.

Novas restrições a partir dos próximos dias
A partir de sábado (2) é proibida a contratação de artistas para a realização de shows em inaugurações de obras públicas. Isso vale para todas as esferas do poder público, inclusive para os municípios, que não terão eleições para a escolha de seus governantes em 2022. A vedação a inaugurações atinge também os pré-candidatos, que não podem mais comparecer às cerimônias.

Os agentes públicos com mandato também estarão proibidos de autorizar a contratação de propaganda pública, exceto em casos emergenciais, e de fazer pronunciamentos em cadeia de rádio e TV – novamente, há exceção para permitir falas públicas em caso de emergência.

Outra vedação que começa a partir de sábado é a de nomear ou desligar servidores públicos sem que haja justificativa, bem como a de realizar transferências de recursos de um ente para outro (como da União a estados e municípios, ou dos estados aos seus municípios), à exceção de casos previstos por lei.

Já o dia 4 é o último para que o TSE faça audiências com entidades que queiram divulgar os resultados das eleições e para que órgãos que queiram verificar o resultado apresentem ao tribunal o código-fonte de seus sistemas. No dia 5, serão escolhidos pelos juízes eleitorais os mesários das eleições e também passa a ser permitida a propaganda intrapartidária, aquela feita por filiados a um partido que querem ser escolhidos como candidatos pelos seus colegas de legenda.

Outros marcos do calendário eleitoral em julho são a abertura do prazo para a solicitação do voto em trânsito, que vai de 18 de julho a 18 de agosto, e o início das convenções partidárias, que têm largada no dia 20 de julho e vão até 5 de agosto.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/eleicoes/2022/regras-e-restricoes-confira-o-que-candidatos-e-agentes-publicos-ja-nao-podem-fazer-ate-as-eleicoes/
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DESEMPREGO VOLTA A TER O PATAMAR DE UM DÍGITO DEPOIS DE SEIS ANOS

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Carteira de trabalho digital.


Desemprego ficou abaixo de 10% pela primeira vez desde 2016.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma marca simbólica importante no combate a uma das piores mazelas socioeconômicas que podem acometer um país foi atingida neste mês de maio, segundo o IBGE: pela primeira vez desde 2016 – quando o Brasil vivia a recessão causada pela “nova matriz econômica” lulopetista –, a taxa de desemprego brasileira está em um dígito. Segundo os dados da Pnad divulgados nesta quinta-feira, dia 30, o desemprego no trimestre móvel encerrado em maio foi de 9,8%, contra os 10,5% do período entre fevereiro e abril. Na quinta-feira, dia 29, o Ministério da Economia já havia divulgado outro indicador do mercado de trabalho: o Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged) havia registrado a criação de 277 mil empregos com carteira assinada em maio, levando o acumulado de 2022 a superar a marca de 1 milhão.

O número de brasileiros ocupados – conceito que inclui empregados com carteira assinada, autônomos, informais, servidores públicos, domésticos e empregadores –, segundo a Pnad, bateu um recorde: são 97,5 milhões de trabalhadores, o maior número da série histórica iniciada em 2012. O desempenho inédito, no entanto, é puxado pelos informais, que são 39,1 milhões, também o maior número dos últimos dez anos; os trabalhadores com carteira assinada, de acordo com o IBGE, são 35,6 milhões, ainda abaixo dos 37,5 milhões registrados em 2014.

Que o mercado de trabalho siga melhorando apesar do longo ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central para conter a inflação, e que naturalmente inibe o crescimento econômico com o aumento dos juros, é algo a ser celebrado

Mais que o número em si, é importante ressaltar a volta da tendência de queda no desemprego, depois de um começo de ano em que a taxa de desocupação parecia ter estacionado na casa dos 11%, e compreender os muitos desafios que há pela frente, pois o Brasil ainda tem mais de 10 milhões de pessoas em busca de um trabalho. Por mais que o Caged de maio mostre saldo positivo no mercado formal em todos os estados e no Distrito Federal, o desemprego ainda está distribuído de forma muito desigual pelo país. De acordo com os últimos dados relativos aos estados divulgados pelo IBGE, referentes ao trimestre móvel encerrado em março (quando a taxa nacional era de 11,1%), Bahia e Pernambuco tinham índices na casa dos 17%, enquanto Santa Catarina (4,5%) e Mato Grosso (5,3%) já estavam no intervalo que economistas consideram como sendo o do “pleno emprego”.

Outro indicador que merece um olhar cuidadoso é a remuneração média, que não reage no mesmo ritmo dos indicadores de emprego. Tanto o Caged quanto a Pnad mostram queda nos salários médios ao longo dos últimos 12 meses. Há uma série de explicações, que vão da inflação alta ao perfil das novas vagas que estão aparecendo, além de a situação atual do mercado de trabalho ainda ser pouco favorável aos empregados na hora das negociações salariais. Este é um cenário que provavelmente só será revertido caso a economia cresça com mais força e o desemprego siga em queda.


Que o mercado de trabalho siga melhorando apesar do longo ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central para conter a inflação, e que naturalmente inibe o crescimento econômico com o aumento dos juros, é algo a ser celebrado, sem perder de vista o que pode ocorrer no futuro próximo. O desemprego voltou a ser de um dígito, mas a soma dos índices de desemprego e inflação continua muito acima de 12, limite máximo que o economista Arthur Okun considerou aceitável quando estabeleceu seu “índice de miséria” – quando a soma supera esse patamar, indica alguma disfuncionalidade na economia. O IPCA vinha desacelerando em abril e maio, mas o IPCA-15 de junho já mostrou um leve repique, colocando em xeque as perspectivas mais otimistas e lançando mais dúvidas sobre a intensidade e a duração do aumento dos juros, o que pode trazer turbulência ao mercado de trabalho.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/desemprego-um-digito/
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CPI DAS ONGS DA FLORESTA NÃO SAI

CPI das ONGs

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

BELÉM – PARÁ- O esforço por concretização de parcerias e o desenvolvimento de um sistema de fundos com recursos de instituições públicas e privadas que possam ajudar a implementar a Nova Agenda Urbana na Amazônia, garantindo melhoria de qualidade de vida para a população nos municípios é o principal foco dos debates que irão nortear o “Mais Amazônia – Encontro de Especialistas para a Nova Agenda Urbana”. Sob o tema “Rumo à Sustentabilidade das Cidades e dos Assentamentos Humanos na Região Amazônica e um Sistema de Fundos para o Desenvolvimento Urbano-Territorial Sustentável no Estado do Pará”, o encontro será realizado em Belém, nesta quarta (17) e quinta-feira (18), no auditório do Palácio de Governo. Foto: AG. PARÁ/FotosPúblicas


Alexandre Garcia comenta a CPI das ONGs Amazônia, que não saiu do papel.| Foto: Agência Pará/FotosPúblicas

Estava prontinha para começar, a CPI das ONGs da Amazônia, com o apoio de 30 senadores, assinaturas mais do que suficientes, já no fim de agosto de 2019, mas Davi Alcolumbre, o senador do Amapá que presidia o Senado, demorava em pedir aos líderes que indicassem os membros de cada partido para começar a investigação. Parece que esperava pela Covid, para barrar a CPI.

A pandemia veio, o Senado se encolheu, como tudo foi encolhido por uma campanha que queria encolher o país, as empresas e as pessoas. E assim foi até abril do ano passado, quando o Ministro Barroso deu liminar mandando o Senado abrir CPI para a Covid, passando por cima da fila de preferência que tinha à frente a CPI das ONGs. O plenário do Supremo confirmou, com um único voto contrário, do ministro Marco Aurélio. Os senadores, contrariando a independência estabelecida no segundo artigo da Constituição, baixaram a cabeça e se fez aquela CPI que todos conhecemos.

A CPI das ONGs da Amazônia continua à frente da fila. Como gritaram por uma CPI do Ministério da Educação, depois do caso dos pastores, e como o duplo assassinato no Javari vitimou um europeu, é hora de lembrar da CPI das ONGs amazônicas. Por que não saem?

O autor do requerimento, senador Plínio Valério, representa o Amazonas e diz que há 100 mil ONGs por lá. E a gente pergunta: por que tantas? Com tanta ONG nem haveria espaço para desmate, queimada, tráfico. Imagine cada ONG com 10 pessoas, já dá um exército de 1 milhão de protetores da Amazônia. Dá três vezes o efetivo das Forças Armadas. Que história é essa?

Diante de provas de compra, no município de Coari, de 4 mil km² de terras por holandeses via ONG, segundo o senador Valério, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em novembro último, prometeu para início deste ano a abertura da CPI. A área em Coari equivale a um décimo da superfície da Holanda. Mas até agora nada. Já vamos para o segundo semestre, com campanha eleitoral. O que está impedindo?

O senador Valério disse à revista Oeste que uma grande rede de televisão é contra. Por quê? Coari, segundo o senador, tem sob o solo imensa riqueza de petróleo e gás. Assim como na “Cabeça do Cachorro” meu amigo aviador conta que muitos de seus voos vão lotados de canadenses, como turistas. E por lá, o chão está cheio de nióbio. Ainda segundo o senador Valério, tem ONG usando brasileiros como laranjas – em geral europeias.

Agora a desculpa é que é ano eleitoral. Ora, esta CPI não é politizável; é de defesa dos interesses nacionais, bem acima de partidos políticos. Uma auditoria do TCU mostra que 85% do dinheiro de muitas ONGs são despesas da própria diretoria. A Amazônia fica com o restinho.

O senador Valério identifica hipocrisia e picaretagem. Parece pior: infiltração para dominar nossa riqueza natural. Tem dinheiro brasileiro e tem dinheiro de governo europeu, que não é repassado direto, mas via organismos  “protetores” ada Amazônia. Temos todo direito de saber.

ONGs que sejam instrumentos de interesses estrangeiros na Amazônia precisam ser mostradas à luz de uma CPI, que já está apta a começar. Por que não começa? O silêncio que se faz é indício de que algo precisa continuar escondido sob a floresta.


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INFLAÇÃO DIMINUI COM OS CORTES DE TRIBUTOS

 

  1. Economia 

Bancos reduzem em até 1,5 ponto projeções para o IPCA no ano com mexida no ICMS e no PIS/Cofins sobre combustíveis e energia; mas volta de impostos em 2023 preocupa

Luciana Dyniewicz, O Estado de S.Paulo

Com Estados anunciando redução da alíquota do ICMS sobre gasolina e energia elétrica – após o governo federal já ter zerado o PIS/Cofins sobre gasolina e etanol –, economistas passaram a rever suas projeções para a inflação. Algumas instituições esperam, no ano, um IPCA até 1,5 ponto porcentual inferior ao projetado antes. Para 2023, porém, a expectativa é de alta das estimativas, por conta do retorno da cobrança do PIS/Cofins a partir de janeiro.

Cálculos preliminares do Santander, por exemplo, apontam que o IPCA deve ficar próximo de 8%, em 2022, e de 5,7% em 2023. Antes, o banco estimava 9,5% e 5,3%, respectivamente. Já o Itaú Unibanco reviu seu número de 2022 de 8,7% para 7,5%. O coordenador de índice de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, também reduziu sua estimativa, de 9,2% para 8,5%. Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, por enquanto, tem 8,7% para este ano, mas afirma achar “que poderá ser menos”.

O impacto maior da redução do ICMS deve ser observado em julho, mês que pode registrar deflação. Segundo Daniel Karp, do Santander, na comparação com junho, o IPCA pode recuar até 1% no mês se todos os Estados acabarem diminuindo a alíquota do imposto.

O economista considera que cerca de 75% do corte no imposto chegará ao consumidor final. A tendência, explica ele, é que a população gaste o que economizar com combustível com outros itens. “Esse corte de impostos acaba sendo um estímulo fiscal que pode sustentar a demanda, que já vinha surpreendendo positivamente.” Se não houvesse esse estímulo na demanda, a redução do imposto poderia fazer a inflação chegar a 7%, afirma Karp.

Para Sergio Vale, porém, a grande surpresa na inflação deste ano deve vir mais pelo preço dos alimentos do que pelo do combustível e da energia. “As colheitas estão andando bem. Há sinais de que isso pode ajudar na inflação.”

Posto de combustível
Economistas revisam projeções para a inflação após Estados anunciarem redução do ICMS sobre gasolina e energia elétrica  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Volta de tributo e câmbio devem puxar inflação em 2023, dizem economistas

Se o corte de impostos alivia a inflação neste ano, a mudança deve significar uma alta em 2023. Quando o governo federal zerou o PIS e o Cofins sobre o etanol e a gasolina, o Itaú Unibanco já elevou sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no próximo ano de 4,2% para 5,6%. A revisão foi feita porque a cobrança dos impostos será retomada a partir de janeiro, puxando os preços para cima novamente, e também devido à sensação de que a inflação já estava mais disseminada na economia.

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a inflação no próximo ano “está caminhando para ficar entre 5% e 6%”. “No curto prazo, pode haver um recuo na inflação. Mas tenho dificuldade de saber se essa queda não será limitada por conta do cenário de câmbio.”

A preocupação de Vale é que a diminuição na arrecadação desencadeie uma maior desconfiança do mercado em relação à capacidade de o governo pagar suas dívidas. Isso poderia fazer com que parte dos investidores deixasse o Brasil, desvalorizando o real em relação ao dólar – o que pressionaria a inflação.

Questão fiscal

O economista afirma ainda que a situação fiscal deve permanecer controlada neste ano, dado que a arrecadação está em alta devido ao aumento do preço das commodities. O entrave pode vir em 2023, pois a previsão é de que a economia mundial comece a desacelerar, fazendo com que a cotação das commodities caia – reduzindo a arrecadação também. “O mais complicado é que você está cortando algo (o ICMS) de forma permanente. Aí, no ano que vem, a alíquota será mais baixa em cima de uma arrecadação mais baixa também. Isso coloca peso na situação fiscal”, diz Vale.

Para o economista Daniel Karp, do Santander, ainda é difícil calcular como a questão fiscal vai interferir na inflação, dado que o cenário internacional também pode modificar o câmbio.

Já na visão do economista André Braz, coordenador de índice de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), “qualquer medida que não dure para 2023 acaba impondo uma inflação mais alta no ano que vem”.

Braz destaca que as incertezas globais também podem pressionar os preços em 2023, como já ocorreu neste ano. Ele lembra que, no início de 2022, os economistas estavam otimistas com a inflação e não imaginavam que ela poderia chegar perto de 10%. A guerra na Ucrânia, porém, levou a cotação do petróleo e a inflação a outro patamar. “Isso pode se repetir no ano que vem a depender do desenrolar dessas fontes de incerteza e de como vai ficar essa questão fiscal.”

GOVERNO CONTA COM O APOIO DO STF PARA EMPAREDAR O CONGRESSO

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