sábado, 28 de maio de 2022

LULA NÃO TEM PLANO DE GOVERNO DEFINIDO

 

Foto: Douglas Magno / AFP

Por Luiz Vassallo

Ex-presidente tem se esquivado de debates públicos com executivos e donos de empresas para evitar desgastes; petista privilegia encontros reservados com representantes do setor

Sem um plano de governo pronto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foge de sabatinas com empresários. O petista tem se esquivado de debates públicos com executivos para evitar desagradar aliados antes de haver consenso sobre as propostas a serem apresentadas na disputa pelo Palácio do Planalto. Para esses eventos, Lula tem escalado apoiadores mais próximos.

Sob a condição de reserva, integrantes da pré-campanha do ex-presidente afirmaram que ele foi abordado por agentes econômicos, principalmente do mercado financeiro. No entanto, Lula está intransigente quanto a participar de conversas abertas que possam implicar escrutínio na presença de eventuais desafetos.

Entre os eventos que Lula já recusou está a participação no CEO Conference, do BTG, em fevereiro.
Entre os eventos que Lula já recusou está a participação no CEO Conference, do BTG, em fevereiro. Foto: Douglas Magno/AFP

Em evento promovido pela XP Investimentos neste mês, por exemplo, o ex-presidente teve como emissário o ex-ministro da Saúde e atual deputado federal Alexandre Padilha (SP). O Estadão apurou que ele tratou de temas caros à Faria Lima, como a reforma trabalhista, que Lula já criticou e agora fala em revisar. Padilha disse que o empresariado fará parte das discussões sobre o tema.

Padilha afirmou que foi “convidado como ex-ministro da coordenação política e atual deputado federal”. Ele participou também de outro evento da empresa, no mês passado, nos Estados Unidos. “Em Washington, fui nessa condição (de ex-ministro e deputado) e, nos debates das chapas, o PT estava representado por Guilherme Melo (economista da Unicamp)”, afirmou. O deputado disse desconhecer que Lula evite debates.

Reservado

A estratégia de Lula, porém, foi confirmada por aliados. “Ele tem tratado (de economia) em conversas mais reservadas. Para as agendas mais abertas, (o presidente Jair) Bolsonaro mandava o povo dele lá, e saiam dizendo tudo diferente”, afirmou o ex-governador Wellington Dias (PT), um dos articuladores e conselheiros de Lula.

Dias afirmou ainda que Lula quer “ouvir e compreender mais os desafios das empresas em cada área”, das pequenas às grandes. “Ele (ex-presidente) está preocupado com o efeito da inflação, dos juros altos e da queda da renda na economia, colocando grande dificuldades para empreendedores, e são eles que geram emprego.”

Entre os eventos que Lula já recusou está a participação no CEO Conference, do BTG, em fevereiro. O banco confirmou que Lula declinou do painel promovido pela instituição. Procurada para comentar a estratégia, a assessoria de imprensa do petista não quis se manifestar.

Apesar de driblar empresários, o ex-presidente tem participado de eventos de apoiadores, onde, por exemplo, já atacou o teto de gastos – regra constitucional que limita o aumento das despesas públicas à inflação e hoje é a única âncora fiscal do País. Nesta sexta, 27, ele se encontrou com movimentos sociais mais uma vez, em São Paulo, e fez novas críticas às regras voltadas para o equilíbrio das contas públicas. Lula atacou o que chamou de “responsabilidade fiscal para garantir dinheiro a banqueiro”.

Portas fechadas

Para encontros a portas fechadas, Lula tem recorrido a antigos aliados do meio empresarial. Um deles é José Seripieri Filho, conhecido como Junior, fundador da Qualicorp, intermediadora de planos de saúde. Na casa de Junior, por exemplo, foi promovido um jantar reservado com Lula, Fernando Haddad – pré-candidato ao governo de São Paulo –, e empresários como o presidente do conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e o executivo da Votorantim Cláudio Ermírio de Moraes, em fevereiro.

O encontro foi revelado pelo jornal O Globo e confirmado pelo Estadão. Na conversa, segundo uma fonte presente ao jantar, Lula disse que está disposto a olhar para frente e deixar desavenças no passado. Junior, Trabuco e Moraes não se manifestaram.

Lula também chegou a se reunir com o dono da XP, Guilherme Benchimol, reservadamente, no mês passado. O empresário disse, em redes sociais, que o encontro foi “institucional” e que se encontraria com outros presidenciáveis. Sem Lula, outro fiel aliado, o empresário e ex-ministro Walfrido Mares Guia, chegou a ter uma conversa com a diretoria da XP Investimentos durante a qual defendeu o petista e seus governos. Walfrido não se manifestou.

Estratégia

As reuniões a portas fechadas, com seletos convidados, vão perdurar até que Lula alinhe seu plano de governo com aliados. “A nossa ideia é elaborar um programa mais enxuto”, disse o presidente do PSB, Carlos Siqueira, após uma reunião para debater as propostas em São Paulo.

Durante o evento, por vídeo, o ex-ministro Aloizio Mercadante afirmou que o PT deveria divulgar o plano de governo somente no início da campanha, em agosto. Segundo ele, há o risco de Bolsonaro, ainda no cargo, “roubar” propostas. Mencionou, por exemplo, que o PT e Lula defenderam abertamente ações para socorrer endividados do Fies, e que o governo federal editou uma Medida Provisória que dispõe sobre a negociação de dívidas dos estudantes.

DEVEMOS SEMPRE EMPREENDER

 

Empreender é aplicar suas habilidades em um investimento que vai te trazer valor profissional

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Empreender é o sonho de muitas pessoas. É o desejo de conquistar reconhecimento financeiro e pessoal muitas vezes não encontrados em outras experiências profissionais. A motivação para empreender varia: desde o desejo de conquistar bens até colocar em prática propósitos de vida. Empreender traz conquistas que inspiram o futuro. A grande pergunta, então, é: empreender é para quem, afinal?

Para quem busca perspectiva de crescimento

Muitos empreendedores têm o mesmo sentimento em comum: a vontade de crescer. Em empregos comuns, por exemplo, você está sujeito a inúmeros fatores que limitam essa possibilidade. E isso muitas vezes se torna uma frustração.

Diferente do que muitos pensam, para empreender são necessárias habilidades que não são obrigatoriamente inatas ou fazem parte de um talento que apenas algumas pessoas possuem. Na realidade, todas as habilidades de um bom empreendedor podem (e devem) ser treinadas e aprendidas.

O que diferencia, no fim, é a motivação para aprender e crescer. Isso vale para todas as características de um investidor. O desafio de querer crescer profissionalmente abrange não somente o campo profissional, mas também os aspectos sociais e pessoais da vida.

Ter perspectiva de crescimento é, portanto, desafiar-se a buscar novas formas de trabalho, adquirir competências, desenvolver habilidades, aspirar experiências e buscar novos conhecimentos.

Empreender é querer autonomia

Não é o dinheiro que faz alguém querer empreender. A principal motivação está na autonomia e liberdade que se ganha. Trabalhar para outras empresas, por exemplo, sujeita você a seguir regras e valores que nem sempre condizem com seus ideais. Ao abrir o próprio negócio,você passa a ter a chance de tomar suas próprias decisões e seguir pelo trajeto desejado, com autonomia e liberdade de escolha.

Com autonomia, você consegue escolher onde, como e quando atuar. É uma conquista que te ajuda a controlar e distribuir o seu tempo: com a família, com os amigos ou até mesmo com um hobby. Assim, a flexibilidade é um dos principais ganhos de quem se torna empreendedor, já que com ela você também melhora a sua qualidade de vida.

Fugir de processos muito burocráticos

Certamente também existe burocracia na vida de quem empreende. Porém, dependendo do investimento que você faz, é um caminho menos maçante. Muitos empreendedores de sucesso buscaram uma alternativa ao sentimento de estar preso na burocracia e formalidade de sua vida profissional. Hoje existem certos investimentos que agilizam o início da operação e acabam motivando mais.

E tudo depende, claro, do modelo de negócio que você está buscando. Uma análise sólida no mercado vai te ajudar a encontrar um investimento mais fluído que te dê mais liberdade para agir.

Por fim, empreender é querer encantar clientes

Um bom empreendedor quer, antes de qualquer desses itens acima, encantar seus clientes. Seja com um produto revolucionário, um atendimento humanizado ou um serviço inteligente. Empreender é buscar a experiência positiva de quem está consumindo sua marca. É comum ver pessoas buscando novos rumos profissionais por acreditarem que o consumidor final merece novas camadas de experiência na aquisição de produtos e serviços.

Mais que o desejo de independência financeira, um bom empreendedor vê primeiro a satisfação do cliente como item motivador na sua atuação. Se essa é a sua vontade, então você está no caminho certo para obter sucesso.

A esta altura você está se perguntando se empreender é uma experiência apenas positiva, certo? Não! Todo empreendedor passa por dificuldades e desafios que exigem habilidades específicas para serem superados.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

CORRUPTOS QUEREM VINGAR DE SÉRGIO MORO NA JUSTIÇA

 


Por
Gazeta do Povo

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, fala à imprensa no CCBB, em Brasília.


O ex-juiz Sergio Moro| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O processo de reversão de todas as conquistas da Operação Lava Jato, como o Brasil inteiro sabe, não termina com a anulação das condenações dos corruptos, nem com a aprovação de leis que dificultem futuras operações de combate à corrupção. É preciso que aqueles que se empenharam em desmascarar os esquemas orquestrados pelo PT sejam desmoralizados, humilhados e punidos. Assim, no fim do mês passado, em uma atitude nada surpreendente, quatro deputados federais e um deputado estadual de São Paulo, todos petistas, impetraram ação na Justiça Federal em Brasília contra o ex-juiz Sergio Moro, acusando-o de cometer “atos gravemente violadores da moralidade administrativa, da legalidade e da impessoalidade”. Nesta segunda-feira, o juiz Charles Renaud Frazão de Morais, da 2.ª Vara Federal Cível de Brasília, aceitou a denúncia, solicitou que Moro – que agora se torna réu – apresente a sua defesa e intimou o Ministério Público Federal.

A peça, redigida por advogados do grupo Prerrogativas, é não apenas questionável do ponto de vista puramente processual, como apontaram vários juristas ouvidos pela Gazeta do Povo, mas também é um exemplo perfeito da inversão de valores promovida pelo revanchismo petista contra a Lava Jato e aqueles que a conduziram no Judiciário e no Ministério Público. “o ex-juiz Sergio Moro manipulou a maior empresa brasileira, a Petrobras, como mero instrumento útil ao acobertamento dos seus interesses pessoais”, afirma a ação, quando na verdade quem “manipulou” a estatal à exaustão foi o petismo, que usou a empresa, em conluio com empreiteiras e partidos da base aliada, para a manutenção antidemocrática de seu projeto de poder, tudo fartamente documentado e confessado por alguns dos principais envolvidos no esquema.

Incentivado pelas inexplicáveis decisões do STF contra a Lava Jato e auxiliado por setores da opinião pública que incensam Lula como o “democrata” que ele não é e nunca foi, o petismo parte de vez para a vingança

Não podia faltar, obviamente, o discurso segundo o qual o desemprego e a crise foram causados pelo combate à corrupção, já que as empresas pegas pela Lava Jato durante as investigações acabaram demitindo e paralisando suas obras como consequência das punições sofridas – punições, aliás, previstas na Lei Anticorrupção, aprovada e sancionada durante o governo de Dilma Rousseff. Que o petismo insista nessa artimanha mostra o desprezo do partido pela inteligência do brasileiro, pois a verdadeira causa da decadência dessas empresas foi o fato de seus donos terem abraçado com entusiasmo o esquema do petrolão. Tratar o combate à corrupção como um mal, como se tivesse sido melhor a perpetuação da ladroagem, é mostrar o pouquíssimo apreço que a lisura no trato da coisa pública tem na escala de valores petista.


A ação também abusa de um truque já exposto em outras ocasiões pela Gazeta do Povo: a transformação da discordância a respeito de escolhas permitidas ao juiz, dentro do seu espaço de interpretação e discricionariedade, em “abusos” ou ilegalidades. Voltam à tona, assim, episódios como a condução coercitiva de Lula e a divulgação do conteúdo de ligações entre ele e a então presidente Dilma Rousseff. Todas decisões perfeitamente amparadas na legislação, que Moro aplicou com rigor, sim, mas um rigor que não infringiu a lei, muito menos de maneira deliberada e sistemática como pretendem fazer crer os petistas. Para completar o teatro de absurdos da ação judicial, ela ainda cita episódios posteriores à atuação de Moro na Lava Jato, em uma tentativa falaciosa de atribuir as condenações por ele proferidas não ao enorme conjunto probatório levantado pelas investigações, mas à concretização de um “plano de carreira” pessoal de Moro e que incluiria necessariamente uma “perseguição” ao petismo, abrindo a possibilidade de o ex-juiz ocupar os cargos que acabou ocupando no governo Bolsonaro e, depois, na iniciativa privada.

Incentivado pelas inexplicáveis decisões do STF que vêm anulando todo o trabalho da Lava Jato e auxiliado por setores da opinião pública que incensam Lula como o “democrata” que ele não é e nunca foi, o petismo parte de vez para a vingança, como havia dito o ministro Luís Roberto Barroso ao votar contra a suspeição de Moro no plenário do Supremo. Tanto o ex-juiz quanto o ex-procurador Deltan Dallagnol são os alvos preferenciais desta campanha sórdida, que busca fazer dos dois exemplos do que acontece a quem se dedica a enfrentar os corruptos no país – o ex-coordenador da Lava Jato acaba de receber uma notificação tão absurda quanto inacreditável do Tribunal de Contas da União (TCU), cobrando R$ 2,8 milhões relativos a gastos com passagens e diárias de procuradores. Cada iniciativa persecutória destas que prospera é um aviso de que, no Brasil, o crime segue compensando e quem enfrentá-lo acabará sofrendo as consequências.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/sergio-moro-e-a-vinganca-dos-corruptos/
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DAVOS REUNE OS VILÕES DO PLANETA

 

Artigo
Por
Michael Brendan Dougherty
Tradução de Eli Vieira
National Review – Gazeta do Povo


Klaus Schwab, fundador e diretor executivo do Fórum Econômico Mundial, espera pela participação via videoconferência do ditador chinês, Xi Jinping, na reunião Davos Agenda, em 17 de janeiro de 2022.| Foto: EFE/EPA/SALVATORE DI NOLFI

Por que será que os nossos líderes não conseguem imaginar nada além de um futuro de privação e controle?

Veja, todo mundo já acreditou em uma ou outra teoria da conspiração. Os americanos confessam exatamente isso em pesquisas. Em 2018, 66% dos Democratas em uma pesquisa do YouGov disseram que era crível que a Rússia tivesse interferido na contagem de votos em 2016 para eleger Trump. Em 2022, o YouGov pesquisou os Republicanos e só 22% disseram que a eleição de Joe Biden foi legítima.

Estranhamente, esses resultados inquietantes de pesquisas são em si um tipo de conspiração em voga. Eis a minha teoria. Sem qualquer coordenação entre eles, os respondentes a essas pesquisas usam a vantagem do anonimato para dizer que acreditam no pior a respeito de seus inimigos políticos. Ao expressar dessa forma a sua animosidade política, acabam alimentando-a pelo outro lado. Esses respondentes partidarizados criam desinformação por acidente a respeito de si próprios, isto é, que eles são malucos com quem não se pode conversar racionalmente, só derrotar. Assim, indivíduos agindo racionalmente acabam produzindo uma maior irracionalidade.

E isso me leva à reunião de muitos chefes de Estado, chefes executivos de empresas e outras pessoas de elite no Fórum Econômico Mundial (WEF), que está acontecendo mais uma vez em Davos, Suíça. O Fórum Econômico Mundial é fonte permanente para teóricos da conspiração e adeptos do QAnon, tendo superado há tempos a Comissão Trilateral, o Grupo Bildeberg e o Bohemian Grove. [N. do T.: QAnon se baseia na alegação de que uma ou mais pessoas com codinome “Q” revelaram que um grupo de pedófilos poderosos que extraem substâncias misteriosas de crianças para sua própria longevidade tramaram contra a reeleição de Trump; Comissão Trilateral é uma ONG fundada em 1973 pelo banqueiro e filantropo David Rockefeller para estimular cooperação entre o Japão, a Europa ocidental e os EUA; Grupo Bildeberg é uma conferência anual iniciada no Hotel Bildeberg nos Países Baixos em 1954 para evitar guerras mundiais e fomentar o livre mercado no mundo; Bohemian Grove é um acampamento na Califórnia pertencente ao “Clube Boêmio”, um clube exclusivamente masculino que se reúne desde 1899 por duas semanas durante o verão, tem homens ricos e famosos, da cultura e da política, como membros.]

A confabulação de 2020 em Davos foi chamada de “Great Reset” [“Grande Recomeço” ou “Grande Reajuste”] e promovia as ideias do industrialista alemão Klaus Schwab para a reconstrução da sociedade e da economia depois da pandemia de Covid-19. Foi dos vídeos esquisitos de promoção do WEF, que faziam “Oito Previsões para o Mundo em 2030”, que veio a frase alarmante “Você não terá nada e será feliz”.

As outras previsões diziam que haverá novos impostos climáticos, que você terá órgãos feitos em impressoras 3D em vez de doados, que os imigrantes serão bem recebidos, e que você provavelmente não comerá muita carne. A palavra “reajuste” começou a aparecer em discursos do Joe Biden, do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e da primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern. Pode-se ver resistência ao estilo de vida descrito pelo Grande Reset sempre que um jovem conservador diz “Não viverei em uma cápsula. Não comerei insetos.”

Davos é uma valiosa oportunidade de networking para os seus participantes. Permite que os chefes de empresas tenham uma boa chance de fazer lobby junto ao governo americano para ganhar ajuda e advertir o primeiro-ministro irlandês contra aumentar impostos, tudo no mesmo almoço. Mas as obsessões de Schwab com a cooperação política global, com o ambientalismo e “a quarta revolução industrial” — a ideia dele de que o próximo grande salto na produtividade capitalista se dará pela integração da tecnologia com a própria pessoa humana — garante que as apresentações serão um misto de globalismo utópico que de alguma forma combina visões de austeridade global (para reduzir emissões de carbono) com pesadelos a respeito de um punhado de líderes corporativos e políticos terem acesso direto à tua amígdala.

Eis a empolgação de um executivo da Pfizer com a ideia da obediência humana global ao tomar pílulas da Pfizer:

“O presidente executivo da Pfizer Albert Bourla explica uma nova tecnologia da Pfizer para uma plateia em Davos: ‘pílulas ingeríveis’ — uma pílula com um pequeno chip que manda um sinal sem fio às autoridades relevantes quando o fármaco tiver sido digerido. ‘Imaginem a conformidade [dos pacientes com ordens médicas]’, diz ele.”
— Jeremy Loffredo, no Twitter, 20 de maio de 2022.

Ou veja o presidente de uma das maiores multinacionais chinesas imaginando um futuro em que todos os seus movimentos e tudo o que você come são rastreados para dar a você uma nota que reflita o quão ruim é a sua vida para o planeta.

“O presidente do Grupo Alibaba, J. Michael Evans, no Fórum Econômico Mundial, orgulha-se do desenvolvimento de um ‘rastreador de pegada individual de carbono’ para monitorar o que você compra, come e para onde viaja.”
— Andrew Lawton, no Twitter, 24 de maio de 2022.

E eis o presidente executivo da Microsoft contando como os desenvolvedores de software estão ganhando assistência da inteligência artificial enquanto escrevem seus códigos. De forma que talvez todos os trabalhos de escritório, ou todos os humanos, em breve terão um “copiloto para toda tarefa cognitiva”.

“Satya Nadella [CEO da Microsoft] diz que ‘ter um copiloto para toda tarefa cognitiva está bem ao seu alcance’ graças ao poder da inteligência artificial. Assista à sessão ao vivo aqui.”
— Fórum Econômico Mundial, no Twitter, 24 de maio de 2022.

Pensar-se-ia que um futuro tecnológico com impressão 3D finalmente aumentaria a produtividade de grandes artesãos, que permaneceu estagnada por séculos e se tornou tão proibitiva que essas artes e profissões estão sendo perdidas completamente para produtos pré-fabricados. Uma descoberta desse tipo permitiria a reconstrução do ambiente físico nos estilos mais luxuosos como o georgiano, Tudor ou espanhol colonial, porém disponíveis para as massas. As fazendas e pastagens praticamente se administrariam sozinhas, fazendo alimentos melhores, mais baratos e entregando-os mais frescos. Os grandes educadores dariam aulas a todos aqueles que as quisessem. As novas descobertas tecnológicas limpariam a atmosfera.

Mas de forma nenhuma é isso o que estão imaginando. Para a davosia [N. do T.: trocadilho com burguesia], o futuro é que as suas tripas lhe delatem e então chegue uma mensagem vibrando em todos os dispositivos da casa e alertando a seus bichos de estimação que saiam da sala enquanto ela é feita de câmara de gás sedativo para que você seja dopado em conformidade com a Pfizer. Depois, uma multinacional chinesa lhe informa que o incidente do gás sedativo e do esquadrão da Pfizer trouxe sérias penalidades à sua nota de carbono, dessa forma adiando em muitos anos a mais a sua tão esperada porção racionada de carne. Como auxílio no futuro, o copiloto cognitivo da Microsoft tomará para si ainda mais responsabilidades e tarefas antes creditadas a você.

Na verdade, é uma crise para as elites globais que todas as ideias que têm para a solução de problemas vão no sentido de subtrair mais da nossa humanidade e mais da liberdade da nossa civilização. A única visão que têm do futuro é a de uma população dopada, alimentada à base de comida falsa, entretida por telefones grudados em sua cara e controlada por máquinas. Elas veem a nossa reação negativa a isso e imaginam só mais truques elaborados para nós, e sonham com labirintos insolúveis nos quais possam nos jogar.

Essas ideias parecem, quase ao pé da letra, os clichês das primeiras linhas de um rascunho para um filme distópico, as palavras metidas na boca de personagens para que sejam identificados como os supervilões do enredo antes que o James Bond, ou o Jason Bourne, ou o Ethan Hunt apareça para empalá-los com seus talheres caros.

E eu digo essas coisas com toda a seriedade. Como os respondentes das pesquisas do YouGov, as elites de Davos se apresentam como vilãs incorrigíveis. As pessoas que falam desse jeito estão quase implorando por homens de sangue quente que se levantem raivosos para destituí-las violentamente. Sério. Parece até um desafio. Preocupo-me que o meu próprio escore oculto de crédito social agora esteja sendo penalizado severamente só por notar que essas pessoas estão dizendo coisas tão doidas que a propulsão narrativa da história na qual estão se inserindo só pode terminar com o seu arrependimento e conversão, ou com a sua deleitosa derrocada.


Michael Brendan Dougherty é redator sênior do National Review Online.
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/superviloes-se-reunem-em-davos-por-que-as-elites-globais-parecem-ter-saido-de-uma-distopia/
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BOLSONARO VISITA O VALE DO AÇO HOJE

 

Agenda foi divulgada pelo Palácio do Planalto

Por Plox26/05/2022

No início da tarde desta quinta-feira (26), a cidade de Coronel Fabriciano, Minas Gerais, vai receber a visita do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Ele irá participar da entrega de 500 apartamentos no Residencial Buritis.

De acordo com a agenda divulgada pela assessoria do Palácio do Planalto, Bolsonaro sairá de Brasília, Distrito Federal, às 13h e deve chegar ao Aeroporto Regional do Vale do Aço por volta de 14h45.

Foto: reprodução / vídeo

De lá, o presidente seguirá para o local do cerimonial no bairro São Vicente, seguido por uma motociata organizada pelo Movimento Verde e Amarelo Vale do Aço. Não há confirmação da participação de Bolsonaro na motociata.

A cerimônia de entrega do Residencial Buritis está marcada para às 15h e deve durar aproximadamente uma hora. Após a agenda no Vale do Aço, o presidente Bolsonaro seguirá para Belo Horizonte, às 16h20.

Bolsonaro já esteve no Vale do Aço

Essa não é a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro estará no Vale do Aço. No dia 26 de agosto de 2020, o presidente esteve presente na Usiminas. Naquela ocasião, foi realizada a retomada do Alto-Forno 1, que tinha passado por reformas. 

Cidadania Honorária

A sede da Câmara de Coronel Fabriciano será transferida provisoriamente ao bairro São Vicente, local da inauguração do Residencial Buritis, solenidade que contará com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), do ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, do prefeito Marcos Vinícius (PSDB) e do presidente do Legislativo Fabricianense, vereador Miltinho do Sacolão (PSDB), além de outras autoridades. O objetivo é proceder a entrega do Título de Cidadão Honorário de Coronel Fabriciano ao Presidente do país, por força do projeto de Resolução 1.263/2021, de autoria do vereador Lincoln Drumond (PL).

PROGRAMA DE FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS FOI SANCIONADO PELO PRESIDENTE

 

Nova Fase
PorGazeta do Povo


O presidente Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Isac Nóbrega/PR.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou nesta quarta-feira (25) o Projeto de Lei 3.188/2021, que que mantém recursos para garantir empréstimos a micro e pequenas empresas por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). O texto foi aprovado em definitivo pelo Congresso Nacional no fim de abril. A norma que agora entra em vigor adia para 2025 a devolução ao Tesouro Nacional de valores não utilizados de um fundo relativo a empréstimos do Pronampe.

O programa foi criado em maio de 2020 para auxiliar financeiramente os pequenos negócios. No ano passado, o Pronampe se tornou uma política pública permanente. A estimativa do governo é garantir pelo menos R$ 50 bilhões em crédito para micro e pequenas empresas com o programa, através do sistema financeiro. A nova rodada do Pronampe vai abranger também microempreendedores individuais (MEIs), que somam cerca de 13 milhões de pessoas.

Somando às mais de 5,5 milhões de micro e pequenas empresas, a nova fase tem o potencial de atender mais de 20 milhões de empresas e microempreendedores. A proposta sancionada torna permanente o uso de recursos do Fundo de Garantia de Operações (FGO) em operações não honradas.

Uma das alterações aprovadas no Congresso dispensa as empresas de cumprirem cláusula de manutenção de quantitativo de empregados prevista nas contratações até 31 de dezembro de 2021. Essa regra só será restabelecida para empréstimos feitos a partir de 2022. O texto também acaba com a data limite, estipulada até o fim de 2021, para que o governo aumente o aporte de recursos ao FGO para atender o Pronampe, pois o programa se tornou permanente.

Caso esse aumento de participação da União aconteça por meio de créditos extraordinários, os valores recuperados ou não utilizados deverão ser destinados à amortização da dívida. Já outros valores utilizados pelo FGO para honrar prestações não pagas deverão ser direcionados para a cobertura de novas operações contratadas. A nova lei ainda estabeleceu uma mudança no Programa de Estímulo ao Crédito (PEC) para ampliar o seu acesso a empresas com até R$ 300 milhões de receita bruta anual, consideradas de médio porte.

Por orientação da área jurídica, segundo o Palácio do Planalto, Bolsonaro vetou os dispositivos da lei que dispensavam apresentação da Certidão Negativa de Débito (CND) relativa à Seguridade Social por meio do PEC. Na avaliação do governo, a medida viola a Constituição Federal, que veda acesso a crédito e benefícios tributários de pessoa jurídica devedora da Previdência Social. Com informações da Agência Brasil.


Senado aprova MP que altera incentivos fiscais à indústria petroquímica
PorGazeta do Povo

Plenário do Senado Federal. | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado.

O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (25) a Medida Provisória (MP) 1.095, que prevê o fim de incentivos para a indústria petroquímica. O projeto de lei de conversão (PLV) resultante da MP altera incentivos tributários para a indústria química e petroquímica no âmbito do Regime Especial da Indústria Química (Reiq). Com isso, em vez do fim imediato do incentivo, como constava da MP original, haverá uma nova transição até 2027, com extinção a partir de 2028. O texto retorna para análise da Câmara, após alterações feitas pelos senadores.

O PLV define condições para a apuração do valor a recolher para o PIS e a Cofins pelas centrais petroquímicas e indústrias químicas, e para extinguir o Reiq a partir de 1º de janeiro de 2028. A MP perde validade no dia 1º de julho. Segundo o relator, Eduardo Braga (MDB-AM), o projeto aperfeiçoa o regime tributário do setor ao prever a exigência de assinatura de termo de compromisso com a realização de contrapartidas à fruição do regime e a implantação de mecanismo de acompanhamento, controle e avaliação de impacto do benefício.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/breves/bolsonaro-sanciona-pronampe-e-pode-liberar-ate-r-50-bilhoes/
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JUSTIÇA PREOCUPA EM INVESTIGAR POLICIAS E OS BANDIDOS NÃO

Por

Operação no Rio

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Ação policial na Vila Cruzeiro contra o crime organizado apreendeu grande quantidade de drogas; 13 fuzis, quatro pistolas e 12 granadas.| Foto: Reprodução/Twitter/Jair Bolsonaro

Quando eu cheguei em Brasília, há 46 anos, legumes e frutas eram trazidos de outros estados. Agora, Brasília produz mais do que isso e tem um agro pujante. Fez uma grande exposição, que terminou agora no fim de semana, a Agro Brasília, mostrando a pujança do Distrito Federal. Mas teve também uma surpresa.

Os produtores agrícolas indígenas, de etnias originais, representando cooperativas indígenas e os próprios agricultores. Além de banana, café, castanha, açaí, cacau, mel, batata doce, mamão e farinha de mandioca, eles também são grandes produtores de grãos.

Só o pessoal do Haliti-Paresi, usando 1,7% da reserva deles, faturaram num ano R$140 milhões na produção de grãos. Outras etnias também estiveram presentes, como Xavante, Kaingangue, Suruí, Cinta larga, Guajajara, Zunizakae. Foi uma grata surpresa porque eles trabalham tanto quanto os outros brasileiros, produzindo no agro.

E é isso o que eles querem, autonomia financeira e autonomia jurídica também. Eles não querem ser conservados em museu, em redoma. Tem aqueles que não querem contato e tudo bem, serão protegidos. Mas os outros querem se integrar na sociedade, como todo mundo.

Palestra cancelada
Lá de Bento Gonçalves (RS) vem um aviso para o Supremo Tribunal Federal. O Centro de Indústria, Comércio e Serviços de uma região super pujante economicamente, pagadora de impostos, grandes faturamentos, havia convidado o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, para um jantar palestra, no dia 3. Inclusive, cobrando até R$ 250 por cabeça. E o título da palestra era “Risco Brasil: segurança jurídica”.

Gente, obviamente, Fux ia mostrar como o Supremo “protege” a segurança jurídica. Soa como uma deboche. Todo mundo que acompanha o Supremo sabe que o tribunal não tem respeitado o devido processo legal, a Constituição, os direitos e garantias fundamentais, as liberdades de opinião e expressão, a inviolabilidade de parlamentares, enfim.

E aí começou um movimento contra a palestra. Gente prometendo boicotar os produtos dos patrocinadores, e alguns deles dizendo que não foram consultados e que não endossavam o convite. Risco de ele ser vaiado, mal recebido, ficaria uma situação ainda mais grave. Aí o Centro de Indústria, Comércio e Serviços o desconvidou.

E acho que o presidente do Supremo recebe isso como um aviso, de como a sociedade brasileira, uma parte muito representativa da nação, está vendo o que os ministros do STF estão fazendo. E a instituição Supremo é essencial, precisa ser protegida, inclusive, como Fux chamou no discurso de posse, do “efeito deletério de decisões de integrantes do Supremo”.

Novo vice-presidente
A Câmara dos Deputados tem um novo vice-presidente, que vai substituir o presidente Arthur Lira quando ele não puder estar presente. É um pastor evangélico, bolsonarista, de seis mandatos, 68 anos, mineiro de Belo Horizonte, o Lincoln Portela. Foi eleito para o posto na mesa diretora nesta quarta-feira (25) com 232 votos favoráveis. Antes disso, tinha sido indicado candidato pelo próprio partido, o PL.

Ação policial no RJ
E por fim, um registro que mostra bem essa inversão de valores que vivemos hoje em dia. Outro dia deputados do PT pediram na Justiça uma indenização do ex-juiz Sergio Moro por supostos prejuízos causados à Petrobras pela corrupção que teve o PT como ator principal.

E agora, o ministro do STF Edson Fachin cobrou da polícia do Rio Janeiro e do Ministério Público Federal também uma investigação sobre eventual má conduta de policiais que fizeram uma operação na Vila Cruzeiro contra o crime organizado. Vinte e cinco pessoas foram mortas na operação, mas a grande maioria eram criminosos. Aí eu fico pensando: e a má conduta dos bandidos, não vai investigar nunca?


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IMPOSTO ICMS TERÁ UM TETO MÁXIMO

 


  1. Economia
     

Os mesmos parlamentares que agora votam “sim” para retirar receita dos governadores e dos prefeitos serão os primeiros na fila de amanhã na porta do Tesouro Nacional para pedir mais dinheiro da União

Adriana Fernandes*, O Estado de S.Paulo

Congresso aumentou o custo da conta de luz em 10% com a aprovação recente de leis que exigem contratações de energia mais cara e subsídios pagos pelo consumidor na tarifa. Não faltaram alertas.

Agora, os parlamentares embaralham o jogo, na tentativa de reduzir o ICMS sobre a energia elétrica para baratear a conta de luz e reduzir a inflação. Projeto em tramitação classifica combustíveisenergia elétrica, gás natural, transporte coletivo e telecomunicações como serviços essenciais e, portanto, sujeitos à alíquota mais baixa no ICMS.

É indiscutível que os Estados pesaram a mão nas alíquotas do ICMS. A redução da carga tributária é um imperativo que a sociedade está cobrando cada dia mais. Mas os políticos se negam a corrigir a trajetória do outro lado da conta: o das despesas.

Subsídios, encargos, gastos mal direcionados, além de perda de arrecadação para bancar políticas e setores que não são essenciais, estão aumentando a despeito da melhora no curto prazo das contas públicas. O custo pode não aparecer agora, de imediato, mas ele chega. É menos dinheiro para políticas públicas que importam para mudar a cara do País.

Energia elétrica
Custo da conta de luz aumenta em 10% com a aprovação recente de leis que exigem contratações de energia mais cara  Foto: Ueslei Marcelino/Reuters – 29/8/2018

O que espanta é o improviso do movimento político, como boa parte de tudo que tem sido aprovado no Congresso atual. Sem falar da hipocrisia dos parlamentares: impõem o “custo Congresso”, como classificou o professor Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, que desenhou a “matemática” do que os consumidores vão pagar a mais na conta de luz, seja por meio do preço da energia, seja pelo aumento dos encargos. Um custo de R$ 27 bilhões.

Não há discussão séria que se instale no Congresso às vésperas das eleições e com o presidente de plantão jogando todas as cartas para a reeleição.

Para ser aprovado, o projeto precisaria de uma avaliação de impacto mais apurada até mesmo para evitar que falte receita para os Estados e os municípios financiarem, no futuro, suas políticas obrigatórias. A conta pode voltar para o governo federal após 2023. No afogadilho, é difícil fazer uma avaliação acurada dos seus efeitos, dos prós e contras.

Certeza de que os mesmos parlamentares que agora votam “sim” para retirar receita dos governadores e dos prefeitos serão os primeiros na fila de amanhã na porta do Tesouro Nacional para pedir mais dinheiro da União.

Não há país que aguente esse descaso com o futuro que se renova. Que venham logo as festas juninas para as votações no Congresso cessarem e os parlamentares partirem para os seus redutos políticos!

*REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

Câmara aprova teto para ICMS de energia e combustíveis com compensação a Estados e municípios

Projeto prevê uma alíquota máxima de 17% para o ICMS sobre energia elétrica, combustíveis, gás natural, querosene de aviação, transporte coletivo e telecomunicações; Estados falam em perdas de quase R$ 70 bilhões na arrecadação

Iander Porcella, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – A Câmara deu aval nesta quarta-feira, 25, ao teto de 17% para o ICMS sobre energia elétricacombustíveis gás natural. A proposta passou com amplo apoio – 403 votos favoráveis, 10 contrários e 2 abstenções. Para diminuir resistências à medida, os deputados colocaram um gatilho temporário para compensar Estados e municípios quando a queda na arrecadação total do tributo for superior a 5%. Essa compensação será feita, se necessário, por meio do abatimento da dívida desses entes com a União. O projeto segue agora para análise do Senado. 

A estratégia parece a reedição da Lei Kandir, que previa que a União compensasse os Estados pelo ICMS que deixou de ser arrecadado com a desoneração das exportações. O valor dos repasses sempre foi alvo de disputas, chegou a servir de moeda de troca pelo apoio dos governadores à reforma da Previdência, envolveu o Tribunal de Contas da União (TCU) e só foi resolvido depois de um acordo homologado no Supremo Tribunal Federal (STF). 

“Hoje é um dia histórico para o Congresso Nacional. A última vez que essa Casa votou para diminuir impostos foi quando se votou para acabar com a CPMF. De lá para cá, muito se falou em reforma tributária, muito se falou sobre o peso da carestia e da volta da inflação em cima da população mais pobre”, disse, no plenário, o autor da proposta, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), que preside a Frente Parlamentar de Energias Renováveis.

Preocupação número um dos parlamentares às vésperas das eleições, a explosão na conta de luz foi provocada também pelo “custo Congresso”, aprovação de leis que exigem contratações de energia de fontes específicas e dão subsídios ao setor elétrico, responsável por aumentar em 10% a tarifa nos próximos anos, como mostrou o Estadão

A fixação de um teto para o ICMS com compensação para os cofres regionais recebeu o aval do Ministério da Economia, com a condição de que o gatilho de compensação durasse seis meses, em uma espécie de “período de transição”. A iniciativa de fixar um teto de 17% para o ICMS faz parte de um “levante” do Congresso contra aumentos de preços e teve o apoio do governo, num momento em que o efeito da alta da inflação nas chances de reeleição de Jair Bolsonaro preocupa o comitê de campanha do presidente. O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, também participou das negociações. 

Os governadores, no entanto, já montam uma força-tarefa para barrar o teto no Senado ou até mesmo no STF e estimam uma perda de quase R$ 70 bilhões na arrecadação de Estados e municípios por ano.

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Câmara dos Deputados;  A iniciativa de fixar um teto de 17% para o ICMS faz parte de um ‘levante’ do Congresso contra aumentos de preços e teve o apoio do governo Foto: Paulo Sergio/Agência Câmara

Segundo o relator da proposta, deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), contudo, a avaliação da equipe econômica é de que nem será preciso acionar o gatilho. Ou seja, o governo aposta que, se houver perda de receitas, será inferior a 5%, o que não exigiria a compensação. Por isso, de acordo com ele, não há cálculos sobre quanto custaria à União compensar a perda arrecadatória, o que poderia esbarrar no teto de gastos, a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação.

“A equipe econômica do governo acredita que não vai ter perda nenhuma, porque esse dinheiro não deixa de existir. Se você gasta menos dinheiro com combustível, porque baixou o preço com a redução na alíquota, você vai gastar com outra coisa. Essa é a aposta do governo”, afirmou Elmar, em referência a eventual aumento do consumo.

O projeto classifica energia elétrica, combustíveis, gás natural, querosene de aviação, transporte coletivo e telecomunicações como essenciais. Dessa forma, esses bens e serviços entram no teto do ICMS. O relator disse que o projeto não fere o pacto federativo, ou seja, a autonomia dos Estados e municípios. Ele afirmou que a medida apenas cumpre uma decisão do STF que proibiu cobrança de ICMS superior a 17% sobre bens e serviços essenciais.

Petrobras

Elmar afirmou ainda que a aprovação da proposta é um passo para aliviar a inflação, mas que outras medidas ainda precisam ser tomadas. O parlamentar chamou de “inadmissível” o total de dividendos pagos pela Petrobras a seus acionistas, mas indicou que mudanças na estatal não cabiam no projeto do ICMS.

“A Petrobras está tendo uma partilha de dividendos que supera o PIB de alguns países, e isso é inadmissível, porque recai numa cadeia que leva a que o pobre sempre pague a conta”, disse Elmar, em entrevista coletiva.

A Petrobras está sob pressão do governo e do Congresso diante da alta nos preços dos combustíveis. Nesta segunda-feira, 23, o presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição neste ano, demitiu o terceiro presidente da estatal em seu mandato, José Mauro Coelho, dias após trocar Bento Albuquerque por Adolfo Sachsida no comando do Ministério de Minas e Energia.

A oposição tentou adiar a votação, mas não conseguiu. Partidos de esquerda, como PT e PSB, queriam mais tempo para discutir a proposta e disseram que defendem, na verdade, a mudança na política de preços da Petrobras, com o fim da paridade internacional. No modelo atual, o preço dos combustíveis acompanha a variação do dólar e do barril de petróleo no exterior. No fim, todos os partidos orientaram pela aprovação do projeto.