terça-feira, 1 de março de 2022

GUERRA NUCLEAR NÃO TEM VENCEDORES

 

  1. Internacional 

Submarinos Borei levam a bordo 107 tripulantes e um poder apocalíptico: 16 mísseis Bulava, cada um deles com 6 cargas nucleares independentes – um inventário de 96 ogivas atômicas 

Roberto Godoy, O Estado de S.Paulo

O perigo pode estar agora mesmo pronto para destruir um país. Invisível. Silencioso. A um toque de botão de despejar fogo mais quente que o calor do núcleo do sol sobre o alvo. Pessoas e prédios vaporizados, virando sombras apenas impressas no pouco que restar depois da onda de choque.

A devastação está contida em um tubo negro de metal de 170 metros de comprimento, parado debaixo da linha da água. Agora no Mar Negro, ameaçando cidades como Kiev e Kharkiv, os grandes submarinos russos da classe Borei, 24 mil toneladas de deslocamento, que levam a bordo 107 tripulantes e um poder apocalíptico: 16 mísseis Bulava, cada um deles com 6 cargas nucleares independentes – um inventário de 96 ogivas atômicas. 

É a maior ameaça efetiva da mobilização dos batalhões de ataque estratégico determinada pelo presidente Vladimir Putin. Há ainda outros recursos nessas forças, como os mísseis balísticos intercontinentais e as bombas “inteligentes” que procuram as coordenadas de impacto, transportadas por aviões de vários tipos, além de mísseis menores. 

Rússia - Yuri Dolgoruky - submarino Borei
O submarino nuclear russo Yuri Dolgoruky, da classe Borei, com capacidade de levar o míssil intercontinental Bulava, nas águas de Severodvinsk, em julho de 2009  Foto: Alexander Zemlianichenko/Reuters

Contra esses há a possibilidade de defesa, embora sejam ações difíceis e vulneráveis em certa medida. Contra o Bulava, não. Ele é lançado de seu casulo com o navio submerso, em um ponto qualquer, o mais próximo possível do objetivo. Com 12 metros de comprimento e 40 toneladas de peso, cobre até 9,3 mil km.

Cada ogiva tem 150 kilotons de potência, 10 vezes mais que a da bomba que arrasou Hiroshima, no Japão, em agosto de 1945. Um kiloton equivale a mil toneladas de explosivos convencionais tipo TNT. https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2VPRoy

 Rússia tem quatro navios Borei. Um deles está em manutenção. Dos outros três não se tem notícias. O arsenal da Rússia soma 6.255 armas nucleares – aproximadamente 1.750 em condições de emprego imediato, segundo o Instituto de Pesquisa para a Paz de Estocolmo. Os EUA acumulam 5.550 armas, 1.700 em prontidão máxima.

O grupo dos países com esse tipo equipamento tem na lista a China, com 350 unidades, França, com 290, o Reino Unido, com 225, Israel, com 200 – capacidade não assumida –, e a Coreia do Norte, que teria estocado entre 8 e 60 armas, número estimado pelas agências de inteligência da Coreia do Sul e do Japão.  A Suécia, advertida por Vladimir Putin de receber represálias militares caso insista em manter seu projeto de entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, desmantelou há 40 anos um ambicioso projeto nuclear de Defesa por causa de seu custo, alto demais. 

Iniciado pouco depois da 2a Guerra Mundial, o programa concentrado na Foa,  a Agência de Pesquisa da Defesa, dominou todo o ciclo do urânio é concentrou em dois reatores, Agesta e Marviken, a produção de plutônio para abastecer um lote programado de 100 artefatos de combate. 

Ao mesmo tempo, a Foa investiu no desenvolvimento de dois aviões, o Saab 36 e depois o Viggen 37, para servir de vetores das bombas. A hipótese de emprego era em um eventual conflito com a então União Soviética. No final dos anos 60 o empreendimento começou a ser desmontado. Em 1972, foi desmantelado. A Suécia já tinha então todo o conhecimento científico e tecnológico para a produção das armas. 

*É JORNALISTA

REFORMA ADMINISTRATIVA É A EXTINÇÃO DE TODOS OS PRIVILÉGIOS

 


  1. Opinião
     

Qualquer reforma administrativa deve começar por este ponto: a extinção de todos os privilégios.

Felipe Salto, O Estado de S.Paulo

É preciso reverter a perda de bem-estar social derivada da captura do Estado por verdadeiros caçadores do erário. É hora de escancarar os custos das políticas públicas, para que a sociedade possa colocar na balança e comparar, por exemplo, uma isenção fiscal para um grupo de empresas ao pagamento de uma transferência social. Surrada, mas inescapável, a palavra-chave é transparência. E, a partir dela, ações de governo para rever gastos ruins e abrir espaço para o que importa.

A ideia de que a ação autocentrada pode levar ao progresso econômico tem quase dois séculos e meio. É a lógica da “mão invisível”, de Adam Smith, segundo a qual as forças da oferta e da procura seriam vetores suficientes para o funcionamento da economia, mesmo na presença do egoísmo, digamos assim. O bom funcionamento dos mercados é, de fato, a base para estimular a atividade produtiva, que gera emprego e renda.

Mas há uma condição: a existência de leis, regras e regulamentações da vida em sociedade e da economia. É o papel do Estado e da atividade política. Quando falham, quando a aplicação das leis é torta, lenta ou desigual e, sobretudo, quando a mobilização e a ação de certos grupos distorcem a alocação dos recursos públicos, então o bem-estar social diminui.

Atualmente, há um sem-número de benefícios tributários, regimes especiais, isenções fiscais e vantagens inscritas nos orçamentos públicos.

Isso inclui o pagamento de salários acima do teto constitucional remuneratório. O Estado mostrou, recentemente, que há contracheques, no Judiciário, de mais de R$ 440 mil mensais. O salário mínimo, hoje, está em R$ 1.212,00 e a renda média do brasileiro não passa de cerca de duas vezes esse valor.

A chamada Comissão do Extrateto, criada em 2016 pelo Senado Federal, produziu um bom projeto para resolver o problema. Ele foi aprovado, mas ainda tramita na Câmara dos Deputados. Essa força de setores do alto escalão do funcionalismo público relega a último plano a busca pelo interesse da coletividade. Prejudica, inclusive, a própria necessidade de valorização dentro do serviço público.

Em artigo para o Valor Econômico, em 16 de setembro de 2014 (Transparência e democracia), o economista Marcos Lisboa e eu escrevemos: “Mancur Olson, em A lógica da ação coletiva (1965), argumentou que a possibilidade de obter benefícios do Estado estimula a mobilização coletiva de grupos relativamente pequenos e homogêneos (…) A natureza difusa e pouco transparente dos custos dessas ações, no entanto, que recaem sobre o restante da sociedade, dificulta o debate democrático e a deliberação sobre o uso mais eficiente dos recursos públicos”.

Tal acesso privilegiado ao “poder” garante a perpetuação, por décadas, de programas ruins, além de ensejar a criação de outros. A apropriação de nacos do orçamento público ocorre na penumbra, onde todos os gatos são pardos. As crianças, as famílias pobres, os desempregados, a base do serviço público, os trabalhadores informais, os marginalizados e os seus interesses, que deveriam ser as prioridades de uma nação ainda tão desigual, são preteridos.

Quando não são preteridos, inserem-se no Orçamento, em geral, sem qualquer corte naqueles gastos de péssima qualidade. Aumentou-se, por exemplo, entre 2021 e 2022, o valor previsto para o Auxílio Brasil (sucessor do Bolsa Família), de cerca de R$ 35 bilhões para quase R$ 90 bilhões. Uma despesa nova necessária e legítima, a meu ver. Mas nem um centavo foi cortado em outras rubricas. Ainda, a despesa social serviu de desculpa para mudar o teto de gastos e abrir espaço para outras demandas não relacionadas ao social.

Para ter claro, não prego uma redução geral e irrestrita de gastos de pessoal e de políticas de incentivo à produção. Proponho, sim, transparência, para que a sociedade tenha conhecimento, por exemplo, de que os descontos autorizados no Imposto de Renda podem chegar a R$ 20 bilhões ao ano. Por que manter esse benefício para os ricos?

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, há mais de cinco anos, tem contribuído para aumentar a transparência. Seu papel, no entanto, limita-se a mostrar custos e alertar. Há um segundo desafio, a partir disso, que é introjetar, na prática de governo e no cotidiano da política, a dimensão da responsabilidade com o dinheiro público. A Revisão do Gasto, ou Spending Review, pode ajudar. Amplamente adotada no âmbito da OCDE, essa boa prática propõe-se justamente a questionar a “base orçamentária” existente.

Vale dizer, no caso dos servidores, que há realidades completamente distintas coexistindo. De um lado, os supersalários, que parecem intocáveis. De outro, os baixos salários dos professores da educação básica. Qualquer reforma administrativa deve começar por este ponto: a extinção de todos os privilégios. Sem isso, não terá legitimidade.

Os vícios destes grupos de interesse, esta caça ao tesouro, precisam ser combatidos com veemência. Caso contrário, a necessidade de novos gastos públicos – já imposta pela demografia, pela pobreza e pela desigualdade – terá de ser suprida com mais e mais carga tributária e dívida pública. É preciso espantar os caçadores de renda para longe da administração pública.

*

DIRETOR-EXECUTIVO DA IFI. AS OPINIÕES NÃO VINCULAM A INSTITUIÇÃO

COMO AUMENTAR AS VENDAS NO SEU COMÉRCIO

 

Franklin Bravos, CEO da Signativa

Especialista indica estratégias para impulsionar resultados de vendas online

O faturamento do e-commerce cresceu 48,41% em 2021 e as vendas em datas sazonais, como, Carnaval, ajudam nesse crescimento. “Desenvolver e aplicar estratégias de vendas nesse período é um dos primeiros passos para ficar à frente da concorrência”, alerta Franklin Bravos, CEO da Signativa, startup que já profissionalizou mais de 500 e-commerces no Brasil.

Pensando em ajudar empreendedores dos mais diversos segmentos a faturar mais nas datas sazonais, especialmente as que se aproximam – Carnaval, o especialista separou sete dicas. Confira:

1 – Faça um planejamento

Bravos explica que, antes de aplicar qualquer estratégia de vendas, é importante investir em um planejamento para essas datas. “Um bom planejamento é fundamental para que os resultados aconteçam. Ele deve levar em conta tecnologias disponíveis, segurança, logística, produtos, atendimento personalizado e, por fim, o pós-vendas”.

2 – Aplique técnicas de Marketing Digital

Estar atento às tendências de marketing digital pode ser decisivo para o aumento de vendas. “É válido aplicar técnicas de SEO e otimização em sites, além de um bom relacionamento com o cliente. Outra recomendação é fazer uso das redes sociais para divulgar produtos e também aderir a campanhas com influenciadores para aumentar o engajamento do público-alvo”, sugere o CEO.

3 – Invista em tecnologia

O público procura cada vez mais facilidades proporcionadas pela tecnologia e boas experiências de compra. Não ter a necessidade de se deslocar para buscar ou comprar um produto e consultar avaliações antes de decidir uma compra são algumas possibilidades. “Investir em uma plataforma de e-commerce, que oferece suporte técnico e processos automatizados, é um diferencial para captar e reter mais clientes em datas sazonais, porque permite que o empreendedor ofereça uma melhor experiência de compra”, orienta Bravos.

4 – Crie promoções e ofertas

Não é novidade que consumidores brasileiros são atraídos por preços baixos e descontos. Promoções podem ser decisivas no momento de escolha dos consumidores e por isso ajudam a atrair e fidelizar novos clientes. Bravos recomenda focar essas ofertas nos itens que mais se adequam às necessidades do público-alvo. “Essas ações promocionais podem ocorrer de diversas formas, como cupons de descontos e ‘leve dois e pague um’. Para o carnaval, o comércio pode optar por liberar descontos para os itens mais procurados nos sites”.

5 – Garanta segurança

Em meio a tantas incertezas na hora de comprar pela internet -especialmente em datas sazonais, quando golpes virtuais são mais frequentes, buscar estratégias de segurança proporcionará que clientes e potenciais consumidores tenham garantia de entrega do produto e transações financeiras protegidas. “Contrate uma equipe que faça uma atualização de permissão de acesso e implante meios que certifiquem a autenticidade e segurança da loja online. Esses pequenos ajustes serão um diferencial para uma estratégia efetiva do negócio”, propõe o CEO.

6 – Estabeleça prazos de entrega acessíveis

O prazo de entrega se tornou um dos principais requisitos que consumidores analisam para decidir uma compra. Bravos aponta que é importante cumprir esses prazos e oferecer a melhor experiência de consumo para fidelizar o cliente.

“Serviços de fulfillment são uma opção para diminuir o tempo de entrega, além de aderir a processos e soluções de inteligência artificial que otimizam essa logística”.

7- Analise o pós-venda

Com todos os passos anteriores seguidos, é hora de realizar métricas de todo o resultado que a estratégia trouxe ao negócio. “Recomendamos uma análise anual com todas as informações de campanhas realizadas nessas datas, pois isso ajuda a definir ações futuras e o planejamento de outras estratégias de venda”, finaliza o CEO.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por 86.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por 700.000 pessoas , valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da região capaz de alavancar as suas vendas.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

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Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

BOLSONARO PREFERE FICAR NEUTRO NESSE CONFLITO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).| Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

Atravessamos um momento histórico delicado no qual a clareza nas convicções e nos atos é fundamental. Como não se via há décadas, temos um país militarmente poderosíssimo atacando outro, mais fraco, que não o agrediu. Há destruição de cidades, centenas de inocentes mortos e o risco de o conflito ganhar proporções globais. É o tipo de situação explícita o bastante para não deixar sombra de dúvida sobre o quão injusta, perigosa e equivocada é. Exatamente por conta disso, a hesitação do presidente Jair Bolsonaro em condenar a invasão russa é surpreendente e difícil de ser compreendida.

A Rússia de Vladimir Putin é o principal parceiro econômico e militar das ditaduras de Cuba e da Venezuela, que o presidente Bolsonaro conhece muito bem e que corretamente critica com frequência, apontando, especialmente, para seus abusos no campo dos direitos humanos e no desprezo pela democracia. Portanto, o presidente sabe que não está lidando com uma potência que preza pela paz e pela liberdade. O reconhecimento dessa verdade deveria ser o suficiente para o Brasil evitar alguns dos erros que cometeu desde que esse triste episódio da história contemporânea ganhou as proporções atuais.

Uma das falhas mais graves foi a lentidão em retirar do país os brasileiros que lá estavam. Enquanto outros países emitiram alertas e convocavam seus cidadãos para deixarem a Ucrânia mesmo antes da invasão se consumar, o Itamaraty revelou que não tinha nem sequer um plano de evacuação quando Putin lançou as primeiras bombas, o que dá a entender que o Brasil apostou suas fichas numa suposta disposição para o diálogo do autocrata russo, como se fosse absurdo cogitar que ele realmente fizesse o que fez.

Mesmo agora, quando o número de vítimas fatais chega às centenas, o presidente brasileiro parece hesitar em condenar com clareza o que a Rússia fez.  Neste sábado (26), três dias após a violenta e absurda invasão do território ucraniano pelo exército de Putin, Bolsonaro enfim resolveu falar do conflito por meio de sua conta no Twitter. Sua mensagem trata da remoção dos brasileiros, menciona a posição do Brasil “em defesa da soberania, da autodeterminação e da integridade territorial dos Estados” que, segundo ele, “sempre foi clara” e afirma que tal posição está sendo comunicada por meio dos “canais adequados para isso”. No entanto, a mensagem é encerrada sem fazer nem uma menção sequer à Rússia, o ente agressor diretamente responsável pelos mortos, feridos e refugiados – entre os quais estão os brasileiros que o governo, agora, corre para socorrer.

Ainda que a representação diplomática do Brasil tenha feito o que se esperava dela no Conselho de Segurança da ONU, votando a favor da resolução que condenava oficialmente a invasão – documento que acabou vetado pela própria Rússia -, a recusa do presidente em emitir ele mesmo qualquer crítica à flagrante violação da soberania ucraniana pelas tropas russas constrange a qualquer brasileiro de bom senso, que tenha ciência dos horrores da guerra. Não há malabarismo argumentativo capaz de amenizar o que Putin está fazendo e não há relativizações plausíveis.

Aliás, as decisões de Bolsonaro sobre o papel do país nessa crise têm provocado confusão desde antes de ela estourar com a invasão. Há cerca de dez dias, quando os tanques russos já se movimentavam de modo ameaçador na fronteira com a Ucrânia, o presidente escolheu manter uma viagem de fins comerciais para Moscou. Não se contentando com a assinatura de acordos em momento totalmente inoportuno, Bolsonaro fez questão de declarar, ao lado de Putin, que é “solidário à Rússia” sem especificar a que exatamente estava se referindo.

Não há malabarismo argumentativo capaz de amenizar o que Putin está fazendo e não há relativizações plausíveis

Quando as democracias mais relevantes do planeta estavam empenhadas em dissuadir a sanha militarista de Putin, obviamente, a viagem do presidente brasileiro foi lida pela comunidade internacional como um endosso ao principal responsável pela escalada das tensões, o que talvez justifique a “grande impaciência” com a qual a visita de Bolsonaro era esperada pelo Kremlin. Afinal, ali estava o líder de uma grande nação democrática do Ocidente demonstrando, orgulhosamente, sua amizade e solidariedade com a Rússia. Uma narrativa muito conveniente aos russos, que puderam usá-la para acusar de falsa a tese do suposto isolamento que o país enfrenta no mundo.

É certo que, naquele momento, os analistas internacionais se dividiam entre o alarmismo de uma invasão iminente e a leitura da posição de Putin como uma estratégia agressiva para conseguir melhores posições na mesa de negociação com as grandes potências, em face do risco de um desfecho violento. Porém, a situação exigia prudência e não era necessário um encontro entre os dois presidentes para garantir acordos comerciais, quando o tema mais importante era outro, sobretudo se considerarmos que tais promessas apalavradas não valem muita coisa num cenário de sanções econômicas cada vez mais fortes da comunidade internacional contra a Rússia.

Depois, em mais uma demonstração de ambiguidade, Bolsonaro desautorizou publicamente o que foi dito pelo vice-presidente Hamilton Mourão, quando este afirmou que o Brasil “não está neutro” e “não concorda com uma invasão do território ucraniano”, uma posição entendida como natural, tendo em vista a condição do Brasil de aliado extra-Otan.

A justificativa agora usada pelo presidente para explicar seu silêncio sobre a Rússia, de que a posição do Brasil é comunicada em fóruns adequados, também soa estranha dado o histórico do próprio Bolsonaro. Desde que assumiu o Planalto, por muito menos, ele não se eximiu de fazer comentários a respeito de diversas situações internacionais que não envolviam diretamente o país, mas eram passíveis de crítica por quem compartilha os valores morais e cívicos frequentemente invocados por ele.

Então, até que o presidente esclareça melhor, todo brasileiro de bem que lê no noticiário sobre as mortes provocadas por essa guerra insana prosseguirá se perguntando: por que Bolsonaro não condena de forma clara à violência da Rússia contra a Ucrânia? O que o motiva a tal omissão quando praticamente todos os líderes democráticos relevantes do Ocidente já se pronunciaram de forma mais corajosa e correta? E, indo mais além, por que não adota uma posição firme de sinalizar com que sanções fortes contribuirá para que o mundo volte à paz?

Para todos os efeitos, convém fazer a ressalva de que não se pretende ser injusto com a atual diplomacia brasileira. É da ciência de todos que atuam nesse campo o fato de que a oficialidade importa muito, o que coloca o Brasil numa posição evidentemente superior às lamentáveis abstenções da China, dos Emirados Árabes e da Índia, expressadas no Conselho de Segurança da ONU, e, logicamente, a léguas de distância da simpatia sistemática por regimes autoritários, como a que víamos quando o Itamaraty estava sob a regência do Partido dos Trabalhadores.

Porém, para quem acompanha atentamente a atuação do presidente ao longo de seu mandato, a postura repete um padrão infeliz. Parece ir de encontro ao que pensa seu próprio entorno, como as autoridades militares mais próximas do Planalto. Mesmo que estivesse pensando de forma exclusivamente eleitoral – o que seria triste -, é difícil entender que tipo de benefício essa postura pode trazer para quem quer que seja. As pessoas tendem a perceber a ambiguidade de governantes e isso gera incerteza, desconforto e desconfiança.


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ATÉ ONDE VAI A PARCERIA CHINA E A RÚSSIA

 

Guerra na Ucrânia
Por
Fábio Galão – Gazeta do Povo

O presidente russo, Vladimir Putin, e o ditador chinês, Xi Jinping, em encontro pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, no início de fevereiro| Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ/KREMLIN/SPUTNIK

Os anúncios de sanções econômicas do Ocidente contra a Rússia, iniciados após o reconhecimento de Moscou das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk e intensificados depois da invasão à Ucrânia, gera dúvidas sobre a capacidade do país sobreviver economicamente a essas restrições.

Desde as sanções de 2014, a última vez em que a Rússia havia atentado contra a soberania ucraniana, ao anexar a Crimeia e apoiar os separatistas em Donbass, o presidente Vladimir Putin criou estratégias para diminuir o impacto dessas medidas sobre o país, mas a China, segunda maior economia do mundo e sua parceira estratégica, é considerada por alguns a grande carta na manga. Mas o gigante asiático seria capaz de compensar o fechamento de mercados no Ocidente?

Segundo reportagem do New York Times, a China já compra da Rússia mais petróleo do que adquire da Arábia Saudita e acertou recentemente a importação de 100 milhões de toneladas de carvão russo (no valor de mais de US$ 20 bilhões) e a compra de trigo produzida no país com o qual faz fronteira no leste asiático.

No início de fevereiro, pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, o ditador do país asiático, Xi Jinping, e o presidente russo, Vladimir Putin, anunciaram que vão intensificar a cooperação entre os dois países. Xi afirmou na ocasião que ambos enfrentarão juntos as “ingerências externas e as ameaças à segurança regional”, enquanto o russo destacou que a China é o parceiro estratégico “mais importante e um amigo próximo” de Moscou.

Porém, embora o comércio bilateral entre os dois países tenha atingido em 2021 um recorde de mais de US$ 146 bilhões, as transações da Rússia com a União Europeia totalizaram bem mais, quase US$ 220 bilhões no ano passado.

Fala-se muito da dependência da União Europeia do gás natural russo, que representa 40% das suas importações do produto, mas é uma dependência de mão dupla, já que a China não compra a mesma quantidade e paga mais barato.

“A China ainda não está em condições de substituir inteiramente a União Europeia como parceiro (russo)”, apontou Eugene Chausovsky, pesquisador do think tank Newlines Institute, em artigo publicado no site Foreign Policy.

Ele destacou que o aumento das exportações de energia para a China exigiria um investimento de dezenas de bilhões de dólares em infraestrutura. Além disso, “a Europa atualmente paga preços muito mais altos pelo gás natural russo por meio de mercados spot do que a China por meio de seu contrato de 30 anos com a [estatal russa] Gazprom, assinado em 2014, pouco antes do conflito original na Ucrânia”, acrescentou Chausovsky.

Na questão da invasão à Ucrânia, embora tenha criticado as sanções, a China não tem apoiado diretamente a ofensiva da Rússia – na sexta-feira, Pequim se absteve numa votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas em que uma resolução para condenar a operação foi vetada pela própria Rússia.

“[O apoio econômico e financeiro chinês à Rússia] não significa que a China apoie diretamente em qualquer grau o expansionismo russo – significa apenas que Pequim sente fortemente a necessidade de manter e impulsionar a parceria estratégica com Moscou”, disse Shi Yinhong, professor de relações internacionais da Universidade Renmin, em Pequim, ao New York Times.

Nessa linha, é importante destacar que o comércio da China com os Estados Unidos e a União Europeia somou cerca de US$ 1,6 trilhão no ano passado, mais de dez vezes mais do que entre chineses e russos. Ou seja: Pequim pode estar receosa de que as sanções contra Moscou respinguem nela se apoiar claramente o grande pária da geopolítica do momento.

“A China não quer se envolver tanto a ponto de ser prejudicada como resultado de seu apoio à Rússia”, afirmou Mark Williams, economista-chefe da Capital Economics para a Ásia, à Associated Press. “Tudo depende de se eles estão dispostos a arriscar seu acesso aos mercados ocidentais para ajudar a Rússia, e não acho que estejam. Não é um mercado tão grande.”


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SWIFT - SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES FINANCEIRAS INTERCAMBIÁVEIS

 

Guerra na Ucrânia
Por
Vandré Kramer e EFE – Gazeta do Povo

Swift está sediada em um subúrbio de Bruxelas, na Bélgica| Foto: EFE

O alto representante para as relações exteriores da União Europeia, Josep Borrell, anunciou neste domingo que bancos russos vão ser desligados do Swift – Serviço de Telecomunicações Financeiras Interbancárias -, um sistema de comunicação que viabiliza o pagamento e a transferência de recursos entre empresas de diferentes países.

“Chegamos a um acordo para retirar certos bancos russos do Swift e impor medidas restritivas que paralisarão os ativos do Banco Central da Rússia.” Um dos temores de países como Alemanha, França e Itália é de que o país euroasiático corte o fornecimento de gás natural e de petróleo para a região.

Uma ameaça desse tipo foi feita pelo vice-presidente da Casa Alta do Parlamento Russo, Nikolai Zhuralev. No final de janeiro, ele disse à agência de notícias russa TASS que, se a Rússia fosse desconectada do Swift, o país não receberia moeda estrangeira, mas os compradores estrangeiros – europeus em primeiro lugar – não receberiam petróleo, gás, metais e outros importantes componentes.

Enquanto o bloqueio de transações com o Banco Central Russo entrará em vigor no momento em que a medida for publicada no Diário Oficial da UE, a exclusão de entidades russas do Swift ainda exige mais um procedimento legal.

O sistema foi criado em 1973 e está baseado na Bélgica. Ele interliga 11 mil bancos e instituições financeiras em mais de 200 países. É uma propriedade conjunta de mais de 2 mil instituições. É fiscalizado pelo Banco Nacional da Bélgica (o BC belga) em parceria com outros importantes bancos centrais.

O objetivo da medida, de acordo com a BBC, é o de fazer que empresas russas percam acesso ao fluxo normal e instantâneo de transações fornecidas pelo Swift. Pagamentos pelo fornecimento de energia e produtos agrícolas poderão ser afetados.

Um artigo escrito por Maria Shagina, do Finnish Institute of International Affairs, no ano passado, aponta que o corte representaria o fim das transações internacionais para a Rússia, traria volatilidade cambial e uma saída maciça de capital.”

Precedente em 2012

Há um precedente em relação à retirada de países do sistema Swift. Em 17 de março de 2012, todos os bancos iranianos identificados como instituições que violavam as sanções estabelecidas pela União Europeia foram retirados do sistema. Entre eles estavam o Saderat Bank of Iran, Bank Mellat, Post Bank of Iran and Sepah Bank.

O país perdeu quase metade de suas receitas de exportação do petróleo e 30% do comércio exterior, segundo Shagina.

A Rússia já foi ameaçada em ser excluída do Swift em 2014, quando ocorreu a invasão da Crimeia. Na ocasião, o país disse que a medida seria equivalente a uma declaração de guerra.

Swift não é único, mas é o sistema mais relevante

O Swift não é o único sistema internacional de pagamentos, mas é o mais relevante. No ano passado, o volume médio diário de transações processadas por intermédio foi de 42 milhões, um crescimento de 11,2% em relação ao ano anterior.

Já neste ano, até 2 de fevereiro, foram 961 milhões de mensagens financeiras. Isto representa uma alta de 10,72% em comparação a 2021. Segundo a BBC, cerca de 1% das transferências envolvem pagamentos russos.

Outros sistemas são mais restritos. Há o CIPS, patrocinado pela China e que envolve operações financeiras com moeda chinesa em bancos chineses; o SFMS, da Índia e o SPFS, da Rússia.

O sistema russo tem mais de 400 instituições financeiras vinculadas. No final de 2020, segundo a agência russa de notícias TASS estavam conectados 23 bancos estrangeiros de países como Armênia, Belarus, Alemanha, Cazaquistão, Quirguistão e Suíça.

Shagina estima que 20% das transações domésticas russas utilizam o SPFS, mas as transações são limitadas e as operações são restringidas a dias uteis.


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MILITARES BRASILEIROS GASTAM BILHÕES NA PANDEMIA

 

O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo

Apresentação do caça Gripen, avião supersônico de combate, em outubro de 2020.| Foto: 2SBianca/FAB

As vacinas da Covid-19 demoraram para chegar, mas sobrou dinheiro para comprar caças, submarinos, helicópteros e blindados em 2020 e 2021. O Ministério da Defesa executou 102% dos investimentos previstos no Orçamento da União nesse período, gastando R$ 15,5 bilhões com equipamentos militares. Dinheiro suficiente para comprar 300 milhões de doses de vacina. Os caças foram recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas os investimentos foram baixos nos ministérios da Educação, Saúde e Meio Ambiente. Faltou dinheiro para escolas, melhorias em habitações populares e contenção de cheias.

Só no ano passado, as Forças Armadas tiveram dotação orçamentária de R$ 7,55 bilhões para investimentos. O total pago chegou a R$ 7,4 bilhões – ou 98% do previsto no orçamento. Bateu o Ministério da Infraestrutura, que absorveu as obras de grande porte do antigo Ministério dos Transportes e executou R$ 7 bilhões. O Ministério do Desenvolvimento Regional, que toca obras como a Transposição do Rio São Francisco, executou R$ 6,6 bilhões – o equivalente a 54% da dotação aprovada.

No ano anterior, a fartura dos militares foi ainda maior. O Ministério da Defesa bateu e superou a meta. Teve dotação orçamentária de R$ 7,7 bilhões e executou R$ 8,1 bilhões – 105% do previsto. Isso é possível porque são pagos “restos a pagar” de orçamentos anteriores. A Infraestrutura teve dotação de R$ 8,45 bilhões e executou R$ 7,8 bilhões – 92% do total. O Desenvolvimento Regional executou R$ 8,5 bilhões – 72% do previsto no orçamento.

O levantamento dos dados no Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) foi feito pela Associação Contas Abertas. O economista e fundador da associação, Gil Castello Branco, afirma que “orçamento compreende escolhas, e as realizadas pelos políticos brasileiros, muitas vezes, contrariam o interesse público. Como exemplo, em 2021 o país gastou R$ 1,2 bilhão com o programa ‘gestão de riscos e desastres’, recursos que são empregados na prevenção e recuperação de eventos climáticos e tragédias como as que habitualmente ocorrem no verão, há muitos anos”.

Castello Branco destaca que “o valor pago em 2021 foi o menor desde 2010, mesmo em valores correntes, sem a correção pela inflação das despesas dos anos anteriores. Enquanto os fenômenos climáticos acontecem cada vez com maior frequência e intensidade, paradoxalmente, no ano de 2021, gastamos R$ 1,4 bilhão com a compra de aviões caças, valor este superior aos dispêndios para o enfrentamento de desastres, tal como o que ocorreu em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro”.

No dia 18 deste mês, o presidente Bolsonaro fez um sobrevoo em áreas afetadas pelas chuvas, em Petrópolis (RJ), seguido de reunião de trabalho sobre medidas emergenciais do governo federal. O presidente permaneceu por três horas no município. A prevenção teria evitado mortes e os elevados custos de recuperação da área atingida.

Militares vão às compras
A Defesa contava com R$ 1,08 bilhão para a construção de submarinos convencionais e nucleares em 2021. Conseguiu executar R$ 1,2 bilhão – 112% da dotação. Contava, ainda, com mais R$ 260 milhões para a implantação de estaleiro e base naval para construção e manutenção de submarinos. Executou R$ 286 milhões – 110% do previsto.

Havia uma dotação de R$ 1,3 bilhões para aquisição de aeronaves caça Gripen – o Projeto FX-2. A execução orçamentária chegou a R$ 1,44 bilhão – 110% do previsto. A revitalização e modernização da frota de aeronaves AM-X tinha dotação de R$ 103 milhões. Foram executados R$ 110 milhões – 106% do total. O Orçamento da União previa R$ 425 milhões para a compra de avião cargueiro tático militar de 10 a 20 toneladas, o Projeto KC-390. A execução ficou em R$ 350 milhões – 82% do previsto.

O Exército contava com R$ 399 milhões no orçamento para a implantação do projeto Forças Blindadas. Executou R$ 522 milhões – 130% da dotação orçamentária. Havia uma previsão de R$ 213 milhões para a implantação do Sistema de Aviação do Exército. A execução chegou a R$ 152 milhões, ou 71% do total. A modernização estratégica e operacional do Exército tinha R$ 147 milhões no orçamento de 2021, mas conseguiu uma execução de R$ 156 milhões – 106% do previsto.


Onde o dinheiro foi escasso
O Ministério da Educação tinha R$ 5 bilhões para investimentos do ano passado. Executou R$ 3,4 bilhões – dois terços do previsto. O projeto de lei orçamentária previa R$ 222 milhões para apoio à implantação de escolas para educação infantil. Mas a dotação atualizada caiu para R$ 50 milhões – valor que acabou sendo executado. O apoio à infraestrutura para a educação básica contava com R$ 755 milhões no Orçamento da União, mas a execução ficou em R$ 433 milhões – 57% do total.

O Ministério da Saúde contava com R$ 5,3 bilhões em investimentos, mas a e execução ficou em R$ 3,4 bilhões. Havia R$ 167 milhões para projetos de implantação e melhoria de sistema públicos de abastecimento de água, esgoto sanitário e manejo de resíduos sólidos em municípios com até 50 mil habitantes. Já era pouco, mas a execução orçamentária ficou em apenas R$ 18 milhões – 10% do previsto. A modernização de unidades de Fundação Oswaldo Cruz, uma instituição fundamental no combate ao coronavírus, tinha previsão orçamentária de R$ 147 milhões. A execução ficou em R$ 87 milhões.

A penúria foi ainda maior no Ministério do Meio Ambiente, que contou com apenas R$ 147 milhões para investimentos em 2021. A execução ficou em R$ 59 milhões – 40% do total. Mas esse ministério é um caso à parte. Como mostrou reportagem do blog, em maio de 2020, servidores denunciariam que o então ministro Ricardo Salles promoveu o desmonte da máquina de fiscalização e o desmonte dos órgãos ambientais. A escassez de recursos não foi apenas em investimentos, atingindo também atividades rotineiras e despesas de custeio.


Defesa: “São investimentos”
O blog questionou se o Ministério da Defesa considera adequadas essas despesas num momento de déficit fiscal, crise econômica e crise sanitária. O ministério respondeu que “os recursos orçamentários empregados em Defesa não são gastos, mas sim investimentos, em especial em projetos estratégicos, fator relevante para o desenvolvimento e o progresso do Estado brasileiro. Esses investimentos são necessários para garantir a manutenção da soberania nacional e advém de contratos de longo prazo, que também sofrem com cortes, contingenciamentos e bloqueios orçamentários”.

Segundo a Defesa, esses projetos, juntamente com a Base Industrial de Defesa (BID), são responsáveis pela geração de mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos. “Além disso, essas iniciativas e contratos contribuem significativamente para o giro da economia nacional, conforme apontam estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), no qual, cada R$ 1,00 (um real) investido no setor de defesa, provoca o giro na economia interna de R$ 3,66 (três reais e sessenta e seis centavos), bem acima de outros setores da economia”.

Como se constata, a indicação da manutenção dos investimentos em Defesa é um instrumento estatal eficaz e efetivo para contribuir com a economia interna, garantindo empregos e renda, nos mais diversos setores da economia.

O ministério acrescentou que os estudos da FIPE “também apontam efeitos positivos no registro de trabalhadores, entre os quais, engenheiros e técnicos que contribuem para reter no Brasil mão de obra altamente especializada; no PIB, em torno de 9%; e na balança comercial brasileira, ampliando a exportação de bens e serviços com alto valor agregado. Isso proporciona diversos benefícios para a nossa sociedade, como o desenvolvimento econômico; a projeção internacional do País; a presença do Estado nas áreas mais remotas do Brasil; o fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação; e a dissuasão extrarregional em defesa da nossa soberania”.


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