domingo, 2 de janeiro de 2022

O BRASIL TEM UM PRESO POLÍTICO

 

  1. Política 

Pela primeira vez, desde o regime militar, há um preso político trancado numa cela neste país

J. R. Guzzo, O Estado de S.Paulo

O Brasil encerrou o ano de 2021 com uma vergonha estampada no meio da testa: pela primeira vez, desde o regime militar, e num caso único em qualquer nação democrática do mundo, há um preso político trancado numa cela de presídio neste país. Em nome das “instituições democráticas”, e agindo como um porão de polícia secreta, o Supremo Tribunal Federal mantém preso há mais de quatro meses, sem direito de defesa e sem processo legal, um cidadão que não cometeu nenhum crime para o qual a lei brasileira prevê prisão. Está cumprindo pena sem ter sido processado, julgado e muito menos condenado.

O ex-deputado Roberto Jefferson está preso na penitenciária de Bangu porque dirigiu ofensas aos ministros do STF. Insulto não é nenhum crime que permita a autoridade pública jogar um cidadão na cadeia. No máximo, é delito de injúria, no qual o autor é processado em liberdade; caso condenado, jamais cumpre pena de prisão, ainda mais se é réu primário. Mas Jefferson não está respondendo a nenhum processo legal na Justiça – foi preso por ordem pessoal de um ministro do STF, e vai ficar na prisão por quanto tempo o ministro quiser, sem que seus advogados possam recorrer a nada ou a ninguém. Isso se chama prisão política. Só acontece em ditadura.

Roberto Jefferson
O presidente do PTB, Roberto Jefferson; ex-deputado está preso Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A prisão do ex-deputado é, como tantos outros, um ato puramente ilegal do STF. A desculpa utilizada pelo ministro Alexandre de Moraes – que neste caso consegue o prodígio de agir, ao mesmo tempo, como delegado de polícia, carcereiro, promotor e juiz – é que Jefferson é uma “ameaça à democracia”. Como assim? Por acaso ele está comandando algum grupo terrorista? Está armazenando armas para dar um golpe de Estado, ou treinando combatentes para atos de violência? É claro que não, mas e daí? Moraes acha que ele é uma “ameaça à democracia”, e isso, no seu entender, permite à autoridade ignorar a lei e eliminar os direitos individuais do acusado. 

Tecnicamente, o ex-deputado está em “prisão preventiva” – medida que se aplica a criminosos que são um perigo real e imediato para a segurança dos demais cidadãos, ou que vão cometer crimes outra vez. É um disparate em estado puro, mas Moraes decretou que a prisão de Jefferson é “necessária e imprescindível” – o que consegue ofender, ao mesmo tempo, a lógica e a gramática. É onde estamos.

A mídia, as classes intelectuais, os defensores dos direitos humanos e o restante do “Brasil democrático” não dizem uma sílaba sobre nada disso. Como Jefferson é um homem de direita, acham que ele não tem direito à proteção da lei. Talvez esteja aí, no fundo, a pior vergonha

JOVENS BRASILEIROS EVITAM COMENTAR POLÍTICA NAS REDES SOCIAIS

 

  1. Política 

Pesquisa Ipec mostra que, no segmento entre 16 e 34 anos, 6 em cada 10 preferem não comentar o tema por causa da polarização

André Shalders e Thiago Faria, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Uma pesquisa recente do instituto Ipec mostrou que seis de cada dez jovens do País preferem não comentar nada de política nas redes sociais por causa da polarização e do radicalismo que o tema suscita. É o que pesquisadores têm chamado de “efeito Anitta”: o receio de ser alvo do mesmo tipo de “cancelamento” sofrido pela cantora pop em meados de 2020, quando participou de uma série de lives sobre política. Na ocasião, Anitta foi chamada de “ignorante” por internautas ao perguntar se ministérios faziam parte do Judiciário.

Mas, se não expressa suas opiniões políticas nas redes, onde se manifesta a parcela da população de 16 a 34 anos, que representa um terço do eleitorado? Segundo mapeamento da Fundação Tide Setubal, organização não governamental que atua com programas focados nas periferias das cidades, o contato com a política frequentemente se dá em outros espaços: na escola, nas igrejas e até nas festas.

É o que explica o cientista político Márcio Black, coordenador do Programa de Democracia e Cidadania Ativa da fundação. “Os espaços de formação política clássicos que a gente conhecia foram desmobilizados. Por exemplo: os sindicatos, o movimento estudantil, os grêmios, as juventudes dos partidos. Esses movimentos de base enfraqueceram ou perderam a importância para a juventude. Hoje, o jovem se forma politicamente na cultura periférica, na batalha de rap, na igreja e até no ‘pancadão’ (festas de funk feitas na rua). Em São Paulo, a Liga do Funk vem lançando candidatos nas últimas eleições”, disse ele.

AMBIENTES POLITIZADOS. “A sociabilidade do jovem hoje, especialmente nas periferias, acontece neste contexto. Então, é inevitável que seja politizado de alguma forma. Assim como as rodas de samba nos anos 1970 eram ambientes politizados. Até porque são movimentos que precisam se constituir como resistência. O ‘pancadão’ é o movimento cultural jovem que sofre a maior repressão policial e social, hoje. A partir disso, eles se organizam nessa associação e entendem que, para reverter essa repressão, eles precisam de alguém que os represente na Câmara Legislativa”, afirmou Black.

Efeito Anitta
A estudante Liz Catarina de Oliveira, de 18 anos, diz que evita se posicionar nas redes sociais. Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Aos 18 anos, a estudante Liz Catarina Lutes Costa Cabral de Oliveira disse que seu contato com temas políticos se deu ao frequentar as aulas de um cursinho pré-vestibular gratuito ligado a um movimento social em Valparaíso (GO), no entorno de Brasília. Ela, que é negra e se identifica como feminista e antirracista, admitiu preferir não abordar esses assuntos nas redes sociais. “Fiz uma postagem uma vez dizendo que preto não é ladrão e que não merecemos ser agredidos. Uma colega que estudou comigo no ensino médio veio me dizer que eu estava ofendendo a Polícia Militar, que não era culpa da organização se um policial fazia esse tipo de coisa (agressões), que era exceção. Eu mandei um monte de reportagens dizendo que não era exceção, e ela ficou com muita raiva”, relatou Liz.

WHATSAPP. As opiniões políticas da estudante, de esquerda, resultaram ainda na exclusão dos grupos de WhatsApp da família. “Eles acham que eu vou ‘causar’ lá dentro”, afirmou Liz, que disse preferir falar “cara a cara”: “De vez em quando tenho alguns debates com pessoas que convivem comigo”.

Pedro Arthur de Souza Lima, de 15 anos, também relatou ter sido “cancelado” ao tratar de política nas redes. O termo é uma referência aos ataques sofridos por alguém ao expressar suas opiniões. No fim de novembro, o adolescente, que mora em São Paulo, foi a Brasília com o avô. No “cercadinho” do Palácio da Alvorada, o jovem questionou o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre gastos com o cartão corporativo. “Deixa de ser otário. Eu gasto zero com o meu cartão, Pedro”, respondeu Bolsonaro ao estudante. O momento foi registrado em vídeo.

“Quando teve esse episódio com o presidente, eu fui cancelado nas redes sociais. Na verdade, ainda estou sendo. São xingamentos, ameaças. Mas já fui cancelado pelos esquerdistas também”, disse Pedro, que defende pautas liberais. O jovem frequentou no ano passado a Academia MBL, um curso de formação para a base do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que defende o liberalismo econômico e que foi criado em 2014, como oposição aos governos do PT.

Efeito Anitta
Pedro Arthur foi “cancelado” depois de questionar o presidente Jair Bolsonaro.  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

PARTICIPAÇÃO. A exemplo de Liz e Pedro, a maioria dos jovens está interessada em temas da política, apesar de não frequentar espaços tradicionais de formação, como os partidos. A pesquisa, realizada pelo Ipec a pedido da ONG global Avaaz e da Fundação Tide Setubal, mostrou que, dentre aqueles com até 18 anos e sem título de eleitor, 82% pretendem tirar o documento para votar em outubro. A maior fatia (29%) está motivada a fazê-lo por considerar que “o momento político é preocupante”. Apenas 2% disseram que não pretendem tirar o título de eleitor “porque o meu voto não fará diferença”.

O Ipec – empresa criada por ex-funcionários do Ibope – ouviu, em setembro passado, 1.008 jovens de 16 a 34 anos. A faixa etária representa 50,7 milhões de eleitores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

51% dos jovens não confiam em partidos

Na contramão do interesse por política, o levantamento apontou que apenas 4% dos jovens ouvidos disseram “confiar muito” nos partidos, 41% afirmaram “confiar pouco” e 51% responderam “não confiar”.

Considerada um dos espaços alternativos onde jovens falam de política, a igreja foi essencial na formação da jornalista Luciana Petersen, de 24 anos, que hoje conduz um projeto social voltado para mulheres evangélicas. Na comunidade da Igreja Batista que ela frequenta sempre houve discussões sobre o tema – como a necessidade de escolher bons representantes, por exemplo. 

“Mas era num sentido bem menos partidário do que o que se tornou em 2018”, disse a jovem, que mora em São João del-Rei (MG). “Em 2018, muitas denominações adotaram o bolsonarismo como uma religião. Vi igrejas apoiando Jair Bolsonaro como se fosse Messias. Gente falando que cristão de verdade só votaria nele e coisas assim”, afirmou a jornalista, que é filha de um pastor.

Luciana disse, ainda, que hoje enfrenta menos resistência ao discutir temas como o feminismo. “Eu sou a feminista crente. Então, hoje, não brigam muito comigo. Inclusive algumas portas foram abertas, de falar em igrejas sobre isso”, afirmou a jovem.

‘APRENDER’. Na avaliação da coordenadora sênior de campanhas da Avaaz, Nana Queiroz, uma das consequências da “fuga” dos jovens da discussão política nas redes sociais é impedir que eles cometam erros e aproveitem o aspecto positivo do “efeito Anitta”, que é aprender. “O que acontece é que esses jovens entram na arena para debater e não necessariamente sabem que, se eles usarem o termo ‘o travesti’ em vez de ‘a travesti’, por exemplo, eles vão ser ridicularizados. Há alguns anos, eu também comecei falando ‘o travesti’. E aí alguém foi lá e me avisou que não era adequado, e eu aprendi. Pedi desculpa pelo meu erro”, afirmou Nana.

DEBATE. Para a coordenadora da Avaaz, todo jovem deveria passar pelo que a cantora Anitta passou ao falar de política nas redes sociais. “Errar, ser corrigido e aprender. O problema não é estarmos criando um vocabulário mais inclusivo, mas, sim, como isto está sendo implementado. Com castigo, punição e medo, em vez de convidar para o debate. Estamos tirando dos jovens a possibilidade do ‘efeito Anitta’. Que é a possibilidade de fazer perguntas óbvias, de errar, de pedir desculpa, de mudar de ideia. Tudo isso é saudável para o debate político”, observou Nana, que é jornalista, ativista dos direitos das mulheres e autora do livro Os Meninos São a Cura do Machismo.

INOVAÇÕES E TECNOLOGIAS PARA 2022

Marcio Bellini

C-levels de companhias do setor apontam quais soluções e inovações devem ganhar destaque em áreas como Saúde, Varejo, Indústria, Logística, entre outras

Chegada do 5G a todas as capitais brasileiras, transformação digital acelerada nas organizações, consolidação de ferramentas tecnológicas para trabalho híbrido, ampliação do uso de Inteligência Artificial e Machine Learning. O ano de 2022 promete ser mais um ano de muitos avanços e inovações. Prova disso aparece no estudo da International Data Corporation (IDC), que aponta que a expectativa é que mais da metade da economia global seja baseada ou influenciada pelo digital em 2022. Também mostra que 70% de todas as empresas terão acelerado o uso de tecnologias digitais neste ano.

Mas, afinal, quais tecnologias devem ser protagonistas em 2022? Ouvimos a opinião de especialistas na área de tecnologia em diferentes segmentos para apontar quais as soluções e inovações irão se destacar. Confira a seguir as principais tendências:

Saúde: 5G

A pandemia acelerou o uso de Inteligência Artificial, Internet das Coisas e teleatendimento na área da saúde. Para 2022, a expectativa é que essas soluções sejam consolidadas, principalmente com a implementação do 5G. Para Gean Pereira, head de Inovação da healthtech Zitrus, a nova tecnologia irá acelerar soluções já existentes, agilizando diagnósticos e tornando os tratamentos mais assertivos, além de permitir a disseminação de dispositivos para monitorar a saúde dos pacientes e acionar, imediatamente, serviços de saúde. “O 5G irá garantir ainda mais qualidade e acesso às teleconsultas. Esse avanço na conexão vai melhorar toda a experiência de atendimento na saúde, que irá oferecer um acompanhamento mais personalizado, integrado e os pacientes irão assumir o protagonismo neste processo”, complementa.

Varejo: Softwares de gestão e Frente de caixa móvel

O checkout móvel é uma tendência focada na otimização da experiência do consumidor. A ideia geral envolve a substituição de um caixa físico por um dispositivo móvel com software que integra ponto de venda, meios de pagamento e emissão da nota fiscal, o que elimina filas. “Sem a obrigação de se limitar por trás dos caixas, todos os funcionários podem se concentrar nas necessidades de cada cliente, fazendo um acompanhamento do ciclo completo de atendimento — da chegada na loja até a efetivação da compra”, explica João Gustavo Pompeo, CEO da Eyemobile, empresa de tecnologias para vendas físicas e digitais. Com o PDV móvel, a equipe também passa a contar com informações na ponta dos dedos, podendo esclarecer dúvidas e fazer recomendações e ofertas com base em dados e históricos cadastrados.

Com o objetivo de dinamizar o acesso à documentos e integrar serviços, softwares de gestão que facilitam muito a vida do empreendedor também estarão entre os destaques do próximo ano na área de varejo. “Este é o caso de ferramentas como o Clipp360, por exemplo, que além de acelerar os processos administrativos, facilita o gerenciamento de empresas — que pode ser feito de qualquer lugar e a qualquer momento. A ideia é dar toda a mobilidade que o varejo de hoje necessita, trazendo nele recursos simples e de fácil utilização”, explica Marcio Bellini, diretor de Desenvolvimento da Compufour Zucchetti.

Franquias: Centralização de comunicação

A gestão de uma franqueadora com seus franqueados e colaboradores é influenciada conforme a metodologia de gestão e comunicação utilizada, principalmente quando se trata de uma grande rede com capilaridade e atuação em diferentes regiões. Guilherme Reitz, CEO da retailtech Yungas, explica que, no geral, grandes franquias utilizam diversos aplicativos e extensões para comunicação e acompanhamento do negócio, mas que não atendem, na íntegra, as particularidades de cada operação. Essa situação se reflete em todo o mercado de franchising e, para 2022, grandes marcas deverão investir cada vez mais em processos que possam compreender as necessidades dos parceiros e tornar a troca de informações mais clara e objetiva. “A comunicação feita de forma estratégica, por exemplo, pode reduzir em até 80% o tempo gasto no envio de comunicados para toda uma grande rede, fator que melhora a experiência dos colaboradores e eleva a performance da franquia”, completa.

Indústria: Simulação Computacional

A velocidade do desenvolvimento tecnológico, essencial nos dias atuais, só é possível por uma razão: simulação computacional. Presente em diversos setores, contribuindo com sustentabilidade, segurança, indústrias e educação, a simulação ainda tem muito para beneficiar a humanidade. “Em 2022 e no futuro próximo, essa tecnologia precisa ser ainda mais acessível e mais fácil de usar. Assim, os resultados se tornarão mais rápidos e mais aplicáveis aos problemas do cotidiano. Considerada a solução que promoveu a digitalização da engenharia, a simulação vai, naturalmente, passar a resolver problemas mais complexos”, afirma Clovis Maliska Jr, CEO da ESSS.

Energia: API Gateways e plantas híbridas

Com o aumento no volume de dados no setor de energia e o uso deles em ferramentas de análise, as APIs (Application Programming Interfaces) têm ganhado cada vez mais relevância. Segundo Danilo Barbosa, VP Executivo e sócio-fundador da Way2, elas podem ser entendidas como um conjunto de interfaces padronizadas para integração, por meio das quais um sistema pode consultar dados e realizar operações em outro. Para Danilo, em 2022 essa será uma das tecnologias mais importantes para o setor de energia. “Com a possibilidade de regras para a portabilidade de dados na abertura do setor, a maior digitalização no relacionamento com consumidores, além da adequação à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o uso de API Gateways para monitoramento e controle destas interfaces deve aumentar bastante”, avalia.

Outra tendência que tende a crescer no setor elétrico são as plantas híbridas, que são usinas de geração de energia que têm mais de uma tecnologia envolvida, principalmente as renováveis. Rodrigo P. Gosmann, engenheiro da REIVAX, destaca que, ainda que a modernização do setor esteja acontecendo a passos lentos, ela é extremamente importante para evitar novas crises hídricas. “A geração de energia solar e a eólica, por exemplo, são complementares. Combinar as duas é uma estratégia que deve aumentar nos próximos anos, porque o método reduz a imprevisibilidade natural das energias renováveis e garante um fornecimento mais estável e sustentável para a população”, explica.

Logística: Arquitetura de microsserviços

Para 2022, flexibilidade, agilidade e inovação devem estar em primeiro lugar quando se trata de impulsionar a agenda de negócios na cadeia de suprimentos. Assim, a adoção de arquitetura de microsserviços e soluções em nuvem será essencial. “Os microsserviços constituem um conceito de empacotamento e implantação que visa criar agilidade técnica, diminuindo o tamanho e as dependências de implantação entre os componentes de um aplicativo”, explica Marco Beczkowski, diretor de Vendas e CS da Manhattan Associates Brasil. A mudança para microsserviços significa investir em agilidade. “Tem o potencial de acelerar os ciclos de vida de desenvolvimento e suportar a escalabilidade, seja para cargas de trabalho baseadas em nuvem, períodos de pico de vendas sustentados e de comércio eletrônico, transporte flexível e planejamento de entrega, ou simplesmente desafios da força de trabalho do armazém”.

Agronegócio: Monitoramento de operações

A ideia de incentivar o uso mais intensivo de dados que estão sendo gerados pelos equipamentos em campo é uma tendência que deve crescer no próximo ano, segundo Bernardo de Castro, presidente da divisão de agricultura da Hexagon, que desenvolve e fornece tecnologias agrícolas e florestais. “É possível utilizar os mesmos dispositivos que promovem agricultura de precisão — como aplicação de insumos e piloto automático, por exemplo — para o monitoramento de frotas. Essa é uma oportunidade de alavancar a digitalização do campo através do uso mais efetivo de dados”, reforça. Com o monitoramento, os gestores têm a visão do que está ocorrendo e a garantia de que o desempenho máximo de cada máquina está sendo executado.

Moradia: Aluguel e coliving

Eduardo Gastaldo, especialista em economia compartilhada e CEO da Bewiki, acredita que negócios como o da proptech, que constrói e gerencia empreendimentos que reúnem studios prontos para morar, escritórios compartilhados e outros serviços essenciais, devem crescer em 2022. O aumento da demanda por espaços prontos para morar acontece em um cenário em que as pessoas estão buscando um estilo de vida mais flexível e descomplicado. “Mudanças como o home office tornaram possível morar em diferentes cidades em espaços curtos de tempo, sem precisar considerar o deslocamento para o trabalho. Por isso, negócios que permitem que a pessoa apenas arrume suas malas e se mude, sem precisar carregar uma casa inteira junto, devem se tornar ainda mais populares no próximo ano”, avalia. 

Gestão empresarial: Integrações entre sistemas de diferentes origens

O mundo está cada vez mais conectado e isso não deve ser diferente no universo corporativo. Para Marcio Tomelin, Diretor de Produto e Mercado da WK, uma grande tendência para os próximos anos é a oferta de serviços integrados dentro do próprio sistema. “Nós vamos ver muitos softwares entregando soluções, mas também vendendo outras, de diferentes empresas, que se complementem com o seu sistema. A palavra da vez é autonomia, então certamente veremos tecnologias (como IA e IoT) simplificando o dia a dia dos usuários, dando a eles mais facilidade e menos necessidade de serviços de terceiros para lidar com suas demandas”, comenta.

Gestão de pessoas: soluções “voice of employee”

As soluções que coletam e analisam, por meio de pesquisas, as percepções e sentimentos dos colaboradores devem permanecer em alta mesmo com o pós-pandemia. Isso porque elas são fundamentais para reunir dados e fornecer percepções com orientações para ajudar a melhorar o engajamento, experiência, produtividade e desempenho dos colaboradores. “A procura por pesquisas contínuas de clima cresceu por conta da pandemia, e a demanda tende a continuar crescendo, já que os ambientes de trabalho remotos e híbridos provavelmente vão seguir. A escuta contínua é um elemento crítico para manter uma conexão com essa força de trabalho distante, e possibilita ouvir um conjunto mais amplo de preocupações dos funcionários, priorizar investimentos e agir rapidamente quando necessário”, destaca Cesar Nanci, CEO da Pulses.

Preferências de Publicidade e Propaganda

Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago

Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais veículos de propaganda você tem preferência?

Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.

Vantagens da Propaganda no Rádio Offline

Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.

É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio funciona bem demais!

De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim, concretizar suas vendas.

Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline

Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no rádio. Frequentemente, os rádios também são usados ​​como ruído de fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,

A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

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A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

 

sábado, 1 de janeiro de 2022

INFLUÊNCIA DE FATOS NAS ELEIÇÕES DE 2022

 

Movimentos políticos

Por
Isabella Mayer de Moura – Gazeta do Povo

Operação Lava Jato / Lula – 10-05-2017 – Depoimento do Ex-Presidente Lula na Justiça Federal, em Curitiba, para o juiz Sargio Moro. O encontrou durou quase cinco horas e na sequencia Lula partiu para a Praça Santos Andrade. Para uma plateia estimada em 5 mil pessoas na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou na noite desta quarta-feira (10) o desejo de ser candidato à Presidência da República. Na foto, Lula no palco armado na Praça Santos Andrade.

O ex-presidente Lula.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo

Movimentos políticos, legislativos e judiciais que ocorreram na política em 2021 prepararam o cenário para as eleições de 2022 e terão grande influência nas disputas para a presidência, Congresso e governos dos estados.

Um dos fatos mais significantes de 2021 foi a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à corrida presidencial, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou os julgamentos do petista decorrentes da Operação Lava Jato, que tinham impedido ele de disputar as eleições em 2018.

Regras eleitorais, jurisprudência e a entrada de novos nomes na arena política também terão seu peso. Confira a seguir cinco fatos de 2021 que vão mexer com as eleições de 2022:

  1. Filiação do Moro ao Podemos

O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro entrou de vez para a política em 2021, e promete mexer com a disputa à Presidência em 2022. Ao se filiar ao Podemos em 10 de novembro, Moro se lançou como pré-candidato ao Palácio do Planalto, posicionando-se, segundo analistas políticos, como a opção mais viável entre as até agora apresentadas pelos partidos de centro e centro-direita.

Para melhorar sua posição e fazer frente aos dois presidenciáveis mais populares, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), Moro está buscando aumentar o seu repertório para temas além do combate à corrupção. Nesse sentido, está fazendo contato com nomes que deverão compor sua equipe de campanha, como o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, escalado para a área econômica.

Moro também busca se aproximar da classe política. A tarefa pode não ser fácil, já que ele acumulou desafetos durante os anos em que trabalhou como juiz da Lava Jato. Mas é necessária porque precisará do apoio de outros partidos para alavancar uma eventual candidatura.

O Podemos está mantendo diálogos com líderes do União Brasil – partido que resultará da fusão entre DEM e PSL e que ainda precisa ser homologado pela Justiça Eleitoral. Busca também uma aproximação com o ex-presidente Michel Temer, do MDB – que, apesar de ter lançado a senadora Simone Tebet como pré-candidata à Presidência, está conversando sobre alianças com outras siglas.

Moro já fez um aceno para a classe política, dizendo que “existem pessoas boas no Centrão” e que não descarta a possibilidade de fazer alianças com a maioria dos partidos e políticos.

O ex-juiz da Lava Jato também se reuniu com outros pré-candidatos à Presidência para discutir a possibilidade de uma terceira via unificada. Ele acredita que pode encabeçar uma chapa única de centro se sua avaliação nas pesquisas de opinião estiver melhor do que as dos demais candidatos no decorrer de 2022. Para isso, sua estratégia passa por conquistar votos dos eleitores de centro-direita que, em 2018, foram para Jair Bolsonaro, focando nas pautas do combate à corrupção e da economia liberal.

A entrada do ex-juiz da Lava Jato na política dará arsenal para a campanha do PT à Presidência, que buscará colar esse fato à narrativa petista de que a Lava Jato foi uma perseguição judicial ao partido e ao ex-presidente Lula. Mas, ao mesmo tempo, colocará o combate à corrupção no centro do debate eleitoral – junto com outros temas importantes, como a pandemia e a economia – sendo um lembrete constante para o ex-presidente dos crimes de corrupção que ocorreram durante os governos de seu partido.

Qual destes assuntos você acha que deveria ser o mais discutido pelos candidatos durante as eleições presidenciais de 2022?
Economia/inflação/desemprego
Corrupção/Lava Jato
Saúde/pandemia
Educação
Políticas sociais
Infraestrutura (estradas, portos, aeroportos)
Privatizações
Liberdades individuais
Democracia
Agenda de costumes (aborto, liberdade religiosa, ideologia de gênero, etc.)

  1. Jurisprudências e regulações do TSE
    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao cassar o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (do Paraná), abriu um precedente que poderá embasar eventuais ações contra a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

Os ministros do TSE consideraram que, ao dizer em suas redes sociais no dia da eleição que havia manipulação de votos em duas urnas que apresentaram falha técnica, Francischini espalhou “fake news” sobre o sistema de votação e cometeu abuso de poder por ter invocado imunidade parlamentar.

A decisão poderia respingar na candidatura de Bolsonaro em 2022 porque partidos e outros candidatos poderão ajuizar ações que busquem a inelegibilidade do presidente por causa de comentários dele sobre as urnas eletrônicas durante uma transmissão ao vivo na internet, em julho de 2021. Eles terão, porém, que justificar por que isso afetaria a disputa presidencial do ano que vem. Bolsonaro é alvo de uma investigação do Supremo Tribunal Federal (STF), suspeito de disseminar “notícias fraudulentas sobre as condutas dos ministros do STF e contra o sistema de votação no Brasil”, depois que apresentou, em uma live, acusações de fraude em eleições passadas, sem apresentar provas.

Ainda no contexto das fake news, o TSE editou uma resolução que pune a veiculação, por quem quer seja, de “fatos sabidamente inverídicos” que atinjam a integridade do processo eleitoral, inclusive os processos de votação, apuração e totalização de votos, a fim de influenciar eleitores e de notícias contendo injúrias, calúnias ou difamações com o intuito de beneficiar candidatos, partidos federações ou coligações. A divulgação de notícias falsas poderá ser punida com prisão de dois meses a um ano e pagamento de multa.

Incorporando princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o TSE também proibiu que seja feita propaganda por meio de disparos em massa em aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, sem o consentimento do destinatário.

  1. Lula de volta ao páreo para as eleições 2022

Impedido de disputar as eleições de 2018 por causa de uma condenação em segunda instância por corrupção num processo da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará livre para disputar as eleições de 2022 graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de abril de 2021.

Por oito votos a três, os ministros da Corte entenderam que a 13.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba era “incompetente” – ou seja, não estava apta – para julgar os processos contra o petista, já que não havia, no entendimento do STF, uma relação direta entre eles e os casos de corrupção na Petrobras, que estavam sob alçada do ex-juiz Sergio Moro.

Com isso, todas sentenças emitidas pela Justiça Federal de Curitiba nos processos da Lava Jato envolvendo Lula foram anuladas, inclusive no caso do tríplex do Guarujá. Com as sentenças de primeira instância anuladas, as de segunda instância também perderam o efeito. E Lula, por ter sido condenado em segundo grau no processo do tríplex, se tornou inelegível em 2018.

O PT já começou uma ofensiva publicitária contando sobre suas vitórias na Justiça, indicando que Lula foi “inocentado” em 22 processos. Essas vitórias deverão ser seu principal trunfo na campanha de 2022 e, aliadas à decisão do STF que considerou Moro imparcial no processo do tríplex, serão usadas para dizer que houve uma perseguição judicial ao ex-presidente.

  1. Criação das federações partidárias, novidade das eleições 2022
    A eleição de 2022 será a primeira de nível federal sem as coligações partidárias para disputas legislativas. A volta delas chegou a ser debatida pelo Congresso em 2021, mas não vingou. O que foi aprovado, porém, foi uma alternativa às coligações: as federações partidárias.

Elas são um novo dispositivo legal que permite que os partidos se unam e atuem como se fossem uma única agremiação partidária. A principal diferença em relação às coligações é que, sob a federação, os partidos deverão atuar juntos, tanto na eleição quanto na legislatura, permanecendo filiados à federação por pelo menos quatro anos.

A lei determina que as federações terão abrangência nacional e devem respeitar as normas que regem as atividades dos partidos políticos no que diz respeito às eleições, “inclusive no que se refere à escolha e registro de candidatos para as eleições majoritárias e proporcionais, à arrecadação e aplicação de recursos em campanhas eleitorais, à propaganda eleitoral, à contagem de votos, à obtenção de cadeiras, à prestação de contas e à convocação de suplentes”.

Os partidos federados conservarão seu nome, sigla, número, filiados, e o acesso aos recursos do Fundo Partidário ou do Fundo Especial para Financiamento de Campanha (FEFC), o Fundo Eleitoral.

Na avaliação do analista político Lucas Fernandes, da BMJ Consultoria, as federações partidárias deverão se comportar como uma bancada e, por isso, a aprovação desse instrumento não deverá ser prejudicial para a governabilidade.

A mudança, já regulamentada pelo TSE, vai beneficiar partidos pequenos que corriam o risco de, sozinhos, não alcançarem os coeficientes eleitorais necessários para eleger seus parlamentares.

  1. Fusão do PSL e DEM para criar o União Brasil

Outro grande movimento político em 2021 foi a fusão do PSL e do DEM em uma nova sigla que se chamará União Brasil e que adotará o número 44 nas urnas. O novo partido, que ainda precisa ser aprovado pelo TSE, será a maior bancada no Congresso e terá um grande peso nas alianças para as disputas de governadores e presidente em 2022, já que contará com a maior fatia do financiamento público eleitoral e o maior tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão.

Reconhecendo a importância da nova sigla, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, já falou que o União Brasil “talvez seja o player mais importante na consolidação de alianças que possam colocar um candidato no segundo turno com Lula ou Bolsonaro”.

O partido terá grande capilaridade pelo país e estima-se que deve ter candidatos a governador em cerca de dez estados. Com palanques organizados, será um aliado importante para impulsionar uma candidatura a presidente.

  1. Bolsonaro no PL

O principal movimento eleitoral do presidente Jair Bolsonaro em 2021 foi sua filiação ao Partido Liberal (PL), sigla do Centrão que tem a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados.

Depois de ficar dois anos sem partido, Bolsonaro – que foi cortejado pelo PTB, PP, Patriota e Republicanos ao longo de 2021 – se filiou à mesma casa do deputado Marco Feliciano, que foi um de seus grandes aliados nas eleições de 2018. Levou consigo o filho Flávio Bolsonaro, senador pelo Rio de Janeiro que estava filiado ao Patriota, e Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional que pretende disputar um assento no Senado no ano que vem pelo Rio Grande do Norte.

Com essa definição, o presidente e seus aliados têm mais base para articular alianças regionais e definir candidaturas ao Congresso e aos governos estaduais. Também devem estar ao lado de Bolsonaro nas eleições de 2022 o Republicanos e o PP – embora haja resistências dessas siglas no Nordeste. Com eles, o presidente conseguirá mais tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão e mais recursos provenientes de financiamento público de campanha. O PTB, apesar de ter sido rejeitado por Bolsonaro, deverá seguir fechado com o presidente.

  1. A “conquista” do PSDB por Doria; e seus efeitos nas eleições 2022

Também foram importantes dois movimentos que ocorreram no PSDB ao longo de 2021: a vitória do governador de São Paulo, João Doria, nas prévias para decidir o candidato a presidente do partido e a saída de Geraldo Alckmin da sigla.

O processo de prévias do PSDB foi tumultuado do começo ao fim. Durante a campanha, os rachas internos ficaram evidentes em confrontações verbais públicas entre apoiadores de Doria e os de Eduardo Leite, governador gaúcho e principal adversário do paulista nas prévias. No dia da escolha, um problema do aplicativo de votação atrasou em uma semana o anúncio do vitorioso.

A vitória de Doria desagradou alas do partido e culminou com a saída de Geraldo Alckmin do partido, Um dos fundadores do PSDB, o ex-candidato à Presidência já tinha uma desavença com o governador de São Paulo. Após o rompimento, Alckmin está considerando disputar como candidato a vice-presidente de Lula, pelo PSB ou PSD.


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PROBLEMAS COM O FINANCIAMENTO ESTUDANTIL FIES

 

Financiamento estudantil
Por
Rosana Felix, especial para a Gazeta do Povo

Em 2020, a taxa de inadimplência do Fies subiu quatro pontos percentuais em relação a 2019; nos últimos meses variou de 50% a 53%, afetando 1 milhão de contratos que somam cerca de R$ 6,6 bilhões em débitos atrasados.| Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

A despeito da sua relevância social, a proposta que o governo federal anunciou, nesta quinta-feira (30), para renegociar dívidas e anistiar contratos antigos de inadimplentes do Fies (Financiamento Estudantil) vem deixando em segundo plano uma discussão fundamental: essa política pública de acesso à educação superior é sustentável sob as regras vigentes?

Um dos pontos principais a ser analisado é se o pagamento do empréstimo vinculado à renda, como descrito na Lei 13.530/2017 vai funcionar, o que evitaria outras anistias no futuro. Mas há quem defenda novas mudanças para aperfeiçoar essa cobrança.

Depois do descontrole nos contratos firmados entre 2010 e 2014, o Fies passou por uma reformulação em 2017. De um lado, a nova lei trouxe mais transparência e responsabilidade fiscal para o programa; por outro lado, a queda no número de financiamentos concedidos – que foi agravada pela pandemia, mas que antes disso já era expressiva – joga dúvidas sobre a capacidade do país em ampliar o número de matrículas no ensino superior, que é uma das metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE).

Em 2010, foram firmados 76 mil contratos pelo Fies; quatro anos depois, esse número chegou à marca de 732 mil. Em 2015, em meio à crise política do governo de Dilma Rousseff (PT), o Congresso Nacional solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) a análise de diversos programas sociais, como o do financiamento estudantil. O próprio governo refez algumas regras (como dar prioridade a cursos com nota 4 e 5 e beneficiar estudantes de famílias com renda per capita de até 2,5 salários-mínimos) que resultaram na efetivação de apenas 287 mil contratos naquele ano, caindo para 203 mil em 2016; 176 mil em 2017; 82 mil em 2018 e 85 mil em 2019. A partir de 2020 o número de vagas elegíveis ao Fies ficou em torno de 93 mil, mas na prática parte delas nem foi preenchida.

Devido às consequências da pandemia, o programa está em uma encruzilhada que afeta tantos os contratos antigos como os novos. A taxa de inadimplência subiu quatro pontos percentuais em relação a 2019; nos últimos meses variou de 50% a 53%, afetando 1 milhão de contratos que somam cerca de R$ 6,6 bilhões em débitos atrasados. Mas os jovens que ainda almejam uma formação também vivem um cenário desafiador, observa Cláudia Costin, diretora do Centro de Inovação e Excelência em Educação da Fundação Getulio Vargas (Ceipe/FGV).

Apesar dos problemas, financiamento é fundamental
“Se pensarmos que as escolas públicas ficaram quase dois anos letivos inteiros fechados, em um país que tem problemas de conectividade e de acesso a equipamentos para os mais pobres, imagina o que aconteceu em termos de perdas de aprendizagem e crescimento da desigualdade educacional. Tudo isso para dizer que o impacto na educação é muito grande. Não à toa, quando veio o Enem, a principal porta de entrada ao ensino superior no Brasil, muitos alunos de escolas públicas não se sentiram preparados e não prestaram o exame”, relata a pesquisadora.

A baixa demanda gera reclamações por parte das instituições de ensino, que pedem por mudanças no Novo Fies. “O Fies era um programa social importantíssimo para a democratização do acesso ao ensino superior. Porém, com as modificações feitas desde 2015 deixou de ser um programa social e passou a ser puramente um programa financeiro, para atender as necessidades fiscais do governo”, afirma Sólon Caldas, secretário executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Segundo ele, como os alunos não têm renda, muitas vagas ficam ociosas.

“O programa é fundamental para o acesso ao ensino superior, uma vez que ele é eminentemente privado. O aluno precisa ter um recurso financeiro para poder arcar com o investimento da sua formação, ou o governo precisa oferecer uma política pública que dê condições para isso”, acrescenta.

Todos os especialistas ouvidos pela reportagem são enfáticos em defender um programa de financiamento para o ensino superior. Segundo acompanhamento feito pelo Observatório do PNE, em 2020 apenas 23,8% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam matriculados nessa etapa de ensino; a Meta 12 do PNE prevê percentual de 33% até 2024. Como as instituições particulares representam 70% das matrículas no ensino superior, a ampliação passa necessariamente por elas. E para ingressar nessas instituições, muitos alunos necessitam de mecanismos como o Fies.

Cláudia Costin observa que o Fies deve andar junto com o Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de 50% a 100% a alunos carentes: “É preciso avaliar quem tem condições de arcar com financiamento e quem necessita de bolsa”. Nessa linha, ela critica as mudanças recentes que o governo federal fez no ProUni, observando que seus preceitos foram “desfigurados” e também não concorda com o perdão de dívidas. Ela sugere como caminho o adiamento da dívida.

“O Fies era visto como uma bolsa. Nossos clientes relatavam que os alunos não entendiam que teriam que pagar”, lembra Pedro Gomes, que comanda os serviços de consultoria da Hoper Educação. Ele destaca que após as novas regras e diminuição do número de contratos, muitas instituições tentaram oferecer financiamentos próprios, mas enfrentaram problemas ao tentar gerenciar os empréstimos.

Segundo Gomes, o setor poderia se beneficiar com algumas mudanças, mas ele não vê espaço para a reforma devido à eleição presidencial de 2022. “Depois que a crise e a pandemia passarem mesmo e com o resultado das eleições que vão determinar as políticas públicas, vai ficar mais claro quais as possibilidades de termos um fundo mais sustentável. O financiamento público é importantíssimo para ajudar no acesso à educação superior, é uma política fundamental em qualquer país”, finaliza.

Um dos responsáveis pelo Novo Fies, Vicente de Paula Almeida Júnior, ex-diretor do Ministério da Educação (MEC) e pós-doutor em Educação, pondera que a inadimplência foi um caminho trilhado por muitos estudantes que estavam sob a modelagem antiga do programa e que não conseguiram emprego no cenário de crise. Independentemente disso, diz ele, o Novo Fies tem a sustentabilidade necessária para seguir como política pública de acesso ao ensino superior.

Segundo Almeida Júnior, os pontos cruciais na mudança foram: financiamento mediante capacidade de pagamento da família; nota acima de 450 pontos no Enem; curso com nota mínima de 3 na escala até 5 do MEC; seguro obrigatório para o estudante; compartilhamento do risco do crédito entre Tesouro Nacional e instituições de ensino; eliminação da carência de 18 meses para início do pagamento; e novo modelo de gestão e governança, instituindo pelo Comitê de Governança do Fies.

“Durante o curso o estudante já paga uma coparticipação da mensalidade, para não achar mais que é uma bolsa, e um seguro prestamista. O valor restante financiado será pago somente quando o estudante tiver emprego. Ele assina um termo em que os órgãos de governo como a Receita Federal capturem os valores das parcelas financiadas compulsoriamente. Assim, mitiga-se muito a inadimplência, diminui consideravelmente o risco para o governo e para as instituições, que também colaboram para a composição de um Fundo Garantidor”, resume ele.

Proposta prevê colocar Receita Federal em papel chave do Fies

O economista Paulo Meyer Nascimento, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), pesquisa o tema de financiamento estudantil há alguns anos, e defende reformulação no Novo Fies para adotar o pagamento vinculado à renda futura. Em um texto recentemente publicado (17/dez), ele apresenta o arcabouço institucional da proposta: uma reforma constitucional para incluir entre as atribuições da Receita Federal a cobrança futura de uma contribuição de alunos usuários de financiamento público ou privado.

Na opinião dele, a Lei de 2017 trouxe muitos avanços, mas não conseguiu copiar modelos exitosos da Austrália e Inglaterra porque não há participação ativa da Receita Federal. “A lei prevê o pagamento vinculado à renda. Desde então o governo tenta implantar isso por meio de outros descontos em folha, como e-Social, ou tenta bolar alguma novidade que permitisse que os pagamentos do Fies fossem retidos na fonte, como se fosse um consignado. O problema é que o Fies não é um consignado”. Ele diz que está “cético” quanto à possibilidade de uma fórmula que não envolva a Receita Federal. “Não tem uma instituição que chegue ao empregador e recolha da folha de salários, até porque precisa avaliar outras fontes de renda”, defende.

Pelos estudos que Nascimento fez, a Receita Federal só pode entrar no processo se houver lei específica para isso. Ele sugere alguns modelos a seguir, como o da contribuição patronal, que alimenta o Sistema S. “Há pelo menos uma dúzia de diferentes contribuições e em todas a Receita arrecada e repassa para um organismo que gerencia aquela arrecadação. Então poderia se pensar em um órgão que gerenciasse esse sistema vinculado à renda. Poderia inclusive regular o sistema privado, porque o financiamento poderia vir de bancos e fintechs, além do financiamento público. E esse órgão comunica com a Receita quais CPFs se valeram de financiamento estudantil. No momento em que tiverem um patamar de renda, destinam um percentual para o pagamento da dívida”, esclarece.

Segundo o pesquisador, um sistema desse já teria um Refis “embutido”, já que a pessoa só paga ao atingir um determinado nível de renda. Enquanto isso não ocorre, a pessoa permanece devedora, mas não se torna inadimplente. Um seguro cobriria o pagamento daqueles que não conseguirem atingir determinado patamar de renda. “Não tem o perdão; é o prazo de amortização que vai se ajustar à capacidade de pagamento. A recuperação do recurso poderá ser maior, ainda que possa levar mais tempo”.

Nascimento defende a proposta sob o ponto de vista de sustentabilidade do fundo e explica que ele poderia funcionar como um guarda-chuva para recuperar mais recursos bancados pelo governo. “No caso de um novo Fies, o ProUni poderia ser mais focalizado ainda, para aquele estudante que tem mesmo muita dificuldade financeira. O governo daria de graça a bolsa, mas dependendo da vontade política, o ProUni também poderia virar um financiamento vinculado à renda. Se no futuro a pessoa tiver uma renda razoável, por que não pode pagar de volta? Então o sistema vinculado à renda poderia ser um guarda-chuva para abrigar várias opções”, explica. A dificuldade, reconhece, está nas costuras políticas para modificar as atribuições da Receita Federal e bancar uma nova cultura de financiamento estudantil.


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